Economistas põem PIB de 2013 em revisão e cresce risco de alta inferior a 2%

 

Na virada do ano, analistas e economistas consultados pelo Banco Central previam uma alta de 3,3% para o PIB em 2013, segundo o Boletim Focus. Hoje, o avanço esperado é de 2,4%, mas a percepção dos especialistas é que ele pode facilmente testar o piso de 2%, assim que os indicadores da atividade de junho começarem a ser conhecidos.

Para Fernanda Guardado, economista do Banco Brasil Plural, a surpresa negativa causada pela produção industrial de maio ampliou as chances de um PIB mais magro no segundo trimestre. De abril para maio, a atividade da indústria caiu mais do que o dobro do esperado pela equipe do banco, cujas projeções apontavam para uma baixa de 0,9%.

Fernanda observa que embora a média móvel trimestral da produção das fábricas apresente variação positiva, de 0,2% em termos dessazonalizados, os dados de junho tanto da indústria quanto do comércio devem incorporar os impactos negativos dos protestos, prejudicando um pouco mais a atividade no fechamento do trimestre. “Temos inclusive medo de que esse resultado negativo se espalhe para o início do terceiro trimestre”.

A queda da atividade industrial de maio não foi suficiente para alterar as expectativas para o PIB do segundo trimestre da equipe do Barclays, mas os indicadores de junho podem azedar esse cenário, impondo riscos em especial para os últimos seis meses do ano, diz Guilherme Loureiro, economista e estrategista para o Brasil do banco. “Apesar de fraco, maio não muda a nossa projeção para o crescimento de 0,8% do PIB no segundo trimestre porque os dados da indústria de abril foram bem fortes”.

Também para Loureiro, o trimestre pode guardar surpresas, pois os impactos dos protestos sobre os indicadores de junho ainda não são conhecidos. Já para o próximo semestre, além de dados pouco animadores da produção industrial, outros fatores, como a perda de força do mercado de trabalho, dados mais fracos de sentimento da indústria e do consumidor e crédito privado moderado apontam para um quadro de consumo e especialmente investimentos em desaceleração. O Barclays mantém a estimativa de alta de 2,3% do PIB para o ano, mas não sem ressalvas. “Estou confortável com esse número, mas vejo risco e é certamente para baixo”, diz Loureiro.

A equipe do Brasil Plural também mantém suas projeções para o PIB. A expectativa é de alta entre 0,6% e 0,7% para o segundo trimestre em termos dessazonalizados e de elevação de 2,5% para o ano. “Mas a mensagem que vale para o segundo trimestre vale com mais força ainda para o resultado do PIB no ano: há riscos crescentes e substanciais de uma revisão desse número para baixo”, diz Fernanda. Segundo ela, a decisão da equipe é por esperar os resultados de junho tanto da indústria quanto do varejo para poder fazer uma revisão mais “embasada”. “Se é possível crescimento de 2% ou menos de 2% no ano? Sim, é possível”, diz.

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Queda forte da produção industrial

Valor Econômico

A queda na produção industrial em maio – de 2% sobre abril descontados os efeitos sazonais – divulgada ontem de manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou um quadro de fraca recuperação da economia em um cenário de inflação ainda elevada. Além de forte, a queda foi generalizada entre os setores em maio e criou dúvidas sobre o ritmo dos investimentos, até então uma das apostas mais firmes da equipe econômica para a recuperação da economia em 2013. A produção de bens de capital recuou 3,5% em maio sobre abril, com ajuste sazonal.

A queda de maio foi superior ao recuo de 1,1% esperado, na média, pelos economistas ouvidos pelo Valor Data. Esse resultado, associado às incertezas criadas sobre junho, pelos cenários externo e interno, reforçaram projeções mais fracas para o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano (ver matéria ao lado).

Além de ter sido bastante generalizado (20 dos 27 setores produziram menos em maio em relação a abril), o resultado de maio mostra retrações expressivas nos segmentos que refletem a intenção de consumo da população e indicam bens cuja demanda pode ser controlada ou evitada pelas famílias. A produção de móveis recuou 11,4%, a de vestuário caiu 4,9%, a de máquinas para escritório e informática, 9%, e a de calçados, 7,3%, sempre na comparação entre maio e abril, com ajuste sazonal. Para o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Luiz Macedo, a demanda interna vem sendo reduzida pelo endividamento das famílias. “A inadimplência está em um patamar elevado e as famílias estão com um alto grau de comprometimento da renda”, disse.

No acumulado em 12 meses, a indústria ensaia uma lenta recuperação desde julho do ano passado. Nesses dez meses, ela acumula um crescimento de 2,5%. Mensalmente, contudo, a produção industrial tem oscilado. Ela subiu 2,7% em janeiro, caiu 2,3% em fevereiro, voltou a subir em março (0,8%) e abril (1,9%), e recuou forte em maio, sempre na comparação de um mês com o imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

Para Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica e professor da Unicamp, a volatilidade das notícias sobre a economia está fazendo com que os empresários não apostem em um cenário de médio e longo prazo. “Quando o ambiente da economia e as expectativas não estão muito bem assentadas, qualquer sinal de acúmulo de estoque faz o empresário diminuir a produção”, diz Almeida. “Quando o estoque cai, ele acelera a produção novamente. Esse tipo de comportamento também é típico de uma economia com inflação maior e certo grau de incerteza. Estão apostando menos no futuro e reagindo ao presente.”

Macedo, do IBGE, também avalia que o acúmulo de estoques voltou a prejudicar a produção da indústria em maio. “O estoque pode justificar essa queda mais acentuada no mês. Com recuo das exportações, aumento das importações e a demanda não acompanhando a produção, os estoques sobem. O setor industrial tenta compensar isso segurando seu ritmo”, disse.

Na avaliação do economista Flávio Combat, da Concórdia Corretora, o dado de maio aponta para um desgaste nas políticas de desonerações de incentivo ao consumo, em especial as isenções de IPI para produtos como automóveis e eletrodomésticos, que vêm sendo reeditadas pelo governo desde a crise de 2009. “Já se sabe que esse tipo de medida tem um impacto decrescente ao longo do tempo. Em um primeiro momento, incorpora uma série de pessoas que ainda não possuem aquele bem, mas depois se esgota”, disse Combat.

Outro elemento da retração de maio e do resultado fraco do ano está associado à inflação e à exportação, avalia Macedo, do IBGE. “O aumento nos preços de alimentos ajuda a explicar o desempenho da produção do setor, mas não é o único fator. Uma parcela da produção de alimentos é exportada e, com a desaceleração da economia internacional, há menos demanda no exterior por alimentos”, avalia.

Há quem veja um quadro menos negativo. Para o Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial (Iedi), o recuo de maio foi puxado por ramos que apresentaram altas expressivas em abril e que, portanto, devolveram boa parte daquele desempenho. A tendência, porém, ainda é de crescimento, embora mais modesto.

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Bolsa tem pior nível desde 2009

O Globo

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), teve ontem perda expressiva, provocada pela perspectiva de crescimento menor da economia brasileira, pelo tombo das ações do Grupo EBX e por um movimento mais forte de venda de ações por investidores estrangeiros. O índice se desvalorizou 4,24%, aos 45.228 pontos, menor pontuação desde 22 de abril de 2009, quando bateu 44.888 pontos. Foi a maior queda percentual desde 22 de setembro de 2011, que foi de 4,83%. O volume negociado foi de R$ 8,7 bilhões. Só duas ações terminaram o dia em alta: os papéis ON (ações ordinárias, com direito a voto) da B2W Digital, com ganho de 6,64% (a R$ 6,75), e os ON da Dasa, com valorização de 2,14% (R$ 11,95).

Mercados mundiais em queda

Para operadores, a queda de 2% da produção industrial, o dobro do esperado pelo mercado, detonou a saída de investidores estrangeiros pessimistas com o país. Não foram divulgados ainda dados de julho, mas só em junho a Bovespa registrou a saída de US$ 4,073 bilhões. É o maior saldo negativo de investidores estrangeiros desde setembro de 2012, quando saíram R$ 4,17 bilhões. No acumulado do ano, o saldo ainda é positivo em R$ 4,23 bilhões.

– O recuo da produção industrial deixou o mercado nervoso desde a abertura. À tarde, houve forte movimento de venda por parte dos estrangeiros. Muitas ordens de venda são de stop loss , ou seja, a ação é vendida quando se desvaloriza certo percentual ou valor para evitar que o investidor tenha mais prejuízo – diz Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.

Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA caiu 4,32%, a R$ 26,12. Pesou sobre os papéis da mineradora a informação de que os estoques de minério de ferro nos 25 maiores portos da China subiram pela terceira semana seguida, reforçando a perspectiva de menor demanda da indústria por commodities. Petrobras PN recuou 4,76% (R$ 15,40), contaminada pelo tombo da OGX; Itaú Unibanco perdeu 4,31% (R$ 27,27) e Bradesco PN recuou 5,03% (R$ 27,35).

– O movimento de ontem parece pessimismo com a economia desacelerando e o crescimento potencial diminuindo. O humor já estava ruim e a produção industrial completou o cenário. A situação de emergentes está ruim, mas o Brasil está pior – disse Thiago Montenegro, operador da gestora Quantitas.

O dia também foi de retração nos mercados americano e europeu. Nos EUA, as Bolsas se animaram, pela manhã, com as vendas de carros acima do esperado, o incremento nas encomendas à indústria pelo segundo mês consecutivo e a alta dos preços de imóveis. Mas, ao longo do dia, a expectativa pelos dados de emprego, a serem divulgados hoje e na sexta-feira, fizeram o movimento virar. O Dow Jones fechou com queda de 0,28%; o S&P, de 0,05%; e a Nasdaq, de 0,03%. Em Londres, a perda foi de 0,06%; em Paris, de 0,66%; e em Frankfurt, de 0,92%.

Dólar avança 0,85%

O dólar ganhou força frente ao real, seguindo o movimento externo. A moeda americana fechou em alta de 0,85%, negociada a R$ 2,248 na compra e a R$ 2,25 na venda, maior valor desde 20 de junho, quando o câmbio fechou em R$ 2,258. Na máxima do dia, o dólar atingiu R$ 2,255. A mínima foi de R$ 2,235. Não houve intervenção do Banco Central para frear a alta.

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Bloqueio de rodovias acaba em confronto

O Globo

Pelo segundo dia seguido de protestos e bloqueios de estradas, caminhoneiros fecharam ontem rodovias em 11 estados. Ao todo, foram 62 pontos de bloqueios em rodovias federais, de acordo com levantamento da Polícia Rodoviária Federal. Até o início da noite, pelo menos 39 trechos ainda estavam interditados, num dos maiores protestos de motoristas de caminhão do país. Durante as manifestações, nove pessoas foram presas, quatro delas por incêndio a ônibus, três por cortar mangueira de freio de caminhões e duas por agressões à polícia.

No Rio e em Tocantins, as rodovias foram liberadas no fim da tarde. Já os estados de Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Espírito Santos e Santa Catarina ainda registravam estradas fechadas. Em São Paulo, as rodovias foram liberadas pelos caminhoneiros no fim da tarde. Mas a rodovia Presidente Dutra voltou a ser fechada à noite em São José dos Campos por um grupo que reivindicava redução no preço das tarifas de ônibus no município.

Também no fim da tarde de ontem, a tropa de choque da Polícia Rodoviária Federal foi deslocada às pressas para o Km 276 da Via Dutra, em Barra Mansa, no Sul Fluminense, para impedir que caminhoneiros voltassem a bloquear totalmente a via. De acordo com a polícia, os líderes do protesto estariam planejando bloquear a rodovia no início da noite e atacar com pedras motoristas que tentassem furar o cerco.

Pela manhã, o tráfego na Via Dutra foi liberado em Barra Mansa após trinta manifestantes tentarem impedir que caminhoneiros que não quiseram aderir ao movimento prosseguissem a viagem. Houve tumulto por volta das 9h30m, também na altura do Km 276.

Em mais um dia de protestos em rodovias de São Paulo, o governo paulista conseguiu ontem uma liminar na Justiça que proíbe o Movimento União Brasil Caminhoneiro de bloquear estradas no estado. Na decisão, o juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara da Fazenda Pública, estabelece multa de R$ 20 mil por hora à associação, em caso de descumprimento.

“Defiro a liminar a fim de vedar à ré, por si ou por meio de seu representante, Nélio Botelho, de praticar qualquer ato incentivador de turbação ou esbulho sobre as rodovias do estado de São Paulo ou sobre as vias que lhe dão acesso, seja por toda sua extensão, seja por trechos (pequenos ou não) de tais vias de tráfego, seja, enfim, por reles manifestação em margens de tais vias de tráfego, mas que representem obstáculo ao livre e seguro tráfego de veículos e pessoa”, escreveu o magistrado em sua decisão.

Ontem pela manhã, a Rodovia Cônego Domênico Rangoni, na região do Porto de Santos, litoral paulista, foi liberada pela tropa de choque da PM depois de mais de 24 horas fechada. Caminhoneiros bloquearam a estrada que dá acesso aos terminais de carga. A categoria protestava contra a alteração na cobrança do sistema de pedágio em São Paulo, que passa a cobrar pelo número efetivo de eixos dos veículos. O tráfego ficou congestionado nos dois sentidos (litoral e São Paulo). A manifestação se concentrou no Km 250, na altura do pedágio. Por volta das 9h30m, cerca de cem homens da tropa de choque chegaram à praça de pedágio e tentaram negociar com os manifestantes. Eles se recusaram a liberar o tráfego e a PM jogou bombas de efeito moral. Os caminhoneiros só saíram da rodovia depois que o cheiro de gás passou a incomodar.

Na capital paulista, pela manhã, houve um protesto na Marginal Pinheiros, logo dissipado. Os caminhoneiros apenas reduziram a velocidade na via, prejudicando o trânsito.

Pelo menos 12 trechos de sete rodovias federais gaúchas foram bloqueadas ontem por caminhoneiros em protestos que começaram ainda na segunda-feira. Os motoristas aderiram à mobilização organizada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBM), que pede a aprovação da minuta do projeto da Lei do Motorista. Outras cinco estradas estaduais também enfrentaram bloqueios.

Em Pelotas, no sul do estado, o bloqueio da BR 392 começou ainda na segunda-feira, por volta das 23h30m. A rodovia foi interrompida nos dois sentidos e houve queima de pneus durante toda a manhã. O trecho foi totalmente liberado às 11h. Em outro ponto da mesma estrada, quatro quilômetros à frente, o bloqueio foi total. Apenas veículos de passeio e ônibus puderam transitar.

Em Capão do Leão, o bloqueio da BR 116 igualmente incluiu a queima de pneus. Houve interrupção também nas BRs 158, 285, 386 e 472. A BR 101, principal ligação do estado com o centro do país, o bloqueio ocorreu em Três Cachoeiras. Os manifestantes prometem manter os bloqueios até amanhã.

Em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre, um grupo de 300 pessoas bloqueou a BR 116 para protestar contra decisão da Justiça de suspender as atividades da empresa Telexfree. Os dois sentidos da rodovia foram interrompidos à tarde. Segundo a PRF, o trânsito ficou lento por mais de cinco quilômetros.

Em Minas, quatro presos

Durante o dia, a Polícia Rodoviária Federal prendeu hoje 4 pessoas acusadas de incendiar um ônibus durante protestos de caminhoneiros no Km 117 da BR-040, em Contagem. Segundo a polícia, o grupo de incendiários não tem ligação com os caminhoneiros, mas tentou se aproveitar das manifestações.

Os presos fazem parte de uma manifestação contra as tarifas de transporte coletivo em Contagem. Os quatro suspeitos foram levados para a Polícia Federal em Belo Horizonte. A ordem da direção da PRF é acompanhar os protestos e alertar motoristas sobre decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que impede o bloqueio total ou parcial de rodovias. A ordem também é garantir a segurança e o deslocamento de quem transita pelas rodovias federais. Em Minas foram fechadas sete estradas.

O serviço de inteligência da Polícia Rodoviária Federal detectou ameaça de recrudescimento dos protestos caso o Congresso Nacional não aprove medidas de interesse da categoria.

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Ideias de Dilma sofrem ataque até da base; plebiscito pode sair só em 2014

O Estado de S. Paulo

A mensagem em que a presidente Dilma Rousseff defende a realização de um plebiscito e sugere cinco propostas para alterar o sistema político foi entregue ontem ao Congresso, mas nem bem chegou e já foi alvo de reações até da base aliada. Sem consenso, a consulta popular sugerida por Dilma deve ser empurrada para 2014 e a tendência é que uma reforma política – tema do plebiscito -, se aprovada, só comece a valer nas eleições de 2016 ou 2018.

Partidos de oposição e aliados, como o PMDB, preferem o referendo, quando a população diz sim ou não a uma proposta. Os líderes vão criar um grupo de trabalho para analisar a proposta de plebiscito a partir da próxima semana.

Abancada do PMDB na Câmara se posicionou contra a realização de plebiscito (veja mais na pág.5). O próprio vice-presidente, Michel Temer, havia admitido a dificuldade de se cumprir o prazo de realizar a consulta e aprovar os projetos decorrentes da vontade das urnas antes de outubro deste ano para que possam vigorar em 2014.

O PSB, comandado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável candidato à Presidência em 2014, também se posicionou contrário à consulta plebiscitária (leia na pág. 6). “É quase impossível fazer uma consulta com perguntas claras para mudanças passarem a valer já nas próximas eleições”, disse o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF).

Além de tocar em pontos sensíveis, sem relação com o sistema político, como o voto secreto, parlamentares acusaram a presidente de ter consciência da inviabilidade de pôr as propostas em prática já em 2014, e tentar, assim, beneficiar só a imagem do PT.O governo trabalhava com a ideia de realizar o plebiscito no dia 7 de setembro.

Entregue na manhã de ontem por Temer e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o ofício apontou cinco temas considerados “de fundamental importância” na reforma política: o financiamento de campanha, a definição do sistema eleitoral e a discussão sobre suplência de senadores, coligações partidárias e voto secreto no parlamento.

“A adoção de forma plebiscitária para essa consulta popular nos parece a melhor dentre as alternativas admitidas pela Constituição. A simples manifestação de concordância ou discordância popular com um modelo já predefinido pode afastar a sociedade da amplia discussão dos alicerces e princípios que deverão orientar a renovação do sistema de representação política”, destacou Dilma Rousseff na mensagem.

O PT ficou praticamente isolado na defesa de um plebiscito que faça a consulta sobre uma reforma política que já passe a valer para 2014. A bancada do partido fez uma reunião ontem no início da noite e decidiu divulgar nota de apoio às propostas da presidente Dilma.

Mas houve divergências também no PT, conforme apurou o Estado. “Em qualquer bancada há divergência sobre qualquer tema da reforma política”,minimizou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para quem ainda há possibilidade de consenso na base aliada para se fazer o plebiscito neste ano.

Lado

“O Palácio tem o lado do plebiscito. Não consideramos a consulta popular um factoide, mas, sim, uma avaliação de concepção democrática”, afirmou o ministro da Justiça. Segundo Cardozo, é “absolutamente incorreta” a avaliação de que Dilma quer jogar o desgaste das ruas para o Congresso.

 

A inclusão do debate sobre voto secreto de parlamentares no plebiscito revoltou aliados, que já tinham um acordo para levar a pauta ao plenário – na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou projeto que abre o voto em casos de cassação. Na base, há quem fale em questionário de até 40 perguntas, passando pelo fim da reeleição.