Dez maiores bancos já têm 85% de ativos e concentração deve crescer

SÃO PAULO. A expectativa dos analistas de que o Banco do Brasil atinja R$ 1 trilhão em ativos totais este ano e a aproximação entre os indicadores de Bradesco e Itaú  – segundo balanço divulgado anteontem, o Itaú atingiu em dezembro de 2011 R$ 851,3 bilhões em ativos totais, enquanto o Bradesco ficou com R$ 761,5 bilhões – evidenciam o aumento da concentração no setor. Há dez anos, diz o especialista em setor bancário Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, os dez maiores bancos brasileiros detinham 65% dos ativos totais. No ano passado, a parcela era de 85%.

O movimento de consolidação do setor bancário brasileiro, iniciado a partir da queda da inflação com o Plano Real em 1994, acelerou-se a partir da primeira década do século XXI com a entrada dos conglomerados estrangeiros, o acirramento das operações de fusões e aquisições entre bancos e a própria crise econômica em 2008 nos Estados Unidos e na Europa.

E não é só na intermediação de recursos que os bancos se concentram. Segundo levantamento da CardMonitor, empresa de pesquisa do mercado de meios eletrônicos de pagamentos, os cinco maiores bancos emissores de cartões detinham 68% do mercado em 2005. No ano passado, a fatia subiu para 81%. Ainda assim, Rodrigues afirma que este movimento de consolidação ainda está longe de ter se esgotado. Os pequenos e médios bancos brasileiros, que cresceram em número por conta da popularização do crédito consignado, ainda não se recuperaram completamente do encurtamento do crédito após a crise e das regras mais restritivas impostas pelo Banco Central (BC).

– O mercado caminha para mais concentração porque os menores não estão totalmente livres de problemas de capitalização e seus controladores não têm fôlego para isso. Prevemos fusões e aquisições nesta faixa – diz Rodrigues.

“Concentração é parte de problema”, diz analista

Tal concentração e aumento da concorrência não foram capazes de trazer para baixo nem as taxas de juros cobradas em empréstimos, cheques especiais ou cartões, nem as tarifas cobradas pelas instituições por seus serviços. As diferenças, observa o consultor e ex-economista-chefe da Febraban, Roberto Luis Troster, são gritantes e mostram, de um lado, problemas de eficiência das instituições e, de outro, desequilíbrios tributários, de regulamentação e de política monetária, como os recolhimentos compulsórios.

– Enquanto a taxa básica de juros, a Selic, cresceu 0,25 ponto percentual em 2011, os juros do crédito pessoal, sem contar os empréstimos consignados, subiram 45 vezes mais. O Itaú cobra 8,84% pelo cheque especial, enquanto a Caixa cobra 7,98%. A concentração é apenas parte dos problemas – diz Troster.

Há quem discorde. O professor do Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares da Universidade de Brasília, Newton Marques, ex-analista econômico do BC, afirma que os grandes bancos competem entre si por ativos, mas o BC, com uma regulamentação frouxa, permite que bancos façam acordos tácitos que inibem a concorrência do ponto de vista dos clientes.

– São táticas de oligopólio. – diz ele.

Na avaliação da professora do Instituto de Economia da UFRJ Jennifer Hermann, a concorrência não aumentou:

– Os spreads e a lucratividade dos bancos não caem porque a concorrência não aumentou. O custo para mudar de banco é gigantesco no país, as taxas são mal explicadas pelos bancos e não temos uma legislação antitruste capaz de evitar, por exemplo, uma fusão entre o Itaú e o Unibanco, que acabou acelerando o movimento de concentração de outros bancos.

A aproximação entre o Bradesco e o Itaú em termos de ativos totais é o resultado de uma estratégia agressiva de crescimento que o Bradesco adotou no dia seguinte ao anúncio da fusão entre Itaú e Unibanco, e que focou, segundo o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ Luiz Fernando de Paula, no aumento de agências e funcionários – seguindo a tradição do banco de ter uma presença geográfica enorme – e na captação, para sua base de clientes, de gente que nunca teve uma conta bancária na vida, surfando na emergência das classes C e D. Além disso, também avançou em pequenas e médias empresas, um segmento onde o Bradesco é  líder em empréstimos. O Itaú, por sua vez, não desprezou os segmentos onde é líder, como private banking, banco de investimento e as soluções para grandes empresas.

 


Mudanças na Petrobrás e a soberania do país

JB – Mauro Santayana

Certos jornais e alguns de seus analistas políticos estão, de maneira dissimulada e com as artimanhas conhecidas, insinuando e apoiando a saída do geólogo Guilherme Estrella da mais importante das diretorias da Petrobrás, a que cuida, exatamente, da pesquisa e produção. Do ponto de vista técnico, parece improvável que o Brasil disponha de outro quadro como Estrella. Ele entrou para a empresa mediante concurso público, há 48 anos, logo depois de formado — e se destacou, em seguida, como um dos mais competentes profissionais da instituição.

Sua trajetória, a partir de então, se insere na construção da história da empresa. Participou das primeiras pesquisas e exploração do óleo no mar brasileiro. A partir de suas investigações teóricas sobre a geologia marítima, conduziu os estudos pioneiros que levaram à descoberta das jazidas do pré-sal. Como geólogo de campo, e trabalhando para a Petrobrás no Iraque, descobriu, em 1976, o gigantesco campo de Majnoon, com reservas superiores a 10 bilhões de barris. Como se sabe, o Brasil renunciou à exploração desse campo, por iniciativa do então ministro de Minas e Energia, Shigeaki Ueki.

Estrella foi o coordenador da instigante investigação científica, que atribui a origem do petróleo brasileiro a depósitos lacustres, anteriores à separação dos continentes africano e sul-americano. Assim se formou o pré-sal, com o Atlântico ocupando o espaço lentamente aberto, durante séculos geológicos. O diretor de Pesquisa e Produção da Petrobrás é, assim, um dos mais importantes geólogos do mundo. Sem dúvida, é o mais competente profissional da área em nosso país, ao associar o saber teórico à prática, como pesquisador de campo — que foi durante décadas — e ao êxito no cumprimento da responsabilidade pela descoberta e produção de nossas jazidas.

Mas o geólogo Guilherme Estrella tem dois defeitos gravíssimos, e, por isso, todos os interesses antinacionais — internos e externos — se unem para derrubá-lo, neste momento de mudanças na empresa. O primeiro deles é o seu confessado nacionalismo. O diretor de Pesquisa e Produção foi nomeado pelo governo Lula, em sua política de recuperar a empresa, minada pela administração entreguista e irresponsável do governo Fernando Henrique Cardoso.

seu antecessor no cargo, José Coutinho Barbosa, protelava as perfurações exploratórias a fim de que, ao vencer o prazo para as prospecções, em agosto de 2003, as áreas novas fossem devolvidas à ANP. Com isso, seriam outra vez levadas a leilão a fim de serem arrematadas pelas empresas estrangeiras. Em poucos meses — de janeiro a agosto  —  Guilherme acionou a equipe de geólogos, conduziu-a com seu entusiasmo e capacidade de trabalho, e conseguiu descobrir mais 6 bilhões de barris, dos 14 bilhões das reservas brasileiras antes do pré-sal. Assim, impediu a grande trapaça que estava em andamento.

A outra razão é a transparente visão humanística de Guilherme Estrela. O geólogo não separa a ciência de sua responsabilidade pela busca da justiça e da igualdade social para todos os homens. Em dezembro último, ao falar em Doha, no Catar, durante o 20º Congresso Mundial do Petróleo, ele, depois de seu excurso técnico sobre o óleo no mundo, suas reservas e perspectivas, aproveitou sua palestra para denunciar o sofrimento de grande parte da humanidade, sobretudo da parcela africana, em consequência da desigualdade e da injustiça. “Todos nós devemos ter vergonha disso” — resumiu.

Os maiores interessados na substituição de Guilherme Estrella são, em primeiro lugar, as empresas multinacionais, que têm, no profissional, o principal guardião dos interesses brasileiros. Não só as petrolíferas mas, também, as fornecedoras de equipamentos. Desde 2003, o diretor de Pesquisa e Produção da Petrobrás vem revertendo, na medida do possível, a danosa situação imposta pelo governo neoliberal, que, ao nivelar, nos mesmos direitos legais, as empresas estrangeiras com as brasileiras, promoveu a falência de indústrias nacionais, entre elas algumas fornecedoras de equipamentos para a Petrobrás.

Guilherme Estrella tem procurado encaminhar as encomendas para as empresas genuinamente brasileiras, sem prejudicar o desempenho da Petrobrás como um todo. Graças a essa política, ditada pelo interesse nacional, e recomendada pelo governo, reativou-se a indústria naval, e as plataformas, antes encomendadas no exterior, estão sendo produzidas no Brasil, com a redução da participação estrangeira ao absolutamente necessário.

Outros interessados pela substituição do diretor são os notórios fisiólogos do PMDB. Como são de incumbência dessa diretoria as compras de equipamentos caros e pesados, ela vem sendo disputada pelo partido. Está claro que o ministro Edison Lobão deseja a substituição de Guilherme Estrella. Mas é improvável que o padrinho político do ministro, o senador José Sarney — reconhecidamente um nacionalista — aceite, e nesse momento internacional difícil, a corresponsabilidade pela saída do atual diretor de Pesquisa e Produção da Petrobrás.

Recorde-se que em seu governo o presidente Sarney resistiu e não privatizou nenhuma empresa. E quando Fernando Henrique decidiu privatizar a Vale do Rio Doce, Sarney escreveu-lhe uma carta vigorosa condenando a iniciativa.

O conhecimento é o principal instrumento da soberania. Homens como Guilherme Estrella não se escolhem com critérios políticos menores mas, sim, em decisões maiores de política de Estado. E cabe um esclarecimento: quando Lobão diz que o diretor está pretendendo deixar o cargo, emite um palpite, ou expressa desejo pessoal  — que não lhe cabe manifestar. Ao ministro cabe executar uma política de governo.

É certo que os inimigos do geólogo o têm submetido a solerte guerra de desgaste, com o propósito, deliberado, de provocar uma reação emocional de sua parte. Mas Estrella é bastante arguto para perceber quem está por detrás da campanha para afastá-lo. Aos 69 anos, está ainda jovem para abandonar a missão de que se encarregou, no dia em que começou a trabalhar na empresa  — a primeira e única ocupação de sua vida. Ele sabe, que, no fundo, isso constituiria quase um ato de traição ao Brasil e ao seu povo.

Não lhe cabe, por isso mesmo, demitir-se do cargo que ocupa.

 


PT cede um espaço inédito na disputa direta por capitais

Valor Econômico

Os petistas poderão ceder a cabeça de chapa nas capitais neste ano como jamais fizeram. Nas últimas quatro eleições, o PT lançou entre 19 e 23 candidaturas próprias (média de 20,2). No momento, em quase metade das 26 capitais o partido discute a possibilidade de coligação. Em 12 cidades, a legenda realizará  o chamado encontro de tática eleitoral, passo que antecede o apoio a candidatos de outras siglas.

Os motivos para a concessão são os mais variados: desde a tendência ao governismo (como em Teresina), passando pela prioridade à eleição em 2014 para governador (Curitiba), pelo cuidado para não abalar a aliança com o PMDB (Rio de Janeiro) até a falta de musculatura do partido na região (Manaus).

Secretário nacional de organização do PT, Paulo Frateschi afirma que pelo menos nos dois primeiros casos a legenda tem condições de lançar nome competitivo, mas está  pendendo para a aliança.

Em Teresina, há a deputada estadual Rejane Dias, mulher do senador e ex-governador Wellington Dias, mas a maioria do partido, que tem cargos na prefeitura, prefere apoiar a reeleição de Elmano Férrer (PTB).

Em Curitiba, a situação chama mais atenção, pois o beneficiado em questão é o ex-tucano e ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT), que foi um dos algozes do PT no Congresso durante o escândalo do mensalão, em 2005. O apoio não agrada parte da direção nacional, mas a legenda no Estado é controlada por dois ministros fortes do governo Dilma Rousseff: o casal Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações). O PT paranaense tem como opções os deputados federais Angelo Vanhoni e Dr. Rosinha para concorrer à prefeitura de Curitiba. Porém, está preferindo ceder em troca de apoio à candidatura de Gleisi ao governo estadual, em 2014. Se confirmado, será a primeira vez, em oito eleições municipais desde 1985, que os petistas não disputarão a capital com nome próprio.

O mesmo ineditismo ocorre no Rio de Janeiro. Neste caso, há uma situação inversa. A seção regional do partido debate intensamente romper o pacto, ao reclamar da falta de reciprocidade em cidades do interior, mas a direção nacional é que faz questão da aliança, pois um conflito poderia comprometer a relação do PMDB com o governo Dilma.

O cenário de muitas alianças nas quais não estará na cabeça de chapa tem um efeito imediato: o PT dará  prioridade absoluta para as vitórias em São Paulo e Porto Alegre, únicas capitais de peso das regiões Sudeste e Sul onde a legenda tende a concorrer.

Os petistas jogarão toda sua força para eleger o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, em São Paulo. Capital mais cobiçada por ser a maior cidade do país, a prefeitura paulistana receberá atenção máxima porque também é  estratégico para o PT conquistar ao menos uma capital na região Sudeste.

É grande a probabilidade de o partido não ter candidatos no Rio e em Belo Horizonte, onde faz parte do governo de Márcio Lacerda (PSB), que tenta a reeleição. Em Vitória, a ex-ministra Iriny Lopes saiu da Secretaria de Políticas para as Mulheres, mas pode perder sustentação e ter sua candidatura “cristianizada”, caso o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) dispute. O prefeito João Coser (PT), embora tenha dito que seguirá o partido, já deu declarações favoráveis a Hartung, seu aliado.

No Sul, além do apoio a Fruet, em Curitiba, o partido tende a sustentar a candidatura da deputada estadual Angela Albino (PCdoB) em Florianópolis – nas sete eleições na capital, desde 1985, o PT só se coligou em 1992, única vez em que se saiu vitorioso.

Com isso, Porto Alegre concentrará  as forças do partido na região. O escolhido para concorrer na capital gaúcha é o deputado estadual Adão Villaverde.

Em Manaus, o principal motivo para abdicar de candidatura própria é a pouca força do partido no Estado. Isso tem levado o apoio a nomes mais competitivos. Embora haja pré-candidatos da sigla, como o deputado federal Francisco Praciano, o PT divide-se entre uma coligação com o senador Eduardo Braga (PMDB), com o prefeito Amazonino Mendes (PDT) – com ambos, caso Braga apoie Amazonino – ou ainda com um nome do governador, já que petistas fazem parte da administração de Omar Aziz (PSD).

Semelhante situação de dependência ocorre em Estados onde o PT tem o papel de coadjuvante, como a Paraíba.

“Se você tem duas ou três secretarias [no governo], é muito difícil dizer: “Quero ter candidato”. A resposta vai ser: “Então teria que ter saído antes…””, diz Paulo Frateschi.

O secretário nacional de organização do PT afirma que a largada para a eleição deste ano foi marcada por declarações de partidos da base – como PSB, PMDB e PCdoB – nas quais eles anunciaram a intenção de lançar o máximo de candidatos. Foi um recado ou pedido, considera Frateschi, como se dissessem para o PT “pegar leve”.

O aviso teria dado resultado e se reflete na maior flexibilidade do partido em se ceder na composição das alianças. Ajuda a não haver tanta pressão das siglas aliadas sobre a direção nacional para que haja trocas, embora a previsão é que esses pedidos de mudança tendam a ocorrer.

“Queremos continuar a aliança, mas não podemos nos enfraquecer. Nesta eleição, ele [o aliado] não está em condições de me cobrar muito”, diz Frateschi, referindo-se à baixa probabilidade de um atrito nas capitais abalar a relação entre o governo federal e as legendas que lhe dão sustentação.

“É mais fácil o Dnocs mexer [na relação com a base] do que [a candidatura] do Chalita em São Paulo. O PMDB foi o primeiro a lançar, tem direito”, diz Frateschi.

No fim de janeiro, a exoneração do diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs), Elias Fernandes Neto, causou reação exacerbada de seu padrinho, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Já o deputado federal Gabriel Chalita deve ser o candidato dos pemedebistas na capital paulista, apesar da sondagem do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele desista em favor de uma coligação na chapa de Fernando Haddad.

O PT evita divulgar a meta de quantos prefeitos pretende eleger em outubro. Em 2008, foram 560, um aumento de 200% em relação aos 187 conquistados em 2000. A legenda tem crescido nas cidades pequenas e médias, mas acompanha com maior atenção o grupo de 118 municípios com mais de 150 mil eleitores (à exceção de Palmas, com 140.245), considerados centros formadores de opinião, por terem emissoras de TV, campi universitários e serem origem de grandes lideranças.

Nestes municípios, Frateschi afirma que a situação (candidatura própria ou apoio) já está  definida em 70. Em 24 haverá prévias ou encontro de delegados (mecanismo de decisão com colegiado menor, para evitar a prévia) e em outros 24 os diretórios realizarão os encontros de tática.

As capitais que estão com maior dificuldade em decidir são Belo Horizonte (onde o vice-prefeito do PT, Roberto Carvalho, rompeu e quer concorrer contra a reeleição de Márcio Lacerda), Recife (há um racha interno entre criador e criatura, o ex-prefeito João Paulo e o atual, João da Costa) e Fortaleza (que tem seis pré-candidatos e reflete a falta de um nome forte que fosse preparado em oito anos pela prefeita Luizianne Lins).

 


Mercado vê  juro neutro abaixo de 6%

Valor Econômico

O mercado concorda com a visão do Banco Central de que o juro neutro da economia está em queda, ainda que não seja possível estabelecer um consenso em torno dessa taxa. As estimativas de analistas ouvidos pelo Valor variam de 4,4% a 6% – abaixo, portanto, do juro real de 6,5% observado em 2009 e dos cerca de 10% visto em 2006. Não há dúvida para esses profissionais, entretanto, de que a intenção do Banco Central (BC) ao ressuscitar a discussão sobre o assunto é ter elementos que justifiquem a transição da taxa Selic para um dígito nos próximos meses.

O Banco Central não divulga sua estimativa para a taxa neutra, aquele juro real que controla a inflação sem sacrificar o crescimento. Mas olhando para as variáveis consideradas pela autoridade monetária – Selic de 9,75% e expectativa de inflação de 5,30% para 2012, segundo a pesquisa Focus – é possível inferir que o BC atualmente trabalha com um juro neutro em torno de 4,25%, segundo a consultoria MCM – abaixo, portanto, do piso das estimativas do mercado.

A estimativa atual da MCM para o juro neutro está em torno de 6,25%, embora a consultoria reconheça que o juro neutro poderia estar próximo de 5% ao ano, caso a parcela de crédito direcionado no sistema bancário brasileiro não fosse tão elevada – próxima de 35% do total.

Ao mobilizar o mercado em torno de uma pesquisa sobre o juro neutro, que deve ser respondida até o dia 17, o BC reforçou a atenção dos analistas ao tema polêmico que já  provocou inquietação quando foi divulgada a ata do Copom de janeiro. Profissionais ouvidos pelo Valor não negam que a economia brasileira progrediu consideravelmente nos últimos anos, o que ajudou a trazer o juro para baixo. Mas eles também avaliam que para o BC é importante “vender” a ideia de juro neutro menor, que torna mais confortável o ajuste da taxa Selic.

“Talvez ainda tenhamos muito chão pela frente, mas não me surpreenderei caso o juro neutro seja mais baixo do que intuitivamente possa se considerar. Algo em torno de 5%, hoje, me parece plausível. Mas me recuso a colocar a mão no fogo por esse número”, diz Octávio de Barros, diretor do departamento de pesquisa e estudos econômicos do Bradesco, que alerta para a dificuldade de se fazer afirmações “categóricas” sobre juro neutro.

Mas, segundo ele, há uma certeza quanto ao tema: a convergência para o que se observa na média dos países emergentes já está em curso há alguns anos. Para o diretor do Bradesco, os riscos de se testar patamares mais baixos estão longe de serem os mesmos do passado.

O departamento econômico do Itaú  Unibanco, chefiado pelo economista Ilan Goldfajn, estima que o juro neutro está em torno de 6%. E pode ser até menor. Os economistas ponderam que, de fato, a taxa neutra vem caindo, graças a mais poupança externa, maior alcance do sistema financeiro, melhor perfil da dívida pública e menor percepção de risco. Mas juro neutro mais baixo tem a ver com a política fiscal, alerta o Itaú, em relatório. “A taxa neutra pode cair mais rapidamente se a política fiscal for mais austera no futuro”, avaliam os economistas da instituição, para quem juros reais neutros mais baixos significam que, se a Selic precisar subir, pode ser menos do que antes.

“No ciclo atual, acreditamos que as novas pressões de inflação devem levar o BC a subir a Selic de novo em 2013. Nossos modelos indicam que manter a inflação em torno de 5,5% no ano que vem é consistente com elevar a Selic para 10,5% (duas altas de meio ponto percentual a partir de março, seguidas de mais duas de 0,25 ponto), ao mesmo tempo em que o BC volta a utilizar medidas de natureza macroprudencial”, afirma o Itaú.

Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, trabalha com estimativa de juro neutro próximo a 5,5%, o que indica juro nominal ao redor de 10% ao ano. Mas ressalta que essas projeções são, por definição, um exercício muito impreciso. O economista observa que, ao longo dos últimos 15 anos, o Brasil tem mostrado avanços institucionais e econômicos relevantes: a redução das incertezas macroeconômicas e o aumento da previsibilidade ampliaram a capacidade da política monetária ancorar as expectativas de inflação. Contudo, o avanço nos fundamentos tem sido mais modesto nos últimos meses: a produtividade dificilmente está crescendo e o regime fiscal não tem melhorado. “Tudo considerado, as restrições ao crescimento no Brasil indicam que taxas de juros de um dígito podem ser inferiores ao nível neutro, elevando com isso os riscos inflacionários de médio prazo”, afirma Padovani.

De todo modo, a indicação do Banco Central é de que está disposto a testar esse nível de juro neutro, o que pode significar que a Selic cairá mais do que o mercado espera, na avaliação do diretor do Nomura Securities, Tony Volpon. “Há chance de a minha projeção de Selic em 9% no fim do ano estar alta”, observa. Em seu cenário, o juro neutro médio entre 2012 e 2013 deve estar próximo a 4,4%.

O economista-chefe do J. Safra, Carlos Kawall, evita fazer uma estimativa para o juro neutro, mas projeta que a taxa real no fim deste ano esteja ao redor de 4%. “Mas a própria ata alerta que oscilações das condições macroeconômicas podem fazer com que essa taxa mude”, afirma. Kawall reconhece que o mérito da mensagem transmitida pela ata do Copom foi alinhar as expectativas – um dos canais de transmissão da política monetária para o rumo dos juros. “Antes da ata, havia visões de que a Selic pararia de cair antes de chegar a um dígito, o que foi corrigido agora”, diz, ressaltando que suas opiniões não refletem a do banco.

“O BC quer criar um ambiente que permita queda de juros, sem que isso provoque desconforto em relação ao futuro da inflação”, observa o economista do Espírito Santo Investment, Flavio Serrano. Isso explica, segundo ele, a reação dos juros futuros, que não registraram alta importante das taxas mais longas após a divulgação da ata. “Se o BC diz que vai cortar mais a Selic porque há mudanças estruturais na economia, essa reação nos juros futuros fica limitada”, explica Serrano, que vê o juro neutro próximo a 6%.

Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, esse tipo de levantamento junto aos analistas faz parte da estratégia de comunicação do BC. “A verdade é que, na teoria e na prática, a política monetária está  em crise no mundo e, dentro disso, entendo a iniciativa do BC”, afirma Gonçalves.

 


FAO revê  demanda por alimentos até 2050

Valor Econômico

O mundo vai precisar de menos alimentos até 2050, contrariando as estimativas vigentes. A explicação está na demanda global, que crescerá a taxas bem menores do que vinha sendo previsto. Foi o que afirmou ontem o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Jose Graziano da Silva, surpreendendo mais de 200 executivos do agronegócio reunidos em Genebra, Suíça.

Em 2009, a FAO havia estimado que o mundo precisaria aumentar a produção global de alimentos em 70%, tomando como base a média de produção entre 2005 e 2007, para alimentar 9,1 bilhões de pessoas em 2050 – 2 bilhões a mais do que a atual população do planeta. Nada menos que 90% desta expansão deveria vir de maior produtividade, colheitas intensivas e incremento de 10% do uso da terra.

A agência da ONU refez os mesmos cálculos, por meio de novas informações disponíveis, e concluiu que a necessidade de incrementar a produção agrícola até 2050 será por volta de 60%, tanto para uso alimentar como para a produção de biocombustíveis.

Conforme Graziano, esta conclusão reflete pelo menos três fatores. Primeiro, o crescimento populacional será menor e haverá declínio da população em vários países e regiões, incluindo Japão, China, Brasil e Europa.

Em segundo lugar, mais países e grupos populacionais deverão atingir, gradualmente, um nível de consumo de alimentos que, por sua vez, encontrarão pouco espaço para a expansão.

Terceiro: ao mesmo tempo em que a demanda por alimentos pode aumentar em certos países, muitos outros continuarão a ver suas populações aumentarem e permanecerão com baixas rendas ou pobreza significativa ainda por um longo período.

“O aumento da renda per capita, principalmente nos Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] é menor do que o previsto por causa da crise. Menos renda significa menos consumo”, afirmou Graziano. “Além disso, houve redução de metas de uso de biocombustíveis na Europa, o que também explica a nova projeção”, disse o brasileiro.

Mas os participantes do seminário sobre “como alimentar o mundo”, realizado em Genebra, pareceram pouco convencidos. Paul Bulcke, presidente da Nestlé, um dos patrocinadores do evento, continuou falando da necessidade de aumentar a produção mundial em até 90% para atender à demanda. O executivo insistiu que o aumento da população mundial, a escassez de água e o desperdício de alimentos ou seu uso na produção de biocombustíveis – em referência ao etanol a base de milho dos EUA – têm impactos sobre a segurança alimentar.

“O pessoal se assustou [com a nova estimativa], mas 60% de aumento na produção significa muito”, observou Graziano, notando que as terras disponíveis para agricultura são poucas e situadas basicamente na América do Sul e nas savanas africanas.

Para o diretor da FAO, os países do Mercosul continuarão a ser o celeiro do mundo e a “grande restrição ao bloco é o comércio internacional e os fertilizantes, que são caros e quase todos importados”, disse. Ele reiterou que o mundo passará por uma década de preços elevados de alimentos e a grande preocupação será a volatilidade, que não favorece o produtor nem o consumidor.

Graziano sinalizou, também, os limites da FAO na luta contra a fome: o órgão dispõe de apenas US$ 1 dólar para cada pessoa mal nutrida no mundo, e elas somam 1 bilhão atualmente. Por isso ele reforçou a defesa pela redução do desperdício de alimentos em toda a cadeia produtiva, do campo ao consumo. No Brasil, essas perdas são estimadas em 40%.

“As pessoas acham que sabem comer, mas não é verdade”, disse. Estima-se que a redução global do desperdício em 25% seria suficiente para alimentar 500 milhoes de pessoas por ano sem a necessidade de ampliar a produção.

Até março, a FAO deverá  aprovará, ainda, um código de conduta para reduzir investimentos estrangeiros na aquisição de terras, mas as normas serão voluntárias e os 190 países-membros poderão adotá-las ou não.

 


Mais e mais dólares

O Estado de S. Paulo – Celso Ming

Em apenas 25 dias úteis, a entrada líquida de moeda estrangeira no Brasil atingiu US$ 15,2 bilhões, dos quais US$ 3,8 bilhões apenas nos três primeiros dias de fevereiro (veja o gráfico).

É o que mostram as estatísticas sobre o movimento de câmbio divulgadas nesta quarta-feira pelo Banco Central. Apenas o afluxo líquido em janeiro (US$ 7,3 bilhões) é o maior desde setembro passado. Essa enxurrada de capitais tem duas classes de explicações: as externas e as internas.

Antes de tudo, há essa forte revoada de dólares em direção ao Brasil porque sobram recursos no mercado internacional, especialmente depois que o Banco Central Europeu injetou meio trilhão de euros em empréstimos de longo prazo para os bancos. Graças à fartura de liquidez, grande número de empresas nacionais (a começar pela Petrobrás, que fechou há uma semana lançamento de títulos de US$ 7 bilhões) está elevando a captação de recursos no mercado internacional (veja o Confira).

Em segundo lugar, parte desse volume toma o rumo do Brasil porque a economia global, sobretudo a dos países ricos, continua prostrada pela forte crise global. É o que explica a importante entrada de Investimentos Estrangeiros Diretos (de US$ 66,6 bilhões apenas em 2011).

Há outras razões pelas quais o Brasil passou a atrair recursos externos. A primeira delas é que a economia brasileira, quando comparada com outras do Grupo dos 20 (G-20), tem um dos melhores prontuários. Deve crescer em 2012 algo em torno dos 3,0%; apresenta nível historicamente baixo de desemprego, de apenas 4,7%; e, ainda, reservas externas de US$ 355 bilhões.

Alentado grupo de economistas entende que o principal motivo da entrada de dólares são os juros básicos altos demais, que favorecem operações de arbitragem com juros –  que nada mais é do que a tomada de empréstimos lá fora, a juros pouco acima de 2,0% ao ano, trazidos ao Brasil para ganhar, no mole, com os juros básicos aqui praticados, hoje de 10,5% ao ano.

Não dá para negar a existência desse jogo especulativo. Mas ele não é relevante. Se o fosse, o afluxo de dólares teria sido mais alto antes de agosto de 2011, quando os juros básicos eram mais de 11,0%.

Mais apropriado dizer que juros mais baixos, com inflação sob relativo controle, deixam uma economia bem mais previsível. Isso significa que a derrubada consistente dos juros deve, a longo prazo, atrair mais capitais do que afastá-los.

Para evitar a excessiva valorização do real, que sobrevém com a forte entrada de moeda estrangeira, o Banco Central tem comprado dólares nos mercados a termo e à vista. Mas não dá para ignorar que o aumento das reservas externas, por si só, atrai moeda estrangeira, porque reforça a percepção de solidez da economia.

Nessas condições, duas providências que o Banco Central vem tomando para evitar a disparada do dólar no câmbio interno – a baixa dos juros e o aumento das reservas – a longo prazo tendem a concorrer para que entrem mais dólares e, portanto, para intensificar a valorização do real (baixa do dólar).

CONFIRA

O momento certo. Não é sempre que dá para levantar financiamento internacional (lançamento de títulos ou bônus). Sempre que os mercados de crédito estiverem travados e que prevalece a fuga do risco, não há o que convença o investidor estrangeiro a comprar títulos do Brasil, mesmo com a boa fase da economia. No entanto, quando um mercado favorável –  como agora – estimula captações de recursos, fica inevitável a forte entrada de dólares no Brasil – também como agora –, para aflição do ministro Guido Mantega, que prefere um câmbio acima de R$ 1,80 por dólar.

Este pode, aquele não. Alguns economistas recomendam controle dessa entrada de capitais, o que exigiria atitude discriminatória do governo. Mas por que recursos levantados pela Petrobrás teriam sinal verde e dos bancos nem tanto? Por que o financiamento de uma Petrobrás seria mais importante do que o de pequenas e médias empresas necessitadas de capital de giro barato? Pior que tudo, a hora boa pode passar e tão cedo não voltar…

 


Grécia já  aceita algumas exigências feitas pela UE

O Estado de S. Paulo

Depois de dias de tensão, no fim da noite de ontem União Europeia e Grécia tinham o rascunho de um acordo que pode desbloquear um pacote de 130 bilhões para resgatar o país e evitar um colapso do euro.

O documento estabelece que Atenas cortará  20% nos salários e adotará uma redução no orçamento de 13 bilhões em três anos. A exigência havia sido imposta pela UE e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os líderes políticos gregos entraram pela madrugada ontem negociando os termos finais do acordo, enquanto recebiam do FMI mais uma notícia ruim: pelas novas projeções, a economia grega deverá se contrair 5% em 2012, somando já 16% de redução do Produto Interno Bruto (PIB) desde o início da crise.

Compromisso. Bruxelas disse que não aprovaria o pacote antes de ver os principais partidos gregos assinando um apoio ao projeto de austeridade. Irritados com os gregos por não cumprirem metas de cortes de gastos, a UE insistia que o novo pacote teria de ser seguido por uma economia extra de 3 bilhões em 2012 e de outros 10 bilhões até o final de 2014. Isso inclui demissão de 15 mil funcionários públicos este ano, corte de salários do setor privado em 20%, redução de aposentadorias e outros benefícios.

No rascunho do acordo, os gregos ainda se comprometem a reduzir aposentadorias acima de 1,2 mil em 20%, além de um corte de 15% em todas as demais.

Os termos haviam sido fechados entre o governo grego e a UE na noite de terça-feira. O documento de 50 páginas com todo o receituário que a Grécia deve seguir foi apresentado ontem pelo primeiro-ministro Lucas Papademos aos líderes do partido socialista, da extrema-direita e dos conservadores. Mas não sem antes ter de resolver mais um problema: o texto estava apenas em inglês e a tradução exigida pelos deputados acabou atrasando o processo em quatro horas.

“Para restaurar competitividade e crescimento, vamos acelerar a implementação de reformas estruturais profundas”, prometem os líderes gregos em um rascunho da carta que seria enviada à diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde.

Se um acordo fosse fechado na madrugada, entre ontem e hoje, a UE reuniria seus ministros de Finanças ainda hoje para avaliar o pacote. O acordo entre os partidos é fundamental não apenas para convencer os ministros europeus, mas também para desbloquear o acordo com os bancos privados, que aceitaram um calote de 70% na dívida grega: na prática, um desconto de mais de US$ 100 bilhões.

Para os europeus, a Grécia tem duas opções: aceitar essas exigências ou se preparar para um calote desordenado. Em março, o governo precisa de 14 bilhões para honrar as dívidas. Sem o dinheiro, Bruxelas vê como inevitável a saída da Grécia da zona do euro.

 


BTG compra chileno Celfin e já estuda novas aquisições na AL

O Estado de S. Paulo

O BTG Pactual confirmou ontem a compra do banco de investimentos chileno Celfin Capital, e anunciou que planeja se expandir para outros países latino-americanos. Com a aquisição, o BTG ampliou a atuação para Chile, Peru e Colômbia. O banco se tornou um dos líderes no mercado latino-americano em administração de recursos, com R$ 178 bilhões em ativos sob gestão – destes, R$ 49 bilhões referem-se a grandes fortunas.

“Temos conversado com muita gente por aí. Uma presença sem estardalhaço na Argentina é uma possibilidade concreta”, disse o presidente do BTG Pactual, André Esteves. O país é atraente para o banco por ser o principal parceiro comercial do Brasil na América Latina e o terceiro no mundo – atrás apenas de China e Estados Unidos.

A maior operação de fusão e aquisição de uma empresa brasileira no ano passado envolveu também uma empresa argentina e foi estruturada pelo BTG Pactual. A compra de uma fatia da Usiminas pela argentina Ternium movimentou US$ 2,7 bilhões e liderou o ranking de negócios de 2011 da consultoria PricewaterhouseCoopers.

O avanço do BTG Pactual na América Latina acompanha o processo de internacionalização das empresas brasileiras. Metade das aquisições feitas pelas companhias nacionais no exterior em 2011 foi na região, segundo dados das consultorias Marsh e Mercer. O BTG quer estar nos países vizinhos para estruturar essas operações.

A expansão, segundo Esteves, dependerá  da “oportunidade” e poderá ser feita tanto por meio de aquisições quanto de forma orgânica. O interesse do BTG é  ampliar sua estrutura de banco de investimentos. Esteves disse não ter a intenção de operar no varejo no exterior, como fazem o Itaú  e o Banco do Brasil, por exemplo. No Brasil, o braço de varejo do BTG é o Panamericano, operação que comprou do Grupo Silvio Santos.

Estrangeiros. A formação de um banco latino de investimentos visa, além de negócios entre os países, à  estruturação de operações envolvendo investidores de outras regiões, principalmente da Ásia. Um exemplo disso foi a aquisição da cervejaria Schincariol pela empresa japonesa Kirin, que foi assessorada pelo BTG. “O fluxo de capitais que vêm da Ásia para o Brasil também segue para outros países da região”, afirmou o sócio do BTG Pactual, Persio Arida.

Segundo ele, há demanda por investimentos de todos os tipos. “Temos desde investidores qualificados interessados em investimentos em infraestrutura a fundos vendidos no varejo do Japão atrelados à renda fixa brasileira”, disse.

No exterior, o BTG pretende replicar seu modelo de atuação no Brasil. Esteves define o BTG como um “banco de investimento que investe”, ou seja, coloca recursos próprios em parte dos negócios que estrutura. Só no Brasil, o banco esteve à frente de 54 operações de fusão e aquisição em 2011 – juntas, elas somaram US$ 24 bilhões, segundo dados da Thomson Reuters.

Sócio chileno. A compra do Celfin foi apresentada ao mercado como uma fusão, mas os próprios acionistas do BTG se referiram ao negócio como uma aquisição. O Celfin administra recursos da ordem de R$ 17 bilhões, bem menos do que os R$ 160 bilhões sob gestão do BTG. “No comunicado, falamos em fusão. Mas é claro que a predominância no negócio é do BTG Pactual. Mas a gente quer que eles sejam nossos sócios”, disse Esteves.

Como pagamento, cerca de 15 acionistas chilenos receberam US$ 245 milhões e uma participação acionária de 2,4% do BTG Pactual. O banco não tem capital aberto, portanto, não  é possível afirmar com precisão seu valor de mercado. Em dezembro de 2010, o BTG foi avaliado em US$ 10 bilhões, de acordo com reportagem do Financial Times.

A operação ainda depende da aprovação do Banco Central.

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