As revoltas populares avançam no norte da África

O PCPE segue com grande atenção e interesse os acontecimentos que, nas últimas semanas, estão se desenvolvendo em vários países do norte da África. A série de fatos que se sucedem depois do descontentamento popular, datado de dezembro de 2010, em Túnis, é uma demonstração de capacidade de mobilização de povos longamente submetidos a regimes ditatoriais e vassalos do imperialismo.

A mobilização de Túnis alcançou o que no princípio parecia impossível – a saída do ditador Bem Ali – e se estendeu até o Egito o epicentro da mobilização popular. A possibilidade desta centelha continuar queimando e produzir novos processos em outros países árabes está muito presente hoje em todas as Chancelarias das potências imperialistas.

O PCPE quer expressar apoio às mobilizações e às massas populares do Egito e da Tunísia que, cansadas de regimes baseados no espólio e no roubo ao povo, optaram pela via da luta para mudar a situação.

No caso de Túnis, saudamos a criação da Frente 14 de Janeiro, cujas demandas de aprofundamento do processo e de repúdio a qualquer tipo de continuidade no governo provisória e ministros ou partícipes do regime de Bem Ali/Trabelsi tem de ser firmemente apoiadas. Qualquer outra saída para a atual situação na Tunísia será um triunfo para as potências imperialistas, interessadas fundamentalmente em não perder sua capacidade de influência naqueles países que são de importância estratégica para seus planos.

Denunciamos especialmente o papel da União Européia na crise da Tunísia, particularmente o papel da França, país que tem grandes interesses na zona e que manifestou historicamente uma grande conivência com os regimes opressores de Magrebe e da toda África. Igualmente, os interesses do FMI, que em repetidas ocasiões utilizou como exemplo para a região a Tunísia, serão fundamentais na hora de exercer pressão e tratar de fazer retroceder o processo na Tunísia.

Ao mesmo tempo, saudamos o ampla movimentação do povo egípcio, que conseguiu colocar em xeque o regime de Mubarak. Queremos lembrar que o Egito, sob seu governo, foi a primeira nação árabe a trair a causa do povo irmão palestino mediante o reconhecimento do Estado de Israel e é um aliado fundamental dos EUA na região.

Consideramos que os repetidos apelos de Obama para a estabilidade no Egito, assim como a chegada de El Baradei para encabeçar o movimento opositor, apontam que o imperialismo quer encerrar imediatamente qualquer possibilidade de mudança radical no país. O controle do estratégico Canal do Suez, via essencial de trânsito do petróleo do Golfo Pérsico à Europa e EUA, é um elemento chave da estratégia do imperialismo na região.

Enquanto os processos da Tunísia e Egito sejam conduzíveis em benefício do imperialismo, as mudanças dos títeres são desejáveis para as potências imperialistas. Basta recordar o caso de Jean-Claude Duvalier no Haiti, que no momento em que foi uma carga para os EUA foi removido do poder, em processos similares aos atuais do norte da África e agora seu nome volta a soar para presidir o país.

Para isso o PCPE está convencido, junto com as organizações irmãs da Tunísia e Egito, de que o autêntico triunfo destes processos só serão possíveis com o aprofundamento no desmantelamento total dos regimes corruptos e se se iniciarem processos constituintes que permitam que as forças anti-imperialistas, trabalhadoras e populares, em aliança, assumam o controle dos mesmos, na perspectiva da definitiva libertação dos povos norte-africanos do jugo imperialismo.

A solidariedade é a ternura dos povos. Viva o internacionalismo proletário!

Madrid, 01 de fevereiro de 2011

Área Internacional do CC do PCPE

Traduzido por Dario da Silva.

Fonte: http://www.solidnet.org/index.php/spain-communist-party-of-peoples-of-spain/1100