A cartografia sonora do Comuna que Pariu na cidade de Goyaz
Paulo Winicius Maskote – membro do Comitê Central do PCB
Comuna na antiga Vila Boa
O Bloco Cultural Popular Comuna Que Pariu se apresentou por mais um ano na Praça do Coreto da antiga capital dos Goyanos. O Comuna, composto exclusivamente por moradores da cidade de Goyaz, traz na sonoridade de seus tambores a vibração das lutas de nosso povo. A voz de Tininha Odara entoa nossas esperanças e convicções. Voz e Percussão determinam o ritmo do acontecer Comuneiro que ao brandir seus tambores revelam a territorialidade popular, que apesar de soterrada e esmagada pela dominação de classe, pelo racismo, sexismo e homofobia, vive, vibra e superará as dificuldades existentes para encontrar o caminho da Liberdade, da Paz e da Prosperidade.
A quase tricentenária cidade de Goyaz possui uma expressiva produção cultural.
Na literatura há nomes de grande reconhecimento, ocorrendo o mesmo nas Artes Plásticas e na música. A cidade inspira e expira cultura. Neste amplo espectro que nos é dado como herança, o Bloco Popular de Cultura “Comuna Que Pariu exala sua sonoridade fazendo vibrar e ecoar as batidas de seus tambores, elaborando expedições musicais anticolonizadoras e privilegiando a execução de instalações sonoras em espaços públicos.
O Comuna se vale da capacidade do som de ultrapassar a materialidade das barreiras físicas, atravessando e afetando corpos, perfurando geografias e subjetividades. O som e a escuta são atos sociais, parte constituinte de regimes acústicos e de campos de força das quais a Arte, apesar de suas especificidades, não possui autonomia para se desvincular. O Comuna é um acontecimento sonoro nômade, liberto das amarras territoriais e afeito a observar o constante movimento da trama territorialização – desterritorialização – reterritorialização. Parafraseando K. Marx em seu Manifesto Comunista, identificamos que tudo que é som se desmancha no ar.
Nesta perspectiva, as vibrações acústicas Comuneiras podem afetar nossos sentidos e fazer transmigrar nossa escuta convencional. O Tambor Comuneiro atravessa privacidades, singulariza experiências públicas, pela audição força o diálogo. Ouvir não é sinônimo de escutar. Ouvir é uma sensação biológica, um fenômeno fisiológico possibilitado por nossos órgãos sensitivos. O ato de escutar coloca em ação outras atividades, tais como a memória, o pensamento, a atenção e a intenção. O apito e o repique de Mestre Leninho e o canto de Tinha Odara são os disparadores da Escuta Comuneira em sua ética-acústica.
A instalação sonora do Bloco Popular de Cultura “Comuna Que Pariu” se propõe a impactar corpos, desorganizando-os para reorganizar novas formas de existência, amparadas no exercício pleno do ato de viver que acompanha o gorgolejo do Rio Vermelho. Não somos “bloquinho’, Nossa Paisagem Sonora é também política, sociedade, corpo, instinto, sobrevivência e arte.
Nossa Cartografia é a Revolução.
VIVA O POVO VILABOENSE!
VIVA O POVO GOYANO!
VIDA LONGA AO COMUNA!!