Comuna que Pariu 2024: a força do cocar vai calar a motosserra
Heitor César de Oliveira – fundador do Comuna que Pariu e membro do Comitê Central do PCB
Jornal O Poder Popular 83
Em seu 15º ano de atuação no Carnaval carioca, o Comuna que Pariu traz para as ruas do Rio de Janeiro a luta dos povos originários.
Ao longo dessa década e meia de história, o Comuna que Pariu, que se transformou de uma roda de samba organizada pelo PCB e pela UJC RJ no maior bloco de carnaval da esquerda carioca, cantou as lutas do novo povo e da classe trabalhadora. Nasceu celebrando o fim da ditadura militar e cobrando memória, verdade e justiça.
Nos anos seguintes, cantou a saga do MST, a batalha do Petróleo é Nosso, a contenda contra as remoções, celebrou a memória de Oscar Niemeyer, denunciou os gastos da Copa, lembrou que lugar de mulher é onde ela quiser, combateu o racismo e a lgbtfobia, enalteceu a peleja dos trabalhadores por direitos, denunciou a ofensiva da extrema direita, marcou posição no enfrentamento ao fascismo, questionou que país é esse, em suma, trouxe para as ruas no Carnaval as bandeiras que a esquerda desfralda, convocando toda a massa pra seguir brigando contra as mazelas do capitalismo e por uma sociedade igualitária.
Agora, em 2024, o Comuna canta um samba composto por Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo, Buchecha, Belle Lopes, Fabiano Paiva e Rodrigo Alves sobre a luta dos povos originários, num momento em que o agronegócio e seus aliados tentam mais uma vez atacar territórios e povos indígenas em busca de terras para gado e mineração. A mobilização contra o Marco Temporal se soma às batalhas por reconhecimento, por direitos, por preservação e por demarcação das terras.
Queremos um novo país, renascido e parido na terra, que perceba que, assim como a aguá que se bebe, o que se consome e se come é produto da terra e do trabalho, como canta o nosso samba “Se você não percebeu, a água que você bebe sou eu”.
Sambando e lutando, vamos construir um novo Brasil com a força da foice, do cocar e do martelo.
COMUNA QUE PARIU – Samba de 2024:
Se você não percebeu, a água que você bebe sou eu
(Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo, Buchecha, Belle Lopes, Fabiano Paiva e Rodrigo Alves)
Eu vejo o mundo com olhos de estrela
Boca de rio flauteando a manhã
Filho da fauna, alma de aldeia
Vermelho na veia xamã
Eu sinto o mundo em cada poeira
Da Lua cheia nos igarapés
Xapiri pra afastar xawara
Deixa Hutikara é pisar fora dos pés
Se você não entendeu
A água que você bebe sou eu
O corpo sangrando fogo é meu
Sou sopro que segura o céu
Mais que pele do papel
Ou selfie nas pinturas do museu
A minha voz dança no vendaval
O marco do futuro é ancestral
Ya Nomaimi, Dá Aroari
Aqui é povo de Omama
Yãkoana, Waitheri
Noventa milhões de caminhões
Rasgaram no dente
Jatobá, Jacaré e Gente
Jenipapo, Pupunha e Serpente
Patente estrelada
Passando a boiada na Frente
Mas no meio do COMUNA
Escutei uma canção…
Ê, Ê, Ê, A gente quer demarcação
Um país renascido e parido na terra
A força do cocar
Vai calar a motosserra
Sonhei com a flecha primeira
Tocando o tambor de Alujá
E no Brasão na bandeira
Cabaça, Maraca e Ganza
Sonhei com uma canoa
Carregando uma Nação
Curumim e cria
Na mesma embarcação
Assista o vídeo: https://youtu.be/iPOpwYCx-ro
Ajude o Comuna a botar o bloco na rua: