A esquerda independentista basca coloca em marcha o processo constituinte de sua nova força política – SORTU

A esquerda independentista basca colocou em marcha o processo de debate das teses para o Congresso Fundacional do SORTU, que se celebrará no dia 23 de fevereiro de 2013 para estruturar política e organizativamente seu novo instrumento político, legalizado no dia 20 de junho.

Os conteúdos do processo constituinte são compostos de quatro capítulos: Bases Ideológicas, Linha Política, Organização e Funcionamento, e Comunicação. Junto a estes debates, no dia 9 de fevereiro de 2013, a militância celebrará eleições internas para a designação dos responsáveis políticos pela nova formação política independentista e socialista basca, SORTU.

O SORTU se define como a formação política que reúne, por um lado, o caudal do histórico Movimento Basco de Libertação Nacional, assim como a atualização estratégica produzida no debate “Zutik Euskal Herria”, realizado há dois anos.

A renovação estratégica e funcional que quer aportar ao SORTU não supõe em nenhum momento o abandono dos objetivos estratégicos e do projeto político que historicamente defende a Esquerda Abertzale: uma Euskal Herria independente, socialista, reunificada, euskaldun e feminista, assentada nos valores do internacionalismo, do ecologismo e da diversidade.

Para o SORTU, o Povo Basco, Euskal Herria, deve ir decidindo seu futuro através de acordos bilaterais com os estados, mas se isso for impossível por falta de vontade estatal, avançará no processo de libertação nacional de forma unilateral.

O SORTU recorda o compromisso da resolução «Zutik Euskal Herria» com a unilateralidade, que «se converteu na pedra angular do processo». A declaração assinala que «temos dirigido a unilateralidade a nosso povo e à comunidade internacional, e temos obtido compromissos multilaterais entre agentes desses âmbitos».

As teses declaram que «o conjunto de objetivos estratégicos não se alcançaram de forma imediata e de uma só vez» e que será um processo com diferentes fases e «metas intermediárias». Assim, propomos que, «partindo da realidade institucional atual», se abra «um novo espaço político onde os diferentes territórios possam forjar o modelo institucional de forma progressiva e em função da vontade popular».

Para isso, as alianças políticas são uma «prioridade total». Nas teses está escrito que «a política de alianças e a acumulação de forças constituem ingredientes essenciais para a atuação do SORTU, o que, necessariamente, condicionará o conjunto de sua prática. E o que, para além de sua própria atuação, o trabalho em comum com outras forças e agentes adquire uma prioridade total, posto que supõe a chave para o êxito do conjunto da estratégia. Trata-se de conseguir a relação de forças necessárias para poder levar a cabo a mudança política e social, assim como para tornar factível nosso próprio projeto político». E essa aposta tem nome: Bloco Nacional Popular Independentista, cuja «constituição suporia a máxima expressão da estratégia em favor da soberania plena».

Quanto aos métodos de luta a desenvolver, o SORTU defende em suas bases ideológicas «a desobediência civil como forma de aprofundamento da democracia, entendida como uma prática pública, não violenta, consciente e política», cujo fim é «responder a leis ou situações injustas promovidas pelo poder estabelecido, consistente em negar-se de uma maneira organizada a aceitar a lei ou a situação e mostrar o absurdo desta, desafiando-a conscientemente».

Construir um cenário democrático para Euskal Herria é uma tarefa prioritária, um cenário baseado no reconhecimento de nosso povo como sujeito político e de seu direito a decidir. Estamos falando de direitos fundamentais, tendo claro que este é o solo democrático básico no caminho até a construção de um estado livre na Europa.

O conceito de “revolução democrática” vai muito além de tudo que aí está. Cada vez fica mais evidente nos últimos tempos que as chamadas democracias nada mais são que ditaduras políticas e econômicas camufladas. Os instrumentos de poder não estão nas mãos da população. O capitalismo neoliberal está roubando a democracia dos povos e cidadãos. Hoje a democracia está sequestrada pelos “mercados”, por elites econômicas e suas sucursais institucionais, convertidas em grandes grupos financeiros.

As elites políticas se converteram em diques de contenção para anular a mobilização social e ratar de neutralizar as alternativas políticas e econômicas que nos levem a uma verdadeira transformação política e social.

Há que fazer frente a tudo isso. Há que vertebrar no Euskal Herria a sociedade e as instituições, construindo um modelo próprio que garanta o protagonismo e a participação da cidadania. A sociedade basca tem que ser poder de fato.

Sortu nasce para fazer soprar novos ventos, como alternativa com vocação para impulsionar a mudança política e social em profundidade, como meio para pôr em marcha a “revolução democrática” que Euskal Herria e sua cidadania necessitam; porque somente aspiramos a ser uma mera ferramenta para a liberdade do país.

Além disso, queremos realizar esse caminho juntos com a cidadania basca, impulsionando a acumulação de forças, dando cada vez mais solidez à aliança política constituída em torno de Euskal Herria Bildu e buscando novas cumplicidades com as entidades sindicais e sociais bascos.

Esses são os caminhos colocados à Sortu e à sua militância: nossa liberdade nacional e uma aposta nitidamente de esquerda transformadora, partisana com os trabalhadores e as classes mais desfavorecidas. Damos, assim, início ao processo constituinte de Sortu e nos rebelamos contra a receita neoliberal e quem mais queira seguir impondo grilhões ao povo. Estaremos sempre prontos a enfrentá-los, é o que prometemos.

SORTU

12 de novembro de 2012

Tradução: PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

Linkar a http://sortu.net/es/noticias/40-vamos-a-crear-sortu