A​ ​luta​ ​do​ ​povo​ ​Mapuche​ ​e​ ​a​ ​insaciável sede​ ​de​ ​fratricídio do​ ​governo​ chileno

imagempor Vivian Costa*

“Nós somos mapuches concretos Sob o asfalto nossa mãe dorme Explorado por um bastardo.” DAVID AÑIÑIR

HISTÓRIA

Os Mapuche pertenciam a tribo dos Araucanianos, cujos ancestrais se mudaram para a região do atual Chile, há 12 mil anos. São o único grupo indígena que resistiu as ataques dos Incas, e nunca foram conquistados por esses. Antes dos espanhóis chegarem em 1541, os Mapuche ocupavam um vasto território no sudeste do continente, com uma população de 2 milhões. A nação Mapuche compreende comunidades fixas e nômades, caçadores, fazendeiros, vivendo em pequenos grupos familiares sob a autoridade de um chefe (Lonko), fazendo parte de comunidades regionais maiores. Após cerca de um século de interação e luta, o Tratado de Quilin foi assinado em 1641, reconhecendo, pois, a independência dos Mapuche, e por este Tratado os Mapuche concordaram em se manter ao sul do rio Bio-Bio, numa área de só 10 milhões de hectares. Por mais de dois séculos, eles defenderam esta área contra espanhóis e, posteriormente, chilenos. Entre 1881 e 1883, os exércitos chilenos estabeleceram uma revolta e “pacificaram” os Mapuche. Posteriormente, a independência Chilena acabou com a independência dos Mapuches. Até 1881, os Mapuche eram completamente independentes, territoriais e políticos​. Eles então foram colocados em reservas, pequenas e, em muitos casos, separadas por áreas fixadas por chilenos e imigrantes europeus. Em 1979, data da lei que determinou a divisão e liquidação das reservas Mapuche, a área foi reduzida a 350 mil hectares. No mesmo ano, a nação Mapuche foi vítima da “Lei dos Povos Indígenas”, do regime de Pinochet, que determinava a destruição das tradicionais comunidades Mapuche. O governo do Chile democraticamente eleito trouxe pequeno reconhecimento dos direitos de povos indígenas. Na região chilena que compreende o rio Bio-Bio, as comunidades Mapuche e ativistas têm lutado contra grandes companhias privadas que pretendem construir hidroelétricas por lá. Na Argentina, os Mapuche estão enfrentando o risco de ter confiscados 110 mil hectares de suas terras. Em 1985, o presidente argentino Raul Alfonsin anunciou que uma das regiões (região de Pulmari) poderia ser retomada por Mapuches, fato que não ocorreu. Precisamente, é a região de Alumine que não respeita o decreto nacional. Em 1997, o Parlamento Europeu passou a Resolução da Situação dos Direitos Humanos e Minorias Indígenas na Argentina, que trata da proteção dos Direitos Humanos de povos indígenas, e também chamou a atenção do Governo Argentino para emendar regulações para evitar diferentes interpretações sobre os direitos de legitimação de terra. Os Mapuche perderam controle de seus territórios na Argentina e no Chile​. Seu modo de vida foi erodido por política governamental e projetos desenvolvimentistas. Apesar do processo de democratização no Chile, violações aos direitos humanos dos Mapuche continuam, e diariamente eles sofrem racismo, repressão, exclusão social, mas continuam na sua luta[1].

O​ ​POVO​ ​MAPUCHE​ ​E​ ​A​ ​SUA​ ​LUTA

As comunidades Mapuches, estão concentradas, no chile, nas províncias de Arauco, Bio-Bio, Malleco, Cautin, Valdivia, Osorno e Chiloe, com muitos migrando para as cidades, principalmente Santiago (capital); na Argentina, os Mapuche vivem nas províncias de Neuquen, Rio Negro, Buenos Aires e Santa Cruz. A aniquilação e (des)ocupação do território Mapuche começa no século XIX, a imagem do povo Mapuche tira o véu não só do ideário não “civilizados” e “primitivos” servindo de justificativas para a (des)ocupação do território mapuche diante da expansão da economia agroexportadora. Esse imaginário social fortaleceu como estratégia de normalizar a violência contra o povo Mapuche. No século XIX a agricultura despertou nos chilenos um grande interesse em explorar o território mapuche (Araucanía). Com a decorrer da Revolução Industrial, o Chile passou a exportar trigo, farinha, feijão, charque etc… Em função dessa nova conjuntura, as terras passaram a ser mais valorizadas, o que desencadeou o processo de (des)ocupação do território mapuche. A ocupação das terras Mapuche são consideradas por eles um extermínio. O plano de colonização do seu território sofreu influência do plano de colonização estadunidense, incentivando a imigração europeia e propondo que as terras Mapuche se tornassem propriedade do Estado, assim, sendo distribuídas para as famílias chilenas e estrangeiras classificadas como “trabalhadoras”. Este plano de colonização foi amparado por uma lei da República e aprovado pelo congresso chileno em 1866, fazendo com que o Estado se tornasse proprietário das terras da “Província do Arauco”, que passava agora à “Território de Colonização” e assim normalizando a apropriação dessas terras por colonos estrangeiros e chilenos. Atualmente, por conta desse processo de (des)ocupação de seus territórios, parte do povo Mapuche vive separada na região Neuquén, na Argentina. Esse território faz parte do território ancestral dos mapuche, o “Wall Mapu”, e os mapuches que ali vivem se sentem parte da mesma nacionalidade que seus irmãos no Chile. A atual aproximação desse povo está sendo reprimida pelos governos dos dois países, que não são capazes de compreender a nova configuração do mundo abyayálico Os povos mapuche tem uma outra visão de mundo, diferente da visão do capital, que necessita dos Estados e das fronteiras. A prisão política dos Mapuche é agora uma realidade no Chile, tudo porque os Mapuches lutam pelas suas fronteiras históricas e políticas. Neste exato momento estão ocorrendo repressões violentas, e uma crescente militarização da Araucania, contando com ataques noturnos e detenções arbitrárias , ​fazendo várias vítimas fatais. Tudo isso nas mãos da polícia que é reconhecida como membros da Direção de Inteligência Nacional (DINA) – polícia secreta do regime militar Pinochet. A, e foi substituído em 1977 pelo Centro​ ​Nacional​ ​de​ ​informação​ (CNI​) Atualmente, há milhares de hectares recuperados, há plantação de batatas e muitos grãos e outros produtos que brotam no território ancestral, muitas famílias hoje tem um lugar para viver e trabalhar a terra. Da mesma forma que a cada dia aumenta o território aonde os Mapuches podem desenvolver sua e a sua visão de mundo. A lista atualizada de prisioneiros políticos Mapuche, do mês abril de 2017, há cerca de 17 presos, entre eles lideranças, todos sendo considerados pelo Estado como terroristas. O líder Mapuche, Jones Huala​, que também está sendo considerado terrorista pelos dois países está à dois meses na prisão de Esquel, à 1.800 quilômetros de Buenos Aires. Facundo Jones Huala, liderava um grupo que ocupou uma pequena parte das terras da Benetton na Patagônia. Ele se tornou um símbolo da resistência mapuche ao realizar uma greve de fome nesse tempo que está na prisão. Na Argentina e Chile estão ocorrendo várias manifestação para exigir que o governo explique o desaparecimento do ativista pró-indígena Santiago Maldonado. Maldonado estava com um grupo de Mapuches que estão ocupando as terras de Benetton na Patagónia, ao chegaram as forças polícias para dispersá-los por estarem fechando uma rodovia. Desde então nunca mais foi visto. Maldonado foi visto pela última vez em 1º de agosto. Na terça-feira do dia 17 de outubro, o corpo do Maldonado foi encontrado no rio Chubut​, a 300 metros de onde ocorreu o conflito no dia 1° de agosto. Todo apoio aos povos Mapuches!!

*Vivian Costa, Militante do PCB e do Núcleo Internacionalista PCB

Bibliografia:

1. Retirado de https://unpo13minionu.wordpress.com/…. Acesso em 18 outubro. 2017.

https://brasil.elpais.com/brasil/20… Acesso em 01 outubro. 2017.

https://radiomitre.cienradios.com/c… . Acesso em 18 outubro. 2017.

http://revistas.unisinos.br/index.p… Acesso em 18 outubro. 2017.

http://adrianameyer.com.ar/lugar-do… Acesso em 21 outubro. 2017.

http://www.planbnoticias.com.ar/pb/… Acesso em 21. outubro. 2017.

https://www.facebook.com/notes/partido-comunista-brasileiro-s%C3%A3o-paulo/a-luta-do-povo-mapuche-e-a-insaci%C3%A1vel-sede-de-fratric%C3%ADdio-do-governo-chileno/1573694592697559/