As tragédias anunciadas em Joinville/SC

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro

CÉLULA LUIZ HENRIQUE FLORES – JOINVILLE/SC

Na manhã da última segunda-feira (29), mais uma tragédia anunciada caiu sobre os ombros dos trabalhadores e das trabalhadoras de Joinville. Um caminhão que trafegava pela rodovia SC-30, que dá acesso à Serra Dona Francisca, perdeu o controle na chamada “curva da morte” e despejou uma carga de ácido sulfônico, atingindo o Rio Seco e contaminando o Rio Cubatão.

Para conter o índice de contaminação que chegou à marca de 1,09 mg/L, sendo o nível tolerado de 0,5 mg/L, a Estação de Tratamento de Água do Cubatão (ETA) foi fechada, indicando que 70% do abastecimento de água na cidade seria prejudicado. Com isso, filas e filas de pessoas estocando água puderam ser observadas na cidade. É importante frisar a falta de condução pela prefeitura de Joinville, no papel do prefeito Adriano Silva (NOVO), que nada fez para orientar de forma cuidadosa a população neste momento, deixando visível que a parcela da população que tem poder aquisitivo para fazer tal ação, não é a maioria da população de Joinville, ainda mais num contexto de final de mês.

É preciso ter cuidado neste momento, pois, se prolongada a situação da falta d’água, grande parte da população da cidade ficará prejudicada pela ação de estocagem de água. É papel do poder municipal orientar e coordenar o acesso à água potável para a população, principalmente as mais vulneráveis.

Vale pontuar a importância da Companhia Águas de Joinville, empresa pública municipal, neste momento. Mesmo diante das adversidades e da sanha privatista do governo de Adriano Silva, a empresa rapidamente fechou a captação da água e lançou uma série de comunicados à população joinvilense. Defender o meio ambiente é defender uma Águas de Joinville cada vez mais pública, com poder de investimento e diretamente dirigida pelos trabalhadores.

Outro ponto importante destacado nos últimos dias: segundo o portal Chuville, desde dezembro de 2019 está em vigor a Lei 8.773/2019, que proíbe a circulação de cargas perigosas na Serra Dona Francisca entre 18h e 7h. Mas até hoje não há fiscalização na região para a regulamentação da lei.

Mais uma vez temos que lidar com as consequências do descaso dos governos que nos sucederam até aqui. Passando por Carlos Moisés (PSL na época), até o governo atual de Jorginho Mello (PL), não vemos avanço nem cuidado com o meio ambiente, seja em Joinville ou no estado de Santa Catarina. Haja vista as mais variadas enchentes que a classe trabalhadora tem que enfrentar, ano após ano, sem assistência, como é o caso mais recente do último domingo (28), quando a cidade de Jaraguá do Sul ficou em baixo da água, num momento em que o atual governador vetou acréscimos de verba para ações de combate a enchentes nessas regiões, que historicamente sofre com essas demandas.

Para nós do PCB, é evidente que esses governos, que nada servem além de atenderem aos interesses dos empresários locais, pouco ou nada vão fazer para remediar a situação, tampouco pensar em políticas a longo prazo para resolver de vez a situação. É nítido que as verdadeiras condições para superação dos crimes e degradação do nosso meio ambiente só terão base concreta em uma outra forma de organização social: para nós, o socialismo. Por isso, é de grande importância a tomada de consciência da população para pressionar o governo local a tomar providências imediatas, visando não só o combate à crise, mas também um plano para eventuais tragédias futuras, visando a construção de uma nova forma de sociedade.

 

Mesmo assim, precisamos que ações iniciais mais enérgicas sejam tomadas para o cuidado do nosso meio ambiente, começando pela regulamentação da Lei 8.773/2019, além da construção de um órgão fiscalizador para esse mesmo fim. É urgente a necessidade de uma mudança radical no cuidado e preservação do nosso ecossistema. Indo além, precisamos de um levantamento de dados robusto sobre os mais variados rios e afluentes poluídos de nossa região, que ano após ano sofrem com os despejos ilegais de empresas em seus afluentes, que devem ser mapeados e punidos, bem como uma ação de recuperação e preservação permanente.

Além disso, precisa-se urgentemente tomar ações rigorosas para acabar com as enchentes na cidade, que vem afetando todos os anos nossa população. Está na hora do governo federal e municipal acertarem as contas com a classe trabalhadora joinvilense.

Só a luta muda a vida.

Referências:

https://chuville.com/tragedia-anunciada-diz-um-dos-autores-da-lei-que-proibe-carga-perigosa-na-serra-dona-francisca/

https://revistaforum.com.br/politica/2024/1/29/imagens-impressionantes-enchentes-causam-estrago-lamaal-em-jaragua-do-sul-153031.html

https://www.nsctotal.com.br/noticias/rio-cubatao-em-joinville-esta-contaminado-por-acido-sulfonico