94 bilhões de euros para bancos

A maioria dos bancos europeus cumpriu até o final de junho os novos requisitos de capital fixados em dezembro passado para reforçar o sistema financeiro da região, informou ontem a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês).

De acordo com uma o relatório parcial da entidade, 27 bancos foram recapitalizados com um total de 94,4 bilhões de euros, sendo que a meta era de 76 bilhões.

Quatro instituições não chegaram a atender inteiramente a exigência de reforçar parte do patrimônio com capital próprio, mas iniciaram medidas de “reestruturação importantes”, disse o a entidade, citando os bancos Dexia.Volksbank AG, WestLB AG e Bankia.

O caso do Bankia, quarta maior instituição espanhola, que foi parcialmente estatizado para ter seus prejuízos cobertos, será tratado separadamente a partir de agora, como já ocorre com os bancos gregos. O relatório final da autoridade bancária, previsto para setembro, deverá trazer mais detalhes. “Para os estabelecimentos que não puderam chegar ao nível requerido mediante investimentos privados, foram implementadas medidas para garantir que eles fiquem em linha com as recomendações da EBA”, afirma a análise. Dos 27 bancos que alcançaram o capital requerido, sete tiveram respaldo de governos.


GM fecha mais uma linha e esvazia fábvrica de São José

Valor Econômico

O fim da produção da minivan Zafira, hoje, afeta diretamente os trabalhadores da fábrica da GM em São José dos Campos (SP), já que o modelo substituto será produzido em outra fábrica, em São Caetano do Sul (SP). Mas, indica, ao mesmo tempo, um novo ciclo para a montadora americana num dos mercados mais importantes do mundo. Os problemas em São José dos Campos se agravaram assim que a companhia conseguiu restabelecer a situação financeira mundial. Enquanto durou a crise na matriz, nos Estados Unidos, a fábrica serviu para atender a um mercado onde a empresa despejava produtos já ultrapassados.

Há um claro esvaziamento da atividade industrial que a GM mantém no Vale do Paraíba há 53 anos e a abertura de dois programas de demissões voluntárias, desde o início de junho, provocou uma onda de protestos sob o comando do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.

Por conta da crise na matriz, nos Estados Unidos, a GM do Brasil atrasou a renovação da linha de produtos. O faz agora, com uma série de novos modelos na programação de lançamentos.

Mas nenhum dos futuros carros da companhia será feito em São José dos Campos. Já as outras duas grande fábricas da empresa no Brasil, em São Caetano do Sul e Gravataí (RS) são contempladas com vultosos investimentos. Em São Caetano, onde já é produzido o Cobalt, que substituiu o Corsa sedã, chegou agora o Spin, que, de uma só vez aposenta a Zafira e a minivan Meriva, também fabricada em São José. Em Gravataí (RS) está em curso uma grande reforma de ampliação industrial e dali sairão os carros de uma nova família de compactos.

Segundo o diretor de assuntos institucionais da GM, Luiz Moan, dos R$ 5,5 bilhões investidos pela companhia no Brasil nos cinco últimos anos, apenas R$ 800 milhões foram aplicados em São José dos Campos, para a produção da nova picape S-10, que foi lançada no início do ano. Acertado em 2008, o investimento na nova S-10 foi a última vez em que a GM e o sindicato local se entenderam.

O plano de diminuir a atividade no Vale do Paraíba e reforçar as demais é resultado de impasse nas negociações de salários e jornada. As montadoras, em geral, têm conseguido negociar com os sindicatos de trabalhadores o sistema de bancos de horas, por meio do qual os operários trabalham mais quando a demanda de mercado exige, mas reduzem o ritmo e “guardam” as horas não trabalhadas quando as vendas diminuem. Mas a entidade que representa a base de São José se recusa a aceitar tal sistema.

Além disso, a empresa está na fase final de construção de uma fábrica de motores em Joinville (SC). Segundo Moan, a escolha pela cidade catarinense ocorreu justamente por conta da falta de acordo com os representantes dos trabalhadores de São José dos Campos. Caso contrário, diz o executivo, a linha que já produz motores em São José teria recebido os recursos para ser ampliada.

A operação no Vale do Paraíba definha à medida que seus produtos começaram a ser extintos. A Zafira é apenas a primeira. Em seguida, sairão do mercado Meriva e Classic, um derivado do Corsa. Assim que a fábrica de motores em Joinville, que sofreu diversos atrasos por conta, sobretudo, de licença ambiental, começar a funcionar, as linhas da terceira maior montadora de carros do Brasil também deixarão de depender da operação já esvaziada. A montadora também prepara-se para definir investimento numa linha de transmissões, que, em parte, são hoje importadas da Europa. E Santa Catarina é o Estado mais cotado para receber a nova leva de recursos.

“A unidade de São José não vai ser fechada porque trata-se de um complexo industrial, com mais de 7 mil empregados, onde, além de carros são produzidos veículos CKD (desmontados), motores e transmissões”, destaca Moan, que pretende retomar as discussões com os dirigentes sindicais.

Filiado à Conlutas, central sindical ligada ao PSTU, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos mantém os mesmos dirigentes no poder desde o início da década de 80. Trata-se de um grupo dissidente da Central Única dos Trabalhadores. Na última renovação da direção, em março, o mesmo grupo foi reeleito, mas perdeu na base da fábrica da GM.

Por enquanto, a montadora tem resolvido seus problemas no Vale do Paraíba de forma pontual. A retração no mercado fez o estoque das últimas Zafiras subir, o que a levou a recorrer ao programa de demissões voluntárias, que recebeu 356. Ao mesmo tempo, o sucesso de vendas da nova S-10 ajudou na transferência de parte dos operários ociosos para a criação do terceiro turno da S-10. Como as montadoras, a GM está ainda amarrada ao recente acordo com o governo federal, que reduziu IPI em troca da promessa de não haver demissões no setor.


“Empreiteira” dos militares cresce com obras do PAC

Valor Econômico

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi um divisor de águas para o Departamento de Engenharia e Construção do Exército. Até 2006, a “empreiteira” militar ficava limitada a projetos de menor porte. Nos últimos seis anos, porém, a realidade mudou radicalmente. Hoje, o Exército tem cerca de 15 mil homens em operação na área de infraestrutura.

Os poucos projetos que administrava se multiplicaram e hoje somam 34 empreendimentos. E não se trata de pequenas operações. Dessas 34 obras, 25 recebem o carimbo do PAC. A relevância das obras também se reflete no investimento total administrado pelos militares. Entre 2005 e 2012, o Exército esteve à frente de um total de R$ 3 bilhões em obras, dos quais R$ 2,4 bilhões fazem parte do orçamento do PAC.

Segundo o general Joaquim Maia Brandão, chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército, não há planos para que a estrutura do DEC seja ampliada, embora uma lista de obras de obras em compasso de espera costume frequentar a gaveta do general.

Os aeroportos da Infraero são apenas uma das frentes tocadas pelos militares. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tem, atualmente, 19 contratos firmados com o Exército para tocar obras de recuperação e duplicação de rodovias federais. No setor portuário, a força militar está presente nos portos de São Francisco do Sul e Itajaí, em Santa Catarina. Com o Ministério da Integração, um batalhão trabalha na conclusão de um dos trechos de aproximação da transposição do São Francisco, em Pernambuco. No mesmo Estado, realiza as obras de revitalização das margens do São Francisco, no município de em Barra, um convênio firmado com a Codevasf.

Quatro obras importantes deverão ser concluídas até o fim deste ano, segundo o general Brandão. A terraplenagem do aeroporto de Guarulhos, a participação no eixo leste da transposição e dois lotes da rodovia BR-101, em Pernambuco e Rio Grande do Norte, vão terminar e liberar três batalhões para remanejamento. Isso significa 3 mil militares em trânsito para novas frentes de trabalho, como uma futura intervenção na BR-235, no Piauí, já encomendada pelo Dnit.

A capacidade de execução de obras ganhou mais musculatura no mês passado, quando o governo anunciou a destinação de R$ 1,5 bilhão para a compra de equipamentos para as Forças Armadas. Os batalhões de engenharia e construção passarão a contar com o apoio de boa parte dos 4.170 caminhões adquiridos pela União.

Para executar as suas obras, o Exército inclui no orçamento de cada projeto o custo de ferramentas e máquinas que, eventualmente, terão de ser compradas. Não há custo com mão de obra, já que o salário dos militares é integralmente pago com recursos da Defesa. No mercado, estima-se que as obras dos militares tendem a custar até 20% menos que aquelas tocadas 100% pela iniciativa privada. Esse número não é confirmado pelo general Brandão. “O que temos é uma missão para cumprir, que é a preparação de nossas tropas para a guerra. Se não temos guerra, temos a obrigação de manter nosso contingente em atividades que, se necessário, irão desempenhar em uma situação de emergência”, diz.

Apesar das críticas que a empreiteira militar costuma receber do setor privado, por conta de sua “intervenção” no mercado, o fato é que os militares estão à frente de obras de infraestrutura desde 1880, quando os militares foram convocados a entrar na construção de estradas de ferro e linhas telegráficas. Só mudaram as obras. “Deu problema? Chama a cavalaria. E a cavalaria é o Exército”, diz o general Brandão.


Suspensão do Paraguai foi sinal pela democracia, diz Patriota

Valor Econômico

A suspensão do Paraguai no Mercosul, devido à falta de condições para defesa no impeachment do presidente Fernando Lugo foi “um sinal claro” de que “não há mais espaço para aventuras antidemocráticas” na América do Sul, defendeu o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, em sessão da Comissão de Defesa Nacional e Relações Exteriores do Senado. Patriota foi criticado por senadores que ameaçam processar o governo por crime de responsabilidade pelo que consideram desrespeito a tratados do Brasil e à soberania do Paraguai. Senadores de partidos aliados apontaram pressões econômicas na queda de Lugo.

Patriota minimizou o relatório do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Inzulza, apresentado nesta semana em Washington, que desaconselhou sanções ao Paraguai e defendeu a legalidade e legitimidade do impeachment de Lugo. O relatório foi criticado por diplomatas sul-americanos e sua discussão adiada. “Ainda estamos numa posição deliberativa”, disse Patriota. O ministro de Relações Exteriores do Peru, Rafael Roncagliolo, que preside a Unasul, deve transmitir a posição do bloco por sanções políticas ao Paraguai, espera o governo brasileiro.

“Não estamos falando de um julgamento apressado de um país individual, de um governo, de um indivíduo, de um chanceler ou de um assessor diplomático”, comentou Patriota, ao relatar os esforços dos governos da União das Nações da América do Sul (Unasul), às vésperas do impeachment, para convencer os senadores paraguaios a dar mais tempo à defesa de Lugo e preservar o rito democrático. “Todos os países da Unasul se reuniram para um pronunciamento”, insistiu o ministro, lembrando que os países sul-americanos, o México, a República Dominicana e o Panamá retiraram seus embaixadores de Assunção, por ver irregularidades no processo contra Lugo.

Senadores como Francisco Dornelles (PP-RJ), veem a suspensão do Paraguai no Mercosul como afronta à autonomia política do país, cujo Judiciário aprovou o impeachment de Lugo, com base em uma Constituição que permite ao Legislativo destituir presidentes por “mau governo”. O Brasil “rasgou” a Constituição do Paraguai, acusou Dornelles. Patriota argumentou que se negou a Lugo o direito também constitucional de defesa adequada.

Senadores criticaram a diferença entre o tratamento dado pelo governo brasileiro ao Paraguai e o conferido a governos de esquerda na Venezuela, Bolívia e Equador, onde há acusações de cerceamento da liberdade de imprensa e de manifestação política. As maiores críticas se concentraram na Venezuela, pelo fato de o Brasil e sócios no Mercosul terem aprovado a incorporação oficial dos venezuelanos no bloco sem a aprovação do Senado paraguaio, aproveitando a suspensão do país mo bloco.

“Nenhuma democracia é perfeita”, argumentou Patriota. Não houve, contra a Venezuela, o grau de rejeição mostrado por todos os países da região, independentemente de orientação ideológica, disse. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) acusou o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia de ser o responsável pelas decisões sobre Paraguai e Venezuela.

Nunes Ferreira e o senador Álvaro Dias (PMDB-PR) anunciaram ter entrado com representação na Procuradoria Geral da República por crime de responsabilidade pelos responsáveis pelas decisões sobre Paraguai e Venezuela, sob argumento de que foram rompidos tratados internacionais do Brasil, como o Tratado de Assunção, que exigiria unanimidade dos sócios para ingresso de novo membro no Mercosul.

Entre os senadores que manifestaram apoio a Patriota, Roberto Requião (PMDB-PR) acusou os senadores paraguaios de apressar a saída de Lugo para impedir que ele influenciasse na própria sucessão e para atender a interesses econômicos, da indústria de alumínio e de sementes trasngênicas, contrariados por decisões do então presidente paraguaio, contra subsídios no preço de energia e monopólio na comercialização de sementes.


Calote do brasileiro cresceu 19% este ano

O Globo

A inadimplência do consumidor foi 19,1% maior no primeiro semestre deste ano do que fora nos primeiros seis meses de 2011, concluiu um estudo da consultoria Serasa Experian, divulgado ontem. Considerando apenas junho, houve um aumento de 15,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas os calotes diminuíram 0,5% em relação a maio.

O estudo mostra que os consumidores enfrentam cada vez mais dificuldades para pagar dívidas aos bancos. A inadimplência nesse segmento aumentou 22,1% no semestre e foi responsável por mais da metade da expansão do calote no período – contribuiu com 10,9 pontos percentuais nos 19,1% registrados.

Emissões de cheques sem fundo diminuíram

As dívidas não bancárias (contraídas por meio de lojas, cartões de crédito, financeiras e serviços como energia elétrica, água e telefonia) aumentaram em nível semelhante (21,6%), mas contribuíram menos para a evolução do calote porque representam uma parcela menor do crédito oferecido no mercado. O único tipo de inadimplência que recuou foi a causada por cheques sem fundos, 5,9% menor no semestre.

Em nota, os economistas da consultoria explicaram que os calotes aumentaram porque a renda do consumidor está comprometida, principalmente com dívidas caras (cheque especial e rotativo do cartão de crédito) e de alto valor (veículos e imóveis). Eles observaram que, em média, cada inadimplente dá quatro calotes, e que 60% deles têm dívidas que superam toda a sua renda.

– Houve descontrole, e o resultado é esse. O consumidor vem se endividando desde 2010, e com prazos longos. Algumas categorias foram prejudicadas com a redução de horas extras provocada pela crise, como os empregados da indústria automobilística – analisou Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian.

Ele prevê que a inadimplência fechará o ano com um patamar alto, mas abaixo do registrado atualmente. Os motivos seriam a menor atividade econômica no segundo semestre, o número baixo de datas comemorativas nos próximos meses e o aumento de renegociações de dívidas. Almeida espera que a inadimplência, pelo indicador do Banco Central, ficará em 7% ao fim de 2012, abaixo dos 8% de hoje.

Estímulos podem ter aumentado endividamento

Wemerson França, economista da consultoria LCA, concorda que houve descontrole dos consumidores, mas afirma que os bancos também foram coniventes com a situação, pois elevaram suas carteiras de crédito sem o devido cuidado, sobretudo no financiamento de veículos.

– A inadimplência está mais alta do que prevíamos e não mostrou desaceleração nem com a política de redução de juros e de spreads bancários empreendida pelo governo. E os incentivos à economia por meio do consumo pelo governo funcionaram como l


Para estimular o crescimento, BC reduz Selic pela oitava vez

Correio Braziliense

Diante de sinais cada vez mais evidentes de que a economia ainda não dá sinais de recuperação, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade reduzir a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,50 ponto percentual, para 8% ao ano — o menor nível da história. Desde agosto do ano passado, foram oito cortes, 4 pontos percentuais de redução e, pelas projeções do mercado, no próximo mês deve vir mais um ajuste, semelhante ao de ontem. A nova queda se junta a outras medidas adotadas pelo governo com o intuito de dar fôlego à atividade, mas que, até agora, não surtiram o efeito desejado.

A fraqueza da economia doméstica e internacional, e a inflação em convergência para a meta, segundo comunicado divulgado pelo Banco Central, justificaram a redução. Com base nos dados conhecidos até o momento, especialistas alertam que a indústria não vai retomar o ritmo pelo menos antes do último trimestre. O comércio, até agora a mola de sustentação do Produto Interno Bruto (PIB, soma da produção de riquezas do país), também derrapou e, em maio, as vendas recuaram 0,8%, apesar das facilidades criadas para o consumo.

“Após decepcionar, com um crescimento pífio no primeiro trimestre, indicadores coincidentes de atividade apontam para um avanço do PIB apenas marginalmente melhor no segundo”, avaliou Luciano Rostagno, economista-chefe do Banco WestLB. “Enquanto o consumo doméstico se mantém relativamente robusto, a indústria brasileira continua acumulando sinais de enfraquecimento, tornando evidente a falta de investimentos e de reformas estruturais no País”, criticou. O clima de frustração pode se consolidar hoje com a divulgação do indicador de atividade econômica do BC. O estudo pode indicar que o segundo trimestre também foi perdido.

Ousadia

Essa expectativa já se desenhava ontem, no mercado futuro de juros. Os contratos fecharam em queda, e aumentaram as apostas de que a autoridade monetária pode levar a Selic para abaixo de 7,5%. Já há, inclusive, quem acredite que, na reunião de outubro, o Banco Central continuará os cortes, mas em ritmo mais moderado, possivelmente de 0,25 ponto percentual. “A crise internacional é persistente, a atividade não deslancha e há comportamento favorável da inflação. Tudo isso ajuda a reduzir as estimativas para os juros”, avaliou Roberto Padovani, economista-chefe da corretora Votorantim.

André Perfeito, da corretora Gradual Investimento acredita que a situação econômica pede ousadia. “O tempo não é de pudores monetaristas. Levando em conta os últimos dados disponíveis, o BC terá jogar a Selic para além do que o mercado acredita como razoável, caso contrário só estará perdendo tempo”, afirmou.

Pela demora dos efeitos da Selic sobre a economia, que pode variar de 6 a 9 meses, analistas começam, no entanto, a questionar quando o Banco Central vai se preocupar com 2013. Juan Jensen, sócio-diretor da Tendências Consultoria estima que a inflação do próximo ano deve ficar em 6%, bem acima dos 4,5% definidos como meta central e próximo do limite de tolerância, os 6,5%. “O cenário externo está deflacionsita, mas nada garante que ficará assim em 2013”, alertou. Segundo ele, no ano que vem haverá reajustes de tarifas de ônibus, que não ocorreram em 2012 devido às eleições. Ele afirma ainda que o mercado de trabalho deve continuar apertado e a atividade econômica será mais robusta. “Pressões vão aparecer por todos os lados”, disse.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) celebrou o corte na Selic. Em nota, afirmou que a política macroeconômica “continua na direção correta”. “A diminuição dos juros favorece a manutenção de um patamar de taxa de câmbio mais favorável aos produtos brasileiros” avaliou a instituição. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) exigiu maior repasse da queda aos clientes bancários e pediu mais ousadia ao BC. A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) adotou postura semelhante. “A queda de juros é benéfica para o Brasil, portanto, essa cautela excessiva adotada pelo BC não é necessária”, disse Paulo Skaf, presidente da entidade.