Inflação passa meta e cresce pressão por alta de juros

A inflação acumulada em 12 meses estourou, em março, a meta do governo, aumentando a pressão de economistas e do mercado por uma resposta do Banco Central (BG), com a elevação na taxa básica de juros (hoje em 7,25%). O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador utilizado na meta, atingiu 6,59% em 12 meses, a maior taxa desde novembro de 2011, informou ontem o IBGE.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que decide a taxa de juros, será realizada na semana que vem.

O resultado do IPCA levou os investidores a elevarem suas apostas em uma alta na próxima reunião. Os negócios fechados na Bolsa de São Paulo indicam uma chance de 80% de uma alta. A alta seria de 0,25 ponto porcentual, elevando a taxa a 7,5% ao ano.

Para a economista Priscila Go-doy, da Rosenberg & Associados, o BC será contraditório se não elevar a Selic após o IPCA acumulado superar o teto da meta. Outros economistas dizem que o BC está mais propenso a iniciar a alta em maio, como Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV), e Solange Srour, do BNY MellonARX.

Os alimentos foram os principais responsáveis pelo estouro da meta, respondendo por cerca de 50% da inflação em 12 meses. O IPCA veio mais comportado em março, mas os produtos alimentícios ainda subiram de forma considerável no mês, apesar dos esforços do governo.

O efeito da desoneração de S itens da cesta básica, anunciada no início de março, ainda não pôde ser percebido com clareza, segundo Eulina dos Santos, coordenadora de índices de Preços do IBGE. “Algum efeito houve, no sentido de reduzir a taxa de crescimento em produtos específicos.”

Outras contribuições para o alívio nos preços, segundo Eulina são as previsões de saíra recorde em 2013, com aumento da produção de soja e arroz, além da melhora nas condições climáticas nos EUA e Argentina.

Produtos beneficiados pela desoneração figuraram na lista de maiores quedas entre os alimentos: açúcar, carnes e óleo de soja. Porém, todos já tinham registrado deflação em fevereiro.

Segundo Eulina, os produtos estavam ficando mais baratos por outros fatores, como a entrada da safra, mas a desoneração pode ter ajudado os preços a recuarem mais. Entre os itens de higiene desonerados, apenas a pasta de dente ficou mais barata.

A conta de luz voltou a subir no mês, depois dos esforços do governo para cortar o valor da tarifa em 18%. Mas Eulina disse que a redução nos dois primeiros meses do ano ainda está segurando o IPCA.

“Os aumentos vieram sobre um preço mais baixo. Embora no IPCA de março tenha tido um impacto, as pessoas estão de fato pagando 18% menos.


Com importações e exportações em queda, Brasil perde espaço no comércio global

Valor Econômico

O Brasil perdeu espaço no comércio mundial em 2012. E a questão na Organização Mundial do Comércio (OMC) é até que ponto essa situação pode piorar neste ano, levando em conta a persistente fraqueza da economia mundial e de ações no país. Em 2012, as exportações brasileiras caíram 5% em valor, a segunda maior queda entre grandes emergentes (na África do Sul caiu 11%) e mais do dobro da média mundial (2,1%). Em 2010 e 2011, as vendas externas brasileiras tinham crescido 32% e 27%, superando inclusive a China (29% e 18%).

A OMC coloca ênfase no lado das importações para se ter melhor ideia dos resultados do comércio em 2012. As compras brasileiras caíram 2%, em sintonia com a média global, mas isso vem após enormes altas de 43% e 24% em 2010 e 2011, quando a expansão das importações foi maior do que dos outros emergentes.

Como resultado, a fatia brasileira nas exportações mundiais baixou para 1,7% (1,8% em 2011), ficando na 22ª posição. Do lado das importações, o Brasil manteve a fatia de 1,6%, mas perdeu terreno, caindo uma posição, para a 21ª, com US$ 233 bilhões.

Ao apresentar projeções do comércio global, Pascal Lamy, diretor-geral da OMC, alertou que 2013 pode ser pior do que o esperado por causa de fortes riscos de deterioração vinculados à crise do euro, ritmo da contração fiscal nas economias desenvolvidas, e da ameaça de países tentarem restringir ainda mais o comércio na tentativa de proteger seus mercados.

Ele considera a ameaça de protecionismo talvez hoje mais presente do que em qualquer outro momento desde o início da crise global “porque as políticas tentadas para restaurar o crescimento têm sido em vão”. Além disso, a entidade diz não saber exatamente em qual medida os países em desenvolvimento conseguiram reduzir sua dependência em relação à demanda externa.

Numa resposta ao Valor, Lamy observou que uma questão é se o “boom” de commodities será perene e infinito, e visivelmente em direção do Brasil ele mostra-se cauteloso: “Eu duvido, haverá um momento em que o volume e valor desse segmento serão vítimas de economias desaceleradas, mesmo se a taxa de crescimento dos emergentes continuará entre duas e três vezes mais elevada do que nas economias desenvolvidas nos próximos anos.”

A expectativa é de que as exportações brasileiras continuarão sofrendo o impacto da menor demanda de matérias-primas da China, já que Pequim não pode exportar no mesmo ritmo para a Europa em recessão, que deixou de ser seu maior mercado (agora são os Estados Unidos).

Segundo, os preços das commodities caíram fortemente. As estatísticas da entidade mostram que o valor das vendas de minério de ferro caiu 24,8%, açúcar, 14%, café e chá, 27,6%, por exemplo.

A China vai prosseguir crescendo mais que as outras grandes economias, mas em ritmo menor. A surpreendente alta das importações chinesas no começo do ano, graças à demanda interna e não para reexportação, dificilmente será sustentável, acreditam certos analistas no mercado.

Ou seja, problemas no setor imobiliário que têm deprimido a demanda de commodities pela China pode continuar. “Isso é notícia ruim para os exportadores de commodities”, diz Qinwei Wang, da consultoria Capital Economics.

Lamy espera, porém, ligeira melhora nas cotações. “A influência de preço sobre commodities é mais importante do que no preço de camisa ou calçados”, diz. “Mas a tendência é de alta de preço de commodities.”

Sobre o baque nas importações brasileiras, a avaliação em Genebra é de que reflete mais a menor demanda do ano passado. “Protecionismo tem um efeito a mais longo prazo”, diz um economista, em referência a medidas de proteção adotadas pelo governo de Dilma Rousseff.

Lamy, porém, é prudente: “É verdade que houve um fenômeno de redução das importações brasileiras, mas se é resultado de medidas macroeconômicas ou de política comercial é difícil dizer e não seria suficiente para taxar isso de protecionismo, até porque a OMC não tem definição de protecionismo.”

Em termos reais (volume do comércio corrigido da inflação e variação cambial), as exportações brasileiras de mercadorias caíram 1,2% em 2012, em comparação ao crescimento médio mundial de 2,1%. Por sua vez, as importações brasileiras caíram 2,1% em volume, ante a alta de 8,5% importado em 2011.

Com relação ao comércio de serviços, em valor, as exportações brasileiras aumentaram 5%, e as importações, 7%, muito abaixo do crescimento de 20% do ano anterior.

Entre os Brics, a China aumentou suas vendas em 8% e manteve-se como a principal nação comerciante com US$ 2,049 trilhões. A Índia e a Rússia também exportaram mais que o Brasil em valor, o primeiro com US$ 293 bilhões, e o segundo com US$ 529 bilhões. As vendas brasileiras alcançaram US$ 243 bilhões.

As exportações do Mercosul caíram 4% em valor e as importações, 3%. Os países da Ásia mantiveram as vendas com alta de 1% e as importações aumentaram 6%.


Cresce uso internacional da moeda chinesa

Valor Econômico

Os pagamentos em yuan, a moeda chinesa, nos fluxos de entrada e saída com o Brasil, aumentaram substancialmente desde novembro de 2012, informou ao Valor a Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Globais, conhecida pela sigla inglesa Swift.

A entidade, que tem 8 mil instituições financeiras como clientes em todo o mundo, não dá cifras, estimando que os volumes ainda são muito voláteis. Mas estima que o acordo de swap entre Brasília e Pequim, de 190 bilhões de yuans, deve elevar a confiança no uso crescente do yuan internacionalmente e expandir o comércio chinês, em sua moeda, com os principais parceiros.

A China é a maior nação comerciante do mundo, com US$ 2,049 trilhões em 2012, seguida dos EUA (US$ 1,547 trilhão). No ano passado, o Brasil exportou US$ 243 bilhões. Para Pascal Lamy, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o uso da moeda chinesa no comércio internacional é uma evolução previsível, mas deixou claro que o impacto não será significativo no curto prazo.

Indagado se seria recomendável que exportadores e importadores brasileiros acelerassem o uso da moeda chinesa, o diretor da OMC foi cauteloso. “A realidade é que o mercado do yuan não é um mercado livre. Antes de intervir num mercado que não é livre, é preciso se tomar precauções para ter a certeza que se mantém o volume de ativos em yuan”, disse.

Nesta semana, a China e a Austrália assinaram acordo para conversibilidade direta entre o dólar australiano e o yuan. Até agora, apenas o dólar americano e o iene japonês eram trocados diretamente na moeda chinesa.


Governo prevê desoneração de R$ 88 bi em 2014

Valor Econômico

A redução de tributos sobre o setor produtivo deverá somar R$ 88 bilhões em 2014, após ter chegado a R$ 70,1 bilhões em 2013, uma alta de 25%, informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao sair da reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), ontem, em que se discutiu a agenda estratégica do governo para os dois últimos anos do governo Dilma Rousseff. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, confirmou que o governo estuda novos regimes de redução de impostos e incentivo a inovação nos setores químico, sucroalcooleiro e têxtil.

“Vamos continuar com a desoneração do investimento, continuar com a desoneração da folha”, garantiu Mantega. “Estamos esperando aprovar a reforma do ICMS, e vai entrar a reforma do PIS e Cofins, que também vai criar uma desoneração para 2014.” Mantega não quis confirmar a prorrogação do programa de compensação por tributos cobrados durante o processo produtivo, o Reintegra, esperada pelos empresários e vista como necessária pelo Ministério do Desenvolvimento.

O Reintegra devolve aos exportadores, sob a forma de créditos tributários ou dinheiro em espécie, o equivalente a 3% do faturamento com as vendas externas, e o Ministério do Desenvolvimento elabora proposta para, a partir de dezembro, incluir no programa o setor de papel e celulose. Técnicos do governo informam que há planos também para estender o Reintegra ao setor sucroalcooleiro. Durante a reunião do CNDI, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, sugeriu que o Reintegra, marcado para acabar no fim deste ano, passe a ter pelo menos cinco anos de validade. “Sem prazo maior, o empresário não tem como incluir no preço”, argumentou.

Segundo o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges, o modelo a ser usado pelo governo nos regimes especiais de incentivo à competitividade, em setores como o químico e sucroalcooleiro, que representam 30% do PIB industrial, será baseado no regime criado para empresa de fertilizantes, o Reif, no ano passado, que eliminou o PIS-Cofins e o IPI na importação de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, e de materiais de construção para os projetos aprovados – na indústria química e na sucroalcooleira, o PIS-Cofins também seria retirado da compra de matérias-primas.

“Os benefícios fiscais sempre estão ligados a metas, de eficiência, produtividade, e manutenção de empregos”, detalhou o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Ele minimizou como “pontuais” as recentes demissões anunciadas na GM, argumentando que o país vive uma situação de “pleno emprego” e demitidos têm sido aproveitados “rapidamente” no próprio setor.

Empresários e autoridades foram apresentados às “agendas estratégicas” para 19 setores da indústria e de serviços. O Ministério do Desenvolvimento considera que as propostas podem ser aprovadas até o fim de 2014.

As agendas preveem, por exemplo, a execução dos regimes especiais para a indústria química e fertilizantes, a partir de agosto. Desde setembro, porém, o Reif, de fertilizantes foi encaminhado ao Congresso como medida provisória, enquanto o Repequim, da química, ainda está em discussão no governo.

Andrade, da CNI, destacado para falar das demandas da indústria, sugeriu que, ao lado das propostas setoriais, que preveem novas medidas de apoio também a outros setores, como o de bens de capital, de petróleo e gás e de saúde, o governo tomasse medidas horizontais, de alcance geral para todos os setores. A pedido do executivo, o governo criou cinco grupos para apresentar, até agosto, na próxima reunião do CNDI, propostas de medidas de redução e desburocratização de tributos, reforma da legislação trabalhista, melhoria de logística, apoio ao comércio exterior e facilitação de investimentos.

“Está se criando um cenário para que possamos tratar do médio e longo prazo”, comentou ao Valor o vice-presidente do conselho da Suzano Holding, Daniel Feffer. Robson Andrade defendeu, porém, novas iniciativas para permitir planejamento de mais longo prazo, como a simplificação de procedimentos para licença de exportação, “que hoje demoram 15 dias”, e a presença da fiscalização capaz de permitir funcionamento dos portos 24 horas por dia, entre outras medidas.

Autoridades e empresários adotaram um tom otimista na reunião, ao comentarem as perspectivas da economia. “O primeiro trimestre deverá fechar com um crescimento razoável, superior ao último trimestre do ano passado”, previu Mantega, ao afirmar que o crescimento iniciado no último trimestre do ano passado está se acelerando em 2013. “A indústria está se expandindo”, disse. O baixo crescimento industrial, para o ministro da Fazenda, foi afetado pelo Carnaval e a recuperação dos investimentos vão garantir, em 2013, um “crescimento sustentável, que vai prosseguir nos próximos anos”.

Para Robson Andrade, a recuperação na indústria não terá o ritmo previsto pelo governo: o crescimento industrial deve ficar em 2,6% neste ano, com aumento, nos investimentos, de 4%, bem abaixo dos esperados 7%.


No bimestre, produtividade cresce mais que os salários na indústria

Valor Econômico

A pesquisa de emprego e salário na indústria, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o setor entrou em 2013 com menor pressão de salários e com ganhos de produtividade. A indústria encerrou o primeiro bimestre com um nível de emprego 1,2% inferior ao de igual período de 2012. Por isso, e também por menores concessões salariais, a folha de pagamentos real passou a exercer uma pressão menor sobre os custos do setor.

No começo de 2012, a folha de salários, aumentou 4,8% sobre o primeiro bimestre de 2011. Agora, o custo de salários mais benefícios avançou 1,6% no bimestre em comparação a igual período do ano passado, sempre em termos reais. A folha de pagamento por trabalhador também cresceu menos neste começo de ano: 2,8%, ante 5,5% no início do ano passado.

O resultado deste custo também mostra que, pela primeira vez no curto prazo, o valor da folha cresceu menos que a produtividade, que variou 3% na comparação entre janeiro e fevereiro deste ano em relação aos dois primeiros meses de 2012. No início do ano passado, o mesmo confronto mostrava perda de 2,3% na produtividade.

O resultado, apesar de positivo, ainda não anima os especialistas. Rogério César de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), chama atenção para a composição do indicador, que é calculado, de maneira mais simples, pela razão entre a variação da produção industrial e das horas pagas. O crescimento “virtuoso”, explica, acontece quando há aumento simultâneo das duas variáveis, mas em ritmo maior da primeira sobre a última. No acumulado do ano, ante os dois primeiros meses de 2012, porém, houve retração de 1,8% no número de horas pagas e avanço de 1,1% na produção.

“A produtividade foi garantida à custa do emprego. Isso indica geralmente que, quando houver recuperação da atividade, as contratações voltarão a acontecer e a produtividade tenderá a cair novamente”, emenda Edgard Pereira, professor do Instituto de Economia da Unicamp. Para ele, esse movimento é importante porque reforça os sinais de que a indústria continua fazendo ajustes, na tentativa de calibrar seu crescimento. A diminuição da ocupação – de 1,5% no acumulado em 12 meses e de 1,2% no primeiro bimestre, contra mesmo período do ano anterior – também reforça o diagnóstico.

Nesse cenário, afirma, o crescimento da folha de pagamentos, de 1,6% em janeiro e fevereiro ante o início de 2012, é ainda herança das elevações generalizadas de salários que aconteceram no ano passado e deve perder fôlego nos próximos meses, diante das expectativas mais modestas de crescimento da economia. Isso explicaria também o ritmo mais lento de avanço, que chegou a 4,8% nos dois primeiros meses do ano passado.

Para Rogério Souza, do IEDI, o aumento do custo salarial diante da queda da ocupação, também indica uma tentativa da indústria de reter sua mão de obra qualificada, que tem sido seduzida pelos ganhos do rendimento médio real em outros setores, em especial o de serviços.

O emprego se manteve praticamente estável na indústria nos últimos meses. Teve variação negativa de 0,1% na média móvel trimestral encerrada em fevereiro e livre de influências sazonais. Para o economista do IEDI, essa estabilidade faz da variável atualmente um dos melhores termômetros para medir o nível de retomada da atividade industrial, especialmente diante dos resultados atípicos do índice de produção – alta de 2,6% janeiro e queda de 2,5% em fevereiro, ambas ante mês imediatamente anterior e dessazonalizadas. “Quando a retomada for mais consistente, o emprego reagirá a reboque e apresentará crescimento”.

No confronto com fevereiro de 2012, a pesquisa indica que a redução de 1,2% na ocupação decorreu de uma queda em dez dos 14 locais que avalia. O resultado foi puxado pela região Nordeste, que contabilizou retração de 5,3%, ainda na comparação mensal, pressionada por taxas negativas em 13 dos 18 setores.

O aumento de 2,8% da folha de pagamento da indústria em fevereiro, na comparação com janeiro, ocorreu devido ao pagamento de participação nos lucros em setores como o extrativo e de transformação, informou o economista do IBGE, Fernando Abritta. “A alta da folha em fevereiro sobre janeiro pode ser atribuída à alta no setor extrativo (+2,5%), devido ao pagamento de participação nos lucros e resultados em algumas empresas. O setor de transformação também registrou alta de 1,7% na folha de pagamento”, explicou.


Para a OMC, Europa travará negócios

Valor Econômico

A Europa vai continuar afundando a demanda mundial neste ano, fazendo a Organização Mundial do Comércio (OMC) baixar sua projeção para as exportações e importações em 2013. Agora, a OMC projeta alta de apenas 3,3% do comércio mundial, abaixo da média de 5,3% dos últimos 20 anos e um corte em relação à projeção de 4,5% feita em setembro. A OMC se baseia em crescimento econômico global de 2,1%.

As exportações de economias desenvolvidas devem crescer apenas 1,4%, enquanto as dos países em desenvolvimento aumentarão 5,3%. No lado das importações, os desenvolvidos comprarão apenas 1,4% a mais e os emergentes 5,9% a mais do que em 2012.

Além da discrepância no ritmo do comércio mundial, a OMC confirma as divergências no lado dos próprios países desenvolvidos.

A economia da União Europeia “deverá estagnar ou se contrair ligeiramente neste ano”. Embora a Alemanha resista, outros países europeus continuam em recessão. Nada menos de 90% do crescimento econômico global deve ser gerado fora do bloco europeu.

A desaceleração econômica europeia tem peso desproporcional no comércio mundial. A OMC leva em conta a UE como um todo, assim representando 32% do comércio global. Só que, descontando as trocas entre seus países membros, essa fatia cai para 15%.

Nos Estados Unidos, o desemprego caiu, mas os progressos têm sido lentos. E no Japão, os anos de deflação dificilmente serão superados rapidamente.

A China, maior exportador mundial de mercadorias, continuará mais forte do que as outras grandes economias, mas também sofrerá impacto da menor demanda europeia.