Ato de solidariedade antifascista é realizado no Consulado da Ucrânia

A Esquerda Marxista e o PCB (Partido Comunista Brasileiro) realizaram em 17/06/2014, um ato em frente ao Consulado Geral da Ucrânia, em São Paulo, contra os ataques fascistas na Ucrânia e a junta de governo reacionária. A atividade responde a um chamado internacional feito pela CMI (Corrente Marxista Internacional) por solidariedade antifascista aos trabalhadores ucranianos e suas organizações.

Também atenderam ao chamado, militantes das organizações de esquerda “Unidade Vermelha” e “Reconstrução Comunista”, além de ativistas da campanha “Público, Gratuito e Para Todos: Transporte, Saúde, Educação! Abaixo a Repressão!”, em especial dos Comitês de Luta do IA-Unesp e ETEC Franco da Rocha.

Por volta das 10 horas da manhã, os primeiros manifestantes começaram a chegar no local. O Consulado fica num conjunto comercial, no alto de um edifício de escritórios em Moema, bairro rico da cidade. Dois companheiros foram até a recepção do edifício dizendo que queriam ir ao Consulado. A recepcionista de pronto disse que o Cônsul havia saído, não estava, e que só seriam recebidos com agendamento prévio.

Continuaram chegando manifestantes para o ato, e quando se reuniram ali na frente algumas dezenas, o Cônsul Geral Oleksandr Volodymyrovych Markov, que haviam informado que não estava, apareceu na porta e, à distância, bradou: “O que vocês querem aqui?”

Dois companheiros se aproximaram e explicaram que gostariam de entregar uma carta e registrar o ato de entrega, fotografando. O Cônsul, com uma postura desconfiada, contesta: “Mas vocês são ucranianos?”, “Carta sobre o que?”. Os companheiros responderam: “Somos todos brasileiros e estamos preocupados com o que se passa na Ucrânia.” E o Cônsul ainda retruca: “Mas vocês nos apoiam contra o Império Russo?”. E os companheiros: “Não apoiamos nem o Governo Russo e nem a União Europeia! Defendemos os direitos democráticos e de autodeterminação do povo ucraniano!”.

Então o Cônsul aceita receber a carta (abaixo), mas se recusa a ser fotografado recebendo o documento. Em seguida chama os dois companheiros que entregaram a carta para entrar no prédio. Entram com ele Caio Dezorzi (Esquerda Marxista) e Edmilson Costa (PCB). Na recepção do prédio, o Cônsul passa os olhos na primeira página da carta e seu tom de desconfiança muda para hostilidade. Pergunta ao companheiro Caio qual organização ele representa. Quando ouve “Esquerda Marxista” de pronto retruca: “Eu sou anti-marxista!”. Sequer permite continuar a conversa, diz que entregará a carta ao governo ucraniano e se retira para o interior do prédio. Parecia bastante nervoso e com medo.

Na porta, os manifestantes empunham cartazes, bandeiras e entoam palavras de ordem antifascistas (ver fotos).

Uma viatura com soldados, sargentos e mais dois oficiais, tenentes, da PM acompanharam todo o desenvolvimento do ato. Perguntados pelos companheiros da Esquerda Marxista se havia sido o Cônsul que os tinha acionado, eles disseram que não, mas que o ato havia sido divulgado na internet e receberam ordens para averiguar.

Ao final do ato, Esquerda Marxista e PCB acertaram de realizar uma atividade pública conjunta no próximo dia 25/06 às 19h no auditório da Livraria Marxista sobre a conjuntura ucraniana e internacional.

Abaixo segue a carta entregue ao Cônsul:

Ao senhor Oleksandr Volodymyrovych Markov

Cônsul-Chefe, Cônsul Geral Interino do Consulado Geral da Ucrânia em São Paulo

Para fazer chegar às mãos do Senhor Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia

Em solidariedade à luta antifascista na Ucrânia

Estamos nesta data presentes neste Consulado, na cidade de São Paulo, para transmitir-lhes nossa mensagem de solidariedade aos trabalhadores e ao povo Ucraniano que estão sendo vitimados por desumanos e violentos ataques desferidos por militares das tropas do governo e paramilitares fascistas que atuam em conjunto e sob proteção dos que estão instalados no poder.

Desde maio, uma trágica situação se desenvolve na Ucrânia. Bandos paramilitares fascistas integrados ao Estado ou diretamente financiados pelas oligarquias, estão realizando ações de “terror branco” contra qualquer um que se oponha ao governo de Kiev.

No dia 20 de maio, bandos fascistas paramilitares tentaram sequestrar dirigentes do Borotba, tradicional organização de esquerda da Ucrânia, após uma manifestação popular contra o governo. Esta ação realizada em praça pública e à luz do dia só não conseguiu seu objetivo porque os fascistas foram impedidos pelos participantes da manifestação. Muitos dos dirigentes e militantes do Borotba, diante das constantes ameaças e risco de vida, foram obrigados a entrar para a clandestinidade para se defender e prosseguir suas lutas.

Dias antes, no dia 16 de maio, a sede do Partido Comunista em Kiev foi invadida, livros, bandeiras e materiais foram queimados. Ao mesmo também foram iniciados trâmites para proibir o Partido Comunista que obteve 2,7 milhões de votos na última eleição. Operações de guerra, qualificadas despudoradamente de antiterrorista continuam sendo realizadas contra as províncias de Donetsk y Lugansk que, pela vontade soberana de seu povo decidiram se separar da Ucrânia.

A Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional, dirige-se ao senhor Oleksandr Volodymyrovych Markov, para externar nossos protestos frente aos ataques fascistas contra os que lutam por sua liberdade e pelos direitos democráticos mais elementares, tais como os de expressão e organização.

Nos somamos aos milhares de ativistas que em todo o mundo lutam em solidariedade aos antifascistas ucranianos e contra o governo. Exigimos o fim das operações de guerra contra seu povo.

Nos somamos aos que, em todo o mundo, lutam para pôr fim ao governo de Kiev.

Que cessem as perseguições e ataques ao Borotba e ao Partido Comunista da Ucrânia bem como todos os ataques aos direitos democráticos na Ucrânia! A solidariedade internacional entre os trabalhadores derrotará o fascismo na Ucrânia e em todo o mundo!

http://www.marxismo.org.br/blog/2014/06/18/ato-de-solidariedade-antifascista-e-realizado-no-consulado-da-ucrania