Julian Assange: carta do cárcere
Nos primeiros comentários públicos após a sua prisão, Julian Assange, fundador e editor da WikiLeaks, pormenorizou as condições repressivas que enfrenta na prisão britânica de Belmarsh e apelou a uma campanha contra a ameaça da sua extradição para os Estados Unidos.
Os comentários de Assange foram formulados em carta dirigida ao jornalista britânico independente Gordon Dimmack, o qual decidiu torná-la pública na sequência do anúncio feito quinta-feira passada pelo Ministério da Justiça dos EUA de novas acusações contra Assange com base numa antiga lei sobre espionagem.
Eis o texto completo da carta de Assange a Gordon Dimmack: Fui isolado de toda capacidade para preparar a minha defesa, nem laptop, nem internet, nem computador, nem biblioteca até agora, mas mesmo que eu obtenha acesso [à biblioteca] será apenas por meia hora junto com toda a gente uma vez por semana. Apenas duas visitas por mês e leva semanas para conseguir [inserir] alguém na lista de entrada. É uma situação sem saída (Catch-22) conseguir que os seus pormenores sejam examinados pela segurança. Assim, todas as chamadas, exceto com o advogado, são gravadas e são num máximo de 10 minutos e num [período] limitado de 30 minutos em cada dia no qual todos os prisioneiros competem pelo telefone. E o crédito? Apenas algumas libras por semana e ninguém pode ligar.
[Estou diante de] uma superpotência que esteve se preparando durante nove anos com centenas de pessoas e incontáveis milhões gastos no caso. Estou indefeso e conto consigo e outros de bom caráter para salvar minha vida.
Estou intacto embora literalmente cercado de assassinos. Mas os dias em que eu podia ler, falar e organizar para defender a mim próprio, os meus ideais e o meu povo acabaram, até eu estar livre. Todos os demais devem tomar o meu lugar.
O governo dos EUA, ou melhor, aqueles elementos lamentáveis que odeiam a verdade, a liberdade e a justiça querem trapacear a fim de obter minha extradição e morte ao invés de permitir ao público que ouça a verdade pela qual ganhei os maiores prêmios de jornalismo e ter sido nomeado sete vezes para o Prêmio Nobel da Paz.
Em última análise, a verdade é tudo o que temos.
25/Maio/2019 O original encontra-se em https://www.wsws.org/en/articles/2019/05/25/assa-m25.html e a versão em francês em https://www.legrandsoir.info/j-ai-recu-une-lettre-de-julian-assange.html
Esta carta encontra-se em http://resistir.info/
EUA anunciam 17 novas acusações criminais contra Julian Assange
Resumen Latino-americano, 23 de maio de 2019.
Washington anunciou quinta-feira novas acusações contra o fundador do WikiLeaks.
Verificou-se que as acusações incluem alegadas violações da legislação do país referente à espionagem, particularmente em torno da publicação de documentos secretos obtidos pela ex-analista de inteligência Chelsea Manning.
Os Estados Unidos registraram 17 novas acusações, inclusive responsabilizando Assange de ter comprometido algumas de suas fontes, com a publicação em 2010 de cerca de 750.000 documentos militares e diplomáticos.
De acordo com um artigo no New York Times, as alegações da acusação levantaram problemas profundos em relação aos direitos previstos pela Primeira Emenda.
As novas incriminações expandem significativamente as acusações que até agora pesavam sobre Assange, que consistiam em associação criminosa com a antiga analista de inteligência do Exército Chelsea Manning, em uma conspiração para descriptografar a senha de um computador do Departamento de Defesa.
A nova acusação afirma que Assange e Manning conspiraram para obter e divulgar documentos confidenciais da defesa nacional, incluindo mensagens e relatórios do Departamento de Estado sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão. A promotoria diz que suas ações representavam uma “ameaça muito séria” para os Estados Unidos.
Atualmente, os advogados de Assange estão em uma luta legal para evitar a extradição para os Estados Unidos, enquanto Manning que foi condenado em um julgamento em 2013 por vazar registros.
“Assange, WikiLeaks e Manning compartilham o objetivo de subverter as restrições legais sobre informações classificadas e de difundi-las publicamente”, diz o indiciamento apresentado na quinta-feira passada.
A decisão do Departamento de Justiça sobre a violação da Lei de Espionagem marca uma escalada dramática do presidente Donald Trump contra vazamentos de informações classificadas.
Isto porque prejudica diretamente as proteções para os jornalistas abrangidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA. É por isso que a promotoria se recusou a reconhecer, em sua acusação, que Assange é um jornalista.
Assange foi preso em Londres em abril passado depois de ser arrastado da embaixada equatoriana na capital inglesa, onde residiu durante anos para evitar a captura.
A administração Obama tinha considerado acusá-lo com a Lei de Espionagem, mas nunca o fez por medo de que tal caso pudesse causar preocupação no jornalismo tradicional.
RT e agências
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB) Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/05/23/ee-uu-anuncia-17-nuevos-cargos-criminales-contra-julian-assange/