Nota oficial do Comuna Que Pariu!
Comunas do nosso coração, lançamos esta nota porque, depois de colocar nosso bloco na rua, a tradição é caciquear e assentar a poeira. Agradecemos a todas e todos por construir com a gente mais um ano de ocupação coletiva, carnavalesca e comunista no Centro da Cidade. Há 11 Carnavais, nossa batucada vem mandando o seu recado. Somos muitas e muitos e, a cada desfile, somos mais.
E por sermos um bloco que cresce a cada ano, nosso cuidado com a estrutura, a segurança e o conforto das foliãs e dos foliões exigiu de nós, em 2020, a decisão de nos deslocarmos para um espaço maior e mais acessível, próximo ao nosso local de pertencimento. Nos mudamos com o mesmo comprometimento comunista com o espaço público. Lavamos a rua, há dias abandonada, garantimos a coleta do lixo e utilizamos parte do financiamento coletivo para contratar banheiros químicos. Fizemos o que o Estado deveria fazer, e sem patrocínio de cervejaria multinacional.
Mesmo atentos a todos esses cuidados, tivemos que lidar com a proibição do nosso carro de som, impedido de compor o bloco ao chegar no local. Um carro de som serve para cantarmos e agitarmos as massas, mas também serve para orientarmos e dirigirmos o bloco, especialistas em segurança sabem disso. Para conseguirmos sua liberação, tentamos dialogar com as forças de segurança sob comando do atual governo.
Diante da intransigência do Estado, pedimos a concessão de um Habeas Corpus coletivo junto ao Plantão Judiciário, que foi negado com a justificativa surreal de que não poderíamos garantir a segurança e a paz de nossas foliãs e foliões, omitindo-se gritantemente quanto à liberdade de expressão e o direito de manifestação que nos foram violados.
Mais uma vez, constatamos os limites da Justiça burguesa. No entanto, quem acompanhou o bloco, que fez seu cortejo mesmo com todos os problemas causados, pôde presenciar um dos eventos mais pacíficos e felizes deste Carnaval. E isso, repetimos, apesar das agências repressoras do Estado burguês, que mais uma vez tentaram semear o terror e o medo não apenas no Comuna, mas em diversos outros blocos ditos “não oficiais” durante os dias de folia. Entre nós, ao menos, não conseguiram: aqui os fascistas se fuderam!
Não calaram as nossas vozes! Fomos juntos, na chuva, na raça, no gogó, tomando as ruas da Lapa. Sabendo que haverá o dia em que o Estado seremos nós, e nesse dia, a gente vai alcançar um outro estado.
Para o nosso bloco, nunca é demais reafirmar a coletividade da nossa luta. Agradecemos primeiramente aos integrantes da Bateria Maluca, que são o coração e os braços do Comuna. A Claudio Cruz, fundador do Embaixadores da Folia, bloco que, aos 20 anos, esteve à beira de não poder desfilar. Claudio Cruz é a pessoa que abre as portas do Vaca Atolada para a realização dos nossos ensaios. Nosso muito obrigado também a Luciana Vasconcellos, nossa incansável madrinha musa de bateria. A nossa querida passista Valéria Mello e aos camaradas da produção que fizeram um excelente trabalho na organização do desfile. À impecável Comissão de Segurança, que agiu de forma exemplar ao longo do dia. À nossa Comissão de Identidade que deixou o Bloco ainda mais lindo e queridas e queridos Pernaltas. Ao querido Ivan Cosenza, que cedeu a imagem da Graúna, de seu pai, Henfil, para ilustrar o nosso enredo. A todo mundo que chegou junto na nossa “Vakinha”. Aos músicos, Marina Iris, Lucio Sanfilippo, Mauricio Massunaga, Yasmin Alves, Lúcio Rodrigues, Paulinho Bandolim e a nossa gostosura de DJ Julio Trindade Himself, que dependiam de um carro de som pra sacudir a massa. Às trabalhadoras e aos trabalhadores, que colaboraram com a direção do bloco. Não podemos deixar de agradecer ao nosso povo da folia que não foge à luta.
E se vocês acharam que só teria Comuna ano que vem… Aguardem!
Imagem: Fan Lacarpe
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