A tensão se move de Baltimore para Nova York e Washington DC
A polícia deteve 80 pessoas (dois menores) nesta quarta-feira
Mais de 60 detidos em Manhattan em uma manifestação espontânea ATLAS
CAROLINA MARTÍN ADALID Especial para EL MUNDO Baltimore
Atualizado: 30/04/2015 08:19 horas
Centenas de jovens percorreram, nesta quarta-feira, as ruas de Baltimore (Maryland) entre a Universidade John Hopkins até Penn Station de forma pacífica. Com força e raiva, entoaram palavras de ordem que se popularizaram a partir da morte de Michel Brown neste verão, onde reivindicam justiça para as vítimas da violência policial e lembram aos agentes que não se dispara com as mãos ao alto.
Porém, neste local, é genuína a palavra de ordem que reza “de noite e de dia, lutaremos por Freddy Gray” (em inglês, a rima é perfeita). Após as seis da tarde, chegaram às portas da Prefeitura. Desta vez não eram dezenas como os que ignoraram o toque de recolher de terça-feira e provocaram momentos de tensão e lançamento de bombas de gás lacrimogêneo. A onda de jovens chegava rápido ao edifício “do povo, nossa casa”, conforme dizia um dos porta-vozes por um megafone, em pé sobre um caminhão.
O grupo era inter-racial, composto majoritariamente por jovens. “Este não é um problema da polícia, nem do governador, nem da prefeita. É nosso problema porque vem atrás de nós”, dizia uma das líderes estudantis que encabeçava a marcha com ira. Outro insistia que estavam ali por quererem saber o que aconteceu com Gray. De fato, vários jovens expressaram sua preocupação com o que aconteceu no transporte.
Nesta cidade, muitos sentem que são “alvos da polícia” por sua cor de pele. Assim explicava Nevin, um menino de 15 anos, membro de um grupo de debate local que divida flores e tentava demonstrar que os adolescentes também podem contribuir com a mudança em Baltimore. Ele foi parado há dois anos e quase foi levado ao ‘calabouço’ por não levar sua identidade. Sua tutora, ‘Miss T’, mostra-se orgulhosa da exposição de seu aluno, que abandona a conversa para entregar flores a uns meninos negros que pululam em torno do local.
Os efetivos da Guarda Nacional – também jovens, ainda que o capacete e as armas que portam façam aparentar mais idade – e a polícia estão parados ante a fachada da Prefeitura. Enquanto chegam os estudantes, conversam com jornalistas em um ambiente descontraído. Esta tranquilidade não é rompida com a chegada da manifestação, assim como seus comentários.
Durante quase uma hora, membros de diferentes coletivos estudantis e representantes da comunidade negra de Baltimore denunciaram a precária situação na qual vivem os jovens da cidade, o racismo, o desinteresse do resto da sociedade… Um estudante latino subiu no caminhão para seu apoio. “Nós estamos com vocês. Temos o mesmo problema”, disse antes de arrancar os aplausos dos manifestantes.
Outras cidades se somam
Esta não foi a única mostra de apoio. A morte de Freddy Gray e a noite de distúrbios – uma professora, que prefere manter seu anonimato, nega os distúrbios e denomina o ocorrido como ‘movimento’ –, despertaram manifestantes de várias cidades dos Estados Unidos, como Washington e Nova York, onde seus cidadãos foram às ruas pela tarde. Em Manhattan, ocorreram momentos de tensão enquanto os manifestantes marchavam pela ilha contra a indicação feita pela polícia. Ali, ao menos 60 pessoas foram detidas.
Pouco antes de começar a segunda jornada do toque de recolher decretado pela prefeita de Baltimore, Stephanie Rawlings-Blake, os nova-iorquinos seguiam cantando por Nova York, onde os agentes detiveram algumas pessoas. Na localidade de Maryland, o chefe da polícia, Anthony Batts, informou a detenção de 18 pessoas – dois menores e 16 adultos – ao longo do dia.
Em sua intervenção, Batts mostrou algumas das pedras que os jovens lançaram contra os agentes na segunda-feira passada e explicou que os detidos desse dia foram todos postos em liberdade.
Fonte: http://www.elmundo.es/internacional/2015/04/30/55418b3f268e3e8e328b4570.html
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)