Brasil precisa de novas frentes de crescimento contra a crise, diz vice-presidente do Bird

A deterioração do cenário internacional reforça a urgência de o Brasil buscar novas frentes de crescimento econômico, sugeriu o vice-presidente do Banco Mundial (Bird), Otaviano Canuto, ontem, em Paris. Por sua vez, o subsecretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, Valdemar Carneiro Leão, reclamou que efeitos de políticas de economias avançadas podem pôr seriamente em perigo políticas de nações em desenvolvimento, ao manifestar a posição brasileira na conferência ministerial da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Em entrevista à margem da conferência, Canuto avaliou que há menos espaço para respostas contracíclicas por parte de vários países emergentes, incluindo a China. No caso específico do Brasil, ele acha que a margem de reação do país diante da crise não diminuiu quando ela é medida pelas reservas internacionais, espaço fiscal e situação dos bancos domésticos.

O preocupante, ao seu ver, é que riscos de abalo na área internacional, como a saída da Grécia da zona do euro, estão se desenrolando num cenário em que a tendência de crescimento da economia brasileira “é bem mais abaixo daquela em que estava em 2008”.

“Vários fatores que impulsionaram a economia brasileira antes da crise de 2008 se esgotaram”, afirmou. “A resposta agora teria que ir além de mecanismos contracíclicos numa crise.” Ele sugere o reforço de reformas estruturais, incluindo sistema tributário, pente fino nos gastos públicos e aceleração de investimentos em infraestrutura.

Certos analistas, conforme o “Financial Times”, estimam que o governo brasileiro foca demais em estimular a demanda do consumo, em vez de fazer reformas politicamente difíceis para melhorar a produtividade e a produção industrial. Canuto acha que o Brasil precisa apostar em frentes de crescimento que vão além do aumento do consumo de crédito, por exemplo. Considera que, no cenário atual, só repetir a dose de 2008 não será suficiente.

Com relação à China, principal parceiro comercial do Brasil, projeções do Banco Mundial apontam aterrissagem suave e um padrão de expansão mais sustentável do que aquele dependente de investimentos imobiliários e exportações. Com o consumo interno aumentando, a demanda por commodities pela China também tende a mudar. Canuto acha que a demanda por alimentos vai continuar forte, enquanto a de commodities metálicas associadas à construção deve cair.

Em intervenção na conferência ministerial da OCDE, o representante brasileiro, Valdemar Carneiro Leão, sugeriu para a entidade levar em conta em suas análises os efeitos de consequências de políticas econômicas das nações ricas, diante dos riscos de prejudicar os países em desenvolvimento.

“Isso está sendo sentido na maneira pela qual políticas monetárias expansionistas foram adotadas por países emissores de moedas de reserva internacional. Essas políticas geraram volatilidade e desalinhamentos prejudiciais nas taxas de câmbio”, exemplificou. Além disso, a crise atual revela o quanto os governos têm feito de intervenções, com estímulos monetários e financeiros e apoio direto em níveis sem precedentes para as empresas.

Na área comercial, Carneiro Leão lembrou que ganhos em crescimento, e especialmente em emprego, não vêm só de liberalização comercial. “Medidas complementares de políticas públicas são essenciais e nem sempre são disponíveis para países em desenvolvimento diante de recursos limitados”, afirmou, numa resposta às demandas crescentes dos ricos por liberalização de mercados emergentes.

 

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Ainda mais benesses para o grande capital?

Carta Maior – Paulo Kliass

 

O desempenho da economia brasileira ao longo de 2011 revelou-se bem abaixo do esperado. Esse fato é inquestionável, apesar de que parcela do establishment havia garantido à Presidenta Dilma que ela não se preocupasse, que as coisas estavam andando bem, que tudo permanecia sob controle.

Naquele momento, estávamos ainda quase na mesma linha do governo anterior, marcada pela ortodoxia na condução da política monetária. Não obstante a mudança de algumas peças chaves na equipe econômica, em relação ao time de Lula, o fato é que durante o primeiro ano de Dilma pouca diferença foi sentida. A taxa de juros esteve no espaço, a política fiscal foi marcada por um arrocho extremo, a taxa de câmbio mantinha sua trajetória de valorização em relação ao dólar e demais moedas externas. Os resultados não poderiam ser muito diferentes: crescimento do PIB atingiu apenas 2,7% durante ao longo do ano. Um verdadeiro Pibinho, bem abaixo dos 4% q ue haviam prometido.

A reação de Dilma depois de 2011 fraco

Ao que tudo indica, essa decepção e essa surpresa foram alguns dos fatores que contribuíram para que a chefe de governo resolvesse mudar de postura. Não mais esperar pelo que recomendassem alguns responsáveis pela política econômica e passar, ela mesma, a ter mais iniciativa nesse domínio. Porém, a mudança começou a tomar forma somente a partir de setembro do ano passado, quando a taxa SELIC iniciou sua trajetória descendente, saindo dos então 12,5% para os atuais 9% a.a. Em seguida, ao perceber que essa redução não havia surtido os efeitos desejados nas operações dos bancos com seus clientes, Dilma determinou aos dirigentes dos bancos públicos federais que reduzissem suas margens exageradas, definindo uma estratégia que obrigaria os bancos privados a também baixarem seus “spreads” escandalosos.

Na área da política tributária e de incentivos à   melhora do desempenho econômico, o governo lançou há alguns meses atrás um verdadeiro pacote de bondades dirigidas ao setor empresarial. Face à necessidade de obter aumento de investimento e de consumo, foram promovidas reduções em tributos importantes, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Por outro lado, o governo acabou cedendo a uma reivindicação antiga do empresariado: a desoneração da folha de pagamentos para efeito de contribuição previdenciária. Todas essas medidas atendendo a demandas de setores considerados estratégicos, como a cadeia automobilística, os diversos segmentos da construção civil, as empresas da chamada linha branca (geladeira, máquina de lavar, fogão) ente outros.

Ora, em tese, o ambiente está mais do que apropriado para uma retomada dos investimentos e para a melhoria dos índices relativos ao aumento da produção e do consumo no curto prazo. Custos de investimento e de empréstimos em baixa expressiva, fator que estimula tanto as empresas quanto os consumidores. Pacote de bondades tributárias, que contribui para a redução dos custos das empresas. Início de um ajuste cambial que leva a taxa do real com relação ao dólar a níveis mais razoáveis, inibindo a importação barata e estimulando as nossas exportações. O único aspecto negativo seria um eventual impacto imediato sobre matéria-prima e componentes importados. Diante desse quadro tão propício, as expectativas deveriam ser bastante positivas.

Algumas incertezas e a paralisia dos investimentos

No entanto, bastou a divulgação dos resultados da tristemente famosa pesquisa do Banco Central (BC) – Focus, realizada apenas entre os analistas econômicos do setor financeiro – para que houvesse essa tentativa de disseminação de um foco de pessimismo. A área econômica do governo mantém sua previsão de crescimento do PIB em 4 ,5% para 2012, enquanto a pesquisa aponta um sentimento dos entrevistados para uma taxa de 3%. A existência desse tipo de descompasso é normal e sempre ocorreu. Na verdade, é amplamente sabido que os representantes do capital usam e abusam desse tipo expediente para criar um clima de desconforto e, assim, conseguir reforço em seus pedidos de facilidades junto ao governo.

Não se pode negar que há um clima de incerteza no plano internacional. Ou melhor, o quadro de insegurança continua como está há alguns anos. O detalhe é que as expectativas de superação das dificuldades na Europa e nos Estados Unidos não foram totalmente confirmadas. No continente europeu, o fator Grécia e o fator Hollande introduziram uma novidade no comando conservador anterior na União Européia (UE), patrocinado por Merkel e Sarkozy. De toda maneira, parece evidente que a solução caminhará para a substituição da agenda de “austeridade nua e crua” por alguma outra que co ntenha o elemento do crescimento da economia como seu ingrediente, temperado com alguma flexibilização na rigidez das regras férreas emanadas de Bruxelas. Do outro lado da porção norte do Oceano Atlântico, as atenções e as dúvidas voltam-se para os possíveis resultados das eleições presidenciais de novembro próximo. No entanto, pelo fato de Obama manter o discurso da recuperação econômica como uma de suas cartas preferidas, as perspectivas tendem a se manter positivas também por aí.

O elemento que veio criar mais desconforto refere-se às notícias vindas da China. E, nesse caso, trata-se de um equívoco que, felizmente, pode ser consertado a curto prazo. Há muito tempo que uma expressiva corrente dos analistas econômicos vimos alertando para os riscos de se montar toda a estratégia de nosso crescimento econômico em torno da demanda externa por nossos produtos primários de exportação. Os erros são vários. Em primeiro lugar, pois não nos permite dar um salto qualitativo, saindo do mero crescimento para um modelo efetivo de desenvolvimento nacional. Apenas reproduzimos e atualizamos o antigo modelo de trocas desiguais neocolonial, em que exportamos produtos de baixo valor agregado e importamos produtos industrializados de alto valor agregado. Em segundo lugar, por concentrarmos nossa pauta exportadora para um único grande cliente, com elevados riscos caso haja algum tipo de problema à frente. E agora estamos sentindo as conseqüências desse tipo de opção equivocada. Todos sabemos que a demanda mundial está em queda e que a China tem seu modelo voltado, em grande parte, para exportação de bens industrializados direcionados à Europa e aos Estados Unidos. Com isso, o gigante asiático entra em um processo de ajuste, reduzindo o volume da sua produção. Assim, entra em queda também sua demanda por nossas “commodities” e a Balança Comercial brasileira corre o risco de apresentar dificuldades.

Grande capital: limite para concessão de benesses

Ora, apesar desse fator gerador de algum grau de incerteza, não há razão para que os representantes do empresariado voltem a fazer o conhecido cerco aos gabinetes de Brasília. Com o intuito de obter ainda mais benesses para suas atividades. Como o governo teme que não sejam alcançados os índices anunciados para o crescimento do PIB em 2012, acaba por ficar mais suscetível ao ceder à chantagem patrocinada pelo capital. A estratégia é por demais conhecida. Um dos fatores que mais contribuem para o crescimento do PIB, e sua estabilidade no tempo, é o nível de investimentos na economia. É por isso que os governantes, vira e mexe, lançam discursos e pacotes voltados a estimular os empresários a investirem mais. Mas o Estado brasileiro ainda mantém uma capacidade de investimento expressiva, e pode contribuir para esse quesito. Basta que sejam flexibilizadas as regras exageradas da gera ção de superávit primário a todo e qualquer custo. Ou seja, ao invés de gastar recursos do orçamento com despesas associadas a serviços financeiros da dívida, o setor público estaria contribuindo para assegurar mais investimentos na economia real. Em resumo, mais emprego, mais renda e uma taxa de crescimento do PIB razoável no final do ano.

Assim, não há o menor sentido em apenas recuperar a agenda do “lobby” do empresariado capitaneado pela indústria automotiva, que pretende aumentar ainda mais o rol das benesses já concedidas. O capital já foi muito beneficiado para cumprir com sua missão de retomada dos investimentos produtivos em nosso País. Mas seus representantes acabam por se prender à tradição da relação contraditória com o setor público. Por um lado, críticas e mais críticas na linhagem liberalóide do discurso de “menos Estado”. Mas, de outro lado, sempre aparecem com o pires na mão a pedir mais e mais vantagens públic as para seus ganhos privados. E resistem até mesmo em aprovar legislação contra o trabalho escravo, item de pauta da agenda política do século retrasado. Ou seja, se dizem modernos, “ma non troppo”…

A recente queda de braço de Dilma com o setor financeiro demonstrou que, muitas vezes, é necessário um endurecimento para deixar claro que o governo também tem seus limites no trato com os representantes do capital. Eles já foram bastante beneficiados ao longo dos últimos meses e não precisam de mais prebendas. Tiveram reduzidos parte de seus impostos, podem receber empréstimos com taxas de juros subsidiadas do BNDES, foram contemplados pela redução generalizada dos juros bancários e até mesmo obtiveram diminuição nos custos trabalhistas. Agora, mãos à obra e que cumpram com a sua parte. Basta de tantas benesses para o grande capital.

 

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Construção civil cresce menos e otimismo dos empresários diminui

Valor Econômico

 

O indicador de atividade da construção civil cresceu em ritmo mais fraco e registrou 50,6 pontos em abril, número ainda positivo, mas abaixo do crescimento registrado em março, quando apontou 51,6 pontos. A informação é da Sondagem da Indústria da Construção, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O indicador varia de zero a cem pontos, sendo que valores acima de 50 pontos representam aumento de atividade. Embora o número indique expansão, para a CNI, houve desaceleração no crescimento em abril sobre março.

O indicador de nível de atividade em relação ao usual, que mede a produção na comparação com o normal para o mês, ficou em 49,9 pontos, levemente abaixo da linha divisória dos 50 pontos. Em março, esse índice foi de 48,5 pontos.

O setor operou, em média, com 72% da capacidade de operação, um avanço de 2 pontos percentuais na comparação com março, quando a Utilização da Capacidade de Operação (UCO) foi de 70%. Segundo a CNI, esse crescimento foi registrado, tanto nas pequenas como nas grandes empresas da construção civil.

O indicador do número de empregados no setor ficou em 51 pontos em abril, abaixo de março, quando foi de 51,7 pontos.

O otimismo dos empresários da construção civil em relação ao aumento da atividade caiu de 60,3 pontos para 58,7 pontos entre abril e maio. O indicador também é medido em uma escala de zero a cem pontos, como o de atividade, e valores acima de 50 representam expectativa positiva no setor para os próximos seis meses.

Segundo a CNI, esse foi o terceiro mês consecutivo em que houve queda na expectativa de crescimento da produção no setor de construção civil. A última vez que o índice de otimismo aumentou foi em fevereiro, quando alcançou 62,2 pontos, ante 58,6 pontos em janeiro.

A Sondagem da Indústria de Construção Civil também mostrou que houve retração na expectativa de compra de insumos e matéria-prima para os próximos seis meses. Esse indicador caiu de 58,8 pontos em abril para 58,6 pontos em maio.

A maior queda foi registrada entre as grandes empresas do setor. O índice de expectativa de compra de insumos das companhias desse porte caiu de 59,8 pontos para 58,9 pontos no mesmo período.

 

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Governo amplia limite de crédito para a Vale

Valor Econômico

 

O governo reforçou, ontem, a capacidade de investimento de grandes empresas, incluindo a Vale. A mineradora entra hoje no seleto grupo do qual fazem parte Petrobras e Eletrobras, para as quais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode emprestar mais do que 25% de seu patrimônio de referência. A decisão foi tomada ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Pelas regras do sistema bancário, as instituições financeiras não podem emprestar a uma única companhia mais do que 25% de seu patrimônio de referência. A única exceção permitida era para os empréstimos do BNDES para Petrobras e Eletrobras. Além da inclusão da Vale nesse grupo, o CMN alongou o prazo de vigência desses limites para até junho de 2015 – o prazo original terminaria em julho deste ano. A partir de 30 de junho de 2015, o BNDES vai ter que cumprir um “cronograma de adaptação”, e reduzir gradativamente o percentual do patrimônio de referência nas concessões às empresas do grupo até 2024.

Segundo Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do departamento de normas do Banco Central (BC), a medida é “importante para o país”. Segundo ele, ela visa ampliar o limite para empresas que não podem ter investimentos interrompidos.

O CMN também ampliou em R$ 1,1 bilhão, para R$ 19,2 bilhões, a linha de crédito para financiamento de obras de saneamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para municípios com até 50 mil habitantes. A medida, segundo técnicos do Tesouro Nacional, deve beneficiar 124 cidades. As linhas de crédito serão oferecidas pela Caixa e pelo BNDES, que definirão as taxas e as condições dos contratos. O “funding” (fonte de recursos) para os financiamentos serão do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

A medida beneficia um grupo de obras do PAC considerado indispensável para o cumprimento das metas de saneamento estabelecidas no programa do governo, explicou o assessor econômico do Tesouro, Mathias Lenz.

O CMN também permitiu a abertura do crédito de R$ 12,2 bilhões para financiar os projetos do PAC Mobilidade Urbana – Grandes Cidades, criado no fim de abril pelo Ministério das Cidades. Os financiamentos serão oferecidos também pela Caixa e BNDES.

Outro voto do Conselho colocou a disposição dos Estados afetados pelo fim da “guerra dos portos” R$ 7,5 bilhões em financiamentos do BNDES para projetos de investimentos em infraestrutura. O CMN autorizou o crédito aos Estados que perderem arrecadação a partir de 2013, quando entra em vigor a Resolução 72, aprovada pelo Senado em abril. A medida unificou em 4% a alíquota do ICMS interestadual para bens e mercadorias importadas.

O limite de R$ 7,5 bilhões estará a disposição de todos os Estados. Quando do debate sobre a Resolução 72, os Estados de Goiás, Espírito Santo e Santa Catarina afirmaram estar entre os principais perdedores de arrecadação. O Valor apurou que os Estados que conquistarem essa linha de financiamento do BNDES terão até 22 anos para quitar a dívida.

 

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Atividade deve continuar fraca na China em maio

O Estado de S. Paulo

 

Depois de atingir o mais baixo nível em três anos em abril, a atividade industrial chinesa continuará a perder fôlego em maio, no que deverá ser o sétimo mês de contração do setor, segundo indicador preliminar divulgado ontem pelo HSBC e pela Markit Economics.

O levantamento foi publicado um dia depois de o gabinete chinês ter anunciado que o crescimento voltou a estar no centro das preocupações das autoridades de Pequim, depois de meses de aperto monetário para combater a inflação. “Nós devemos agir de maneira proativa e adotar políticas e medidas que expandam a demanda e criem um ambiente favorável para o estável e relativamente rápido crescimento econômico”, disse texto divulgado depois de encontro do gabinete comandado pelo primeiro-ministro Wen Jiabao na quarta-feira.

Chamado de Índice de Compras de Gerentes, o indicador elaborado pelo HSBC ficou em 48,7 em um levantamento preliminar, que terá de ser recalculado no fim do mês. O patamar é inferior aos 49,3 pontos registrados em abril e deverá representar o sétimo mês consecutivo abaixo dos 50 pontos que marcam a linha divisória entre expansão e contração da atividade industrial.

“Isso demanda flexibilização mais agressiva da política, na medida em que a inflação continua a ceder”, escreveu o economista-chefe do HSBC para a China, Qu Hongbin. “Os responsáveis pela política em Pequim vão aumentar os esforços de afrouxamento para estabilizar o crescimento, como já foi indicado em várias medidas para ampliar a liquidez, a construção de casas populares, o investimento em infraestrutura e o consumo”, ressaltou.

Os indicadores de abril surpreenderam negativamente os analistas, ao mostrarem uma desaceleração da economia mais acentuada que a esperada.

Os dados revelaram perda de fôlego em uma série de indicadores, incluindo atividade industrial, geração de energia elétrica, empréstimos bancários, transações imobiliárias e comércio exterior, reforçando, mais uma vez no mercado, os temores de um “pouso forçado” da segunda maior economia do mundo.

Pacote. O governo já anunciou um pacote de subsídios de 26,5 bilhões de yuans (R$ 8,7 bilhões) para a compra de eletrodomésticos como ar-condicionado, máquinas de lavar roupa, geladeiras e TV que tenham baixo consumo de energia. Outros 10 bilhões de yuans (R$ 3,29 bilhões) serão usados para promover o uso de lâmpadas, carros e máquinas eficientes do ponto de vista energético.

A reunião de anteontem do gabinete também decidiu que o país vai iniciar uma série de “projetos de infraestrutura que são vitais para o crescimento geral da economia e que podem facilitar o crescimento”.

Além disso, o cronograma de várias obras será antecipado.

“Nós devemos esperar uma recuperação dos empréstimos e do investimento em infraestrutura nos próximos meses”, escreveu Wang Tao, economista-chefe do UBS para a China.

O volume de novos financiamentos caiu para 682 bilhões de yuans (R$ 224 bilhões) em abril, depois de ter atingido 1 trilhão de yuans (R$ 328,5 bilhões) no mês anterior. O crédito bancário é um dos principais combustíveis dos investimentos que dão fôlego à expansão econômica chinesa.

A crise global e a desaceleração da China já provocaram queda nos preços de commodities nos últimos meses. Mas apesar dos resultados negativos de abril, as importações de minério de ferro aumentaram 9% – o produto é o principal item da pauta de exportações do Brasil.

 

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Crise e dólar em alta fazem Brasil perder investimentos

O Estado de S. Paulo

 

Empresas, bancos e investidores sinalizam mudança de algumas estratégias para o Brasil com expectativa que a Grécia deixe o euro

O agravamento da crise global e a recente alta do dólar no Brasil começam a fazer efeito nas contas do País com o exterior. Dados preliminares de maio mostram queda na entrada de investimento produtivo, saída de estrangeiros da bolsa e a redução da oferta de crédito para as empresas no exterior.

O Banco Central afirma que são movimentos pontuais e não há motivos para preocupação. Analistas, porém, dizem que é preciso ter cuidado.

Enquanto cresce a expectativa de que a Grécia pode deixar o euro e o dólar opera acima de R$ 2, empresas, bancos e investidores sinalizam mudança de algumas estratégias para o Brasil.

O primeiro efeito aparece na queda do Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado ao setor produtivo, como a construção de novas fábricas.

Projeção do BC aponta para entrada de US$ 3 bilhões em maio, redução de 36% ante abril e valor 24% menor que em maio do ano passado. Confirmado, será o menor valor desde janeiro de 2011.

Longe das fábricas, outra consequência aparece na Bolsa de Valores. Até 22 de maio, estrangeiros já haviam vendido US$ 1,75 bilhão em ações brasileiras, mais do que compraram. A saída é a maior desde novembro de 2008, no auge da crise iniciada naquele ano, quando US$ 1,76 bilhão cruzou a fronteira de volta aos países de origem.

As remessas de lucros e dividendos também refletem o cenário atual. Depois da escalada no ano passado, quando o dólar mais baixo era favorável ao envio de dinheiro para as matrizes no exterior, o fluxo líquido já caiu 44% nos quatro primeiros meses do ano.

Flutuações

Apesar dos números, o chefe adjunto do departamento econômico do BC, Fernando Rocha, disse que não há preocupação. “Como toda variável econômica, há flutuações no mês a mês”, respondeu ao ser questionado sobre a queda do investimento. Explicação semelhante foi dada para a saída da bolsa. “São oscilações mês a mês, não há indicação de uma fuga.”

O mercado, porém, tem uma análise mais crítica. “Estrangeiros parecem mais reticentes com o País. O menor crescimento da economia, a redução dos juros e a falta de clareza com a política cambial têm mudado a percepção”, disse o analista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto.

O economista-chefe do Credit Suisse Brasil, Nilson Teixeira, citou como outro efeito a queda do crédito para as empresas. Até o dia 22, as companhias conseguiram financiamento no exterior suficiente para cobrir 93% das dívidas no período. Ou seja, o crédito não foi suficiente para pagar todas as contas.

“A queda é atribuída principalmente ao aumento do IOF nos empréstimos com menos de cinco anos, em meio ao aumento das incertezas globais”, disse Teixeira, em relatório.

 

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Eurobônus causa impasse na UE

Correio Braziliense

 

Os líderes dos países da Zona do Euro não chegaram a acordo sobre a emissão de bônus, os eurobônus, que poderiam ser utilizados para promover o crescimento do bloco e combater a crise grega, que contamina os mercados com reflexos em todo o mundo. A proposta apresentada pelo presidente francês, François Hollande, não encontrou eco na primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que um dia antes havia deixado claro ser contra a emissão. O apoio à Hollande do primeiro-ministro da Itália, Mario Conti, foi insuficiente para que o encontro que terminou na madrugada de ontem pudesse resultar em resolução,  como era esperado pelo mercado financeiro.

Horas depois, em Berlim, Merkel voltou a criticar,a criação de um bônus comum da Zona do Euro. Ela disse que tal ferramenta “não atacaria as raízes dos problemas enfrentados pelo bloco”, mas alertou também que a Alemanha só pode continuar sendo uma economia forte se seus vizinhos europeus mantiverem a demanda pelos produtos alemães.

A criação de um bônus foi proposta por Hollande numa tentativa de estimular o crescimento da região sem abrir mão da responsabilidade fiscal, mas mais atento à agonia dos países da região, que afetam as economias europeias e do resto do mundo. Até porque, disse o formulador de política econômica do Banco Central Europeu (BCE), Ewald Nowotny, “qualquer forma de saída da Grécia da Zona do Euro seria um transtorno enorme com consequências imprevisíveis”. Nowotny foi enfático ao afirmar que se isso ocorrer haverá “choques enormes, massivos”. O Citicorp, porém, está convencido e divulgou boletim ao mercado que a Grécia deve desembarcar da Zona do Euro até janeiro de 2013.

Não estão descartadas novas rodadas de negociações entre os líderes, mas, sem nada a anunciar, a reunião deixou no ar que os países,  assim como os mercados, se voltam agora para a expectativa em torno do pleito em 17 de junho, quando a Grécia irá decidir pela permanência ou não na Zona do Euro.

Bolsas

Já a queda dos papéis de importantes empresas europeias levou os investidores a efetuar compras e as bolsas acabaram por fechar com leve alta. O crescimento, ainda que modesto, de 0,5% da economia alemã no primeiro trimestre, também foi motivo de alento e confirmou uma recuperação das exportações . Por isso, Merkel tratou de pedir aos europeus que comprem produtos do país. Já Hollande iniciou nova cruzada em defesa dos eurobônus, procurando apoio de  chefes de Estado. Em entrevista, em Roma, o primeiro-ministro italiano, Mario Conti, disse que os bônus podem assegurar maior tranquilidade e crescimento na região. Merkel não acredita.

A força da esquerda

O partido de esquerda Syriza, que é contra o resgate internacional à Grécia, manteve a liderança nas pesquisas para as eleições gregas em 17 de junho, consideradas essenciais para a permanência do país na Zona do Euro, mostrou uma sondagem da Public Issue/Skai TV. Ela aponta que o Syriza lidera com 30%, quatro pontos à frente do conservador Nova Democracia,  que apoia o pacote de ajuda internacional. Em pesquisa anterior da mesma empresa,  o Syriza liderava com 28%, enquanto o Nova Democracia aparecia com 24%.