Será a vez de “Erdogan-tem-de-partir”?!

http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MID-01-030613.html

Primavera Turca? Não. Ou, pelo menos, ainda não. O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan será o novo Mubarak? Não. Ou, pelo menos, ainda não.

A história não se cansa de ensinar que basta uma faísca para incendiar uma fogueira política. A faísca mais recente em Istanbul foi um pequeno grupo de jovens ambientalistas, que organizaram umaacampada pacífica, estilo Occupy, na Praça Taksim, para protestar contra a destruição planejada de um dos poucos espaços verdes remanescentes na cidade, o Parque Gezi.

A destruição do Parque Gezi segue um padrão globalmente testado de neoliberalismo: o parque será substituído por um simulacro – no caso turco, uma réplica das tendas da artilharia otomana – que abrigará – e o que seria?! – mais um shopping center. É crucial observar que o prefeito de Istambul, também do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, de Erdogan), é proprietário de uma cadeia de lojas de venda a varejo que reinará, com certeza, no novo shopping center. E o homem que controla o contrato de mais esse “redesenvolvimento” é ninguém menos que o genro de Erdogan.

Como se poderia adivinhar que aconteceria e aconteceu, a repressão policial violenta contra os manifestantes levou os principais quadros do principal partido de oposição a Erdogan, o Partido Republicano do Povo (CHP), a unirem-se aos manifestantes. E, sem demora, o tema ‘verde’ da Praça Taksim foi transformado num “Abaixo o ditador!” à imagem da Praça Tahrir.

No sábado, a Praça Taksim já estava tomada por dezenas de milhares de pessoas; uma multidão atravessou a pé a Ponte do Bósforo, da parte asiática de Istambul, batendo panelas e frigideiras à imagem do ‘panelaço’ de 2002 na Argentina – numa aberta e declarada violação da lei que proíbe o trânsito de pedestres sobre a ponte. A Polícia, correspondentemente, aprofundou a repressão, com canhões de água, spray de pimenta e gás lacrimogêneo.

A atitude de uma super acovardada televisão turca foi, previsivelmente, horrível – o que surpreende talvez menos, se se sabe que 76 jornalistas estão presos na Turquia acusados de apoiar “o terror” e de outros “crimes” não especificados. Pode ser interpretada também como reflexo do mando absoluto de EUA e OTAN sobre um aliado precioso. Coisa do tipo “OK, quebrem alguns ossos, mas nada de mortos.”

A mídia impressa fez um pouco melhor. O jornal Hurriyet – que costumava usar suas faculdades críticas – recobrou um pouco da própria dignidade e publicou manchetes como “Erdogan já não é intocável”.[1] Zaman – da rede do movimento islamista moderado Gulen – divulgou, em editoriais, sua extrema preocupação com o poder ilimitado de Erdogan e de seu partido AKP; condenou o comportamento “excessivo” de ambos e apoiou os protestos de rua.

Enquanto isso, nos EUA e na União Europeia, Ancara não foi, de fato, condenada: só as “preocupações” ocas, superficiais, de sempre. A Turquia, afinal, é o mais recente cenário-país e cartão postal da CNN. Está totalmente presente “nas telinhas”, com mensagem alinhada ao ideário da rede, de ditadura simpática ao neoliberalismo (como as petromonarquias do Conselho de Cooperação do Golfo). Condenar violentamente e ameaçar com ataques e drones são reações reservadas, com exclusividade, ao Irã e à Síria.

Take it to the bridge[2]

Faz perfeito sentido que tudo tenha começado com o “redesenvolvimento” do Parque Gezi. Mas não passa de pequeno detalhe, num esquema gigante – a quantidade imensa de megaprojetos do Partido AKP por toda a Istambul, que excluem totalmente a opinião da sociedade civil.

A Turquia pode até ter-se tornado a 17ª economia do mundo, mas está crescendo apenas 3% em 2013 (que já é muito melhor que o que se vê na Europa). O partido AKP com certeza percebeu que o milagre econômico à turca tem pés de barro, baseado em produtos de baixo valor agregado, muito dependente  de mercados – agricultura, pequena indústria ou turismo.

É onde entra uma terceira ponte sobre o Bósforo – parte de uma nova rodovia de 260km e US$2,6 bilhões, unindo a Trácia à Anatolia, contornando a metrópole de Istambul; e um dos entroncamentos chaves do Corredor de Transporte Europa-Cáucaso-Ásia [orig. Transport Corridor Europe-Caucasus-Asia, TRACECA], apoiado pela União Europeia.

Nas eleições de 2011, Erdogan abriu sua campanha com o anúncio de um “projeto louco”: um canal de 50 km, do Mar de Marmara ao Mar Negro, a ser concluído em 2023 – centenário da República Turca –, ao custo de mais de $20 bilhões. O objetivo não é só descongestionar o Bósforo mas, com a construção de uma terceira ponte e de um terceiro porto, transferir o eixo de Istanbul para o norte da cidade, ainda não desenvolvido. O projeto inclui duas novas cidades e um terceiro aeroporto.

O partido AKP apresentou essa política ambiciosa como “transformação urbana”. O pretexto é o risco de um grande terremoto – como o de 1999. Para o que se resume a uma vastíssima bonanza da mais pura especulação imobiliária, Erdogan e o AKP dependem de duas agências do governo, TOKI e KIPTAS – que têm fixados preços altos demais para os turcos médios. O alvo prioritário são as camadas mais altas da classe média – que votam AKP.

O partido AKP é absolutamente obcecado com controlar Istanbul – que elege 85 dos 550 membros do Parlamento (Ancara, a capital, elege apenas 31). Erdogan e seus correligionários estão no governo da Grande Istambul desde 1994 (nessa época, como membros do Partido Refah). Erdogan começou a conquistar a Turquia a partir da capital otomana.

Os megaprojetos apadrinhados pelo partido AKP foram concebidos como a mais moderna plataforma a partir da qual projetar a Turquia emergente no rumo da pós-globalização, extraindo o máximo do clichê de “uma ponte entre civilizações”. Afinal de contas, 50% das exportações turcas originam-se em Istanbul. O marketing urbano-político desses megaprojetos condicionará a credibilidade global da Turquia entre os suspeitos de sempre, os “investidores internacionais”. Nada tem a ver com coesão social ou respeito à natureza ou ao meio ambiente. Pode-se dizer, sem exagero, que os homens e mulheres que se reúnem nos movimentos da Praça Taksim compreenderam total e perfeitamente as implicações dessa lógica autoritária de desenvolvimento, sedenta de lucros.

E então?! Quem se candidata a “Amigos da Turquia”?

Erdogan pode até ter admitido, contra vontade, que seus policiais exageraram. Mas o máximo que pode fazer é acusar os manifestantes, dizer que estão ligados “ao terror”, que têm “laços obscuros”. O único objetivo dos “saqueadores” seria roubar votos do AKP nas eleições parlamentares de 2015. Jactou-se de que podia pôr nas ruas um milhão de apoiadores seus, para cada 100 mil opositores. Bom… 5 mil opositores já começaram a apedrejar o prédio de seu escritório em Besiktas.

Os protestos já se alastraram para Izmir, Eskisehir, Mugla, Yalova, Antalya, Bolu, Adana e, até, para tradicionais bastiões do AKP, como Ancara, Kayseri e Konya. A multidão nas ruas conta-se às dezenas de milhares. Se se somam os carros que buzinam e as pessoas que batem panelas das janelas e sacadas dos prédios, em apoio aos manifestantes – como se ouve todas as noites em Ancara e Istanbul (até nas pacatas áreas residenciais no lado asiático) –, já se pode falar em centenas de milhares.

Não há dúvidas de que o movimento “Praça Taksim/Occupy Gezi/Abaixo o ditador” já se vai expandindo, cobrindo toda uma parte da Turquia secular que se opõe totalmente ao partido AKP e ao mix encarnado em Erdogan: conservadorismo religioso somado a um neoliberalismo linha duríssima, em governo altamente personalizado/centralizado/autocrático.

Os turcos seculares veem também claramente que Erdogan tenta extrair o máximo de proveito possível de um nebuloso “processo de paz” com o PKK, partido dos curdos, para obter votos suficientes para um referendo constitucional. Esse referendo apagará da Constituição o sistema parlamentar, para ali instalar um sistema presidencial – muito oportuno, dado que o mandato de Erdogan como primeiro-ministro expira em 2015; e ele aspira a continuar ao leme, como presidente.

Erdogan pode ter ainda maioria sólida em toda a Anatolia conservadora. Mas pode, também, estar brincando com fogo. É o homem que, há dois anos, gritava que “Mubarak tem de ouvir seu povo”. E o mesmo deveria fazer também Assad na Síria. Hoje, a maioria dos turcos rejeita completamente o “apoio logístico” que Ancara insiste em oferecer às gangues ‘rebeldes’ na Síria.

A cereja do bolo da ironia, hoje, é Damasco, que já ordenou que Erdogan contenha a violência de sua polícia contra o povo; que ouça “o povo turco”; ou que renuncie.

E agora?! Erdogan implanta uma zona aérea de exclusão sobre Istanbul? (Ou a OTAN implanta uma zona aérea de exclusão sobre Erdogan)? Os “rebeldes” turcos receberão apoio direto de Damasco, de Teerã e do Hezbollah? Damasco convoca uma reunião da ‘comunidade internacional’ e cria os “Amigos da Turquia”?

[1] http://www.hurriyetdailynews.com/analysis-erdogan-no-longer-almighty.aspx?pageID=238&nID=48026&NewsCatID=409

[2] Lit. “Leve lá p’ra ponte”. É expressão que parece assumir diferentes significados, conforme o contexto em que apareça. Pode significar “[leve para a ponte] para descartar”, “[leve para a ponte] para jogar no rio”. Todas as sugestões de tradução são bem-vindas. A frase aparece, por exemplo, em “Sex machine”, James Brown, 1971 (ouve-se em http://www.youtube.com/watch?v=Ajzpd-ONOdo) [NTs].

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Turquia, maio-junho 2013:

“Agora já estamos num movimento de resistência.”

240 mil trabalhadores turcos unem-se aos protestos, em mais de 67 cidades

4/6/2013, 18h, The Real News Network [vídeo traduzido] – http://goo.gl/OXE7s Tradução VilaVudu

SHAGHAYEGH TAJVIDI, Produtor de TRNN: Há dias, o ar que se respira em Istanbul cheira a gás lacrimogêneo. A Polícia continua a usar armas químicas, por toda a parte.

Hoje, os levantes entraram em nova fase, quando a Confederação dos Funcionários Públicos da Turquia (KESK) – 11 sindicatos e cerca de 240 mil trabalhadores –, declararam-se em greve geral por dois dias. A greve, que estava sendo planejada para futuro próximo, em resposta a novas leis de ‘flexibilização’ da legislação trabalhista na Turquia, foi antecipada para hoje, em resposta à brutalidade e às práticas cada dia mais antidemocráticas da polícia do governo de Erdogan.

A agitação começou em Istanbul, dia 27 de maio, quando tratores começaram a arrancar árvores na Praça Taksim, no Parque Gezi, local histórico no coração da cidade. Os planos do governo, de construir ali um shopping center, despertaram a indignação popular, e muitos imediatamente e durante a noite, instalaram-se ali, com barracas e para plantar mudas de árvores, em resposta à demolição de um dos últimos espaços verdes remanescentes em Istanbul. Começou assim, o que, nos últimos dias, já foi descrito como cenário de guerra.

Mas o protesto também se ampliou: é hoje movimento de resistência, bem maior e mais radical que modesto ato para proteger parques e árvores.

ADVOGADA, ISTANBUL (legendas traduzidas): O que posso dizer é que enfrentamos um déspota, governo desrespeitoso, que absolutamente não se interessa nem ouve o povo e nossas ideias. Religião e democracia, para eles, são instrumentos. Com o que está acontecendo aqui, se vê, definitivamente, que não há democracia alguma nesse governo. A imprensa nada diz. Quem fala, é posto na cadeia. Todos nossos generais estão na cadeia.

YASEMEN, MANIFESTANTE: Como é possível?! Mas você viu como tudo começou? As pessoas estavam sentadas, lendo livros! Estavam conversando, na Praça Taksim. E de repente, pelas 5h da manhã, foram atacados pela Polícia, sem aviso – nem avisaram, ninguém disse “saiam, ou usaremos gás lacrimogêneo contra vocês”. Nada, primeiro lançaram as bombas de gás, depois os canhões de água sob pressão. Eles agiram como se… tudo aqui fosse gravíssimo.

ADVOGADO: Como advogado, posso dizer que não há legitimidade nesse comportamento da Polícia. Atacaram o povo, sem que a Polícia fosse sequer provocada. Usaram porretes e força excessiva, e bateram com tal fúria, que podiam ferir braços, pernas, até matar. É ação muito perigosa.

TAJVIDI: Os atuais protestos lançaram luz diferente sobre o governo do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan. A repressão violenta contra os cidadãos, nessas manifestações, não foi notícia nos canais comerciais de televisão. Mostraram, no mesmo horário, o concurso de Miss Turquia e programas de culinária.

Para informar-se sobre as manifestações, as pessoas tiveram de usar seus próprios meios – conectaram-se pelas mídias sociais e procuraram informação em veículos fora da Turquia, tudo para escapar da muralha de censura interna e dos repetidos ‘apagões’ nas redes 3G na área de Taksim.

O canal The Real News Network conseguiu conectar-se por algum tempo com um ativista que estava em Taksim, embora a conexão estivesse muito instável e quase inaudível.

TANYEL, NOS PROTESTOS EM TAKSIM (legendas traduzidas): Quero destacar que o governo Erdogan e sua Polícia atacaram indiscriminadamente o povo, que estava em posição muito vulnerável. A Polícia lançou muitas granadas de gás lacrimogêneo, sem qualquer distinção, contra crianças e outras pessoas vulneráveis. Nesse momento, há centenas de feridos nos hospitais.

A mídia turca tentou cobrir os protestos. Mas não se viu nenhuma notícia nos canais turcos de televisão, desde a noite passada. Só exibiram programas sem importância.

Mas as mídias sociais ajudaram, Twitter e Facebook, e as pessoas conseguiram informar-se e vieram para cá. A manifestação só aconteceu por causa das pessoas, nas mídias sociais. Todos trataram de mostrar o que estava acontecendo para toda a Turquia. Trata-se de muito mais do que de proteger o Parque Gezi. Trata-se de uma batalha entre o governo da Turquia e os jovens turcos. O pessoal quer que Tayyip e seu governo renunciem imediatamente. Agora, estamos já num movimento de resistência.

TAJVIDI: Apesar de ter chegado ao poder com promessas de prosperidade econômica e democratização, há dez anos, e apesar de sempre ter contado com apoio popular, o partido Justiça e Desenvolvimento de Erdogan, o AKP, também enfrenta crescente descontentamento, e não por poucas razões. Para começar, o governo de Erdogan mantém a mídia sob um dos mais duros regimes de censura em todo o mundo. Em 2012, a Comissão de Proteção de Jornalistas divulgou que a Turquia aparecia em primeiro lugar na lista de países que tem o maior número de jornalistas presos, à frente da China e do Irã.

Desde 2009, o Partido AKP iniciou investigações contra a União da Comunidade Curda, investigações mediante as quais, o governo tomou por alvo intelectuais, jornalistas e estudantes. O governo alegou que seriam medidas para prevenir ações terroristas, e que atingiriam todos os partidos que tivessem qualquer ligação com a ala urbana do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Fontes independentes em Istambul estimam que essas investigações tenham levado mais de 3 mil pessoas à prisão.

Pouco antes do levante do Parque Gezi, o partido governante, AKP, foi duramente criticado por medidas para proibir a venda de bebidas alcoólicas em estabelecimentos abertos ao público. Embora essas leis ainda não sejam vigentes, ficou bem claro que seria a mais nova ameaça do governo religioso de Erdogan, contra a Turquia secular. O conservadorismo religioso de Erdogan, aliado ao autoritarismo crescente e à intolerância à crítica ou a opiniões diferentes da sua, culminam, agora, em demonstrações de massa, gigantes, por todo o país.

BARIS KARAAGAC, professor, Universidade TRENT: O neoliberalismo crescente, a comercialização das relações sociais na Turquia, é outra razão pela qual, agora, a população está tomando as ruas. É processo que já se vê em andamento há dez anos, desde que o governo AKP chegou ao poder. Esse processo está avançando à custa de prédios históricos, por exemplo. Todos esses fatores operaram como catalisadores. Agora, muitas pessoas decidiram reagir contra o governo de Erdogan, do AKP.

TAJVIDI: E são muitas as pessoas que estão tomando as ruas, já em 67 cidades, em todo o país. Um dos aspectos mais interessantes é a diversidade das pessoas e grupos que se vão unindo aos levantes populares de resistência. O que se vê é que as políticas de Erdogan tiveram efeito polarizador, numa sociedade turca já dividida.

Essa rede The Real News falou com ativistas em Istanbul, que comentaram os traços diversos e complexos das multidões nas ruas e suas demandas.

ALP, ATIVISTA (legendas traduzidas): Os primeiros a aparecer nas manifestações foram artistas, gente de vários partidos, de associações, instituições e dos sindicatos. Mas ontem à noite, depois das 19h, o movimento já era público. Só está sendo possível, porque todos distribuem e recebem informação pelas mídias sociais. Acho que a maioria aqui não é gente de partido político, sindicato ou associação. O que se vê aqui são estudantes, professores, médicos, advogados.

YASEMEN: Ontem vi gente que sempre apoiou o AKP, que realmente votou no AKP. E estavam protestando na rua, ali, ao meu lado. Muita gente com véu. Isso é muito importante. Há muitos religiosos que também nos apoiam.

TAJVIDI: Ainda é muito cedo, é claro, para saber a que levará essa resistência, o que conseguirá, se a luta gerará benefícios já em 2014, ano em que haverá a primeira eleição presidencial, com voto direto, na Turquia. Com a ambição de Erdogan, que desejava reconstruir todo o sistema eleitoral, ameaçado agora pelos eventos dos últimos dias, observadores perguntam-se se Erdogan fará concessões e se o movimento popular nas ruas conseguirá alterar a correlação de forças entre Erdogan e sua tradicional base eleitoral.

KARAAGAC: O que já se vê bem claramente é que o governo percebeu que, doravante, não poderá continuar a agir protegido pela impunidade total, sem dar qualquer atenção à oposição popular. Até agora, sempre agiu assim. Mas o povo, ou parte muito ativa do povo, já disse “Basta!”.

TAJVIDI: Para a rede The Real News Network, Shaghayegh Tajvidi.