‘Governos devem investir em bancos insolventes’
“Em crise, investir em bancos insolventes seria a coisa certa a fazer”, disse Michael Moore, vice-diretor do departamento monetário e de mercado de capitais do FMI, durante seminário promovido pelo BC. Ele completou que, mesmo assim, os Estados Unidos e os países europeus tiveram muito medo em agir dessa forma.
Moore ponderou, porém, que se for necessário usar dinheiro público o Estado precisa ser “feroz” para proteger seus ativos e o dinheiro dos contribuintes. Ele disse que a experiência da crise mostrou que o dinheiro investido pelo Estado acaba sendo insuficiente. “Vimos vários casos em que o governo forneceu apoio e depois precisou investir mais dinheiro porque o capital fornecido inicialmente não bastou.”
O representante do FMI disse também que as instituições socorridas não podem ficar sobrecarregadas para pagar imediatamente o que foi injetado pelo Estado. Além disso, segundo ele, os custos do socorro não podem ser caros demais, como no caso da Finlândia, onde o impacto do apoio governamental acabou levando à descapitalização das instituições pelo custo excessivo do “empréstimo”. Moore afirmou que houve excesso de otimismo no apoio fornecido pelo governo.
Moore alertou para o fato de que as atividades bancárias estão ficando nas mãos de grandes instituições e citou, inclusive, o caso brasileiro. Depois disse que é preciso discutir se não é preciso impor limites ao tamanho das empresas e promover desmembramentos. “Temos que ter as ferramentas necessárias para lidar com esse tipo de instituição de grande porte”, afirmou.
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Governo vai barrar reforma do ICMS aprovada no Senado
O Estado de S. Paulo
Depois que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um texto contendo mudanças com as quais o governo não concorda, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, ameaçou retirar dinheiro do fundo que financiaria as perdas estaduais, e que tem por objetivo acabar com a guerra fiscal. A norma ainda precisa ser votada pelo plenário do Senado.
Em jogo, estão cerca de R$ 450 bilhões que seriam repassados para os Estados no período de 20 anos. Sem os recursos da União para os fundos de Compensação de Receita (FCR) e de Desenvolvimento Regional (FDR), a proposta de reforma do ICMS fica, na prática, inviabilizada.
Após a votação da CAE, Barbosa advertiu que as mudanças introduzidas pelos senadores foram “muito além do acordado”. “O Senado é soberano para fazer a sua avaliação, como nós também somos para colocar os recursos nos dois fundos da reforma. Precisamos reavaliar o impacto dessas modificações”, disse.
Alguns Estados também criticaram o texto aprovado. “Ficou mais complexo, porque continua o sistema de desigualdade de alíquotas”, disse o secretário de Fazenda do Maranhão, Cláudio Trinchão, coordenador do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). “Se o objetivo é racionalizar o ICMS, ele não será alcançado”, comentou o secretário de Fazenda do Pará, José Tostes. “Vai ficar complicado e caro para as empresas e difícil de controlar para os Estados”, afirmou secretário de Fazenda de Minas Gerais, Leonardo Colombini.
O texto aprovado ontem prevê três níveis de alíquota do ICMS para as transações entre Estados: 4%, 7% e 12%, esta última para a Zona Franca de Manaus, nove zonas de livre comércio na região Norte e o gás natural. A alíquota de 7% vale para os Estados do Norte, Nordeste,i Centro-Oeste e o Espírito Santo. A intenção inicial do governo era estabelecer uma única alíquota, de 4%, para praticamente todas as operações.
Ameaça
A estratégia do governo é usar a ameaça de retirar dinheiro dos fundos para reverter, no plenário do Senado, dois destaques aprovados pelos senadores da CAE que desvirtuam a proposta original da presidente Dilma Rousseff. Segundo Barbosa, o governo não concorda com a ampliação de 7%
para comércio e serviços, seto res em que há mais espaço paia fraudes, maquiagem e o chamado “passeio de nota”, práticas que são adotadas pelas empresas para pagarem menos ICMS nas operações interestaduais.
A inclusão do comércio foi feita pelo senador Agripino Maia (DEM-RN), e contrariou principalmente os Estados do Sul e Sudeste, que já haviam se conformado com os 7% para bens manufaturados. “Incluir comércio foi exagero”, reclamou o secretário de Fazenda do Rio Grande do Sul, Odir Tonollier.
“Não era o que eu defendia, mas foi um passo importante”, justificou o presidente da CAE, Lindbergh Farias (PT-RJ). As alíquotas diferentes são a base das disputas estaduais. Por isso, muitos especialistas acreditam que a batalha continuará. A chamada guerra fiscal acontece quando Estados oferecem desconto no ICMS para atrair empresas e investimentos.
Emendas
Ontem, a CAE analisou emendas ao texto – entre elas, uma alteração proposta pelos senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Eduardo Suplicy (PT-SP), eliminando os 12% para a Zona Franca. Mas essa proposta foi derrotada.
Mas a avaliação de que o sistema piorou não é compartilhada pelo secretário de Fazenda de Goiás, Simão Cirineu, um experiente administrador tributário. Para ele, o funcionamento prático do sistema atual não contempla duas alíquotas, mas uma infinidade delas, já que há muitas formas de desconto
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Petrobras prevê produção de 5,7 milhões de barris em 2020
Valor Econômico
Os pesados investimentos realizados pela Petrobras vão elevar fortemente a produção de petróleo e gás natural nos próximos anos, passando dos atuais 2,25 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia para 5,7 milhões em 2020, o que permitirá ao Brasil exportar liquidamente 2,1 milhões de barris diários, disse ontem a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Segundo ela, a exploração e a produção nos campos do pré-sal serão o “principal pilar” desse aumento. Em evento realizado em Houston, no Texas, Graça Foster afirmou que a capacidade de refino da Petrobras deve subir dos atuais 2,1 milhões de barris por dia para 3,6 milhões em 2020.
A presidente da Petrobras destacou os investimentos que serão realizados pela empresa nos próximos anos. De 2013 a 2017, eles vão totalizar US$ 236,7 bilhões, dos quais 62,3% vão se concentrar na exploração e distribuição de petróleo. “De 2000 a 2012, a Petrobras investiu US$ 270 bilhões.”
Graça ressaltou o forte crescimento do consumo de derivados de petróleo no Brasil, bastante acima da média global. Entre 2000 e 2012, o consumo de gasolina no país aumentou 73%, muito superior aos 17% registrados no mundo. No caso do óleo diesel, a demanda brasileira aumentou 52% e a global, 31%. Nesse cenário, disse Graça, a tarefa da Petrobras “não é simples”. Segundo a presidente da empresa, é preciso de muita atenção para fornecer toda a energia de que o consumidor brasileiro necessita. A Petrobras, ressaltou ela, é a responsável por quase toda a oferta de petróleo no país.
Ao comentar o forte apetite por energia proveniente dos mercados emergentes, Graça disse que esse é realmente um dos grandes desafios das empresas do setor, mas observou que a prioridade “é desenvolver e manter a demanda doméstica”. É importante definir o foco, segundo ela, para ter ideia exata do tamanho da demanda interna e o quanto será investido.
A presidente da Petrobras destacou a importância do investimento em pesquisa e desenvolvimento, que cresceu a um ritmo anual de 18,3% de 2000 a 2012. Ao investir esse volume de dinheiro em P&D, disse ela, a Petrobras se colocou na vanguarda tecnológica na exploração de petróleo em águas profundas. Em 17 de abril, a produção dos campos do pré-sal atingiu 311 mil barris por dia. Nos últimos 14 meses, a Petrobras fez 53 descobertas, sendo 15 no pré-sal.
Graça disse ainda que a expectativa é que as reservas provadas da Petrobras subam dos 15,7 bilhões de barris de óleo equivalentes em 2012 para 31,5 bilhões nos próximos anos.
Ao comentar a retomada dos leilões de campos de petróleo na semana que vem, pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), Graça Foster disse que a estatal está aberta a parcerias com estrangeiras, desde que haja disposição dessas companhias em investir. Ela afirmou que os leilões deverão ser mais frequentes daqui em diante, o que é importante para o setor.
A uma plateia formada por executivos e empregados da indústria do petróleo e gás, Graça disse que o “Brasil é o lugar certo para investir”. O país, segundo ela, tem estabilidade, indústria forte, marco regulatório estável e bons estaleiros.
A executiva participou do painel “Panorama global de energia – moldando o futuro”, na Offshore Technology Conference (OTC), o principal evento da indústria petrolífera sobre a exploração e produção de petróleo no mar.
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Inglaterra volta a apelar para as privatizações
O Estado de S. Paulo
O Reino Unido prepara a venda de algumas empresas estatais, como forma de fazer caixa e ampliar investimentos. A ação vai incluir o mais antigo serviço de correio do mundo, o Royal Mail, e a enriquecedora de urânio Urenco. Juntas, só as duas empresas podem garantir até £ 6 bilhões – cerca de R$ 18 bilhões – aos cofres públicos. Outro alvo é o Royal Bank of Scotland, banco nacionalizado após o estouro da crise de 2008,
O plano britânico é, com o caixa da venda das empresas, aumentar os investimentos para ajudar a economia a sair da crise. Entre as opções sobre a mesa, o governo de David Cameron parece estar mais adiantado com os planos de venda dos correios. Aberto ao público em 1635 pelo Rei Carlos I, o Royal Mail é o mais antigo serviço posral em funcionamento no mundo e, até hoje, é uma das maiores empresas do Reino Unido.
Em abril, o ministro de Negócios do país, Michael Fallon, confirmou que o governo já faz estudos para vender pelo menos parte da empresa. O plano inicial é fazer a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) do Royal Mail. Mas o governo não informou qual parcela da empresa pode ser oferecida ao mercado. A imprensa britânica cita também que a equipe de Cameron cogita a possibilidade de vender parte da estatal diretamente a um comprador, como um fundo de private equity.
“Posso afirmar categoricamente que não temos a intenção de vender barato o Royal Mail. Vamos vender as ações a um preço justo e que represente um valor para o contribuinte”, disse o ministro. Estudos independentes citam que os correios valeriam entre £ 2 bilhões e £ 3 bilhões – algo entre R$ 6 bilhões e R$ 9 bilhões.
Urânio» Outra estatal em questão é a enriquecedora de urânio Urenco, sociedade entre Reino Unido, Alemanha e Holanda. Para Fallon, a venda do terço britânico do capital da empresa “faz sentido comercial” e não há razão política para manter essas ações com o governo inglês. “A nossa prioridade é que o dinheiro do contribuinte seja gasto da melhor forma possível para impulsionar o crescimento econômico.”
No setor bancário, o presidente do Royal Bank of Scotland, Philip Hampton, disse na semana passada acreditar que o governo estará pronto para começar a venda de 81% do banco – parte do capital sob controle estatal – até meados de 2014. No mesmo prazo, o governo também poderia vender as ações que detém no Lloyds Bank (cerca de 40% do capital do banco).
Apesar da intenção do governo, a venda de estatais é um tema no mínimo polêmico. Responsável por cerca de 150 mil empregos, o Royal Mail, por exemplo, é o maior empregador do país. O governo já tentou acalmar os críticos ao afirmar que, mesmo privatizado, o serviço vai respeitar a regra de atender todos os domicílios britânicos seis vezes por semana sem diferenciação de preços entre localidades.
Nos anos 80, vale lembrar, o Reino Unido viveu um dos mais intensos processos recentes de privatização do planeta. Liderado por Margaret Thatcher o governo vendeu a British Gas, British Airways e a British Telecom, entre muitas outras companhias. A dama de ferro, porém, não tocou na estatal dos serviços postais que tem como logotipo a coroa da rainha. Na época, Thatcher explicou com poucas palavras: “O Reino Unido não está preparado para privatizar a cabeça da rainha”.
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Produção de carros é recorde e setor espera mais investimentos
O Estado de S. Paulo
Com o melhor abril em vendas, a indústria automobilística também registrou recorde em produção. Foram 340,9 mil veículos, o maior volume mensal já obtido pelo setor. No quadrimestre, o resultado é recorde para o período, com 1,168 milhão de unidades, 17% mais que no mesmo período de 2012.
A produção em abril cresceu 30,7% em relação ao mesmo mês de 2012 e 6,8% ante março. O maior volume anterior havia sido o de agosto passado, com 329,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Já as vendas totalizaram 333,7 mil unidades, alta de 29,4% ante os números de um ano atrás e 17,5% maior que o de março. O mês fechou com 362,6 mil veíclos em estoque, o equivalente a 33 dias de vendas. Em março havia 35 dias de estoque e, em fevereiro, 40 dias.
No ano, as vendas cresceram 8,2% ante 2012, com 1,164 milhão de veículos, também recorde para o período. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, reconhece que o setor não vai manter o mesmo ritmo de crescimento daqui para a frente.
“O primeiro quadrimestre de 2012 foi uma fase difícil e só melhorou depois que o governo reduziu o IPI, em maio”, afirma. A partir de junho, diz, houve cres cimento normal do mercado, por isso a base de comparação a partir de agora será outra.
Segundo ele, em números absolutos não haverá desaceleração de vendas e produção, mas no cômputo geral a taxa de crescimento será ajustada. Para maio, a previsão das empresas é de vender 310 mil veículos.
A Anfavea projeta para o ano alta de 4,5% na produção (3,49 milhões de veículos) e de 3,5% a 4,5% nas vendas (3,97 milhões, incluindo importados).
PIB
A indústria automobilística deverá ajudar a puxar o resultado do Produto Interno Bruto do País. Junto com as autopeças, o setor responde por 23% do PIB industrial. Moan aposta em alta de 3,5% a 4% na economia brasileira em 2013, acima da previsão do Banco Central (com base na pesquisa Focus), que e de 3%, embora vários economisias e bancos já projetem índices inferiores.
Moan credita o bom desempenho até agora ao ajuste de produção com novos modelos, maior demanda e estímulos à nacionalização após o anúncio do programa InovarAuto, do governo federal. As montadoras, junto com as autopeças, têm planos de investir R$ 60 bilhões no País entre 2013 e 2017, montante que pode ser revisto diante dos recentes anúncios, como o da Fiat, que na segunda-feira ampliou seu programa de aportes para R$ 15 bilhões.
O executivo ressalta que as perspectivas para o mercado interno são boas, mas o País precisa voltar a exportar. Ao assumir a presidência da Anfavea, no mês passado, Moan disse que a Anfavea prepara proposta de política automotiva de exportação, batizada de Exportar-Auto, a ser levada ao governo. Entre as medidas sugeridas está a desoneração de impostos não repassáveis embutidos na cadeia produtiva.
“Nossa meta é voltar a exportar 1 milhão de veículos em 2017, o que representará 20% da produção”, diz o executivo. Em 2005, o Brasil exportou quase 900 mil veículos, ou 30% da produção na época.
Moan ressalta a grande competição no mercado brasileiro, onde atuam 62 marcas, entre fabricantes e importadores. Há 1.754 modelos e versões de veículos à venda. “Dificilmente há algo parecido em qualquer outro mercado do mundo.”