Que falta faz Eduardo Galeano
Jeferson Garcia, membro da Coordenação Nacional do Coletivo negro Minervino de Oliveira, militante do PCB-Maringá, poeta e um dos organizadores do Clube de Literatura Latino-americano Soledad Barrett, na Ocupação Dom Hélder Câmara em Paiçandu/PR
Eduardo, como autor, tem características muito fortes. É, era, é, dono de uma capacidade infinita de humanidade e de poesia em tudo que escreveu. E também uma infinita capacidade de revelar fatos. De descobrir, nas miudezas do cotidiano, a grandeza da vida
Eric Nepomuceno
Dar de comer aos carros é, para esse mundo miserável, mais importante do que dar de comer às pessoas, denunciava o uruguaio que nos deixava em 13 de abril de 2015. Neste dia, toda a América latina chora e expressa a frase, que certa vez, saiu da boca de Chico Buarque: “Que falta faz Eduardo Galeano”. Quem não o apreciou, precisa agora conhecê-lo. Quem não lembrava de seu nome, precisa agora recordá-lo.
Eduardo Germán Maria Hughes Galeano, nascido em setembro de 1940, em Montevidéu no Uruguai, é um autor de grande influência sobre a intelectualidade latino-americana e, também, influenciado por ela. Tendo grande parte de sua obra publicada no Brasil, fato que se iniciou com a publicação de Vagamundo em 1976, o autor de Ser como eles (2023) é também resultado de outras influências, como o da Revolução Cubana de 1959 no continente e das lutas sociais no terceiro mundo. Sua obra ficou conhecida aos 31 anos, em 1971, quando publicou seu clássico As veias Abertas da América Latina: “Em as Veias, o passado sempre aparece convocado pelo presente, como memória viva de nosso tempo. Este livro é uma busca de chaves da história passada que contribuem para explicar o tempo presente, que também faz história, a partir do princípio de que a primeira condição para mudar a realidade é conhecê-la”.
Nesse escrito, repleto de revelações acerca da exploração e violência do capitalismo, Galeano dizia que a história do subdesenvolvimento da América Latina integrava a história do desenvolvimento do capitalismo mundial. Nosso problema nunca foi a ausência de um capitalismo, mas a sua existência. Nesta obra é possível perceber que “denunciar essa brutalidade social foi uma espécie de obsessão”, o fio que teceu toda sua obra – seu leitmotiv, o motivo condutor, que consiste em um tema ou ideia que aparece constantemente no decorrer de uma obra – como demonstra seu principal tradutor brasileiro e, também, amigo, Eric Nepomuceno.
Essa linha teve continuidade com Memória do fogo: “nesta terra do mundo estão minhas alegrias mais altas e minhas tristezas mais profundas. Eu quis ajudá-la a desvendar […]” e nesse processo, o escritor tinha certeza da identidade que possuía com aquilo que buscava entender: dizendo a América, eu me dizia. Procurando a América, me encontrava”. Ele escrevia, certamente, para aqueles com quem ele, de alguma forma, se sentia identificado: “os que comem mal, os que dormem mal, os rebeldes e humilhados desta terra, e a maioria deles não sabem ler”. Hoje, todos esses sentem a sua falta.
Intelectual autodidata, Galeano não obteve um título profissional formal, mas vários doutorados honoris causa. Caso parecido ao de outros grandes intelectuais, como Clóvis Moura. A primeira grande divulgação de sua obra ocorreu “graças” às ditaduras argentina e uruguaia, que proibiram os seus livros nesses países e acabaram chamando ainda mais a atenção para ele: “as ditaduras militares que o elogiaram proibindo-o”, disse. Sua obra ganhou conhecimento ainda maior quando Hugo Chávez (1954-2013), então presidente da Venezuela, presenteou Barack Obama, então presidente dos EUA, com um exemplar de seu As veias Abertas da América Latina, na Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, em 2009. O livro que já era um dos mais vendidos e traduzidos do mundo, um verdadeiro ode de amor aos povos, ganhou ainda mais patamares. Obra que traz, centralmente, a denúncia sobre o imperialismo, que tenta sugar todos os recursos naturais do planeta, era entregue ao comandante do maior país imperialista do século, tendo como dedicatória, as palavras que Chávez escreveu: “para Obama, com afeto”.
Exilado por duas vezes, na primeira atravessou o rio da Prata em direção à Argentina em 1973. Na segunda, foi para a Catalunha em 1976. Galeano fugiu da Argentina após seu nome aparecer na lista do “esquadrão da morte” de Jorge Videla. De lá foi para Callela, uma pequena cidade próxima de Barcelona. Sua obra, mesmo longe de sua terra natal, sempre esteve enraizada nos dilemas do povo latino-americano – ligada à preocupação com a memória e identidade, nos problemas do continente – e teve, para isso, subsídio na vertente marxista da Teoria da dependência, tendo como uma de suas principais inspirações a obra de André Gunder Frank (1929-2005). Tal formulação foi decisiva para fundamentar os debates sobre desenvolvimento e subdesenvolvimento, além da categoria central da dependência, sobre os ciclos de exploração que se repetiam e ainda o fazem.
Autor porta voz de uma geração, identificou-se com outras obras e autores, como Cem anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez (1927-2014) e trabalhou por anos com Mário Benedetti (1920-2009) e Mario Vargas Llosa (hoje com 87 anos), no semanário Marcha, dirigida por Carlos Quijano (1900-1984) e que era reduto de intelectuais latino-americanos, para qual também escrevia Mario Benedetti.
O Marcha foi fundado em 1939 e editado até 1974 e Galeano atuou nele de 1959 até 1963, tematizando diversos assuntos importantes da realidade latino-americana, em uma perspectiva progressista, tecendo crônicas e textos unindo historiografia, literatura e jornalismo, ressuscitando as raízes de nossa miséria e de toda exploração da América Latina – o imperialismo, o latifúndio e a fome. Galeano trazia poeticamente a imagem do abismo aberto nesta terra, entre o bem-estar de poucos e a miséria de muitos. Traduzia as leis do capitalismo em leis da palavra crua, dura e incomoda. Seus versos eram instrumentos de corte, contra os arames farpados que mascaram a nossa realidade, nas produções do grande capital monopolista do campo, que cultivam o silêncio. Por isso ele escrevia, para revelar a verdadeira face da América Latina.
Um parêntese necessário: a América Latina aqui, em sua obra, é mais um conceito histórico, uma identidade, uma bandeira e menos um espaço geográfico. São em torno de 21 países que integram uma região, certamente, mas que principalmente, tiveram o latim como língua originária, pela colonização espanhola, mas também portuguesa. Essa “região” é definida, principalmente, pelos aspectos culturais e pela perspectiva de resistência ao imperialismo e de busca por autonomia cultural, política e econômica perante os Estados Unidos e Europa. Por rostos suados como o de Mercedes Sosa e Victor Jara, pelos versos tristes de Neruda, pelas dores no peito ferido de uma bixa terceiro mundista como Pedro Lemebel. A luta política dos povos em resistência é um dos elementos definidores dessa categoria, como revela a luta da Unidade Popular no Chile de Allende e a Whypala, bandeira dos povos andinos, constantemente ensanguentada nas barricadas. Junta-se a esses elementos, o movimento diaspórico africano, decisivo para se pensar o continente. As revoltas e rebeliões que nascem no ventre negro de um quilombo e que sempre estiveram presentes na defesa da palavra de Galeano. América Latina é, assim, também, uma identidade de projeto histórico, político e cultural. Todo esse chão histórico sofre as mediações que lhe são características e que lhe marcam a ferro, centralmente, pelo catolicismo, colonialismo, racismo, ditaduras cívico-militares, revoluções sociais e lutas políticas anticoloniais. Todos esses elementos foram, portanto, pólvora para a arma do escritor uruguaio. Mas não só: foi também uma voz de solidariedade aos povos do terceiro mundo e de todos os oprimidos, como o povo Palestino.
Galeano foi, também, diretor de outro importante jornal independente, o Época, entre (1964-1966), ao lado de nomes repetidos como Mário Benedetti e Juan Carlos Onetti. Foi diretor de publicações da Universidade do Uruguai (1964-1973) e em 1985 voltou ao seu país, onde foi cofundador do semanário Brecha. Gostava de usar uma categoria chamada “sentipensante”, para descrever a escrita que faz refletir, faz pensar por meio das emoções, dos sentimentos, provocando reações de raiva ou ódio pelos exploradores. Entretanto, apesar de mostrar que as veias foram abertas pela violência, sua obra traz, sempre, uma descrição da exploração, sem perder o caminho da esperança.
Não à toa, em sua obra aparecem os desaparecidos, combate-se a amnésia, aparecem heróis indígenas, figuras históricas, generais, artistas, revolucionários, operários, conquistadores e conquistados, mitos, resistências individuais e coletivas. Conheceu e conviveu com guerrilheiros maias, mineiros bolivianos e garimpeiros venezuelanos. O autor navegou pelas lendas, músicas e povos até então desconhecidos, nessa viagem feita com pouco mais de 33 livros, justamente por entender que essa terra subjugada pelo colonialismo e imperialismo estava, também, condenada à amnésia. Nesse sentido, usou de uma vasta pesquisa que percorreu toda sua obra, demonstrando que a riqueza é a causa da miséria latino-americana, o que faz o autor de Memória do fogo conversar diretamente com o capítulo da Acumulação Primitiva do Capital, de Karl Marx (2013).
Sua obra, principalmente o Veias Abertas, não foi “aceita[1]” pela universidade, como apresenta Muniz Ferreira no debate de 50 anos da publicação de Veias Abertas, o que diz mais sobre ela do que acerca do livro. No Brasil, pouco se tem usado da obra de Galeano para compreender a realidade e o país enquanto uma país dessa pátria grande. Todavia, pois mais tímida que seja, é possível visualizar que sua obra tem sido apontada em sites de notícias, de comunicação, em datas comemorativas ou para realizar discussões sobre a identidade latino-americana. Exemplo disso são os textos 50 anos de Veias Abertas da América Latina: um livro para entender a vida e o mundo, de Mello (2021) no site Brasil de fato e de inúmeros outros que seguem esse padrão.
Eduardo Galeano, apesar de toda diferenciação de sua obra, é um autor que subiu nos ombros de toda uma tradição que veio antes dele e que tentou pensar a América Latina e a identidade desse povo, principalmente da tradição marxista, que se funda aqui por volta de 1920, nas tentativas de interpretação marxista das realidades nacionais latino-americanas, como fez o peruano José Carlos Mariátegui (1894-1930). Este autor estudou a particularidade histórica do Peru, enfrentando com originalidade a problemática da propriedade da terra, que recaí sobre quatro quintos da população indígena de seus país. Além do Amauta peruano, César Vallejo (1898-1932), os cubanos Nicolás Guillén (1902-1989) e Juan Marinello (1898-1977) foram importantes intérpretes de nossa realidade que influenciaram o pensador uruguaio. Mais de perto, como afirma seu biógrafo Fábian Kovacic, foram decisivas as influências de Juan Carlos Onetti (1909-1994), Paco Espínola (1901-1973), Carlos Quijano (1900-1984), como toda geração de escritores uruguaios de 1945 (geração de 45), que pensavam e formulavam sobre a Guerra Civil espanhola e a luta contra o fascismo.
Além deles, em sua obra, é possível encontrar a referência a autores como Ernest Mandel (1923-1995), Darcy Ribeiro (1922-1997), Eric Williams (1911-1981), Celso Furtado (1920-2004), Caio Prado Júnior (1907-1990), Josué de Castro (1908-1973), Karl Marx (1818-1885), Jorge Amado (1912-2001), Fidel Castro (1926-2016), Edson Carneiro (1912-1972), Décio Freitas (1922-2004), Mariátegui (1894-1930), Paul Baran (1909-1964), Paul Sweezy (1910-2004), Augustin Cueva (1937-1992), Otávio Ianni (1926-2004), dentre muitos outros nomes. A listagem desses personagens é fundamental para entender as bases na qual a obra do escritor uruguaio se sustentava. Por exemplo, a primeira metade dos anos 1960 é o período dos textos mais importantes de Ernesto Che Guevara (1928-1967), que impactaram a América Latina e Eduardo Galeano. Todavia, os estudos que mais o influenciaram, certamente, vieram da vertente marxista da teoria da dependência, com Ruy Mauro Marini (1932-1997), Vânia Bambirra (hoje com 83 anos) e Teotônio dos Santos (1936-2018) – mas centralmente a obra do já citado André Gunder Frank.
Entretanto, apesar de toda tradição em que se sustenta, em sua obra, a escrita possui uma singularidade ímpar. O autor cometia, sem remorsos, a violação de fronteiras que separam, tradicionalmente, os gêneros literários. Se nos anos iniciais de sua escrita ainda havia a separação entre ficção – como em Vagamundo – e não ficção – como em As veias abertas – a partir dos anos oitenta, com Memória do fogo, Galeano rompeu os limites entre estes dois mundos. Para contar as pequenas histórias, dos pequenos momentos, usava de narração, ensaio, poema e crônica, que se misturam em sua escrita, trazendo à tona a memória e a realidade, pelas mãos de um verdadeiro caçador de histórias, um bailarino sobre a corda bamba das palavras, como certa vez disse Alan Ryan, jornalista do The Washington Post.
Dependência, subdesenvolvimento, subordinação da América latina e do pensamento social, são temas basilares dos seus principais escritos, como As veias abertas da América Latina e Memória do fogo. Em sua obra existe um conjunto de pressupostos, uma crítica dura, que o autor, jornalista e escritor uruguaio faz às formas com que o imperialismo construiu um determinado padrão de conformismo na América Latina – modo de pensar e agir – transmitido pela cultura, educação, tradições, normas e hábitos de convivência. Para Eduardo Galeano, a cultura (e formação humana) exerceu (e ainda o faz) um importante papel como instrumento de dominação colonial-imperialista.
Ele identificava a existência de uma agenda intelectual[2] forjada durante todo o século XX para a construção do consenso, numa tentativa de preparar uma interpretação da realidade latino-americana. Isso ocorreu, principalmente no pós-segunda guerra mundial e, também, no pós-guerra fria, do qual o jornalista uruguaio se apresenta na contramão dessa corrente, demonstrando os interesses por trás de organizações sociais e políticas, organizações mundiais (como a CIA, Departamento de Estado dos EUA, ONU, Banco Mundial, UNESCO), intelectuais, mídia, televisão, etc, que pagavam, inclusive, a conta de muito do que se propagandeou na literatura durante esse período[3]. Desse modo, a interpretação da nossa realidade a partir de esquemas alheios, dizia Gabriel Garcia Márquez, “só contribui para tornar-nos cada vez mais desconhecidos, cada vez menos livres, cada vez mais solitários” – e Galeano tinha acordo com Márquez. Toda a formação desse aparato cultural e ideológico é fruto da necessidade de produção, mas também de reprodução da lógica do capital e das suas especificidades no continente e na América Latina.
Walter Benjamin, em sua sétima tese sobre o conceito de história, estava certo: “assim como a cultura não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o processo de transmissão da cultura”. Há, portanto, na obra do escritor uruguaio, uma teoria da exploração latino-americana que vai para além dos elementos – citados por Claudio Katz[4] (2022) – de expropriação dos recursos naturais, das dívidas públicas e da exploração da força de trabalho, que são os que mais chamam a atenção em seus escritos – principalmente em As veias abertas da América Latina. Não há dúvidas de que a sua obra instrumentaliza e ajuda a desvendar as formas pelas quais a dominação de classes é produzida e disseminada na vida social latino-americana e, também, seu contrapelo, a resistência no campo da cultura e o papel dos intelectuais contra hegemônicos no combate à ideologia dominante, à racionalidade do capital e à amnésia provocada que apaga nossa história, passado, presente e futuro. A obra de Galeano, sem dúvidas, é um guarda-chuvas em uma tempestade de esquecimento.
Há, então, uma teoria do aspecto educativo e cultural da dominação imperialista em sua obra. A exploração, nessa terra de veias abertas, teve como uma de suas tarefas a dominação não só pela espada ou pela pólvora, mas também pela subordinação intelectual e da formação cultural dos povos da pátria grande pela difusão da cultura dominante imperialista e colonialista. É possível entender, a partir de Galeano, como os grupos dominantes na América Latina formam seus intelectuais, como educam para o consenso e para a subalternidade, bem como quais instrumentos e aparelhos de disseminação usam para propagandear a cultura dominante, como revistas e jornais e todos os meios de “organização e difusão de certos tipos de cultura”, nas palavras de Gramsci.
Neste mesmo sentido, o papel de contracultura é também uma questão fundamental, uma vez que os intelectuais contrários à dominação imperialista têm sua função social, isto é: também possuem lugar na barricada[5]. Intelectuais, estes, cujo enraizamento no chão histórico pode ser elemento decisivo, pois pertencem à realidade da qual falam e pretendem transformar.
O próprio cronista uruguaio foi uma verdadeira testemunha de um tempo em desordem, com ditaduras civil-militares escrevendo com sangue a história de países como Bolívia (1964–1982), Brasil (1964-1985), Peru (1968-1980), Chile (1973–1990), Uruguai (1973-1985) e Argentina (1966-1973 e 1976-1983). Estados ditatoriais que se tornaram ainda mais organizadas a partir de 1975 pela Operação Condor. Neste contexto, Galeano foi um importante organizador de cultura de resistência na América Latina, principalmente nos anos setenta, como diretor editorial da emblemática revista (de cultura e literatura) “Crisis[6]”, que publicou 40 edições[7], entre maio de 1973 e agosto de 1976, travando uma luta no campo da cultura, dando elementos para pensar a relação entre intelectuais e a sociedade – sua função social.
Infelizmente, em 13 de abril de 2015 esse importante nome da América Latina descansou. Mas seu rosto ainda reflete a imagem das lutas populares, dos militantes, da cultura e da arte, o rosto cansado do povo latino-americano. Todos os povos da América latina hoje sentem a ausência de Eduardo Galeano. Os que não sofrem, apenas, ainda não receberam a notícia.
É uma pena que sua obra ainda seja um painel de uma história de massacre, que se renova a cada crise do capitalismo e nos mostra que o caminho é esse, do qual damos passos discretos, que suas palavras construíram, como quem constrói um mapa: “há muita podridão para lançar ao mar no caminho da reconstrução da América Latina. Os despojados, os humilhados, dos amaldiçoados, eles sim têm em suas mãos a tarefa. A causa nacional latino-americana é, antes de tudo, uma causa social: para que a América Latina possa nascer de novo, será preciso derrubar seus donos, país por país. Abrem-se tempos de rebelião e de mudança. Há quem acredite que o destino descansa nos joelhos dos deuses, mas a verdade é que trabalha, como um desafio candente, sobre as consciências dos homens”.