Embraer sobe em ranking das empresas de material militar

Encomendas do governo brasileiro inflam as vendas militares da Embraer e a empresa ganha espaço entre as maiores companhias do mundo. Enquanto a crise global e os cortes nos orçamentos dos ministérios de Defesa de todo o mundo geram uma queda na venda do setor, a empresa nacional segue a tendência contrária à média.

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisas de Paz, em Estocolmo, o segmento militar sofreu uma contração em suas vendas de cerca de 5% em 2011 por conta da decisão de algumas das maiores potências militares em reduzir seus gastos diante da crise. Já as vendas da Embraer aumentaram cerca de 30%.

Os dados revelam que as cem maiores empresas militares do mundo realizaram vendas de US$ 410 bilhões em 2011, apenas em armas e equipamentos militares. A lista continua a ser dominada por empresas americanas e europeias. Entre as cem maiores estão 44 companhias dos Estados Unidos, que representam 60% das vendas de armas no mundo. Há também 30 empresas euro- peias, que respondem por 29% do mercado internacional.

Mas, em 2011, a entidade constatou uma queda na venda de armas, em parte por conta dos cortes de gastos por países, além do adiamento de programas de renovação de arsenais por conta da crise. Na Europa, diversos governos abandonaram programas militares lançados antes da crise da dívida e encomendas de aeronaves e outros equipamentos foram suspensos.

Segundo os especialistas, a redução dos conflitos no Afeganistão e no Iraque, além da sanção na Líbia, também contribuíram para a queda de vendas. Ainda assim, em dez anos, essas empresas aumentaram suas exportações em 51%.

Mas, tomando um caminho oposto ao setor, a brasileira Embraer estaria ganhando espaço entre as maiores empresas militares do mundo. No ranking de 2011, ela já aparece na 81º posição entre as maiores fomecedoras de equipamentos militares, 14 posições acima do ranking do ano anterior.

Em 2011, a Embraer vendeu o equivalente a US$ 860 milhões em equipamentos militares, ante um volume de US$ 670 milhões em 2010. Segundo o instituto sueco, 15% das vendas da empresa brasileira – que chegam a US$ 5,8 bilhões – já são para o setor militar.

De acordo com Stephanie Blenckner, uma das especialistas da entidade, o que está garantindo um aumento de vendas da Embraer é justamente as compras realizadas pelo governo brasileiro. “A empresa entregou Super Tucanos e armas modernas aos militares brasileiros em 2011”, indicou.

Crise

Empresas como a Lockheed Martin e a Boeing continuam sendo as maiores fomecedores de armas do mundo, ambas com mais de US$ 30 bilhões em vendas apenas em 2011. Cerca de 45% das atividades da Boeing, por exemplo, estão dedicadas às armas. Mas, diante da decisão de governos de cortar seus gastos, algumas das gigantes do setor passaram a adotar estratégias para driblar os cortes. “Produtores de armas estão tentando se proteger das medidas de austeridade”, indica Susan Jackson, especialista da entidade em Estocolmo.

Uma das alternativas tem sido a especialização, enquanto outras passaram a optar por incrementar suas vendas em regiões como a América Latina, Oriente Médio e Ásia, onde governos continuariam a gastar com armas.

Outra estratégia das empresas é focar suas atividades em cibersegurança, que começa a surgir como um mercado dinâmico. Gigantes como a Raytheon, BAE System e EADS Cassidian vêm diversificando suas ações nesse campo, justamente para compensar a queda de vendas em armas tradicionais. / J.C

Lista

81º é a posição da Embraer no ranking de 2011 das maiores empresas do setor militar, com vendas de US$ 670 milhões. Em 2010, a empresa estava na 95º posição.

15% é a participação do setor de defesa nas vendas da Embraer.

US$ 36,2 bi foi o volume de vendas em 2011 da americana Lockheed Martin, a maior do mundo nesse setor.

US$ 31,8 bi foi o volume de vendas da também americana Boeing, a segunda maior do ranking.


Juros sobem e já embutem chance de Selic maior em março

O Estado de S. Paulo

As taxas futuras de juros voltaram a subir de forma consistente nesta segunda-feira, ainda sob a influência das palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na sexta-feira, de que a taxa de juros é o instrumento para o controle da inflação. A declaração foi vista como um sinal claro de que o governo está mais preocupado, no atual momento, com o comportamento dos preços do que com a atividade, o que abriria espaço para uma política monetária contracionista.

Não à toa, a curva de juros passou a indicar um avanço da Selic já no segundo trimestre, ou mesmo uma pequena chance de isso correr em março, totalizando um ciclo de alta superior a 1 ponto porcentual até o fim de 2013. A taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 fechou em 7,73%, ante 7,62% do ajuste de sexta-feira. Agora, os investidores aguardam uma posição do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ou de algum diretor da instituição. Todos participam hoje de evento em Brasília sobre redução de custos para os bancos, às 10h30.

No mercado de câmbio, o dólar voltou a cair ante o real. Com o feriado do Dia do Presidente nos EUA, a liquidez ficou comprometida, mas o recuo da moeda voltou a ser influenciado por questões técnicas, uma vez que bancos e investidores estrangeiros continuam bastante vendidos (apostando na queda do dólar) em derivativos cambiais. O dólar à vista no balcão, após oscilar entre altas e baixas, terminou cotado a R$ 1,9630 (-0,20%).

Os negócios na Bovespa também sofreram com a ausência das bolsas de Nova York. O vencimento de opções sobre ações teve giro fraco e o Ibovespa passou a tarde toda no terreno negativo, até terminar com perdas de 0,50%, aos 57.613,90 pontos renovando a mínima do ano. Vale e siderúrgicas tiveram queda, enquanto o avanço dos papéis da Petrobras impediu um recuo ainda maior da índice à vista. As ações preferenciais da mineradora caíram 0,14% enquanto as ordinárias cederam 0,68%. Já os papéis PN da Petrobras subiram 1,53% e os ON avançaram 1,72% – ambos na máxima do dia.

No exterior, sem negócios nos EUA, as bolsas europeias terminaram em direções distintas. Um relatório do Bundesbank dando conta de que a Alemanha terá crescimento econômico no primeiro trimestre ajudou o índice de ações alemão, enquanto outras praças foram influenciadas negativamente por resultados corporativos. Além disso, o iene voltou a cair após o comunicado do G-20 corroborar a política de estímulos do Japão.


Serasa indica estabilidade para nível de inadimplência

Valor Econômico

Os níveis de inadimplência do consumidor devem se normalizar ao longo deste ano, de acordo com indicador de perspectiva divulgado ontem pela Serasa Experian. No lado das empresas, o atraso na quitação das dívidas deve cair de forma mais intensa.

O Indicador Serasa Experian de Perspectiva da Inadimplência do Consumidor ficou estável em dezembro, em 100,1 pontos. Depois de uma sequência de altas registradas no biênio 2011/2012, a estabilização ao redor dos cem pontos ocorridos desde meados do ano passado sinaliza que ocorrerá uma normalização dos calotes ao longo deste ano, segundo a Serasa Experian. Para a instituição, a normalização representa convergência da inadimplência apurada pelo Banco Central para um nível próximo a 7%

“O mercado de trabalho aquecido, com a maioria dos rendimentos corrigidos acima da inflação, a manutenção de taxas de juros em patamares mais baixos e maior rigor na concessão de crédito por parte do sistema financeiro tendem a configurar um cenário mais favorável para a inadimplência dos consumidores em 2013”, avalia a Serasa Experian em nota sobre o indicador divulgada ontem.

Para as empresas, o indicador registrou queda de 0,8% em dezembro, ante novembro, para 94 pontos. A continuidade de reduções graduais do indicador aponta para a melhora da inadimplência das empresas ao longo do ano, avalia a entidade.

“A convergência para a normalidade da inadimplência dos consumidores, a aceleração do crescimento econômico e a predominância de taxas de juros mais baixas no médio prazo contribuem para a redução da inadimplência das empresas”, afirmaram em nota os economistas da Serasa Experian.


Patriota vê “desafios” em acordo EUA-União Europeia

Valor Econômico

O Brasil está “muito atento” ao anunciado acordo de livre comércio entre União Europeia (UE) e Estados Unidos e “não se posicionará em desvantagem”, afirmou o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota. Em breve entrevista, após receber o ministro de Assuntos Externos do Suriname, Winston Lackin, Patriota disse que EUA e UE terão “desafios” para garantir que as negociações alcancem “substancialmente todo o comércio”, como exige a Organização Mundial do Comércio (OMC).

A OMC considera em desacordo com as regras internacionais acordos bilaterais de redução de tarifas envolvendo países desenvolvidos, a não ser que envolvam “substancialmente todo o comércio”, ou pelo menos 90% das transações comerciais entre os países negociadores doa acordo.

“São países que já têm tarifa [de importação] relativamente baixa e que talvez não sejam complementares em áreas como agricultura”, disse o ministro, para quem o protecionismo agrícola nos dois lados pode dificultar um acordo de livre comércio. “Existem grandes dúvidas sobre se os subsídios à agricultura poderão ser desmantelados ou não”, afirmou Patriota.

Algumas das tarifas mais altas nos Estados Unidos e Europa são aplicadas sobre importações de produtos agrícolas, que também recebem subsídios oficiais, acusados de distorcer as condições de comércio internacional.

Para Patriota, que determinou aos diplomatas uma análise sobre os potenciais impactos do futuro acordo entre os dois parceiros do mundo desenvolvido sobre as negociações UE-Mercosul, é prematuro apontar que consequências as discussões de livre comércio terão sobre o Brasil. A aproximação do Brasil com outros países emergentes e em desenvolvimento pode garantir ao país condições de acesso a mercados consumidores em crescimento, acredita o ministro.

“O Brasil não se posicionará em desvantagem, está sempre colhendo vantagens na área de comércio exterior”, disse Patriota. “Sabemos, por intermédio da OMC e da Unctad [escritório da ONU para o Comércio] que o comércio Sul-Sul está entre aqueles que mais cresce, e o Brasil se posiciona muito bem”, afirmou. Segundo o ministro, “existe uma nova configuração internacional de poder comercial, econômico e político, que tampouco pode ser ignorada, e que afetará a emergência desse novo cenário no plano comercial”.


Contrato de ferrovias terá prazo de 35 anos

Valor Econômico

O governo federal decidiu ampliar em cinco anos o prazo de concessão dos novos trechos de ferrovias do programa de investimento em logística, totalizando 35 anos de vigências dos contratos. Medida semelhante havia sido tomada no início do mês com alteração das minutas de contratos de concessão dos nove lotes de rodovias federais do pacote. No caso das rodovias, o prazo passou de 25 para 30 anos.

O principal objetivo do governo, segundo o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, foi aumentar o tempo que o concessionário vai ter para amortizar os investimentos realizados, o que elevará a atratividade econômica dos projetos para as empresas que estão de olho nos editais.

“Assim como fizemos com as rodovias, devemos ampliar o prazo de amortização do investimento também nos trechos de ferrovias”, informou Figueiredo, depois de participar do “road show” realizado ontem no Palácio do Itamaraty com embaixadores de países que poderão ter investidores interessados em disputar projetos de infraestrutura no Brasil.

Os estudos com as mudanças nas concessões de ferrovias estão sendo conduzidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para atrair investidores, o governo tem adotado mecanismos como a eliminação do risco de demanda do concessionário, pois a estatal Valec comprará a capacidade total de carga que será ofertada pelas ferrovias concedidas, garantindo a remuneração do investidor.

Figueiredo disse ainda que será apresentada na próxima semana a minuta do primeiro edital no novo modelo de concessão de ferrovias. Segundo ele, será aberta audiência pública para colher críticas e sugestões do edital de concessão do trecho da Ferrovia Norte-Sul, entre Açailândia (MA) e Vila do Conde (PA).

Carlos Fernando do Nascimento, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) disse ontem ao Valor que, na audiência pública, será divulgado um “pacote” de informações incluindo o edital, o contrato de concessão e o estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental (Evetea). A audiência terá duração de 30 dias e haverá ao menos duas reuniões presenciais: uma em Belém (PA) e outra em Brasília. Nascimento afirmou que, a partir do dia 28, a ANTT deve começar a lançar, para análise dos interessados, estudos de outros trechos a serem licitados

“Vamos divulgar os estudos [de viabilidade] no site da agência com todos os relatórios para que os interessados possam se manifestar. Mas eles vão se debruçar apenas sobre os estudos e não sobre o edital e o contrato de concessão, porque acreditamos que o primeiro edital e contrato, para o trecho Açailândia-Vila do Conde, terão todas as informações necessárias para que os interessados possam fazer contribuições ao modelo”, disse Nascimento. Segundo o diretor da ANTT, a expectativa é que o edital de licitação desse trecho seja lançado no fim de abril, início de maio.

O modelo ao qual Nascimento e se refere são as novas regras para investimento nas ferrovias, segundo as quais o governo vai transferir à iniciativa privada a construção e a operação de novos trechos para trens de carga. São esperados a construção de 10 mil quilômetros de nova malha, originalmente dividida em 12 lotes, que estariam em plena utilização até 2020, segundo o Plano Integrado de Logística (PIL).

Nascimento, da ANTT, também falou sobre o o critério para definir o ganhador de cada trecho, baseado na menor tarifa oferecida. Essa tarifa será dividida em duas partes. Uma terá de remunerar a construção da ferrovia e se relaciona com a disponibilidade de capacidade operacional. Será calculada em reais por trem-quilômetro.

A outra parte da tarifa é para cobrir o uso propriamente dito da ferrovia e é chamada pela agência de “tarifa de fruição”. Essa será calculada em reais por mil toneladas por quilômetro bruto. Nascimento disse que o peso de cada parte na tarifa total será divulgada no edital a ser lançado na semana que vem.

Em relação às rodovias federais, o presidente da EPL disse, em Brasília, que serão lançados os editais de concessão da BR-116, em Minas Gerais, e da BR-040, que liga Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. Os lotes desses dois trechos de estradas receberiam propostas dos investidores no fim de janeiro, mas a licitação foi suspensa para que o governo federal revisasse a base de remuneração e o prazo de concessão.

Figueiredo afirmou que as mudanças na licitação das rodovias se deram em razão da necessidade de revisão na projeção de tráfego. “Não mudamos as regras de concessão das rodovias, o que mudou foi a base dos estudos. Tínhamos uma projeção de demanda muito otimista e passamos a ter uma previsão mais realista. Isso melhora as condições para o investidor reduzir o risco”, afirmou o presidente da EPL.


Analistas projetam alta de 0,8% nas vendas do varejo

Valor Econômico

Mesmo com a expectativa de desempenho mais modesto do setor de supermercados, analistas projetam aceleração do varejo restrito (que não inclui materiais de construção e automóveis) entre novembro e dezembro, baseado nos fundamentos para o comércio, como elevada confiança do consumidor e renda em alta.

A média das estimativas de dez consultarias e instituições financeiras é de alta de 0,8% das vendas na passagem mensal, feitos os ajustes sazonais, resultado que, se confirmado, levará o índice a encerrar o ano com alta de 8,3%. As estimativas variam entre alta de 0,1% e avanço de 1,1%. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) será divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o comércio ampliado, sete analistas ouvidos pelo Valo Data calculam, em média, aumento de 2,4% das vendas entre novembro e dezembro, com ajuste sazonal, influenciadas pelo último mês de redução integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.

Perto do piso das estimativas, o economista-chefe da BB-DTVM, Marcelo Arnosti, projeta crescimento de 0,3% das vendas no último mês do ano passado. Para ele, o resultado não será mais forte por causa do comportamento das vendas de hiper e supermercados, já que as vendas devem terrecuado no mês, com base no indicador da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que mostrou queda próxima de 0,5%, segundo dados dessazonalizados pela gestora. “Esse será um movimento pontual, após vários meses consecutivos de alta. No geral, a maior parte dos setores deve mostrar expansão”, afirma Arnosti.

Leandro Padulla, economista da MCM Consultores, concorda. Apesar da expectativa de queda das vendas de alimentos na passagem mensal, outros indicadores coincidentes mostraram evolução positiva, como as consultas ao UseCheque, que subiram 2,4% entre novembro e dezembro, com ajuste sazonal da consultoria. Já o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio mostrou alta de 2,8% em dezembro, contra o mês imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais.

Para o varejo ampliado, que considera também as vendas de automóveis e material de construção, Arnosti projeta alta de 2,4%, pois as vendas de carros, de acordo com as informações da Fenabrave, entidade que reúne as revendedoras de veículos, subiram mais do que 10% em dezembro, estimuladas pelo último mês de desconto “cheio” do IPI.

Mariana Oliveira, da Tendências, projeta resultado mais fraco, de alta de 0,2% das vendas no varejo ampliado entre novembro e dezembro. O número é mais baixo porque os dados dessazonalizados da consultoria são de aumento de 1,4% das vendas de veículos. Na média, os economistas consultados pelo Valor Data projetam alta de 8,4% no ano para as vendas do comércio ampliado. Se confirmado, o varejo mostrará aceleração em relação a 2011, quando as vendas nesse conceito aumentaram 6,1%.

Para Arnosti, o incentivo fiscal foi bastante importante para determinar o ritmo do comércio ampliado. “Mas no caso do varejo restrito, os fundamentos foram decisivos para o bom comportamento das vendas, como confiança do consumidor e expansão da renda”, afirma.

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