Renda ‘per capita’ regrediu em 48% dos municípios

 

O Nordeste responde por 1.717 municípios nessa situação, seguido por Norte (364), Sudeste (424), Sul (80) e Centro-Oeste (78). A Bahia concentra 386 delas. Minas Gerais, 381. O Rio de Janeiro, seis: São Francisco de Itabapoana, São José de Ubá, Varre-Sai, Japeri, São Sebastião do Alto e Tanguá, com renda per capita entre R$ 375,49 e R$ 440,84, em 2010.

O fato de estarem abaixo da média nacional 20 anos depois não significa que esses municípios tenham parado no tempo. Pelo contrário. Segundo o economista Marco Aurélio Costa, coordenador do Atlas no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão parceiro do Pnud na elaboração do relatório, o problema é que essas cidades tinham níveis de renda per capita tão baixo em 1991 que, mesmo crescendo em velocidade superior à do país, chegaram a 2010 abaixo da média nacional de 20 anos antes:

– A questão é o ponto de partida. O Brasil era absurdamente desigual em 1991. E a maior parte desses municípios certamente experimentou um crescimento de renda de 300% ou 400%, bem acima dos 77% da média nacional. Foi um avanço grande.

Destaque social

Segundo ele, os 2.663 municípios tinham 45 milhões de habitantes – 24% do total no país. Ou seja, eram majoritariamente de pequeno porte.

– O Brasil até 1980 era um destaque econômico e uma decepção social. O milagre foi econômico. As duas últimas décadas são um período em que o Brasil tem um destaque social. A gente evoluiu – diz o ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Néri, que é também presidente do Ipea.

Para o professor de Economia do curso de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM) José Eduardo Balian, o fator que mais contribuiu para o atraso dos municípios foi a má gestão. Outro problema, destacou, é a péssima qualidade da educação, com professores despreparados e mal remunerados.

Erro no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, lançado segunda-feira, afetou dados dos gráficos das pirâmides etárias, de 2010, dos municípios do país. Gráficos de pirâmides apresentavam mais homens que mulheres na maioria dos municípios do país. O item foi temporariamente desativado e corrigido ontem na plataforma na internet publicada pelo Pnud com o Ipea e a Fundação João Pinheiro.

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Brasil é contra ajuda à Grécia

Correio Braziliense

O diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista, criticou a ajuda financeira da instituição à Grécia. Na segunda-feira, o Fundo aprovou a liberação de US$ 1,7 bilhão como parte de um programa de restruturação econômica que inclui também aportes da União Europeia e do Banco Central Europeu — em conjunto, eles compõem a chamada troika.

O novo crédito eleva para US$ 37,6 bilhões o total de empréstimos do FMI ao país. Nogueira Batista teme que os gregos não consigam ressarcir o Fundo. “Os recentes acontecimentos na Grécia confirmam alguns de nossos maiores temores. A implementação (das medidas de recuperação) têm sido insatisfatórias em quase todas as áreas; estimativas de crescimento e da sustentabilidade da dívida continuam excessivamente otimistas”, afirmou o diretor executivo em um texto publicado ontem.

Ele criticou as privatizações “quase paralisadas” e afirmou que documentos do Fundo estão a um passo de “contemplar a moratória ou atraso nos pagamentos das obrigações da Grécia ao FMI”. A avaliação divergiu da que foi manifestada pelo chefe da missão do organismo multilateral à Grécia, Rishi Goyal, para quem “a economia grega está se reequilibrando a um ritmo notável”.

Indicado pelo Brasil, Nogueira Batista representa um grupo de 11 países no Fundo. Mas esclareceu que suas ressalvas em relação à ajuda não refletem necessariamente a posição do governo. “Faço as declarações como membro da diretoria do FMI que tem, entre outras obrigações, a de zelar pela integridade da instituição. No meu entender, o programa da troika para a Grécia coloca em risco a reputação e a integridade financeira do Fundo”, afirmou Nogueira Batista ao Correio. Ele explicou que os diretores executivos têm um duplo mandato: a representação dos países no FMI e a própria governança da instituição.

Entre os críticos do excesso de rigor nas exigências que têm sido feitas aos gregos está a presidente Dilma Rousseff. “Eu não acredito numa saída que simplesmente obrigue a Grécia (…) a cortar todo o seu funcionalismo Público, vender o Parthenon. Além de vender o Parthenon, o que mais ela pode vender? As ilhas gregas? Eu não acho que essa solução seja correta”, ironizou Dilma em 2011, a jornalistas em Nova York.

Mais tarde, em diversos momentos, a presidente afirmou que o programa de cortes de gastos públicos imposto à Grécia assemelha-se aos que foram feitos ao Brasil e a outros países latino-americanos nos anos 1980. Elas foram equivocadas, segundo Dilma, porque reduziram o crescimento econômico, atrasando ainda mais o equilíbrio. Na época, o Brasil tinha de aceitar imposições do FMI, do qual era devedor. Hoje, o país é credor.

Ao Correio, Nogueira Batista disse que a preocupação com o efeito das medidas de ajuste na economia grega é relevante e que remete a casos do passado.

O diretor executivo esclareceu, porém, que não defende maior sacrifício por parte dos gregos, e sim que os europeus assumam maior responsabilidade na ajuda ao país, impedindo que o FMI sofra um calote.

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Total de empresas exportadoras brasileiras recua no semestre

Valor Econômico

A quantidade de empresas brasileiras que exportaram no primeiro semestre caiu pelo sexto ano seguido. Mais de 70 companhias, sendo a maioria de pequeno e médio porte, deixaram de vender produtos ao exterior de janeiro a junho deste ano em relação a igual período de 2012.

Desde 2007, quando 16,9 mil empresas nacionais exportaram nos primeiros seis meses, esse número apresenta recuos, chegando a 15,1 mil no primeiro semestre deste ano.

A retração do comércio com a América do Sul, principalmente com a Argentina, explica grande parte da recente redução na quantidade de companhias brasileiras que vendem ao exterior, avaliaram especialistas.

Por estar mais próxima, a Argentina é o principal ou o único mercado para algumas pequenas e médias empresas e, assim, restrições impostas pelo governo vizinho criaram barreiras para que empresas do ramo de calçados, confecções e móveis, por exemplo, conseguissem exportar no último ano, explicou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

O número de empresas brasileiras que exportaram até US$ 1 milhão no primeiro semestre do ano recuou para 11.871, ante 11.932 mil em igual período do ano passado, o que representa quase toda a baixa na comparação, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Isso é reflexo da “redução de mercados importantes”, como os países da América Latina que representam 50% das exportações das pequenas e médias empresas brasileiras, afirmou o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi. “Além disso, a demanda do mercado interno continua dinâmica. Não vamos dizer forte, mas dinâmica. E, quando pode, o empresário prefere se voltar para o mercado doméstico”, completou.

Até a terceira semana de julho, as exportações brasileiras apresentaram uma retração de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Hoje, o Mdic divulgará os dados da balança comercial até o fim de julho.

O comércio internacional está mais retraído e mais competitivo, ressaltou Castro. “Se antes um câmbio a R$ 2 era ruim, agora, R$ 2,25 não significa que seja bom”, disse. Para ele, se o real se desvalorizar ainda mais e ficar estável, por exemplo, em R$ 2,40 a queda de empresas exportadoras “pode ser estancada e ter um leve aumento”.

Tanto a AEB como a CNI defendem mais medidas para estimular o setor produtivo a exportar. Por exemplo, sobre financiamento às exportações, Castro aponta dificuldades em conseguir garantia para que a operação financeira seja aprovada.

Para a CNI, são necessários novos acordos comerciais e a ampliação dos já existentes. “Também precisa aumentar as linhas de crédito para as pequenas e médias empresas, inclusive para acesso a capital de giro. É importante estudar com profundidade a questão da elevada carga tributária e todos os custos embutidos no valor final da mercadoria, porque esses custos alteram a competitividade do produto brasileiro”, afirmou Abijaodi.

Procurado para comentar a queda no número de empresas exportadoras, o Mdic não respondeu até o fechamento.

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Governadores e prefeitos pediram R$ 57,5 bilhões

O Estado de S. Paulo

Os R$ 50 bilhões que a presidente Dilma Rousseff anunciou para investimentos em mobilidade urbana não serão suficientes para atender aos projetos já apresentados por governadores e prefeitos, cujo custo chega a R$ 57,5 bilhões. Para que a conta feche, portanto, alguns projetos terão de ser descartados.

O anúncio dos recursos foi feito no dia 24 de junho, quando os 27 governadores foram chamados ao Palácio do Planalto para a apresentação dos cinco pactos propostos por Dilma para responder às manifestações que, nas semanas anteriores, haviam tomado as ruas das principais cidades do País.

Desde então, políticos e gestores têm feito romaria ao Ministério do Planejamento, para apresentar projetos e obter dinheiro.

A cota dos R$ 50 bilhões se esgotou nos três primeiros dias de reuniões, no início de julho. Os ministros Miriam Belchior (Planejamento) e Aguinaldo Ribeiro (Cidades) receberam representantes de governos estaduais e de prefeituras de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Juntos, eles apresentaram projetos para desenvolver o transporte público que totalizaram R$ 52 bilhões.

São Paulo, pivô da onda de protestos, teve prioridade na agenda dos encontros. O governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad levaram a Brasília uma lista de projetos cujo custo chegava a R$ 17,3 bilhões. Em segundo lugar no ranking ficou Minas Gerais, com R$ 7 3 bilhões em pedidos.

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BC intervém para evitar dólar acima de R$ 2,30

O Estado de S. Paulo

O Banco Central realizou ontem três intervenções no mercado de câmbio para evitar flue o dólar fechasse o dia acima de R$ 2,30. A ação da autoridade monetária ajudou a segurar temporariamente a cotação, que chegou a R$ 2,302 pela manhã, mas desacelerou após os leilões.

A tarde, a divulgação do comunicado do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) contribuiu para uma virada na cotação. A moeda americana fechou o dia vendida a R$ 2,278, queda de 0,13%. A divisa acumulou alta de 2,11% em julho e subiu 11,39% este ano. O dólar turismo fechou o dia vendido a R$ 2,387.

Os leilões do Banco Central foram realizados entre 10 horas e 12 horas, horário em que o volume de negócios é maior, por causa da definição da taxa média do dia, que influencia a maioria dos contratos negociados no mercado financeiro. No fechamento do mês, a disputa por essa taxa é ainda maior, por causa do vencimento de vários contratos entre bancos, exportadores e grandes investidores.

Primeiro, o Banco Central vendeu US$ 1,5 bilhão em contratos de swap cambial, uma operação que eqüivale à oferta de moeda estrangeira no mercado e vem sendo realizada com certa frequência nos últimos meses. Uma hora depois, o BC ofereceu mais US$ 1,5 bilhão, mas vendeu pouco mais da metade. No terceiro leilão, tentou vendera outra metade, mas não houve negócios. Mesmo com o dólar ainda em alta, o BC ficou fora do mercado pelo resto do dia.

Falta de dólares. “Isso mostra que o nosso problema é moeda”, disse Sidney Nehme, eco. nomista da NGO Corretora. “Swap não paga a conta, não liquida dívida. O que o mercado precisa efetivamente é de dólar”, defendeu o profissional “Não temos mais uma demanda só por proteção no mercado futuro, o que antes justificava as atuações por swap. Precisamos também de moeda no mercado à vista.”

Profissional da mesa de câmbio de um grande banco disse que é difícil determinar se, no terceiro leilão do BC, não houve venda de contratos por falta de demanda ou em razão dos preços pedidos pelos participantes. “Pelo comportamento da moeda na hora em que saiu o terceiro (leilão), deve ter sido preço”, disse.

Em 2013, o BC atuou apenas uma vez usando as reservas em dólar. E, mesmo assim, por meio de empréstimo de recursos, e não de venda.

No início da tarde, mesmo após os leilões feitos pelo BC, a moeda já estava novamente próxima dos R$ 2,30, patamar que não era alcançado durante o dia desde 1° de abril de 2009.

Pouco depois, foi divulgada a decisão de política monetária nos Estados Unidos. O BC americano manteve os juros entre zero e 0,25%. Também não mudou a política de compra de títulos. Em trechos novos no documento, o Fed sinalizou, ainda, ver riscos de a inflação ficar baixa, e não alta, por isso reduziram-se as apostas de uma elevação dos juros (leia mais à página B7). Com isso, as Bolsas de Valores passaram a subir e o dólar perdeu valor em relação a várias moedas, incluindo o real.

Preocupação

Apesar da ligeira queda de ontem, as preocupações com o patamar do dólar permanecem. Os analistas são unânimes em afirmar que a tendência para a moeda americana é de alta.

 

E o Banco Central, ainda segundo os analistas, se encontra numa situação delicada, porque não tem espaço, considerando a inflação corrente, para deixar o dóíar subir muito mais. Além disso, os leilões de swap podem não ser eficazes para segurar a moeda.