Governo não deve cumprir meta fiscal definida para 2012

O resultado fiscal do setor público até agosto e a perspectiva de pressões adicionais pelo lado da despesa no último trimestre consolidaram a visão entre economistas de que o governo não conseguirá cumprir a meta de superávit primário para 2012, estabelecida em 3,1% do PIB. Mesmo o desconto dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), previsto em lei, pode ser insuficiente para que o objetivo fiscal perseguido pelo governo seja alcançado. Além disso, a expectativa é de que a meta também não será alcançada no ano que vem.

Para os analistas, esse esforço menor dá respaldo à análise, feita pelo Banco Central no último Relatório de Inflação, de que a política fiscal passou recentemente de uma posição “de neutralidade para ligeiramente expansionista”. Ainda assim, afirmam eles, isso tem ocorrido de forma mais inteligente, com desonerações tributárias, aumento dos investimentos – pela União ou pelos Estados – e tentativas de contenção das despesas com custeio da máquina federal. Com isso, ainda que a política fiscal fique mais frouxa neste ano e no ano que vem, isso não deverá exigir uma alta muito forte da Selic. Os economistas acreditam que a taxa subirá em 2013, mas não alcançará dois dígitos.

Segundo cálculos da LCA Consultores, as despesas com o PAC devem representar cerca de 0,5% do PIB. O desconto, portanto, permitiria que a meta fosse considerada cumprida mesmo com um superávit primário menor, de 2,6%, recurso já utilizado em 2010. A LCA, no entanto, calcula que, neste ano, a economia para o pagamento do serviço da dívida pública será de 2,3% do PIB.

Entre janeiro e agosto a poupança do setor público foi de 2,6% do PIB, lembra o Bráulio Borges, economista-chefe da LCA, mas há pressões de gastos entre setembro e dezembro, em função do pagamento de 13º salário para funcionários públicos e aposentados que devem comprimir o resultado fiscal até o fim do ano.

Para 2013, o cenário também é de não cumprimento da meta, com estimativa de superávit primário de cerca de 2% do PIB. Mesmo com esse cenário, a trajetória para a relação entre dívida líquida e PIB é cadente, lembra Borges. Isso sugere, diz ele, que é preciso rediscutir o tamanho da meta e, principalmente, como essa “folga fiscal” será utilizada pelo governo.

Ele acredita que o espaço está sendo usando de forma mais “inteligente”, citando, por exemplo, a ampliação do limite de endividamento de 21 Estados em R$ 58,3 bilhões, para que possam levar em frente projetos de investimento em infraestrutura. Esse aumento, estima a LCA, reduz em 0,5% do PIB, tanto em 2013 quanto em 2014, o superávit primário.

Como ao mesmo tempo o governo deve promover desonerações tributárias que reduzem custos, diz Borges, o efeito líquido da política fiscal pode ser desinflacionário, principalmente se novas isenções, como a da cesta básica, forem anunciadas. O economista lembra que, como o BC projeta inflação de 4,9% para o ano que vem, “alívios tributários podem contribuir para que o BC consiga manter juros parados mais tempo do que hoje imagina o mercado”.

O Itaú Unibanco, em sua próxima revisão de cenário, deve reduzir a estimativa de superávit primário de 2012 para cerca de 2,5% do PIB. Em 2013, diz Maurício Oreng, especialista em contas públicas do banco, a poupança do setor público será “razoavelmente” inferior aos 2,6% previstos hoje.

No entanto, diz ele, o banco não deve ajustar a previsão de elevação da Selic em 125 pontos-base no próximo ano, para 8,5% ao fim de 2013, porque mesmo com o impulso fiscal maior, a composição dos gastos sugere que o governo está focado na redução de custos da economia e no aumento dos investimentos. Por isso, a política fiscal expansionista sobrecarregará menos a política monetária.

Embora a projeção seja de manutenção do crescimento das despesas em ritmo próximo a 7% em termos reais, essa alta contempla elevação dos gastos com investimento como proporção do PIB para 1,9% no próximo ano, diz Oreng. Ao mesmo tempo, o reajuste linear de 15% obtido pelo funcionalismo público para os próximos três anos foi “conservador”, afirma ele, pois meramente prevê manutenção do poder de compra dos salários. Por isso, as despesas com a folha devem cair em relação ao PIB para 4,1% em 2013. “Há grande espaço para esse cenário se concretizar no próximo ano”, diz Oreng.

Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, tem visão menos favorável para a política fiscal. Ele projeta superávit primário de 2,7% neste ano e de 2,2% do PIB em 2013.

A avaliação, diz ele, é que do ponto de vista da gestão da dívida pública, a redução do superávit primário não é um risco para o país, já que mesmo com esforço fiscal menor a trajetória para a dívida pública ainda será favorável – ou seja, continuará a cair – “o que não é pouca coisa ante o desafio global de reduzir o endividamento”, diz Padovani.

Por outro lado, diz, a discussão passa a ser em torno da combinação de instrumentos de gestão econômica. Para ele, esforços fiscais menores, mesmo que contemplem desonerações e redução do custo de produção na economia, vão “claramente empurrar o crescimento econômico de 2013”. A alteração da política fiscal, de neutra para expansionista, com resultados primários inferiores à meta de 3,1% do PIB, vai exigir subida de juros. Para ele, no terceiro trimestre do ano que vem o Copom deve voltar a subir juros e a Selic encerrará 2013 em 8,5% ao ano – hoje, a taxa está em 7,5%.


Inflação no Brasil se descola de padrão global

Valor Econômico

A inflação do Brasil se descolou ainda mais dos padrões internacionais no terceiro trimestre. De 22 países que adotam o regime de metas inflacionárias, e já divulgaram números referentes a agosto, em apenas três o índice de preços ao consumidor superou os 5,2% acumulados pelo indicador brasileiro em 12 meses. Até junho, seis países ainda mostravam variação de preços acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que, na época, marcava alta anualizada de 4,9%.

Dentro desse grupo de 22 países, em 12 deles a inflação acumulada em 12 meses está acima do centro do alvo perseguido pelo banco central – o Brasil é um deles. A meta brasileira, de 4,5%, no entanto, é elevada se comparada à de outras economias. Apenas Guatemala e Indonésia miram o mesmo nível de inflação que o BC brasileiro, enquanto Turquia e Gana trabalham com metas mais folgadas, de 5% e 8,7%, respectivamente. Nos demais, o alvo é inferior ao brasileiro, a maioria entre 2% e 3%.

Para economistas, o mercado de trabalho apertado, o alto grau de indexação, a baixa taxa de investimento e o descompasso entre oferta e demanda continuam por trás da resistência dos preços no país, mas dois fatores passaram a ter papel predominante sobre a dinâmica inflacionária nos últimos meses: o choque de commodities e a depreciação cambial.

Analistas avaliam que o efeito da escalada dos grãos após a estiagem nos Estados Unidos poderia ter sido ao menos parcialmente neutralizado por alguma valorização do real, o que está descartado diante das ações do governo para controlar a taxa de câmbio.

Daniel Moreli Rocha, superintendente de tesouraria do Banco Indusval & Partners (BI&P), calcula que, desde 1º de março, quando o dólar ainda estava em R$ 1,71, a moeda brasileira se desvalorizou 18,5% em relação à americana, enquanto uma cesta de moedas de sete países produtores de commodities ficou praticamente estável frente ao dólar no período.

“Nos ciclos anteriores de altas de commodities, o real estava se valorizando, então um movimento compensava o outro”, diz Rocha, para quem a inflação brasileira “certamente” sofrerá mais impacto da disparada dos grãos do que a de outros países cujas moedas se apreciaram. Caso não tivesse ocorrido novo choque de matérias-primas neste ano, ele acredita que o IPCA poderia encerrar 2012 com aumento de 5,1%, projeção que foi elevada em 0,4 ponto percentual após a forte subida dos grãos.

Para Tony Volpon, diretor da Nomura Securities International, o Banco Central e o governo não têm como evitar a volatilidade causada por choques externos, mas podem escolher qual canal será afetado por movimentos imprevistos. Em um regime de câmbio flutuante, diz, o impacto esperado seria a apreciação da moeda. “Quando há um câmbio tabelado, necessariamente parte dessa volatilidade tem de ir para outro lugar. Se o BC não está disposto a apertar as condições monetárias, esse lugar é a inflação.”

Segundo Volpon, o regime de câmbio passou de uma flutuação “suja” para outra inexistente, o que dificulta estimar o repasse da variação cambial para os preços internos. “A única coisa que sabemos é que em um regime de câmbio fixo, o choque externo tem de se internalizar via aumento dos juros ou mais inflação. Sem os juros, o “pass through” (repasse) será maior”, explica.

Com base em fundamentos econômicos, a tendência natural seria que a moeda brasileira estivesse em apreciação, de acordo com Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria. Para ele, definir piso e teto para a taxa de câmbio não é uma ação compatível com o regime de metas inflacionárias. Além desse antagonismo, Jensen aponta que o centro da meta não é mais o primeiro objetivo do BC, ao contrário do que acontece em outros países da América Latina, onde as expectativas futuras de inflação são alinhadas ao alvo central.

Levantamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostra que o Brasil tem a terceira maior expectativa de inflação do mercado para 2013 entre os oito países latino-americanos que adotam o regime de metas, de 5,5%, atrás apenas de Uruguai (6,9%) e Paraguai (5,6%).

Chefe de pesquisa para América Latina do Goldman Sachs, o economista Alberto Ramos observa que a inflação brasileira já parte de um nível mais alto do que o de outras economias. Enquanto no Brasil, o centro da meta perseguido pelo BC é de 4,5% – o mesmo percentual desde 2005 -, no Chile e na Colômbia, os alvos são de 3%. No Peru, o centro é de 2%.

O que diferencia o Brasil dessas economias, além do câmbio mais depreciado no momento, diz Ramos, é a inércia inflacionária, fenômeno pelo qual a inflação passada alimenta a inflação futura, o que, aliado ao baixo desemprego, permite repasses maiores nos preços de serviços. Nos 12 meses encerrados em agosto, o grupo de preços formado por aluguel, mensalidade escolar, cabeleireiro e empregado doméstico subiu 7,9% no IPCA.

Ramos também chama atenção para a taxa de investimento brasileira, na casa de 18% do PIB, o que limita a capacidade de a economia crescer sem gerar inflação. “Todas as economias latinas estão crescendo acima de 5% e investindo entre 26% e 28% do PIB. Com a taxa de investimento brasileira, qualquer aumento da demanda gera pressões inflacionárias”, afirma.

Júlia Braga, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e colaboradora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), concorda com a avaliação de que a baixa taxa de investimento contribui para repasses maiores aos preços – ao limitar ganhos de produtividade -, mas não vê a desvalorização cambial como principal vetor de aceleração de preços este ano. Apesar de ter chegado aos alimentos derivados de grãos no IPCA, o repasse cambial, diz ela, não alcançou os bens industrializados no varejo, o que reduziu o efeito do câmbio na inflação.

Para Júlia, os problemas climáticos que diminuíram a produção interna de alimentos foram cruciais para desviar ainda mais o IPCA da inflação em outros países, ao lado do choque externo de commodities. Apenas em agosto, o preço do tomate saltou 18,9%, após alta de 50,3% em julho.


Pesquisa aponta indícios de recuperação na construção

Valor Econômico

Os ajustes esperados no Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Investimento em Logística, anunciado em agosto pelo governo, permitiram uma melhora na confiança do setor de construção em setembro. Para a Fundação Getulio Vargas (FGV), o setor pode estar começando a se recuperar, após a perda de fôlego dos últimos meses. Em setembro, o indicador que mede a confiança na construção apresentou queda de 7,8% na média trimestral em relação ao mesmo período de 2011, inferior à retração de 9,8% registrada no trimestre encerrado em agosto.

Esse foi o segundo mês consecutivo de recuos menores no Índice de Confiança da Construção (ICC) e a tendência, de acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de estudos de construção da FGV, é a confiança do empresário do setor retomar aos poucos o nível de 2011. “Os empresários estão vendo um presente melhor e apostam em um futuro mais promissor. O nível das expectativas já está mais próximo do registrado em 2011.”

No mês passado, a queda na média trimestral do Índice de Expectativas (IE), um dos componentes do ICC, foi de 6,4% em relação ao mesmo período de 2011, menor que o recuo de 8,1% verificado no trimestre encerrado em agosto. No segmento de obras viárias, a confiança do empresário no trimestre findo em setembro já era 2,1% maior que a registrada no mesmo intervalo de 2011. “Não há dúvidas de que o Programa de Investimento em Logística influenciou isso”, ressalta Ana.


Brasil é 37º em competitividade, diz ‘Economist’

O Estado de S. Paulo

Um estudo da área de pesquisas da revista britânica “The Economist” mostra que o Brasil não terá grande evolução no quesito competitividade nos próximos anos. No novo ranking elaborado pela Economist Intelligence Unit, válido para o período de 2012 a 2016, o País aparece na 37ª posição. No anterior, que considerava os anos de 2007 a 2011, o Brasil estava em 39º lugar.

A lista, que inclui 82 países e é liderada por Cingapura, Hong Kong e Suíça, mostra dois “velhos conhecidos” como os principais gargalos de competitividade brasileira: o custo da mão de obra e a carga tributária.

De acordo com Justine Thody, analista responsável pelo estudo, a dificuldade do Brasil de subir no ranking é reflexo de “amarras estruturais”. “E o País está ficando sem tempo para fazer as mudanças, pois a idade média da população está subindo.”

O estudo mostra que, mesmo em áreas onde o Brasil começa a sair da inércia, como a infraestrutura, o ritmo ainda não é suficiente para que o País se destaque perante outras nações. Em infraestrutura, o Brasil vai continuar em 52ª lugar entre os 82 países analisados. “Não é que o Brasil não esteja fazendo nada, mas outras nações também estão empenhadas em melhorar.”

Se a questão da infraestrutura é preocupante, a do custo da mão de obra e da carga tributária são vistas como urgentes. A estrutura de impostos deixa o Brasil na 76ª colocação no subitem tributos. O problema não são só as altas alíquotas – que correspondem a 35% do PIB -, mas também a dificuldade de as empresas entenderem o sistema.

No quesito mão de obra, decisões como a desoneração da folha de pagamento para 24 setores da economia, terão efeito marginal no desempenho do País nesse quesito. De uma medição para a outra, o Brasil passará da 66ª para 59ª posição.

Evolução. Para Justine Thody, o Brasil avançou em áreas como educação e inclusão digital. O estudo cita o programa de bolsas de estudo em universidades privadas para jovens de baixa renda como exemplo positivo.

O economista Ernesto Lozardo, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), concorda que o Brasil caminho a percorrer no quesito competitividade, mas vê a situação de maneira mais positiva do que a Economist Intelligence Unit. Segundo ele, o assunto está na agenda do governo – algo raro para um País que tradicionalmente sempre se preocupou mais em apagar incêndios de crises políticas e econômicas do que em planejar o futuro.

Lozardo diz que instituições como o BNDES e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão buscando soluções para tornar a economia mais inovadora. “Claro que estamos atrás. Iniciamos agora um processo pelo qual a Ásia passou há 30 anos.”


Mercado vê Selic de um dígito em 2013, mesmo com aperto

Valor Econômico

O juro de um dígito veio para ficar e o mercado brasileiro vai ter que aprender a conviver com essa novidade no cardápio da política monetária. E aqui não se trata da margem que supera a inflação, mas da taxa básica, a Selic nominal, que passará pelo crivo do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana.

Essa avaliação não implica descarte de eventual retomada de ciclos de elevação da Selic. Embora todos os sinais emitidos pelo governo nas últimas semanas indiquem intenção de manter os juros estáveis em 2013, grande número de economistas acredita que o Banco Central deveria promover um aperto monetário a partir da metade do próximo ano, com a inflação pressionada e a economia acelerando.

Mas nada indica que a economia brasileira comportará altas agressivas de juros, a menos que precise reagir a um choque no custo do dinheiro especialmente nos Estados Unidos. Considerando que a economia americana navega desde 2008 em inédita oferta monetária e com taxa próxima de zero – nível que deve persistir até 2015 -, a possibilidade de um choque contagiar o Brasil parece pequeno.

Nem mesmo a expectativa de inflação doméstica pressionada, resistente acima de 5%, incentiva o mercado a contar com alta expressiva da Selic a médio prazo. O Copom poderá puxar a taxa básica, sim, entre o segundo semestre de 2013 e o primeiro trimestre de 2014. Mas, na mais extrema hipótese considerada por economistas, a Selic avançaria 1,5 ponto percentual e chegaria aos 9%. De um lado, entendem os economistas, o governo, ainda que tendo a intenção de estimular a atividade, aprendeu a driblar pressões inflacionárias com desonerações setoriais. De outro, tanto o BC quanto a Fazenda aprenderam a fazer bom uso de medidas macroprudenciais como ação complementar à taxa de juro.

A divisão de opiniões explícita na curva de juros é reproduzida na pesquisa feita pelo Valor Data com 34 economistas. Desse elenco, 25 contam com manutenção da Selic nos atuais 7,50% ao ano na semana que vem e 9 esperam redução de 0,25 ponto percentual, para 7,25%. Esse placar, com uma exceção, vale para o encerramento de 2012. Apenas a MB Associados projeta Selic a 7% em dezembro deste ano e até dezembro do ano que vem. Para o final de 2013, 18 analistas contemplam elevação da taxa que pode chegar, no máximo, a 9%, e 15 profissionais trabalham com manutenção do nível alcançado no fim deste ano.

“O Banco Central pode fixar a Selic nominal, mas não a taxa real. Selic de um dígito é fruto da mesma dinâmica: a queda de potencial de crescimento da economia brasileira como de outras grandes economias”, comenta Tony Volpon. O estrategista da Nomura Securities diz que a principal função da “taxa neutra” é expressar o rendimento médio do estoque de capital real [das economias]. O governo “comemora” a queda da Selic, mas essa queda é sintoma de um novo equilíbrio, com crescimento econômico menor, inflação maior e câmbio mais fraco.

Marcelo Kfoury, economista-chefe do Citibank Brasil, que não vê espaço para corte da Selic na semana que vem por enxergar a economia em firme recuperação, vê elevação do juro no último trimestre de 2013, mas sem que chegue a dois dígitos. “Pode até acontecer, mas só quando as políticas monetárias estiverem normalizadas nas grandes economias. Além disso, considerando que o juro neutro ou de equilíbrio ronda 4% e a inflação, 5,5%, Selic nominal de 9,5% estaria de bom tamanho e por um bom tempo”, pondera.

Os modelos econométricos aplicados por Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra, mostram que parcela do atual recuo da taxa real de juros veio para ficar – é estrutural. “O BC aproveitou a perspectiva de taxa de juros em patamar baixo no âmbito global por um período prolongado e, acertadamente, reduziu a Selic para patamar abaixo da “taxa neutra de longo prazo”. Essa taxa real de juros excepcionalmente baixa pode perdurar por mais alguns anos, dependendo em grande parte do comportamento do hiato do produto global [quanto a economia global pode crescer sem pressionar a inflação]. Nossa visão é que a parcela estrutural da queda do juro real de longo prazo no país é suficiente para garantir que a Selic de um dígito veio para ficar.”


Dados sugerem melhora da economia americana

Valor Econômico

Dados positivos divulgados ontem sobre criação de empregos, pedidos de financiamento imobiliário e atividade no setor de serviços geraram otimismo com a recuperação da economia americana.

Levantamento da empresa ADP, que processa folhas de pagamentos, mostra que o setor privado criou 162 mil vagas no mês passado. O resultado superou a previsão de analistas, que esperavam algo em torno de 140 mil. Ainda assim, o ganho não é o suficiente para reduzir de maneira significativa a taxa de desemprego, que está acima dos 8% há três anos e meio. São necessárias aproximadamente 200 mil novas vagas mensais para baixar o desemprego rapidamente.

Segundo a ADP, as contratações foram puxadas por empresas com menos de 500 funcionários. “Pequenas e médias empresas continuam sendo a força motriz da expansão do emprego”, disse Ward McCarthy, economista-chefe da Jefferies & Co., de Nova York. “As contratações nas novas e pequenas firmas continuarão sendo a chave para a sustentabilidade da reação do mercado de trabalho.”

Hoje o governo divulga o relatório do mercado de trabalho de setembro. Mais amplo, inclui ainda o emprego no setor público. Analistas preveem uma alta moderada.

A pesquisa semanal da Mortgage Bankers Association apontou alta de 20% nos pedidos de financiamento imobiliário na semana passada – para o maior nível desde abril de 2009. Taxas de financiamento em seu nível histórico mais baixo e os preços menores de imóveis estão dando força ao setor.

O setor serviços teve em setembro a maior expansão em seis meses. O índice ISM subiu de 53,7 para 55,1 – números acima de 50 indicam expansão da atividade.

“A economia parece estar se estabilizando”, disse Paul Edelstein, diretor da IHS Global Insight. “Fatores internos começam a melhorar. Empregos estão sendo criados e as pessoas estão um pouco mais confiantes e vão gastar mais.”

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