Chico de Oliveira, um intelectual em defesa do Brasil
Milton Pinheiro, membro do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro – PCB
Faleceu Francisco de Oliveira, um pensador clássico, um marxista denso, um combatente intelectual em defesa do Brasil. Pernambucano do Recife, é reconhecidamente um dos maiores intérpretes da formação social brasileira. Sociólogo com trabalhos fundamentais para que possamos entender a nossa realidade, desde sempre esteve do mesmo lado na vida e na história.
Quando a burguesia brasileira rompeu com a institucionalidade da democracia formal e os militares deram o golpe burgo-militar de 1964, de imediato, Chico de Oliveira foi preso. Solto, após passar dois meses no cárcere, tornou-se um firme combatente pelas liberdades democráticas e contra o autoritarismo golpista.
Chico de Oliveira foi um dos mais importantes pesquisadores e formuladores do pensamento social brasileiro, professor titular aposentado da USP, autor de livros que marcaram a história da interpretação do Brasil, a exemplo do clássico “Crítica à razão dualista”, entre outros. Foi, sem dúvida um dos intelectuais orgânicos da classe trabalhadora de maior impacto no ambiente acadêmico que o Brasil já teve, sendo, inclusive, agraciado com o Prêmio Jabuti em 2004, em Ciências Humanas.
Chico de Oliveira sempre enfrentou as contendas da batalha das ideias de frente para a história, contribuiu para construir o que tinha de mais importante na relação dialética entre o pensamento crítico brasileiro e as lutas sociais de nosso tempo. Defensor incansável da universidade pública, do seu papel social e crítico. Um pensador marxista que não sucumbiu às balizas do que se convencionou chamar de “marxismo acadêmico”.
Chico de Oliveira teve um papel importante na ação política, foi fundador e militante do PT. Contudo, posteriormente, em virtude dos rumos do governo Lula, ele rompeu de forma crítica, já em 2003.
O pensamento crítico brasileiro perdeu um dos seus gigantes, mas o conjunto da sua obra seguirá como uma vigorosa inspiração para as lutas sociais e, sem dúvida, quando os trabalhadores concretizarem sua jornada histórica, essa legenda da dignidade intelectual será uma referência para o novo mundo.
Chico de Oliveira, Presente!