Dilma e cLula veem articulação política frágil para 2014

 

Foi feito um diagnóstico de que a articulação política da presidente com o Congresso segue frágil e o relacionamento com os parlamentares, considerados correia de transmissão de popularidade da presidente nos grotões, precisa melhorar.

O almoço contou com a presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão, e do ministro Aloizio Mercadante (Educação), cotado para coordenar a próxima disputa presidencial.

Dilma, que desde o início do ano passou a se relacionar diretamente com prefeitos, na tentativa de se livrar de chantagens e pressões dos parlamentares a cada votação, foi advertida de que a estratégia não deu certo.

Por isso, a partir de agora a presidente passará a agradar aos parlamentares com convites para viagens às suas bases eleitorais, informações sobre liberação de recursos para prefeituras, permitindo que eles possam também capitalizar politicamente benefícios para os municípios. Será feito ainda um levantamento sobre as emendas que poderão ser liberadas.

Campos

A candidatura de Eduardo Campos foi um dos principais temas do almoço. Há uma divisão na cúpula petista sobre o que fazer em relação aos cargos que o PSB detém no governo. Lula defende que o ônus de permanecer como aliado do governo federal é de Campos e, por isso, prega a “conciliais 10”, lembrando que cabe ao governador demonstrar coerência política. O governo federal não teria nada a perder.

No Planalto, no entanto, há quem defenda que os cargos de Campos sejam retirados desde já, levando o partido para a oposição, a fim de atender a demandas de aliados sedentos por cargos para continuar apoiando o governo e a reeleição.

Discórdia

O PT está preocupado com palanques da eleição do ano que vem em vários Estados e apesar dos problemas no Congresso, quer tentar usar os parlamentares e os prefeitos para darem capilaridade ao projeto da reeleição. Um dos dados avaliados pelos petistas, com base em uma pesquisa qualitativa realizada pelo partido recentemente mostrou que apesar de a oposição ter aproveitado o 1.° de Maio para abordar o aumento da inflação e criticar o governo, os adversários políticos ainda estão sem discurso.

Os petistas estão convencidos de que, apesar da subida da inflação, a percepção da população é de que há uma sensação de bem estar nas famílias e que o lento ritmo do crescimento econômico ainda não os afetou. No programa do PT veiculado ontem em rádio e TV, o ministro Guido Mantega (Fazenda) foi encarregado de enfatizar que o governo “continua a baixar a inflação de forma implacável” (veja mais na web, link acima).

Prefeitos. Estratégias já adotadas por Dilma foram reavaliadas pelo núcleo político do PT ontem, Uma delas é a articulação pessoal com prefeitos. Em eventos recentes, Dilma passou a entregar ônibus escolares e retroescavadeiras aos prefeitos. Isso irritou congressistas que vão se candidatar em 2014, Dilma também distribuiu “mimos” no Nordeste para golpear prováveis rivais. O gesto foi considerado contraproducente.

Na TV

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, era o convidado de ontem do Programa do Ratinho, do SBT. Com a desistência de Aloizio Mercadante, Padilha é o nome mais cotado no PT para disputar o governo de São Paulo.

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Indústria quer reajustes de 5% a 20%

O Globo

A alta da inflação nos últimos meses já provoca uma queda de braço entre indústria e varejo. As negociações entre os fornecedores – determinados a repassar o aumento de custos acumulados nos últimos dois anos – e as redes varejistas estão cada vez mais acirradas. Segundo fontes do setor, BRF, Nestlé e Unilever propuseram correções entre 10% e 20% às grandes redes de supermercados. No caso da BRF, os reajustes na tabela de preços dos produtos congelados da marca Sadia chegariam a 15%. Na Nestlé, o aumento seria de 10%, na média. Já a Unilever teria apresentado reajustes mais tímidos, de 5%, e apenas no sabão em pó. Procuradas, apenas a Nestlé se manifestou e informou que o reajuste “não foi no patamar de 10%”.

A inflação subiu 0,55% em abril e, nos últimos 12 meses, acumula alta de 6,49%, informou ontem o IBGE. Pressionada pela alta nos custos, a indústria tenta repassar os reajustes para o varejo. Em alguns casos, a falta de acordo já tem provocado a falta temporária de marcas líderes, caso de papel higiênico, produtos de limpeza e laticínios.

– Se faltam marcas importantes, é porque a briga está intensa. A pressão inflacionária, agora, virá dos industrializados – disse um executivo, que não quis se identificar.

O vice-presidente comercial da rede de supermercados Zonal Sul, Pietrangelo Leta, confirma pedidos de reajuste de mais de 10% por alguns grandes fabricantes, mas diz que não adotou a estratégia de deixar de comprar algumas marcas:

– Inflação ninguém gosta. Aumentam os preços, as vendas caem. Estamos trabalhando para evitar que os aumentos cheguem ao consumidor: compramos em maior quantidade, reduzimos os prazos de pagamento ou pagamos à vista e aumentamos as importações.

Segundo ele, os importados, que há três anos representavam 8,5% dos negócios da rede, hoje têm peso de 12%. Dos cerca de 8.300 diferentes itens vendidos nas lojas, 1.300 vêm de fora do país.

Nicolas Tingas, economista da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), diz que os industriais vinham segurando os repasses da alta de custos desde 2011. Mas, ao perceberem que a economia não retomaria a velocidade esperada neste ano, iniciaram os reajustes represados.

– Se o produtor ficar muito tempo sem repassar os seus aumentos de custo e a economia girar a uma velocidade menor, chega ao seu limite. Nessa situação, ele propõe uma alta mais forte, de até 20%, em uma só tacada. O varejo não aceita e, para pressionar, deixa de comprar o produto por algum tempo – explicou Tingas.

No Rio, reajuste de funcionários

O presidente da Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Aylton Fornari, destaca que a alta dos preços dos produtos coincide, no Rio, com a negociação salarial dos funcionários do setor.

– O aumento que chega, infelizmente, a gente tem que repassar, não há alternativa. Na cidade do Rio estamos no mês de negociação salarial, que aumenta nossos custos. Se não fecharmos o acordo salarial em maio, será em junho, mas com efeitos retroativos a 1º de maio – diz.

O embate na definição dos preços entre fabricantes e supermercados ganha força em momentos de atividade econômica fraca, destaca Nelson Barrizzelli, consultor de varejo e professor da USP.

Os donos das grandes marcas são os que negociam de forma mais intensa, sobretudo se comparados aos produtores de alimentos in natura . A explicação é simples: o consumidor quer aqueles produtos nas gôndolas. Além disso, Nuno Fouto, do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar-Fia), lembra que essas grandes marcas, quase todas multinacionais, têm equipes treinadas para a negociação.

– É uma queda de braço pesada. De um lado estão os donos das marcas que têm de estar nas gôndolas. Do outro, estão os que compram os maiores volumes.

Um executivo do setor de supermercados destaca que em alguns casos a concentração do mercado torna quase impossível para o varejo mudar de fornecedores. Ele citou como o exemplo o mercado de carnes, onde há alguns anos havia oito a dez grandes fabricantes. Hoje, são só dois grupos de peso no setor.

A inflação já afeta os resultados de grandes empresas do setor de consumo. A fabricante de bebidas Ambev, a empresa de cosméticos Natura e a gigante de carnes BRF acusaram esse cenário no primeiro trimestre, quando tiveram receitas, margens e lucros menores que o esperado.

– Estamos preocupados que o mercado interno está com grande dificuldade de absorver volumes. Tenho preocupação com o consumidor se perdurarem estes níveis de inflação alta – disse José Antônio do Prado Fay, diretor-presidente da BRF, na divulgação do balanço da empresa a analistas.

Procuradas, as associações da indústria alimentícia (Abia), de produtos de limpeza (Abipla), e de supermercados (Abras e Apas), não se pronunciaram.

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Privatização do Galeão dá primeiro passo

O Globo

O aeroporto Tom Jobim (Galeão) será concedido ao setor privado por um prazo de 25 anos, e Confins (Belo Horizonte), por 30 anos. Os editais já estão praticamente prontos e deverão ser colocados em consulta pública pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em dez dias. A expectativa é realizar os leilões dos aeroportos em outubro, de forma simultânea. O consórcio que arrematar Galeão não poderá levar Confins, segundo fontes envolvidas nas discussões. Além do valor da outorga, os vencedores terão que remunerar à União com 5% sobre a receita bruta anual dos terminais. No caso do Galeão, para atender a demanda – no ano passado passaram pelo terminal 17,5 milhões de passageiros – o edital prevê a construção de uma terceira pista, de novos terminais de passageiros, ampliação de pátio e de saídas rápidas de aeronaves, pontes de embarques, aumento dos pontos de check-in e de aparelhos de raio-X.

– Todos os grandes e médios operadores estão interessados no Galeão. Isso mostra a pujança do aeroporto e sobretudo, do Rio – disse ao GLOBO o ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco.

O prazo de concessão do Galeão será menor, porque o aeroporto tem um potencial maior na geração de receitas. É uma principais portas de entrada no país, justificou um técnico do governo. A estimativa de demanda para Galeão é de 60,4 milhões de passageiros ao fim da concessão (em 2038).

Investimentos para Olimpíadas

O valor dos investimentos totais está sendo mantido em segredo, mas estimativas iniciais do governo indicavam uma necessidade de quase R$ 7 bilhões no Galeão e de R$ 5 bilhões em Confins, que também vai ganhar uma segunda pista de pouso.

O edital vai exigir investimentos obrigatórios para a realização das Olimpíadas (em 2016) e durante as fases da concessão, de acordo com o aumento da demanda. Inicialmente, explicou uma fonte, o Galeão não necessita de grandes obras para ampliação de capacidade, mas de choque de gestão para melhorar o serviço ao usuário, de forma geral.

Detalhes dos editais, como lances mínimos, também estão sendo mantidos em sigilo até a divulgação dos editais. Os técnicos que estão trabalhando na formatação final das propostas não esperam conseguir ágios tão elevados, conforme ocorreu na primeira rodada de privatização (Guarulhos, Brasília e Viracopos), em fevereiro do ano passado, que teve valor médio de 347%, apesar da forte procura.

A expectativa é que haja pelo menos oito grandes competidores na disputa pelos dois aeroportos, organizados em consórcios com a participação de operadores internacionais de grande e médio portes. Na primeira rodada, foram 11 competidores.

– A exigência de experiência mínima em gestão de 35 milhões de passageiros não vai atrapalhar – garantiu uma fonte.

Na primeira rodada, o edital exigia experiência mínima na gestão de aeroportos de cinco milhões de passageiros por ano, o que acabou atraindo pequenos operadores e afastando os grandes. O aumento da exigência tem objetivo de atrair estas grandes empresas. Segundo dados do governo, existem 33 gestores estrangeiros com experiência no processamento de mais de 35 milhões de passageiros por ano.

Para exigir maior compromisso por parte dos gestores aeroportuários, o governo fixou uma participação deles no consórcio de 25% (na primeira rodada, a exigência era de 10%). O modelo de concessão do Galeão e de Confins mantém a Infraero como sócio minoritário (com 49% de participação) e a iniciativa privada, com 51%. Os fundos de pensão poderão participar da disputa, mas não como sócio majoritário.

Ontem, a SAC publicou nota no Diário Oficial da União, comunicando que a empresa Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), formada pelo BNDES e vários outros bancos, foi a escolhida pelo governo para auxiliar na formatação dos editais. A empresa vai receber pela realização dos estudos técnicos já encaminhados à SAC R$ 19,1 milhões, sendo R$ 9,5 milhões para o Galeão e R$ 9,6 milhões para Confins. O custo dos estudos será arcado pelo vencedor das licitações. Outra empresa que participou da seleção foi a IQS Engenharia. Segundo a SAC, a escolha foi feita por um grupo de trabalho formado por servidores especializados da Secretaria. Indagado porque a SAC escolheu a EBP, durante vistoria nas obras do aeroporto de Brasília, Moreira Franco respondeu:

– Foi a melhor – disse, sem dar detalhes.

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Indústria reduz uso da capacidade, mas faturamento cresce em março

Valor Econômico

O nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira caiu de 82,5% para 82,2% entre fevereiro e março, com ajuste sazonal. Os números são da pesquisa Indicadores Industriais, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na comparação com março de 2012, o indicador ficou quase estável.

A pesquisa também mostrou que o faturamento real da indústria aumentou 3,6% entre fevereiro e março, feitos os ajustes sazonais, e cresceu 0,2% na comparação com março de 2012.

Para o gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, a recuperação lenta e gradual pela qual passa o setor industrial deve ficar mais difícil com o aumento da taxa de juros. “É mais uma dificuldade para a indústria manter essa recuperação, que é gradual e lenta, com dificuldades no mercado doméstico e no externo”, disse.

Uma retomada da atividade industrial depende do aumento da competitividade diante da forte entrada de bens importados, uma tarefa que não é ajudada pela elevação dos juros. Fonseca reforçou que não só mercadorias finais estrangeiras estão “invadindo” o mercado, mas também insumos usados na produção nacional.

Os indicadores de mercado de trabalho da indústria mostram que o emprego, com ajuste sazonal, avançou 0,2% em março, na comparação com o mês anterior, e subiu 0,5% ante março de 2012. A massa salarial real teve desempenho positivo no mês, com alta de 0,8% ante fevereiro. O dado é deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e dessazonalizado. Em comparação com março de 2012, o indicador avançou 1,5%. Já o rendimento médio real em março de 2013, com ajuste sazonal, ficou estável em relação a fevereiro e aumentou 1,0% na comparação com março de 2012.

Dos 21 setores pesquisados pela CNI, 11 segmentos registraram queda no nível de uso da capacidade instalada entre março deste ano e igual mês de 2012 na série sem ajuste sazonal. Dez ramos da indústria apresentaram alta no indicador, o que representa redução da ociosidade no período.

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Expansão sobre a Amazônia pode ser ruim para agricultura

O Estado de S. Paulo

A substituição da Floresta Amazônica por pastos e plantação de soja no processo de expansão agrícola pode ser prejudicial não só para o ambiente como um tiro no pé da própria agricultura. Quanto mais ela se expandir sobre a floresta, menos produtiva será.

Essa é a conclusão de um trabalho publicado hoje por pesquisadores brasileiros e um americano, que investigaram o delicado equilíbrio entre floresta e o clima da região e como o desmatamento pode afetá-lo. Os pesquisadores trabalharam com o princípio de que a floresta controla o regime climático da região. Assim, até 2050, com o desmatamento, é esperada uma redução no volume de chuvas. Aliada ao processo de aquecimento global, pode resultar em uma diminuição da produtividade de soja e pasto.

A equipe das universidades federais de Viçosa, do Pampa, de Minas e Centro de Pesquisa Woods Hole estimou que essa estiagem pode reduzir a produtividade da pastagens de 30% a 34% Já a elevação da temperatura pode provocar uma redução no plantio de soja – de 24%, no melhor cenário, a 28%, no pior.

O número varia porque foram considerados dois cenários – um em que a legislação ambiental é implementada e o governo é atuante, e outro com desmatamento intenso, semelhante ao que ocorria entre os anos 2000 e 2004, quando a taxa anual bateu em 27%.

Os efeitos podem ser mais sentidos nas regiões leste do Pará e no norte do Mato Grosso onde as mudanças na cobertura da terra poderiam afetar dramaticamente o clima local, ao ponto em que a agricultura se torne inviável, afirmam os autores.

“Já sabíamos que, com o desmatamento, alguns serviços ambientais desempenhados pela floresta, como a regulação climática, seriam reduzidos. Mas em compensação poderíamos ter uma grande produção agrícola regional. Demonstramos que, para níveis elevados de desmatamento, o serviço de regulação climática cai tanto que afeta significativamente a produtividade agrícola, ou seja, você perde os serviços prestados pela floresta e não ganha a produção agrícola”, afirma Marcos Costa, de Viçosa. A pesquisa sai hoje na revista americana Environmental Research Letters.