3 mil cidades jogam lixo em lugar errado

Os dados são do ano passado e fazem parte do Panorama dos Resíduos Sólidos produzido anualmente pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza e Resíduos (Abrelpe).

A 10a edição do relatório, que será divulgada hoje, mostra que  o cenário apresentou alguma  melhora ao longo da década,  mas muito lentamente, o que indica que vai ser impossível cumprir a legislação na data prevista. Em agosto de 2014, muncípios em condições irregulares  podem ser enquadrados na Lei de Crimes Ambientais.

Em 2003, primeiro ano do levantamento, do total de resíduos coletados no País, 59,51% iam para lixões ou aterros sem tratamento de chorume e controle de gases e apenas 40,49% seguiam para aterros sanitários. Em 2012, a proporção se  inverteu: 58% tiveram destino adequado e 42%, inadequado.

O problema é que o quadro tem se mantido constante desde 2011. “Pela proximidade do prazo estabelecido pela lei (em 2010), esperávamos ver um avanço, mas a situação se estagnou. Por outro lado, há uma tendência de aumento, ano a ano, do volume de resíduos produzidos pelos brasileiros””, afirma Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe.

Geração de resíduos

A produção per capita subiu de 381,6 kg por ano em 2011 para 383 kg por ano no ano passado, Ao longo dos dez anos de levantamento, a geração de resíduos do País cresceu 21%. “Não por coincidência, o PIB per capita também variou 20,8% nesse período. Enquanto a população só cresceu 9,65%. Mais riqueza traz mais consumo de embalagem e também mais desperdício de alimento.”

Como vem ocorrendo nos últimos anos, o Estado de São Paulo liderou a geração dr resíduos. No ano passado, cada habitante produziu 1,393 kg/dia, contra 1,228 kg/dia no País.

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Vice dos EUA deve tentar intensificar relações bilaterais

Valor Econômico

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, chega hoje à noite ao Brasil para uma visita de três dias, num sinal de que o governo Barack Obama deseja em seu segundo mandato uma aproximação maior com o país e também com a América Latina. Discussões sobre energia, comércio, ciência, tecnologia e educação terão papel de destaque na agenda de Biden no Brasil, que vai se encontrar com a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer e executivos da Petrobras, vindo da Colômbia e Trinidad-Tobago. Em outubro, Dilma fará uma visita de Estado aos EUA, reservada para parceiros considerados estratégicos.

Na campanha presidencial de 2012, Obama deu pouquíssima atenção à América Latina, sugerindo que a região ficaria em segundo plano no segundo mandato. Essa expectativa, contudo, tem sido desmentida até o momento. No começo do mês, o presidente americano foi ao México e à Costa Rica, e agora Biden vai a três países da América do Sul. Em junho, será a vez de o presidente do Chile, Sebastián Piñera, e do Peru, Ollanta Humala, viajarem aos EUA.

Com o Brasil, os EUA têm uma relação comercial relevante, mantendo um superávit expressivo na balança. De janeiro a abril deste ano, por exemplo, os Estados Unidos tiveram um saldo favorável de US$ 5 bilhões nas trocas de mercadorias com o Brasil, mais de três vezes superior ao US$ 1,6 bilhão registrado no mesmo período do ano passado. Temas relacionados ao comércio estarão na pauta da conversa entre Biden e Dilma, marcada para a sexta-feira. Os dois também vão abordar educação, ciência e tecnologia, temas considerados muito importantes pela presidente brasileira na relação com os americanos.

A cooperação entre Brasil e EUA na área de energia será um dos focos mais importantes da visita de Biden, que viaja acompanhado de sua mulher, Jill. Amanhã à tarde, ele visitará o Centro de Pesquisas da Petrobras, para discutir a cooperação energética entre os dois países, com executivos da empresa e membros do governo brasileiro. Ele vai “tratar de assuntos relacionados sobre o futuro da energia, no Brasil, nos EUA e também o quadro global energético”, de acordo com dois altos funcionários do governo americano, que falaram na semana passada, em teleconferência, a um grupo de jornalistas. Pela manhã, Biden fará um discurso sobre a parceria entre Brasil e EUA no Píer Mauá.

Na semana passada, em seu encontro com o secretário de Estado americano, John Kerry, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ressaltou o interesse brasileiro em trabalhar junto com os americanos na questão do gás de xisto – uma área em que, segundo ele, os EUA “desenvolveram tecnologia extraordinária”. Graças aos avanços na extração do produto, o custo de energia nos Estados Unidos despencou, sendo hoje um dos principais fatores que explicam o renascimento da indústria manufatureira no país.

“A nossa avaliação é que já conseguimos muito com o Brasil, mas achamos que há muito mais a fazer juntos para promover o interesse comum e os valores comuns que dividimos”, resumiu uma das fontes do governo americano, lembrando ainda que um dos objetivos da viagem de Biden à América do Sul é promover “um hemisfério de classe média, seguro e democrático”.

A viagem de Biden também servirá para preparar a visita de Estado que Dilma fará aos EUA em outubro. Uma visita com esse status de um presidente brasileiro não ocorre desde 1995, quando Fernando Henrique Cardoso foi aos EUA no governo Bill Clinton.

Todos esses passos indicam uma atitude de maior aproximação com a América Latina, que pode se dar em novos termos. Em artigo, a pesquisadora associada do Brookings Institution Diana Villiers Negroponte escreve que a viagem de Biden “deve consolidar parcerias não apenas com essas três nações, mas enviar uma mensagem de que uma nova forma de engajamento com os EUA é agora possível. Os dias de hegemonia dos EUA no Hemisfério Ocidental acabaram, e um presidente e um vice-presidente não mais viajam com um pacote de ajuda”.

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Sem poupança forte, Brasil deveria focar menos na indústria, dizem economistas

Valor Econômico

Com uma taxa de poupança interna cronicamente baixa e grande propensão ao consumo, talvez o Brasil devesse esquecer a ideia de ter uma indústria local heterogênea e adotar um modelo mais próximo ao australiano: grande produtor de commodities, o país tem um déficit em transações correntes de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2013, e uma indústria com pouca representatividade no PIB.

Em meio aos esforços da indústria para se reerguer de um cenário de queda na produção e de baixos níveis de produtividade, a polêmica recomendação é defendida por um grupo de economistas que enxerga uma correlação importante entre poupança e indústria. E que, na falta da primeira, busca apontar alternativas ao crescimento econômico que não sejam necessariamente ancoradas em setor manufatureiro amplo e forte.

Em linhas gerais, um país com uma baixa taxa de poupança, como o Brasil, se torna um importador de poupança externa via bens e serviços vindos de fora. Nessa dinâmica, o câmbio é a variável a ajustar essa necessidade de poupança externa, o que significa que a tendência da moeda local é de valorização – algo mortal para a indústria de manufatura. “A queda da participação da indústria no PIB é meio inexorável, mas há países em que parece que essa desindustrialização é mais forte”, afirma Silvia Matos, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV). O Brasil seria um deles.

Segundo Silvia, a taxa de poupança doméstica tem se mantido perto de 17% do PIB nos últimos dez anos, afastando-se tanto das taxas de países asiáticos quanto de países da América Latina. Essa discrepância, mais forte especialmente a partir dos anos 1990, pode ter entre as suas explicações o modelo de previdência adotado pelo Constituição de 1988.

“A nossa seguridade social faz com que a poupança privada seja estruturalmente baixa”, diz Samuel Pessôa, chefe do centro de crescimento econômico do IBRE. Para ele, dado que a agenda da sociedade é focada na equidade e não no crescimento, ciclos de expansão econômica geram aumento do gasto público, da carga tributária e dos programas sociais, tendo como resultado, a redução da poupança interna.

Além de não sair do lugar, a taxa de poupança interna deixou de se relacionar com a taxa de investimento. Silvia, Pessôa e outro economista da FGV, Gabriel Leal de Barros, argumentam em estudo ainda inédito que, nas duas últimas décadas, a maior parte da expansão da taxa de investimento – especialmente entre 2004 e 2008 – se deveu à elevação da poupança externa, sendo um de seus efeitos colaterais o câmbio valorizado e a consequente desindustrialização. O quadro para a indústria seria agravado por pelo menos um outro fator: países com baixa poupança tendem a ter um custo de capital mais alto (juro mais elevado), o que também é ruim para a indústria, intensiva em capital.

Segundo Silvia, a depreciação do câmbio para estimular a reação da indústria com a consequente redução dos salários reais envolveria um equilíbrio político complicado e custos que a sociedade não parece disposta a pagar. Fora o forte impacto sobre a inflação. “O fato é que todos os nossos ciclos de crescimento vêm com aumento de importação”, diz Silvia. “As pessoas teriam que parar de consumir tanto, mas esse seria outro país”.

Diante desse cenário, diz Silvia, seria possível adotar uma perspectiva de crescimento alimentado por mais poupança externa, o que significa maiores déficits em conta corrente. Algo próximo, complementa a economista, ao modelo australiano, de forma que o déficit em transações correntes brasileiro saísse dos 2,3% registrados em dezembro para algo entre 4% e 6% do PIB. Além disso, diz Silvia, o país deveria concentrar esforços apenas nos setores da indústria mais competitivos, como a agroindústria e a indústria extrativa.

A escolha, no entanto, exigiria cuidados. Pessôa lembra que a acumulação de dívida em outra moeda exigiria a criação de algumas estruturas institucionais que mitigassem o risco cambial, como mercados financeiros líquidos e que reduzam o custo de hedge (proteção) cambial, além de uma moeda mais conversível. “Não tem nada na teoria econômica que diz que é errado poupar pouco”. diz. “Mas quando a gente poupa pouco tem que ter certas instituições”.

A visão, no entanto, tem os seus críticos. “Discordo que a melhor forma de aumentar a taxa de investimento do Brasil é aumentar a poupança externa”, diz o professor emérito da FGV, Luiz Carlos Bresser-Pereira. Segundo o ex-ministro da administração federal no primeiro governo de FHC, a ideia de crescer com poupança externa foi adotada em 1994, com a estabilização da moeda. Os efeitos, diz ele, foram o desincentivo ao investimento e o estímulo ao consumo, impulsionado pelo aumento do salário real e da propensão aos gastos da sociedade brasileira.

Bresser-Pereira admite que a elevação do déficit para 4% ou 5% até poderia impulsionar o investimento em alguma medida, mas a um custo bastante elevado. “É o que chamo de populismo cambial ortodoxo, já que aumenta salário e consumo, deixando todo mundo feliz”. Mas, complementa, é caro, expõe a economia a uma fragilidade financeira internacional, além de levá-la mais facilmente a uma crise cambial, como a de 1998.

Em sua “macroeconomia estruturalista do desenvolvimento”, o economista avalia que, nos países em desenvolvimento, pode ser observada uma sobreapreciação cíclica e crônica da taxa de câmbio – seja em razão de entradas excessivas de capital, da política de crescimento com poupança externa ou doença holandesa (a valorização excessiva do câmbio via exportações de commodities, afetando os setores de manufaturados). E sugere uma taxa de câmbio de equilíbrio industrial entre R$ 2,80 e R$ 2,90.

“É claro que é uma desvalorização grande, mas ajudaria o Brasil a crescer a taxas duas ou três vezes acima do que cresce hoje”. Bresser-Pereira não nega que existiriam fortes custos no curto prazo distribuídos para toda a população. “Mas essa é uma decisão que a sociedade vai ter que tomar”.

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Governo fixa meta de 2,7% para o PIB

O Estado de S. Paulo

A economia brasileira não pode crescer menos do que 2,7% neste ano. A marca não é apenas simbólica, por ser o melhor desempenho da gestão Dilma Rousseff, alcançado em 2011, mas virou meta no governo federal. Segundo o mercado, porém, o objetivo está cada vez mais distante.

Depois de 18 pacotes de estímulo à economia, restam ao governo “poucos botões” para apertar – como definem os técnicos -, a fim de gerar crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ainda neste ano. Mas, como definiu uma fonte qualificada da equipe econômica ao Estado, o governo “não vai permitir que o PIB cresça abaixo daquele patamar (de 2011)”.

Economistas de 46 instituições consultadas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. estimam que o PIB cresceu nos três primeiros meses o equivalente a um ritmo de 2.3% ao ano, abaixo da meta do governo. O cálculo foi feito pelo AE Projeções, com base nas estimativas das instituições consultadas. O IBGE anuncia o resultado do PIB do primeiro trimestre amanhã.

Meta

A ideia de estabelecer uma alta do PIB de no mínimo 2,7% como meta para o ano circula no Palácio do Planalto e na equipe econômica. De acordo com os técnicos, o PIB deve ter crescido cerca de 1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os últimos três meses do ano passado. O problema é que dificilmente esse ritmo será mantido. De acordo com a AE Projeções, analistas de mercado esperam um avanço de 0,9% nesta comparação.

Até agora, o melhor trimestre da economia brasileira sob Dilma Rousseff foi o primeiro de seu governo, de janeiro a março de 2011. Na ocasião, o avanço foi de 0,7%. Portanto, se o IBGE confirmar amanhã tanto a expectativa do mercado quanto do governo, o crescimento será o melhor do governo atual.

Desacelerações

Na avaliação do governo, o segundo e o terceiro trimestres devem ter avanços de 0,6%, em média. Assim, resta impulsionar a economia  entre outubro e dezembro. Desta forma, os incentivos atenderiam à estratégia de iniciar o ano eleitoral de 2014 com a economia em aceleração.

O momento é delicado. Nesta semana, o mercado financeiro reduziu mais uma vez a estimativa de avanço do PIB no ano – o dado inserido na pesquisa Focus, feita semanalmente pelo Banco Central com cerca de 100 instituições do mercado, aponta para uma alta de 2,93% neste ano. Na primeira semana deste ano, o mercado estimava em 3,26% a alta do PIB. Em janeiro de 2012, a projeção era de expansão na faixa de 4,2%.

Além disso, o Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa as maiores instituições financeiras do mundo, reduziu sua projeção para o crescimento brasileiro na sexta-feira. Segundo o IIF, o PIB vai crescer 2,9%. Algumas consultorias já trabalham com um avanço ainda menor, próximo a 2,5%.

A ordem na equipe econômica é turbinar os incentivos ainda à disposição, para garantir algum efeito na atividade econômica ainda neste ano.

Orçamento

O governo vai fazer uma análise na boca do caixa: as reuniões periódicas da Junta Orçamentária (formada por Tesouro Nacional, Ministério do Planejamento e Casa Civil) vão servir para verificar o espaço fiscal disponível para uma desoneração tributária adicional ou um reforço em investimentos públicos específicos.

Uma das primeiras medidas emergenciais é a desoneração do PIS/Cofins das passagens de transporte coletivo urbano, que será anunciada nesta semana. A medida, que deve acarretar uma renúncia fiscal de R$ 1,1  bilhão por ano, é fruto do esforço do governo para evitar uma maior alta de preços nas tarifas de ônibus e metrô, mas os técnicos avaliam que ela também pode contribuir para estimular a atividade econômica.

Outras medidas estão em estudo, ainda que, por hora, o espaço fiscal seja exíguo. A aposta da equipe econômica é que, com a melhora na economia, a arrecadação de impostos pela Receita Federal melhore. Há uma defasagem entre o ritmo da atividade e o recolhimento de tributos – no início de 2012, por exemplo, o PIB praticamente parou, mas a arrecadação continuava muito forte.

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Indústria chinesa aumenta ritmo de alta nos lucros

Valor Econômico

O ritmo de aumento no lucro das grandes indústrias da China acelerou-se em abril, graças à melhora no desempenho dos setores elétrico e de geração termoelétrica, automotivo e eletrônico.

O lucro das indústrias chinesas com ganho anual de pelo menos 20 milhões de yuans (US$ 3,2 milhões), subiu 9,3% em abril na comparação anual, acelerando-se em relação a março, quando cresceu 5,3%, segundo anunciou ontem a Agência Nacional de Estatísticas da China. Apesar da aceleração em abril, os participantes do mercado ainda estão cautelosos quanto às perspectivas de lucro.

“O crescimento anual de 9,3% em abril foi calculado tendo como base o declínio anual de 2,2% em abril do ano passado, enquanto o crescimento de 5,3% em março teve como base a alta de 4,5% em março [de 2012]”, disse Yu Jianxun, que trabalha no departamento da agência ligado à indústria, em análise no site do órgão.

O crescimento do lucro industrial em abril seria, na realidade, menor do que o de março, se fossem usados como base os dados de 2011, acrescentou Yu.

As grandes indústrias registraram lucro total de 436,68 bilhões de yuans (US$ 70,7 bilhões) em abril. Já a margem de lucro foi de 5,3%, contra 5,4% em março.