Obras em descompasso dão prejuízo de R$ 2 bi à União

Um rombo de R$ 2 bilhões. Esse é o tamanho aproximado do estrago que será causado aos cofres públicos por conta de falta de planejamento e de uma enxurrada de falhas cometidas na execução de dois megaprojetos de infraestrutura na Bahia: a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul, complexo portuário previsto para ser erguido em Ilhéus. A origem desse prejuízo bilionário está no cronograma dos estudos e das obras dos dois empreendimentos, ações que foram realizadas sem nenhum tipo de integração, embora a construção da Fiol, que ligará o sertão baiano até o litoral do Estado, só faça sentido se, na ponta dessa malha de 1 mil km de trilhos, existir um porto para concluir o escoamento da carga.

Listada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Fiol é administrada pela estatal Valec. A ferrovia, que receberá investimentos de R$ 4,334 bilhões, tem previsão de ter seus primeiros 500 km concluídos em junho de 2014, com a ligação de Ilhéus a Caetité. Uma segunda metade de 500 km está prevista para dezembro de 2015, com a extensão de Caetité até a cidade de Barreiras. Acontece que a conclusão do complexo Porto Sul, que até novembro de 2012 sequer tinha o seu local de instalação definido no litoral baiano, só deverá ocorrer daqui a 54 meses, ou seja, em junho de 2018. Isso significa que a Fiol, depois de concluída, ficará sem utilização – ou com nível de operação desprezível – por um período entre três anos e meio e quatro anos.

O descolamento entre os dois empreendimentos chamou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU), que auditou os projetos e calculou o prejuízo que será imputado à União por conta do descompasso nas obras. Ao todo, as perdas somam R$ 1,996 bilhão, cifra que inclui a receita cessante (lucro que a ferrovia deixará de gerar no período) e os custos do capital imobilizado, que embutem a depreciação dos ativos, os gastos com manutenção e o custo de oportunidade atrelado ao que foi investido na malha. Esse prejuízo pode ser ainda maior, já que o TCU se limitou a considerar apenas os investimentos feitos na construção da estrada de ferro, sem contabilizar outros custos atrelados ao projeto, como a sinalização os próprios trens que circularão na via.

“Após dois anos da contratação das obras da Fiol, o trecho que iria conectar a ferrovia ao complexo portuário ainda encontrava-se indefinido”, conclui a auditoria do tribunal. “Foi possível constatar que a implantação e gestão dos dois projetos de infraestrutura apresentam relevantes deficiências, resultantes de seu planejamento não devidamente integrado e coordenado.”

O planejamento da Fiol teve início em 2008. Para defender a viabilidade do projeto, o governo destacou que a ferrovia serviria para integrar as áreas produtivas das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste do país, uma vez que sua malha deverá se ligar à Ferrovia Norte-Sul, também sob responsabilidade da Valec. Ocorre que, atualmente, os últimos 500 km de malha que ligariam a Fiol até a Norte-Sul, entre as cidades de Barreiras e Figueirópolis, no Tocantins, sequer têm data para serem iniciados. Não há, até o momento, nenhuma previsão quanto à conclusão dos estudos necessários para a definição desse traçado.

Quanto ao Porto Sul, que tem investimentos estimados em R$ 3,5 bilhões, o Ibama só concedeu a licença prévia ambiental do projeto em novembro. A expectativa é que a licença de instalação que dará aval para o início efetivo das obras do complexo portuário saia nos próximos seis meses, prazo que já foi considerado pelo TCU para calcular os prejuízos relacionados ao descolamento do cronograma do porto com a ferrovia baiana.

O fato é que, nos últimos três anos, enquanto o Porto Sul enfrentava uma série de obstáculos ambientais para se viabilizar, a Valec já tocava as obras da Fiol. Nesse meio tempo, o porto, idealizado para ser situado na praia de Ponta da Tulha, chegou ater seu licenciamento negado pelo Ibama em 2010. Foi preciso buscar uma segunda alternativa para instalação, em Aritaguá, para que o licenciamento ambiental avançasse.

A principal vocação da Fiol é o transporte de minério. Em Caetité estão as minas da Bahia Mineração (Bamin). O projeto da empresa prevê que 19,5 milhões de toneladas de minério de ferro sejam transportados por ano até o Porto Sul. Numa segunda fase, mais 45 milhões de toneladas anuais deverão ser carregadas pelos trilhos da Fiol e embarcadas em navios ancorados em seu terminal, em Ilhéus. A Bamin, que terá capacidade de movimentar diariamente 62,1 mil toneladas de minério de ferro, pretende iniciar sua exploração em 2014.

Para o ministro-substituto do TCU André Luís de Carvalho, toda cúpula dos Transportes falhou na execução dos empreendimentos. “O Ministério dos Transportes não atuou para evitar o início da execução das obras da Fiol sem que houvesse uma garantia mínima da viabilidade ambiental do complexo Porto Sul, sendo este empreendimento imprescindível para a viabilidade técnica e econômica da ferrovia “, comentou. No caso da Valec, disse Carvalho, “restou evidenciado que a empresa tomou decisões relativas à implantação da ferrovia de forma fragmentada, sem levar em consideração que o planejamento de um conjunto de obras civis com essas características deve envolver, necessariamente, a análise de viabilidade da integração dos sistemas viários e de suas modalidades de transporte”.


Taxas de juros sobem com risco energético e incertezas fiscais

O Estado de S. Paulo

Fatores locais determinaram a alta con­sistente das taxas dos contratos futu­ros de juros em todos os vencimentos nesta terça-feira. O medo de raciona­mento de energia no Brasil, o uso de termelétri­cas para compensar o baixo nível dos reservató­rios das hidrelétricas e a possibilidade de novos abatimentos para que o País cumpra o superávit primário em 2013 fizeram as taxas avançarem, em especial as dos contratos mais longos. Este movimento foi favorecido pelo índice de Pre­ços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) da primeira quadrissemana de janeiro, que acelerouante o veri­ficado no levantamento anterior. Embora o merca­do incorpore manutenção da taxa básica de juro, a Selic, em 7,25%, aumentaram, mesmo que pontual­mente, as apostas de que a taxa básica pode subir no último trimestre de 2013.0 juro com vencimen­to em janeiro de 2014 projetou taxa de 7,16% on­tem, de 7,12% na véspera.

Pela manhã, informações de que o Banco Centrai não pretende realizar novos leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) trouxe viés de alta para o dólar ante o real. O ganho da moeda foi ampliado pela cautela dos agentes financeiros, principalmente estrangeiros, ante os riscos que emergem à perspectiva de entra­da de recursos para investimentos no País, em face  da questão energética, e quanto à imprevisibilidade que envolve as condições para realização de superávit primário. No fim do dia, a moeda americana atingiu R$ 2,0400 no balcão, com elevação de 0,44%, em um movimento que foi favorecido tam­bém pelo exterior, onde o dólar subiu ante o euro e outras moedas de países ligados a commodities.

A Bovespa, por sua vez, recuou pelo terceiro dia seguido e encerrou a terça-feira em baixa de 1,30%, aos 61.127,84 pontos, dando continuidade à realiza­ção de lucros iniciada na última sexta-feira. O Ibovespa acompanhou a cautela externa, onde os in­vestidores aguardavam o início da temporada ame­ricana de divulgação de balanços trimestrais. No âmbito doméstico, as empresas do setor elétrico lideraram as perdas, diante das preocupações quanto ao baixo nível dos reservatórios e ao temor de um eventual racionamento de energia. Eletrobrás PNB caiu 9,35% e Eletrobrás ON perdeu 8,44%. Pesaram sobre os negócios ainda Petrobrás, OGX e Vale. As ações da petroleira recuaram 2,85% (ON) e 2,89% (PN). Os papéis ON da Vale cederam 0,79% e os PNA, 0,62%. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,41% e o S&P 500 registrou queda de 0,32%.


Múltis desistem de operações na Europa e fecham fábricas

Valor Econômico

Peter Hulsmans trabalhou para a Ford na cidade industrial belga de Genk por 26 anos. Quando os executivos da montadora o convocaram com seus 4.300 colegas para uma reunião num raro dia de céu azul em outubro, ele sabia que coisa boa não seria. Esperava um tremor menor, talvez algumas demissões. Mas veio um terremoto: a empresa americana, que pôs seu primeiro tijolo da fábrica local em 1962, estava fechando a unidade.

“Sempre achamos que era mais seguro trabalhar para uma multinacional do que para uma empresa pequena, mas estávamos errados”, diz Hulsmans, perto dos restos de um Ford Mondeo queimado pelos trabalhadores em uma manifestação do lado de fora da fábrica. “A Ford está indo embora e ninguém vai substituí-la… Ninguém mais vai querer investir aqui.”

Nos três anos decorridos desde o começo da crise da região do euro, histórias como a de Hulsmans passaram a ser cada vez mais comuns. Companhias estrangeiras que antes consideravam a Europa um paraíso para o crescimento lento, mas seguro, estão agora rapidamente fechando fábricas ou cortando os investimentos.

Entre 2007 e 2011, os investimentos anuais nos 27 países da União Europeia (UE) caíram mais de € 350 bilhões, superando em muito as quedas de outros indicadores econômicos, segundo mostra um estudo publicado no mês passado pela consultoria americana McKinsey. O declínio foi 20 vezes maior que a queda do consumo privado, por exemplo, e quatro vezes maior que a queda da economia como um todo.

No geral, as companhias globalizadas perderam perto de US$ 2 trilhões como resultado da crise da dívida soberana

Esses investimentos perdidos significam que as empresas da Europa não vão gerar € 543 bilhões em receitas que de outra forma gerariam entre 2009 e 2020, estima o estudo. As empresas estão transferindo operações para os mercados emergentes, para tirar vantagem da produção mais barata; e eliminando milhares de empregos, contribuindo para os níveis recorde de desemprego na área do euro.

Executivos de companhias globalizadas com negócios na Europa afirmam que em grande parte eles engavetaram os planos contingenciais para um possível rompimento do euro, depois que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, anunciou, em agosto, que iria usar as impressoras do banco para impedir um colapso da moeda. Mas eles ainda não retornaram com seus dólares, ienes e yuans. O maior temor desses executivos, uma vez que preveem décadas de estagnação para o bloco, é a transformação do continente em um novo Japão.

“A Europa terá crescimento lento por um longo período. Se eles permitirem a quebra de um banco, como aconteceu aqui em setembro de 2008, poderá ser pior. Portanto, é melhor contar com a Europa sendo lenta”, disse Jeff Immelt, executivo-chefe da General Electric (GE), em uma conferência em Nova York no ano passado.

Executivos afirmam que o fato de o abrandamento da crise ter sido seguido de uma ascensão de políticos antirreformas em países da zona do euro como a França, a Grécia e a Itália não está ajudando. “Estamos vendo alguns sinais preocupantes de retórica contra as empresas entre alguns dos líderes europeus e acreditamos que essa não é uma postura produtiva e cooperativa”, diz Ian Hudson, presidente das operações do grupo químico americano DuPont para a Europa, Oriente Médio e África.

A lista de fechamentos de fábricas de renome e de desinvestimentos no setor industrial está crescendo. Apenas cinco meses antes de a Ford fechar sua unidade em Genk, a General Motors (GM) desativou uma fábrica da Opel aberta há 50 anos em Bochum, na região alemã do Ruhr, eliminando mais de 3.000 empregos. A GE, outrora uma das empresas mais destacadas do setor industrial na Europa, está concentrando a maior parte de seus cortes de gastos de US$ 2 bilhões anunciados em maio, em suas operações na UE, onde executivos afirmam acreditar que a crise está longe de terminar. O conglomerado americano Dow Chemical anunciou em outubro o fechamento de operações na Bélgica, Holanda, Espanha e Reino Unido.

A Hewlett-Packard (HP), o grupo de tecnologia dos EUA, eliminou 8.000 posições na Europa como parte de uma reestruturação. Enquanto isso, a Kimberly-Clark, fabricante dos lenços de papel Kleenex, fechou a maioria de suas fábricas na Europa em seus esforços para melhorar a lucratividade.

No geral, as companhias globalizadas perderam perto de US$ 2 trilhões como resultado da crise da dívida soberana que abala a Europa desde 2009, segundo dados compilados pela Grant Thornton, uma consultoria americana que entrevistou mais de 12 mil executivos em 41 países.

A mudança está ocorrendo não só no setor industrial, onde a investida nos mercados emergentes se estabeleceu há bastante tempo. Ela também começou a se manifestar no setor de serviços, incluindo os serviços financeiros, setor em que a Europa imaginava ter uma vantagem competitiva. Após reduzir os custos na Europa em cerca de US$ 450 milhões, o Nomura, maior banco de investimentos do Japão, decidiu em setembro reduzir ainda mais sua presença na região e se concentrar mais nos mercados asiáticos, que estão crescendo em ritmo acelerado. O banco americano Citigroup recentemente anunciou uma onda de demissões ao redor do mundo, que incluiu 350 pessoas na Espanha e Grécia.

“O saldo de caixa das companhias americanas está muito alto, especialmente no setor de alta tecnologia. Mas, no geral, elas não estão investindo esse dinheiro [na Europa]”, diz Walt Shill, um diretor-sênior da Accenture. A consultoria americana entrevistou mais de 450 executivos de grandes empresas para uma pesquisa sobre investimentos globais, que será publicada nas próximas semanas. “O que ouvimos é que eles continuam investindo nos mercados emergentes em crescimento acelerado.”

Os dados mostram que apenas 3% dos executivos americanos aumentaram seus investimentos na zona do euro desde o começo da crise, enquanto 25% deles aumentaram os investimentos nos mercados emergentes. Pouco mais da metade diz já ter começado, ou estar para começar, a cortar os custos com a transferência de negócios para os mercados emergentes.

A queda dos investimentos na Europa levanta uma dúvida: alguns líderes afirmam que o continente finalmente está saindo da crise financeira e da crise da dívida soberana, mas será que não está entrando em uma crise econômica igualmente arriscada? Até agora, a maior parte dos problemas econômicos está concentrada nos países “periféricos”, como a Grécia e a Espanha, que foram forçados a entrar em programas de austeridade.

Os investimentos estrangeiros diretos vêm caindo a uma taxa anual de 10% desde 2008, segundo o BCE

Mas uma queda maior dos investimentos estrangeiros poderá agravar a recessão de duplo mergulho que parece estar a caminho. Os investimentos estrangeiros diretos vêm caindo a uma taxa anual de 10% desde 2008, segundo dados do BCE. A atividade de fusões e aquisições na Europa encolheu 34% em 2012 em comparação a 2011, e 70% em relação ao pico de 2007, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países mais ricos do mundo.

“Em 2010 e 2011, vários não europeus que olharam para o continente disseram: “As empresas estão sofrendo muito por lá; vamos comprar coisas”, diz Michael Gestrin, economista-sênior da OCDE. “Mas o sentimento mudou no último ano, com a volta do ceticismo.”

A crise da região do euro também exacerbou as preocupações que empresas estrangeiras tinham na Europa desde antes da crise sobre a regulamentação e o fracasso em apresentar planos de reestruturação coerentes.

Em março, Sergio Marchionne, chefe da Fiat na Europa e da Chrysler nos EUA, convocou a UE a seguir a abordagem de Barack Obama para as montadoras americanas de automóveis. Em 2009, o presidente dos EUA optou por seguir uma abordagem prática para reformular o setor automotivo.

“É necessária uma solução estrutural que seja local e que precisa ser administrada e trabalhada pela UE como detentora e guardiã da noção do mercado único”, disse Marchionne. Executivos dizem, no entanto, que pouco se fez nesse sentido até agora. Uma crítica comum é que a UE dedicou muita atenção à austeridade – que a maioria concorda ter sido necessária -, mas poucos esforços para abrir mercados e estimular investimentos e o crescimento.

“O problema básico, no fim das contas, está na competitividade da Europa, e há muitos empecilhos na regulamentação que precisam ser resolvidos”, diz Hudson, da DuPont. “Se se leva mais tempo para criar uma empresa, para construir uma fábrica […] na Europa em comparação ao outros lugares pelo mundo, então, a Europa está, é claro, em desvantagem.”

Hendrik Bourgeois, vice-presidente da GE Europe, diz que a crise teve grande influência ao obrigar países a enfrentar problemas estruturais significativos, como os mercados de trabalho no sul da Europa, que eram fechados demais. O ritmo de reformas, entretanto, é lento.

Há exceções. A operadora de serviços a cabo americana Liberty Global vendeu operações fora da UE e expande sua presença no norte da Europa. Com a demanda, de forma inesperada, se sustentando, a empresa investiu mais de € 7 bilhões nos últimos dois anos em três aquisições. “Nosso setor vem sendo resistente à crise”, diz Manuel Kohnstamm, vice-presidente sênior da empresa. “Planejamos investir mais no futuro”.

Além disso, há uma tendência cada vez maior entre as empresas de países emergentes – em particular, grupos chineses – de aproveitar a atual volatilidade como oportunidade estratégica para ampliar sua presença na Europa. A Huawei, grupo de telecomunicações chinês que enfrentou obstáculos nos EUA por questões de segurança nacional, vem se expandindo de forma agressiva na Europa. Desde o fim de 2010, investiu mais de € 6 bilhões e contratou mais de 2.000 pessoas.

“Para uma empresa chinesa como nós, a Europa ainda é um local muito atrativo para fazer negócios, em parte porque ainda há muita demanda por nossas [tecnologias] e porque o ambiente macroeconômico e político é bastante estável para nós”, diz Leo Sun, presidente da Huawei na Europa.

No curto prazo, porém, os investidores de países emergentes não têm condições de compensar as perdas decorrentes da onda de recuo das empresas americanas, segundo Adrian van den Hoven, diretor de relações internacionais da Business-europe, principal associação de empregadores da UE. “Há um volume crescente de investimentos de mercados emergentes, mas muito disso não é relevante porque é muito pequeno”, diz.

Executivos-chefes e analistas de empresas estrangeiros mostram-se decididos ao afirmar que a Europa continua sendo uma parte importante de seus negócios, mesmo que se torne uma fatia menor em relação a suas operações mundiais.

Multinacionais de países desenvolvidos, no entanto, parecem simplesmente estar assustadas demais com a possibilidade de que o atoleiro em que a Europa agora se encontra venha a ser o novo “normal”. Para Hulsmans e seus 4.300 colegas que logo estarão sem emprego, a perspectiva de encontrar vagas em alguma grande empresa não é das mais promissoras. “O futuro é sombrio para a Europa”, diz.


Fórum de Davos ainda não descarta um colapso do euro

Valor Econômico

O colapso da zona do euro não pode ser descartado, sinaliza o Fórum Mundial de Economia em seu relatório intitulado “Riscos Globais 2013”, divulgado ontem.

O estudo, com base na opinião de mais de mil lideres empresariais e especialistas, alerta que a atual instabilidade na zona do euro continuará a pesar nas perspectivas globais pelos próximos anos. E que os riscos associados a uma grave crise sistêmica financeira, mesmo limitada, não pode ser descartada completamente.

O relatório alerta ainda que, tomando por base os protestos contra as medidas de austeridade na zona do euro, a eleição de governos que rejeitam a austeridade pode conduzir a mais paralisia econômica e levar ao ponto máximo da crise, “potencialmente desestabilizando o sistema financeiro global, no qual a confiança já está diminuindo”. Enormes disparidades de renda e desequilíbrios fiscais crônicos são apontados como os dois principais riscos globais, no estudo, que servirá para as discussões em Davos no fim do mês.

O mundo corre cada vez mais riscos, com a demora na resolução da crise, que desvia a atenção dos desafios da mudança climática, da saúde e de outros problemas, segundo o documento. O relatório destaca que o persistente mal-estar econômico e eventos climáticos extremos formam uma combinação cada vez mais perigosa.


Japão deve ter pacote de estímulo de US$ 220 bi

Valor Econômico

O governo japonês disse ontem que anunciará até sexta-feira a versão preliminar de um pacote de medidas econômicas emergenciais. A medida poderá representar uma injeção de ânimo à estagnada economia do país, que se recupera apenas debilmente de seu último desaquecimento. O plano pode levar à desvalorização do iene.

O pacote deverá enfatizar a necessidade de superar a deflação por meio de maciços investimentos em obras públicas e de adotar uma política monetária agressiva, refletindo declarações anteriores do novo premiê, Shinzo Abe, que já contribuíram para desvalorizar o iene e elevar os preços das ações.

“O incentivo será o primeiro passo do nosso programa de revitalização da economia”, disse Abe no encerramento da primeira reunião do recém-formado conselho de revitalização da economia, que tem sua segunda reunião agendada para sexta-feira, quando deverá aprovar a versão final do plano.

Embora não tenham sido divulgados números oficiais, a mídia do país informou que as medidas envolverão cerca de 10,3 trilhões de ienes (US$ 118 bilhões) em gastos do governo central. Esses recursos virão de um orçamento complementar que deverá ter sua versão preliminar formulada na terça-feira que vem, com metade desse dinheiro destinada a obras públicas. A minuta de orçamento também envolverá cerca US$ 30 bilhões para cobrir rombos na Previdência.

As cifras, no total, se aproximam do orçamento adicional aprovado pelo governo anterior, do Partido Democrata do Japão, após o terremoto e o tsunami de março de 2011, que devastaram a região nordeste do país.

“Prevemos um [pacote de incentivo] bem avantajado”, disse Akira Amari, ministro responsável pela revitalização da economia, em entrevista coletiva ontem. A mídia local disse que, somando-se os gastos dos governos regionais aos do setor privado, o pacote de estímulo pode superar US$ 220 bilhões.

Um esboço do pacote aprovado pelo governo ontem incluiu um apelo para que o governo e o BC do Japão criem um mecanismo que reforce a cooperação, a fim de superar rapidamente o problema da deflação. O documento afirmou também que o governo “continuará a acompanhar atentamente os movimentos do mercado cambial e a reagir devidamente a eles”.

Pelo plano, o governo vai investir em infraestrutura de prevenção contra catástrofes naturais, setor sensível após o terremoto de 2011. O pacote prevê estimular o investimento do setor privado para promover o crescimento, apoiar programas de pesquisa tecnológica e investir em energia renovável.

Economistas manifestaram preocupação com o plano agressivo de gastos de Abe, temendo que a emissão de novos títulos possa criar turbulência no mercado de bônus e desencadear uma alta das taxas de juros de longo prazo. A dívida pública do Japão equivale a mais que o dobro de seu Produto Interno Bruto (PIB).

Mas o ministro da Fazenda, Taro Aso, disse que o governo não estará engessado pelo teto de endividamento de 44 trilhões de ienes adotado por governos passados.


Produção industrial recua em seis de 14 regiões em novembro

Folha Online

A produção industrial em novembro de 2012 caiu em seis dos 14 Estados e regiões pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As quedas mais acentuadas foram registradas em Goiás (-14,7%), Espírito Santo (-6,3%), Pará (-6,0%) e Paraná (-5,1%). Em outubro, os mesmos Estados mostraram resultados positivos de, respectivamente, 16,5%, 13,4%, 4,5% e 2,8%.

São Paulo (-1,9%) e Minas Gerais (-0,7%) complementaram as quedas. Os dois Estados são as principais locomotivas econômicas do país.

Em novembro de 2012, a produção industrial nacional recuou 0,6% na comparação com outubro e 1% em relação ao mesmo período de 2011. No acumulado do ano, a queda foi de 2,6%, o que colocou 2012 como um ano perdido e um dos piores da história para a indústria.

As altas em novembro, segundo a pesquisa do IBGE divulgada nesta quarta-feira (09), foram registradas na região Nordeste (exceto Bahia), de 4,2%, seguido por Bahia (3,5%), Santa Catarina (3,0%), Amazonas (2,9%), Ceará (2,2%) e Rio de Janeiro (2,1%). Já Pernambuco (1,3%) e Rio Grande do Sul (0,4%) assinalaram avanços mais moderados no mês.

Na comparação com novembro de 2011, nove dos 14 Estados e locais pesquisados tiveram recuo na produção industrial. As quedas mais intensas foram registradas por Paraná (-13,4%) e Goiás (-10,1%), pressionadas em grande parte pelo comportamento negativo dos setores de edição, impressão e reprodução de gravações (livros) e veículos automotores (caminhões), no primeiro local, e de produtos químicos (medicamentos) e alimentos e bebidas, no segundo.

Espírito Santo (-8,4%), Rio Grande do Sul (-7,1%), Pernambuco (-5,1%), Pará (-4,3%), Amazonas (-3,7%) e Ceará (-1,4%) completaram o conjunto de locais que assinalaram recuos mais intensos que a média nacional, enquanto São Paulo, parque industrial mais diversificado do país, apontou taxa negativa mais moderada (-0,3%).

Por outro lado, Bahia (8,8%) mostrou o avanço mais acentuado nesse mês, impulsionado em grande parte pelo desempenho positivo do setor de refino de petróleo e produção de álcool, influenciado, sobretudo, pela baixa base de comparação, já que esse ramo recuou 28,1% em novembro de 2011 por conta da paralisação técnica para manutenção em importante empresa do setor.

Os demais resultados positivos foram registrados por Minas Gerais (3,0%), Região Nordeste (1,2%), Santa Catarina (1,1%) e Rio de Janeiro (0,4%).

Acumulado 2012

No indicador acumulado para o período janeiro-novembro de 2012, a redução na produção atingiu nove dos 14 locais pesquisados, com destaque para Amazonas (-7,1%), Espírito Santo (-6,0%), Rio de Janeiro (-5,6%), São Paulo (-4,1%) e Rio Grande do Sul (-3,9%) que apontaram quedas acima da média nacional (-2,6%).

Santa Catarina (-2,6%), Paraná (-2,5%), Ceará (-1,4%) e Pará (-0,9%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas no fechamento dos onze meses de 2012.

Nesses locais, o menor dinamismo foi particularmente influenciado pelos setores relacionados à redução na fabricação de bens de consumo duráveis (motos, aparelhos de ar-condicionado, fornos de micro-ondas, telefones celulares, relógios, televisores e automóveis) e de bens de capital (especialmente para equipamentos de transporte e para construção), além da menor produção vinda dos setores extrativos (minérios de ferro), têxtil, vestuário e metalurgia básica.

Por outro lado, Goiás (3,5%), Bahia (2,9%), Pernambuco (1,4%), Minas Gerais (1,3%) e Região Nordeste (1,2%) assinalaram os resultados positivos no índice acumulado no ano.

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