“A esquerda e o golpe de 64″, livro de Dênis de Moraes terá nova edição lançada
Na terça-feira da semana que vem, 27/9, às 19h, o jornalista Dênis de Moares lançará o livro “A Esquerda e o Golpe de 64″, pela Editora Expressão Popular. A convite de Ricardo Costa, fará uma palestra sobre esse rico e conflituoso momento da história brasileira. Será na sede nacional do PCB, à Rua da Lapa, 180, 8º andar, Rio de Janeiro. O autor convida a todos para estarem presentes.
Abaixo segue o prefácio, escrito por José Paula Netto:
“Dênis de Moraes, professor da Universidade Federal Fluminense, é acadêmico e pesquisador respeitado na área da Comunicação, domínio no qual a sua contribuição é expressiva, como o atesta, mais uma vez, o seu recentíssimo livro Vozes abertas da América Latina: Estado, políticas públicas e democratização da comunicação (2011). Traduzido e reconhecido no exterior (em 2010, recebeu o “Premio Internacional de Ensayo Pensar a Contracorriente”, do Ministério da Cultura de Cuba), é autor de obra que se pode considerar, sem nenhum favor, extremamente significativa.
No conjunto desta obra (mais de 20 títulos), há um segmento muito especial: aquele em que Dênis de Moraes – revelando-se um notável escritor sob a aparência de um jornalista que revisita a história – se debruça sobre a esquerda brasileira. Recorra-se a três de seus trabalhos para se ter a dimensão desta característica: Vianninha, cúmplice da paixão (1991), O velho Graça (1992) e O rebelde do traço(1996) – excelentes biografias de Oduvaldo Vianna Filho, Graciliano Ramos e Henfil, nas quais o itinerário (de/na esquerda) dos biografados se reconstrói tendo a sua historicidade não como cenário, mas como substância de suas vidas e obras.
Contudo, é neste A esquerda e o golpe de 64, publicado originalmente em 1989, que o escritor talentoso escondido sob a pele do jornalista inquieto a cavucar o terreno da história aparece mais explicitamente. O seu objeto é o elenco de concepções, táticas e projeções (e, sobretudo, de ilusões e equívocos) com que os diferentes setores da esquerda brasileira se movimentaram especialmente sob o governo João Goulart, derrubado a 1º de abril de 1964 pelas forças que acabaram por instaurar o que mestre Florestan designou como “autocracia burguesa”.
Trata-se de objeto já examinado por muitos estudiosos, acadêmicos ou não, com maior ou menor competência. Diferente e original é o trato que Dênis de Moraes realiza neste livro de leitura apaixonante. Reconstruindo o processo político que culminou nos idos de 1964 como que num roteiro fílmico, o autor reconfigura o protagonismo de sujeitos coletivos e de personalidades da esquerda – cujos depoimentos comparecem em seguida – que jogaram papéis relevantes naquela conjuntura.
Para as gerações que não experimentaram o drama dos anos 1960, a dinâmica daquela história, sem a qual não se pode compreender o Brasil dos dias de hoje, surge límpida na grandeza da sua esperança e na tragédia dos seus limites.
Dênis de Moraes, nestas páginas em que o talento do escritor dá as mãos à argúcia do jornalista que investiga, nos oferece a prova decisiva da validez do antigo juízo de Mário de Andrade: a história não é exemplo, é lição.”
Abaixo um trecho do posfácio original do saudoso e querido René Dreifuss escolhido pela editora ”Expressão Popular” para a contracapa do livro:
“Há várias leituras possíveis do inteligente e hábil trabalho realizado por Dênis de Moraes. (…) Mas é de olho nopresente e no futuro próximo que podemos fazer uma de suas leituras mais ricas. Em que sentido? Como advertência histórica e lição de política sem a arrogância da receita ou da fórmula pronta. Trata-se de repensar o passado, no bojo de uma reflexão sobre o presente e à luz dos recentes acontecimentos, para preparar e antecipar um futuro real e desejável. Confrontar o ilusionismo do verbo com o realismo da força social, preparada pela organização política e o esclarecimento conscientizador que predispõe para a ação responsável da população. Tudo isso sem perder a esperança ou cair no desânimo perante o poderio econômico, propagandístico e militar-policial das elites.”
Fonte: http://quemtemmedodademocracia.com/2011/09/19/a-esquerda-e-o-golpe-de-64-livro-de-denis-de-moraes-tera-nova-edicao-lancada/