Brasiguaios apoiam Franco

Em lua de mel com o governo do Paraguai, líderes dos agricultores brasileiros que vivem no país vizinho saíram em defesa do presidente Federico Franco. Para o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia, os “brasiguaios” estão sendo usados por Franco como forma de pressionar pelo cancelamento da suspensão do país do Mercosul e da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).

A suspensão do Paraguai desses organismos dura desde o impeachment relâmpago do ex-presidente Fernando Lugo, em junho último, visto pelos vizinhos e parceiros de bloco como um golpe institucional.

O último episódio de atrito entre Brasil e Paraguai começou na quarta-feira passada, quando Franco atendeu a um convite dos brasiguaios, alinhados a ele desde a troca de governo, para visitar a cidade de Santa Rita, onde vive uma grande comunidade de agricultores brasileiros. Ali, Franco recebeu manifestações de apoio, disse que sua relação de amizade era com o povo brasileiro, não com o governo, e enviou um recado à presidente Dilma Rousseff.

“Eu faço votos para que a senhora presidente [Dilma] escute seus compatriotas, vizinhos, e que possa escutar os cidadãos paraguaios de origem brasileira que vivem aqui”, afirmou ele. “Depois de escutá-los, ela poderá entender que o que aconteceu aqui foi uma mudança de governo como consequência de um julgamento político e constitucionalmente aceito.”

A reação brasileira veio dois dias depois, por meio de Garcia, ao ser questionado por repórteres em Brasília sobre o encontro. “Não gostaríamos que cidadãos brasileiros ou de dupla nacionalidade fossem instrumentalizados em função de política nacional”, afirmou ele.

O comentário do assessor da presidente fez os brasiguaios saírem em defesa do presidente Franco. No mesmo dia, eles soltaram uma nota repudiando a declaração. “A comunidade imigrante não está nem se sente utilizada de nenhuma forma pelo novo governo do presidente Federico Franco, por ter em conta a situação de paz que se encontra em seu trabalho diário nos dias atuais”, diz o documento.

A paz a que se refere o documento está na sensação entre os brasiguaios de que Franco atua para conter as invasões de suas terras, algo que, na opinião dos agricultores, o ex-presidente Lugo estimulava. “No governo Lugo, o imigrante era perseguido, as invasões de terra eram constantes e as ordens de desocupação não eram obedecidas”, disse o agricultor Darci Bortoloso, presidente da cooperativa Copronar e há 35 anos no Paraguai, um dos signatários da nota. “O ambiente agora é mais tranquilo, de trabalho, união, sem ódio entre brasileiros e paraguaios.”

Outro signatário, Juacir Reposse, agricultor que recebeu o presidente Franco em um almoço em sua casa, em Santa Rita, faz duras críticas ao Brasil por sua postura diante do atual governo paraguaio. “A presidente Dilma nos deu um chute na bunda”, disse ao Valor. Para ele, Dilma e os presidentes Cristina Kirchner, da Argentina, e José Mujica, do Uruguai, só criticaram a troca de governo “porque Lugo era da linha deles, de guerrilheiros”.

Reposse é um dos fundadores de Santa Rita, município com 30 mil habitantes, dos quais 90% são brasileiros ou descendentes, de acordo com ele.

Estima-se que vivam no Paraguai cerca de 400 mil brasileiros. Eles são responsáveis por aproximadamente 70% da produção de soja, principal produto de exportação do país.


Governo federal volta a ampliar benefícios fiscais

Valor Econômico

O governo federal ampliou mais uma vez os benefícios fiscais concedidos para vários setores econômicos com o objetivo de estimular o crescimento e reduzir as pressões inflacionárias no próximo ano. Com a Medida Provisória nº 582, foi reduzida a tributação incidente sobre a renda do caminhoneiro autônomo, prorrogada a desoneração de massas alimentícias e criado regime especial de suspensão temporária de pagamento de impostos. O impacto fiscal será de, pelo menos, R$ 3,542 bilhões no acumulado entre 2013 e 2014, sendo que R$ 2,011 bilhões apenas no próximo ano.

Editada na sexta-feira, a MP 582 confirmou a desoneração da folha de pagamento para mais 15 setores. Essa medida já havia sido anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em 2013, 40 setores deixarão de pagar 20% de contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento para contribuir com uma alíquota de 1% ou 2% sobre o faturamento. O custo será de R$ 12,830 bilhões em 2013. Considerando os novos benefícios da MP 582, esse valor sobe para R$ 14,830 bilhões. O montante se aproxima dos R$ 15,2 bilhões que foram reservados no orçamento de 2013 para essa finalidade. Mas, segundo Mantega, esse valor é uma referência e pode ser elevado.

No caso do caminhoneiro autônomo, o governo reduziu de 40% para 10% da receita bruta a incidência do Imposto de Renda (IR). “A tendência é que tenha barateamento de seu custo, refletindo indiretamente no [preço do] próprio frete”, explicou o subsecretário de Tributação da Receita Federal, Sandro Serpa. Além disso, foi prorrogada por mais um ano – ou seja, até dezembro de 2013 -, a desoneração de PIS/Cofins para massas alimentícias. A renúncia fiscal será de R$ 629 milhões em 2013.

A MP 582 criou também o Regime Especial de Incentivo ao Desenvolvimento da Infraestrutura da Indústria de Fertilizantes (Reif), que começa a funcionar em 2013 e representará uma renúncia de arrecadação de R$ 363,06 milhões em dois anos. “Estamos desonerando e tornando mais barato o investimento”, afirmou Serpa, acrescentando que espera o repasse do benefício para os preços. O governo ampliou o Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid). Quando o produto for vendido para a União, a indústria será desonerada de PIS/Pasep, Cofins e de IPI.

A Receita Federal explicou também, na sexta-feira, a instrução normativa que alterou o Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (Recof). O objetivo é estimular as exportações por meio da suspensão temporária de impostos e agilizar o despacho de insumos e partes destinadas a processos industriais. O valor mínimo de exportação anual para que a empresa ingresse no regime foi reduzido de algo entre US$ 10 milhões e US$ 20 milhões para US$ 10 milhões. Antes, o piso variava conforme o setor. Agora, além de não existir essa diferenciação, o regime foi estendido para todos os segmentos econômicos. “Isso abre a possibilidade de maior adesão”, afirmou o subsecretário de Aduana e Relações Internacionais da Receita, Ernani Checcucci.

Atualmente, o Recof beneficia 23 empresas. Segundo o subsecretário, 185 companhias poderão ingressar no regime. Dentre elas, 12 pertencem à linha azul, programa aduaneiro em que a empresa se compromete em manter auditorias internas.


Endividado, brasileiro não paga condomínio

Correio Braziliense

Com 43% da renda comprometida com dívidas, muitas famílias estão sendo obrigadas a escolher as contas que serão pagas no fim do mês. E, para desespero de muitos síndicos, a fatura está sobrando para os condomínios. Como a multa por atraso é de apenas 2% mais juro de 1% mensal e as administradoras relutam em encaminhar os nomes dos inadimplentes para o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), a opção está sendo quitar o cartão de crédito e reduzir os débitos no cheque especial, cujas taxas de juros giram em torno de 10% ao mês. Não à toa, o calote nos condomínios disparou, girando em torno de 20% no Distrito Federal e na maior parte do país, índice três vezes maior do que os 7% considerados aceitáveis.

Na avaliação dos sindicatos da habitação de condomínio estaduais (Secovi) e da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), ainda que o atraso não tenha alcançado um nível alarmante, os números atuais mostram que os riscos de descontrole são grandes, pois a inadimplência está avançando mesmo com o forte aumento da renda dos trabalhadores — pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ganho real (acima da inflação) foi de 8,3% nos últimos dois anos. A ideia dos síndicos é fazer uma ampla campanha de recuperação de crédito para estancar a sangria no caixa dos condomínios.

Bola de neve

O síndico Aloísio Araújo Silva tem a exata noção do que é administrar um condomínio em dificuldades, onde os moradores simplesmente deixam de honrar seus compromissos. Em 2004, quando assumiu o comando das contas de dois prédios com 672 apartamentos do Residencial Europa, no Gama, mais da metade — exatos 53% — das residências não pagava o condomínio de R$ 100. “A situação estava caótica. As pessoas tinham esquecido que a taxa do condomínio é a divisão dos gastos dos prédios. Eu tinha menos da metade do dinheiro necessário em mãos para manter os edifícios em ordem”, relembra.

Para piorar, as dívidas do Residencial Europa, segundo Aloísio, eram astronômicas: R$ 174 mil em contas de água, R$ 37 mil em energia elétrica, funcionários com até três meses de salário atrasados, R$ 315 mil com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e R$ 80 mil com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Nenhum síndico durava no cargo. Além de não pagarem o condomínio, muitos moradores não honravam o financiamento imobiliário. Por não ter dinheiro para investir, aqui era conhecido como favelão”, conta, a contragosto.

Ciente de que tinha de reverter os problemas o mais rapidamente possível, Aloísio ajudou na renegociação das dívidas dos financiamentos imobiliários com a Caixa Econômica Federal e recorreu à Justiça para receber todas as taxas atrasadas. Deu resultado. Hoje, a inadimplência no Residencial Europa caiu para 20%, o piso dos dois prédios foi trocado; os elevadores, modernizados; a pintura, refeita; e o sistema de água, individualizado. “O índice de atraso, no entanto, ainda é alto. Muitas vezes, temos que cobrar taxas extras para fazer melhorias, o que provoca muita discussão entre os que pagam o condomínio em dia. Eles são obrigados a arcar com os custos de quem não paga”, lamenta.

No Residencial Rhodes, também no Gama, o síndico João José Neto chega a comemorar a taxa de inadimplência de apenas 3%. O problema é o valor das dívidas acumuladas: R$ 50 mil. Com o atraso, ele ressalta que os projetos de melhoria do prédio estão parados. A reforma do piso do estacionamento, prevista há dois anos não tem prazo para acontecer. “Só conseguiremos fazer as melhorias quando recuperarmos os débitos em atraso”, diz. Motivo: o arrecadado atual só é suficiente para cobrir os gastos fixos, como água e energia, que variam de R$ 16 mil a R$ 17 mil. “Tento ao máximo evitar maiores problemas aos moradores. Mas todos precisam colaborar”, afirma.

Justiça

Para o advogado do Sindicato dos Condomínios Residenciais e Comerciais do Distrito Federal (Sindicondomínio-DF), Délzio Oliveira, o aumento do calote nos condôminos foi estimulado depois da publicação, em 2002, do novo Código Civil, que reduziu de 20% para 2% a multa sobre o atraso. Além desse encargo, o inadimplente paga juros mensais de 1% e correção monetária. “Se atrasar o condomínio, a pessoa arcará com encargos entre 15% e 16% ao ano. No cartão de crédito, por exemplo, a taxa sobe para 238% ao ano, em média. Por isso, o brasileiro prefere ficar devendo para o condomínio”, explica.

A presidente da Abadi, Deborah Mendonça, aconselha aos síndicos que, em casos graves de inadimplência, recorram à Justiça. “A associação estimula a cobrança das dívidas formalmente, pois um condomínio com alto índice de inadimplência é um condomínio falido”, define. Ela explica que, geralmente, os síndicos procuram os tribunais somente depois de três meses de calote na dívida. “Primeiro há o diálogo e o envio de cartas de cobrança. Depois, a ação na Justiça”, completa.

O advogado Ricardo Trotta vai além e lembra que, desde 2008, os síndicos ganharam o direito de protestar a dívida, o que permite negativar o devedor no SPC com mais agilidade. Para ele, no entanto, falta iniciativa, por parte dos administradores, na hora de recorrer à Justiça. “Por mais que o número de ações tenha crescido, ainda não é comum que os síndicos recorram aos tribunais. Eles querem evitar o desgaste dentro do condomínio. Afinal, você cruza com os devedores todos os dia no elevador”, diz.

Diante da postura mais flexível dos síndicos, o advogado e especialista financeiro Luiz Felizardo Barroso aconselha aos devedores que renegociem os débitos com o condomínio, pedindo até desconto das multas se for comprovada a real incapacidade de pagamento. Não se pode esquecer que ninguém está livre do desemprego ou de doenças graves na famílias, que exigem gastos elevados e inesperados. Segundo ele, os acordos administrativos são mais comuns do que parecem e podem ser fechados em, no máximo, um mês, diferentemente das ações judiciais que podem levar mais de dois anos para serem concluídas. “É relevante que o morador tenha consciência de que a cobrança é necessária”, afirma.

Barroso alerta, no entanto, aos que pagam condomínio que fiquem atentos às cobranças indevidas. “É importante conferir, por exemplo, se as taxas extras são legais. Se não, podem caracterizar improbidade administrativa por parte dos síndicos. “Nesses casos, os moradores podem e devem relatar o caso por meio de uma ação judicial”, aconselha.

No vermelho

Veja o percentual médio de inadimplência nas principais capitais do país

Cidades       Índice de atraso

Rio de Janeiro    11% a 15%

Brasília    10% a 20%

São Paulo    14% a 20%

Fortaleza    15% a 20%

Curitiba    15% a 20%

Fontes: Condomínios, sindicatos estaduais da habitação (Secovi) e Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi)


Arrecadação de impostos cai de novo

Valor Econômico

A arrecadação da Receita Federal, sem considerar a parcela previdenciária, vai continuar em queda em agosto. A baixa nominal – quando não se considera a inflação – será de aproximadamente 0,9%, caindo de R$ 49,6 bilhões em agosto de 2011 para R$ 49,2 bilhões no mês passado. O recuo real, portanto, será ainda maior. Mesmo negativo, o resultado pode indicar alguma recuperação em relação a julho, quando a queda nominal foi superior: 8,78% em relação a igual mês de 2011.

As contas feitas pelo Valor com base no 4º Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do Ministério do Planejamento consideram os recolhimentos administrados pela Receita Federal, como o Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto de Renda de Pessoa Física e Jurídica (IRPF e IRPJ), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto Territorial Rural (ITR), Cofins, PIS/Pasep, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Cide, por exemplo, mas excluem as contribuições previdenciária e ao Plano de Seguridade do Servidor (PSS).

O levantamento, portanto, inclui os tributos que mais oscilam de acordo com a atividade econômica. “Eles são reflexo do baixo dinamismo. A recuperação da economia está demorando mais do que se esperava”, avaliou o especialista em contas públicas Mansueto Almeida. No começo do ano ninguém esperava um aumento entre 1,5% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, o “nível de desaceleração foi muito além do esperado”, completou o economista.

A expectativa do governo era que a economia voltasse a registrar aumento no ritmo de crescimento no segundo semestre. Na arrecadação, isso ainda não ocorreu.

Em julho, a arrecadação administrada pela Receita, exceto a parte previdenciária e do PSS, também registrou queda nominal – de 8,78% – em relação a julho de 2011. Considerando todas as receitas administradas pelo Fisco, o recuo nominal foi de 3,53%. No mês, a arrecadação total, incluindo as administradas por outros órgãos, caiu 2,55% nominalmente. Todas essas comparações são em relação a igual mês do ano passado.

“Mesmo que a economia esteja em um processo de retomada [de crescimento], há uma defasagem para isso aparecer na arrecadação”, disse Almeida. Segundo ele, os recolhimentos de julho e agosto ainda sofrem efeitos do primeiro semestre, que foi considerado ruim pelo próprio governo. Para ele, o cumprimento do superávit primário “vai ficar dependendo de receitas extraordinárias e dividendos”, mecanismo que o governo está usando para atingir a meta.

Relatórios anteriores ao documento de avaliação de receitas e despesas divulgado na quinta-feira mostraram que a expectativa de arrecadação previdenciária para agosto é de aproximadamente R$ 24 bilhões e a do Plano de Seguridade do Servidor, que sofre alterações mínimas no ano, deve ser de R$ 1,8 bilhão.

Se confirmadas essas previsões, as receitas administradas pela Receita, que representam quase toda arrecadação federal, devem somar R$ 75 bilhões em agosto – dado aproximado ao que será divulgado amanhã. Isso significa alta nominal de 2,7% na comparação com agosto de 2011 – resultado puxado pelas contribuições previdenciárias, ligadas à massa salarial. Não foi possível obter informações sobre os recolhimentos não administrados pela Receita, que completam a arrecadação federal.


O desemprego oculto dos EUA

Correio Braziliense

Quando Daniel McCune graduou-se na universidade há três anos, ele acreditava que suas boas notas lhe renderiam um emprego como analista de inteligência no governo dos Estados Unidos. Diplomado em Serviços e História do Governo pela Universidade de Liberty, de Virginia, McCune enviou o currículo para vários órgãos, como a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) e o FBI (a polícia federal americana). Sem sucesso, o jovem de 26 anos jogou a toalha em outubro passado, juntando-se a milhões de cidadãos frustrados que abandonaram a procura por um trabalho.

Voltou a New Concord, em Ohio, para viver com os pais que o ajudam a quitar a dívida universitária de US$ 20 mil. “Eu não gosto, é vergonhoso. Não quero ser um fardo”, disse. Durante a crise financeira, de 2007 a 2009, a maior economia do planeta perdeu 8,7 milhões de postos de trabalho e recuperou, até agora, pouco mais de metade disso. Ou seja, cerca de 4 milhões de pessoas ainda não conseguiram se recolocar. Se todas essas pessoas tivessem permanecido no mercado, a taxa de desemprego de agosto, de 8,1%, seria de 10,5%, de acordo com economistas. Eles calculam ainda que é preciso criar 125 mil empregos por mês apenas para que o indicador atual seja mantido.

A crise também representa um desafio para a tentativa de reeleição do presidente Barack Obama. O aumento do desemprego levou o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, a lançar na semana passada um novo programa de injeção de recursos na economia. Serão US$ 40 bilhões por mês, até que o desemprego caia. Essa decisão tem sido motivo de enormes críticas por parte do governo brasileiro. E caso se encontre com Obama, a presidente Dilma Rousseff fará questão de deixar isso claro.

2 tri de euros para socorro

A capacidade de empréstimo do futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (Mede), o fundo de ajuda permanente da Zona do Euro, será ampliada a 2 trilhões de euros, muito além dos 500 bilhões de euros previstos até agora, afirma a revista alemã Der Spiegel. Os países da Eurozona preparam o aumento para ajudar, em caso de necessidade, grandes economias como a Itália e a Espanha, destaca a publicação, que não cita fontes. O modelo será o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), criado na primavera de 2010 após o início da crise grega. O Mede deve entrar em vigor no próximo ano. Se for aprovado, o uso das mesmas técnicas de reforço de capital do Feef, o mecanismo terá mais poder para empréstimos sem que os governos tenham de contribuir com mais recursos. O projeto enfrenta a oposição da Finlândia, que bloqueou uma aprovação rápida no Eurogrupo.


Governo faz reforço no capital da Caixa e do BB

Valor Econômico

Os empréstimos concedidos pela União à Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil (BB) têm o objetivo de ampliar a capacidade de oferta de crédito e “garantir a continuidade do aumento de participação [dessas instituições]” no mercado, afirmou o Ministério da Fazenda em nota à imprensa.

Segundo medida provisória publicada na sexta-feira, a União dará crédito de até R$ 13 bilhões à Caixa e de R$ 8,1 bilhões ao BB. Os recursos serão um híbrido de capital e dívida e serão aptos a integrar o patrimônio de referência dos bancos, o que garante o aumento de suas carteiras de crédito.

O governo, porém, definiu o destino dos recursos. Na Caixa, R$ 3 bilhões destinam-se ao financiamento de material de construção e bens de consumo durável para pessoas físicas, R$ 3,8 bilhões são para projetos de infraestrutura e o restante é de uso livre. Já para o BB, os R$ 8,1 bilhões devem ser destinados à safra agrícola 2012/13.

Com a operação, o BB deve fortalecer seu índice de Basileia – que mede a capacidade de alavancagem das instituições financeiras – em até 1,2 ponto, calculam analistas do J. Safra. Dessa forma, o índice pode chegar a 15,4%, ante 14,2% no segundo trimestre. A operação também dará fôlego à Caixa, cujo índice de Basileia está em 12,7%, próximo do limite mínimo definido pelo Banco Central de 11%, segundo fonte ouvida pelo Valor.


Dilma quer fim de “clube fechado” no FMI e Bird

Correio Braziliense

A presidente Dilma Rousseff desembarcou ontem em Nova York disposta a levar à abertura da 67ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), amanhã, a mensagem do “multilateralismo”. Na visão da presidente, não existe momento melhor para reiterar em seu discurso aos países ricos que a globalização, tão falada em diversos idiomas, deve ser estendida às instituições, no caso o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), hoje comandados como verdadeiros clubes fechados pelos Estados Unidos e a Europa.

Nesse sentido, Dilma está pronta para dizer às demais nações que, sem estabilidade econômica e paz, não haverá o sonhado desenvolvimento sustentável, tema da Rio+20, da qual saiu um documento considerado tímido do ponto de vista dos ambientalistas. O desenvolvimento sustentável, aliás, será o grande nicho que permeará todo o discurso da presidente, uma vez que esse tema vai muito além da defesa do meio ambiente e perpassa a economia, assunto que ela considera fundamental para tratar na Assembleia da ONU.

Na visão da líder brasileira, a solução para a crise europeia requer uma receita um pouco diferente da que vem sendo executada. Afinal, as medidas de contenção de gastos adotadas pelos governos travaram o crescimento econômico de vários países. Grécia, Espanha e Portugal, por exemplo, estão em sérias dificuldades. Diante desse quadro, é impossível prever por quanto tempo os países emergentes, como o Brasil e a China, aguentarão o tranco e continuarão sustentando a expansão global.

Logo nas primeiras horas da manhã, em Nova York, Dilma chamou ministros que a acompanhavam para trocar ideias sobre o discurso que fará amanhã na ONU e o roteiro novaiorquino. Ela queria saber também a respeito do encontro entre o seu ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e a presidente eleita da Comissão da União Africana, Nikososana Zuma. A sul-africana Nikososana, segundo diplomatas brasileiros, foi incisiva ao falar da sua esperança de ver o Brasil liderando a busca pelo multilateralismo econômico e político. Os países africanos, assim como o governo brasileiro, desejam um assento no Conselho de Segurança da ONU, que até hoje não veio.

Os encontros bilaterais da presidente ainda não foram fechados. Até ontem à tarde, estava previsto apenas que ela teria um encontro com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, do qual participaria o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (Fia), Jean Todt, que atualmente lidera uma campanha de segurança no trânsito.

Na terça-feira, a presidente deve passar a a manhã no plenário da ONU, pois quer acompanhar o discurso do presidente dos EUA, Barack Obama. A possibilidade de uma conversa com o norte-americano voltou à pauta da viagem, mas até ontem não havia sido confirmada. A passagem de Obama por Nova York deve ser rápida por conta da campanha pela reeleição. Não está descartado um encontro da líder brasileira com a chanceler alemã, Angela Merkel. Em Berlim, no ano passado, Dilma criticou as medidas adotadas pelo governo alemão para conter a crise europeia e Merkel não gostou das críticas. Agora, em Nova York, será a oportunidade de desanuviar o ambiente entre as duas.


Construtoras têm interesse em hidrelétricas argentinas

O Estado de S. Paulo

O ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, disse na semana passada que várias empresas brasileiras de engenharia, como Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, demonstraram interesse em participar da licitação para construção das usinas hidrelétricas Presidente Néstor Kirchner e Governador Jorge Cerpernic. As usinas serão construídas no Rio Santa Cruz, província de Santa Cruz, na Patagônia, e terão capacidade combinada de 1,74 mil megawatts (MW).

Segundo ele, agora as empresas buscam um sócio argentino e uma solução de financiamento, duas das condições da licitação. Vido destacou que, além de um empréstimo do BNDES, as empresas também poderiam buscar um financiamento com instituições “globais”.

A presidente Cristina Kirchner anunciou no fim de agosto a licitação do projeto, que já havia sido licitado há dois anos para um consórcio entre a Andrade Gutierrez e a IMPSA. Na ocasião, o projeto era estimado em US$ 4 bilhões, dos quais 88% seriam de financiamento público.

Em abril deste ano, após expropriar a petroleira YPF, Cristina Kirchner anulou a concorrência. Agora, o projeto é estimado em US$ 5 bilhões, e os empreendedores terão de se responsabilizar por 50% dos investimentos.

Vido esteve na sede da Fiesp na quinta-feira, onde apresentou a cerca de 60 empresários convidados as condições para participação das empresas brasileiras na licitação. Ele comentou que ainda terá encontros com representantes de empresas russas e chinesas.

Uruguaiana. O ministro Julio de Vido confirmou que estão adiantadas as negociações com o governo brasileiro e com o grupo AES para fornecimento de energia à usina térmica AES Uruguaiana. A usina está sem operar há mais de três anos, desde que o país vizinho deixou de entregar gás para a geradora por causa de sua crise energética.

“É um empreendimento que nos interessa”, comentou, sem dar detalhes sobre as bases do acordo que está sendo desenhado. Segundo Vido, as negociações, que estavam paradas nos últimos anos, foram retomadas há cerca de quatro meses.

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