Policiais infiltrados causam polêmica

 

Três vídeos se destacaram nas redes. No primeiro, divulgado pela própria PM, um homem de camiseta preta, com estampa no peito e tecido claro escondendo o rosto, lança um dos primeiros coquetéis molotov arremessados durante o conflito entre manifestantes e policiais. Num segundo vídeo, dois supostos policiais passam pela barreira de PMs e, ao serem interceptados por soldados, mostram documentos e são liberados. Um desses homens veste camiseta preta com estampa parecida com a do manifestante da gravação anterior. No terceiro vídeo, um outro homem, com roupa parecida, corre com os policiais e aponta para um manifestante, que é derrubado e chutado. Mais tarde, a mesma pessoa tira a camiseta e cruza a barreira policial. Até então, a tropa proibia o avanço de quase todos.

A PM reconhece o uso de agentes da P-2 nos protestos. Informa que eles filmam as manifestações, coletam provas e efetuam prisões. Em nota, a corporação diz ainda que “não há a menor dúvida” de que “não partiu de qualquer profissional da PM o ataque à tropa” – suspeita levantada ontem na internet. A Polícia Militar acrescenta não ser possível dizer que as pessoas filmadas seguindo rumo à tropa são do serviço de inteligência. Diz ainda que o vídeo postado pela corporação foi retirado devido a “um ataque em massa” contra ele.

A investigação das cenas será feita pela Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas, que foi criada na sexta-feira e se dividiu em duas frentes: uma para cuidar dos inquéritos e outra para atuar na área de inteligência.

– É importante deixar claro que não se trata de uma investigação paralela e que tudo que for apurado irá para os inquéritos – disse o procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira. – Que há PMs infiltrados, não há dúvida. Mas daí a afirmar que são responsáveis é outra história.

Procurado pelo GLOBO, o perito forense Maurício de Cunto não descartou a possibilidade de o homem que lançou a bomba incendiária ser um dos que cruzaram a barreira da polícia:

– Os detalhes mostrados no vídeo podem sugerir que as camisetas são as mesmas, porém essa informação é inconclusiva, por não se ter uma visão clara da estampa da camiseta.

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Emprego tem o pior nível em 4 anos

O Globo

O mercado formal de trabalho (com carteira) registrou no primeiro semestre deste ano saldo líquido (admissões menos demissões) de 826.168 empregos, o pior resultado dos últimos quatro anos para o período. Em maio de 2009, quando a crise financeira internacional atingiu em cheio as contratações com carteira assinada no país, foram criados 397.936 postos.

O saldo acumulado entre janeiro e junho de 2013 teve queda de 21% em relação ao do primeiro semestre do ano passado, que foi de 1,047 milhão, considerando dados ajustados (declarações fora do prazo) até maio, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Contratações na Copa

No mês passado, foram criados 123.836 empregos, o saldo que ficou ligeiramente acima do registrado em junho de 2012, de 120.440 postos. Embora todos os setores da economia tenham alcançado saldos positivos, o segmento de serviços foi o único com desempenho satisfatório, tendo respondido pela contratação de 44.022 trabalhadores, acima dos 30.141 no mesmo período do ano anterior. Os destaques foram os ramos de alojamento e alimentação e de transporte e comunicação. Na explicação do ministério, a realização dos jogos da Copa da Confederações ajudou a elevar as contratações em junho.

A agricultura ficou em primeiro lugar em junho, com saldo de 59.019 empregos, mas o resultado foi favorecido por fatores sazonais (colheita da safra, sobretudo café, uva, soja e laranja), o que não deve se repetir nos próximos meses. O nível do emprego nos demais setores ficou praticamente estável em relação a igual período de 2012. Foram 8.330 vagas no comércio; 7.922 na indústria de transformação e 2.092 na construção civil. Em maio, este segmento havia eliminado 1.877 postos.

Diante dos dados, o ministro da pasta, Manoel Dias, revisou para baixo a meta de geração de empregos neste ano, de 1,7 milhão para um saldo entre 1,3 milhão e 1,4 milhão. Segundo ele, a projeção inicial era do ex-ministro do Trabalho Brizola Neto.

Impacto dos juros

Segundo o ministro, a alta nos juros, iniciada em abril, não afetará o mercado de trabalho. Apesar das quatro quedas consecutivas semestrais na geração de empregos, Dias resiste em falar em desaceleração, alegando que a criação de postos no segundo semestre vai continuar e será mantida pelos investimentos. Ele citou o programa das concessões do governo federal (portos, aeroportos, rodovias) e o Minha Casa Minha Vida.

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Importação de carro de luxo em alta

Valor Econômico

A desvalorização do real não impediu o avanço das importações de carros de luxo neste ano. Marcas como Audi, BMW e Land Rover recuperaram as vendas perdidas em 2012 com as restrições do governo a veículos importados e já estão operando acima dos volumes de dois anos atrás, quando a demanda por veículos importados no Brasil batia recorde.

Desde que deixou de produzir o modelo A3 no Paraná, em 2006, este está sendo o melhor ano da Audi no Brasil. No total, a montadora alemã emplacou 2,8 mil carros nos seis primeiros meses do ano, um volume que supera tanto as 1,9 mil unidades do mesmo período de 2012 como os 2,1 mil veículos do primeiro semestre de 2011.

Já a Land Rover teve no primeiro semestre deste ano seu melhor desempenho no mercado brasileiro, com 5,3 mil carros emplacados, ou 2 mil unidades a mais se comparado ao volume registrado em igual período de dois anos antes. O resultado da BMW neste ano, com pouco mais de 6 mil carros vendidos até junho, também é recorde no país.

A Mercedes-Benz ainda não voltou aos níveis de 2011, mas as vendas de seus carros, importados da Alemanha e dos Estados Unidos, dobraram no primeiro semestre, comparativamente a 2012, chegando a 4,4 mil automóveis e utilitários esportivos.

A reversão da tendência negativa – enfrentada no ano passado por quase todas as marcas importadas diante da sobretaxa de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – se deve a cotas de importação concedidas pelo novo regime automotivo, editado no início de outubro. Elas permitiram a importação de carros sem o adicional do imposto, dando maior competitividade a veículos importados.

A cota estabelecida pelo governo, de até 4,8 mil veículos por ano livres do IPI extra, atendeu bem às necessidades das marcas que exploram nichos de mercado como o segmento premium, cuja participação sobre as vendas de carros no país não chega a 2%. Por outro lado, prejudicou as marcas de maior escala, que importam grandes volumes fora da cota e ainda competem com carros similares fabricados no Brasil, isentos da majoração tributária. Isso ajuda a explicar por que as montadoras de luxo estão conseguindo remar contra a queda quase generalizada das marcas, principalmente, asiáticas, que exploram os segmentos populares.

A Kia Motors, por exemplo, que chegou a emplacar quase 80 mil carros no Brasil em 2011, vende hoje menos da metade do volume de dois anos atrás. A marca coreana decidiu não se habilitar ao novo regime automotivo, que lhe daria o direito à cota de importações, mas, em contrapartida, exigiria dela investimentos mínimos em um fundo nacional de desenvolvimento cientifico e tecnológico. Assim, em relação ao mesmo período do ano passado, as vendas da Kia caíram 31,1% no primeiro semestre, somando 15,2 mil carros. Na mesma base de comparação, os volumes da montadora chinesa Hafei, que há pouco tempo fazia sucesso com os utilitários Towner, caíram 60%, para 1,3 mil unidades.

O desempenho negativo de suas associadas mais populares levou a Abeiva, entidade que representa marcas de carros sem produção local, a rebaixar novamente ontem sua expectativa para as vendas deste ano. A meta – que inicialmente era de 150 mil carros e que já tinha caído para 130 mil unidades em junho – agora está em 125 mil veículos, o que significaria uma queda de 3,2% em relação ao já baixo resultado de 2012. Até junho, as vendas de importados registradas pela Abeiva, que excluem as importações feitas pelas montadoras, acumularam queda de 23,2%, somando 54,5 mil carros, ou 3,2% do total de automóveis e comerciais leves vendidos no Brasil.

Flavio Padovan, que preside a Abeiva e comanda a Jaguar Land Rover na América Latina, diz que, além do desequilíbrio causado pelas cotas, a disparidade entre os desempenhos de carros de luxo e populares está ligada à elasticidade da demanda, que é menor no caso do público que consome produtos de alto valor agregado. Ou seja, quanto maior o poder aquisitivo do comprador, menor será o impacto de aumentos de preços, seja pela valorização do dólar, seja pela elevação de tributos. “Quem tem menor poder aquisitivo sofre mais nessa situação”, afirma.

Mesmo com cotas que permitem a importação de grande volume de carros – em virtude de projetos de produção local – as vendas das chinesas JAC Motors e Chery também estão em baixa neste ano. No primeiro semestre, os emplacamentos da JAC caíram 12,9%, para 8,9 mil carros, enquanto os volumes da Chery cederam 72,5%, somando 2,5 mil unidades.

Animadas com o crescimento do consumo brasileiro de automóveis mais sofisticados, Land Rover, Mercedes-Benz e Audi estudam investir em fábricas no Brasil, seguindo um caminho já tomado pela BMW. Embora tenham permitido uma recuperação das vendas neste ano, as cotas de importação impedem que o mercado de veículos de luxo atinja todo seu potencial, avalia Dimitris Psillakis, diretor de vendas e marketing da Mercedes-Benz. “O mercado, neste ano, está sendo regulado pelas cotas, e não pela demanda”, afirma.

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Déficit nas contas externas cresce 72% no 1º semestre

O Estado de S. Paulo

As contas externas do Brasil fecharam o primeiro semestre com um rombo 72% maior que no mesmo período do ano passado. Com um desempenho fraco da balança comercial, o déficit externo chegou a US$ 43,48 bilhões. Para analistas de mercado, embora o mês de junho tenha apresentado alguma melhora, o cenário é preocupante,

Um dos problemas do resultado das contas externas é o fato de o déficit não estar sendo coberto pelos investimentos estrangeiros diretos (IED) em produção. Como os investimentos em produção são de longo pra-£0 são considerados os mais saudáveis para cobrir o rombo. Em seis meses, os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 30 bilhões.

O resultado externo tem sido afetado pelo fraco desempenho da balança comercial. No primeiro semestre, a balança comercial registrou déficit de US$ 3 bilhões, em comparação a um superávit de US$ 7 bilhões no mesmo período do ano passado. Os números só não vieram piores porque houve um superávit de US$ 2,3 bilhões em junho, resultado inflado pela exportação de uma plataforma de petróleo, no valor de US$ 1,6 bilhão. Trata-se de uma operação contábil, pois a plataforma não deixou o País.

A balança comercial está decepcionando por causa da queda no preço das commodities exportadas pelo Brasil e de uma forte importação de derivados de petróleo. No início da semana, a Associação de Comércio Exterior (AEB) projetou déficit de US$ 2 bilhões para 2013, o primeiro resultado negativo em 12 anos. É uma das previsões mais pessimistas do mercado, mas o humor está piorando. Ontem, o HSBC reduziu sua projeção de saldo comercial de US$ 4,1 bilhões para US$ 1 bilhão.

As contas externas também pioram com o aumento das remessas de lucros e dividendos das multinacionais. As remessas somaram US$ 14,1 bilhões no primeiro semestre, 41,3% a mais que no mesmo período de 2012. Os gastos com juros subiram 32,5%, para US$ 5,9 bilhões.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, repetiu a avaliação de que as contas estão sob controle e o déficit não preocupa, pois será, em grande parte, financiado pelos investimentos estrangeiros. A expectativa do BC e que os investimentos somem u 8$ 65 bilhões em 2013.

O BC espera que a recente alta do dólar ajude a equilibrar as contas externas, em especial na balança comercial e nos gastos de brasileiros no exterior. “A desvalorização tem alguma defasagem (sobre a balança comercial)”, disse Maciel. “E é provável que tenhamos moderação (nos gastos com viagens internacionais) no segundo semestre”. Para ele, o efeito do dólar sobre as contas externas tende a ser “cumulativo e gradual”.

Até agora, porém, os dados do BC ainda não captaram mudança de comportamento. De janeiro a junho, o déficit com viagens, já descontado o que os estrangeiros deixaram no País, teve aumento de 22%, para o valor recorde de US$ 8,8 bilhões. Em junho, os gastos no exterior foram os maiores da história para o mês – US$1,5 bilhão.

Reação

Analistas veem com preocupação os resultados das contas externas. “Não vejo problemas a curto prazo, mas a médio e longo prazos o financiamento do déficit em conta corrente se torna insustentável”, disse o economista Antonio Corrêa de Lacerda, para quem o momento é propício para ajustes na economia.

A consultoria Rosenberg projeta um aumento do déficit externo acumulado em 12 meses dos atuais US$ 72,46 bilhões para US$ 80 bilhões até o fim do ano. “A conta aumentou US$ 20 bilhões em um semestre. A melhora em junho não inverte a tendência de aprofundamento do déficit em transações correntes e de leve estabilidade do IED em nível elevado, mas não suficiente para cobrir o déficit”, disse Rafael Bistafa, da Rosenberg.

André Loes, economista-chefe para América Latina do HSBC, elevou a projeção de déficit em conta-corrente neste ano de US$ 75,2 bilhões para US$ 78,3 bilhões. Para André Sacconato, diretor de pesquisas da Brain (associação formada por bancos para atrair investimentos para o Brasil), o déficit deve saltar dos atuais 3% do PIB para algo entre 4% e 4,5% no fim de 2014.

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Lula diz que vai defender Dilma com ‘unhas afiadas’

O Estado de S. Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que vai lutar com “unhas afiadas” para defender a presidente Dilma Rousseff de ataques dos adversários. Em palestra no Museu Nacional, Lula disse que Dilma é vítima de “preconceito” por parte da elite brasileira e sofre “falta de respeito” por ser mulher.

“Dilma não é mais do que uma extensão da gente lá. Nós seremos responsáveis pelos acertos e pelos erros que ela cometer”, afirmou Lula. Aplaudido pela plateia, formada em sua maioria por negros que participavam do Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, o ex-presidente disse que os “conservadores” começam a “colocar as unhas de fora” para tirar o PT do poder, em 2014 e prometeu ajudar Dilma. “Eles estão com preconceito contra Dilma maior do que o que tinham contra mim. É a maior falta de respeito a uma i mulher da qualidade da Dilma Rousseff. Será que eles têm essa falta de respeito com a mãe deles, com a mulher deles, como têm com a Dilma?”, perguntou.

Apesar da fragilidade política do governo, Lula acha que Dilma vai superar os problemas. “Tenho a convicção de que ela está no caminho certo, a despeito das dificuldades que enfrenta.” Para Lula, a inflação é um “mal a ser extirpado da política econômica” e o governo precisa fazer um “esforço monstruoso” para impedir seu retomo.

Plebiscito, Em entrevista, Lula saiu em defesa do programa Mais Médicos e do plebiscito proposto por Dilma – e descartado pelo Congresso – para fazer a reforma política. “Se os médicos brasileiros não querem trabalhar no sertão, que a gente traga médicos estrangeiros”, disse.

“Vamos fazer a reforma política, vamos fazer plebiscito. Por que temos medo dessas coisas?”

Ele descartou o “Volta, Lula”, que começou a ser entoado no próprio PT. “Não existe essa possibilidade. Eu, se pudesse, ia voltar a jogar bola, mas o Felipão parece que não está me olhando com bons olhos”, brincou.

Não faltaram no evento gritos de “Volta, Lula” nem o habitual coro de “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”. O ex-presidente sorriu e disse: “Se alguém pensa que Lulinha está com 67 anos pegou câncer e está velho, saiba que com pernambucano não acontece isso. Eu vou continuar incomodando.”

Também alfinetou o PMDB ao talar sobre o número de ministérios. “Estou vendo um zum-zum-zum na imprensa de que tem gente que vai pedir para a Dilma reduzir o número de ministérios. Fiquem espertos porque ninguém vai querer acabar com o Ministério da Fazenda nem com o da Defesa. Vão tentar mexer no Ministério da Igualdade Racial, no das Mulheres e no dos Direitos Humanos”, advertiu. A proposta de cortar 14 dos 39 ministérios foi apresentada pelo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN).

 

Lula mostrou-se cauteloso ao comentar os atritos do PT com Dilma, por causa de sua ausência na reunião do diretório petista no sábado. “O PT apoia 150% a presidente e não há hipótese de haver divergência que não seja superada.”