Mauro Iasi: uma doce novidade!
Apoio e solidariedade a conduta positiva
POR Ângelo Cavalcante
Agora sim as coisas estão começando a tomar forma… Finalmente, a direita disse a que veio!
Puxa vida… Como tudo ficou bem mais fácil! A direita ou ultra-direita começa o ano de “biquinho”, magoadinha porque o repugnante “playboy de Ipanema”, o tal do Aécio se perdeu na eleição para Dilma Roussef e, convenhamos, com razão, afinal, tal qual verificamos, esta criatura segue se vulgarizando, se massificando e em queda livre no desgaste, na desconstrução da sua já muito eclipsada imagem por uma saraivada de escândalos e no pleno desaparecimento de sua ação política.
Depois, essa mesma direita foi às ruas e São Paulo (sempre São Paulo!) apresentou sem sombra de dúvidas, o mais grandiloquente festival de bizarrices políticas que já se viu nesta triste pátria.
Lula e Dilma evidentemente foram os “judas” deste festival. E viu-se de um tudo! Da morte em pira flamejante para a sexagenária Dilma, passando pela intervenção (mais ainda!) “triunfalista” dos Estados Unidos para estas terras, até às interveniências militarescas tão típicas de nossa história… Teve de um tudo!
Uma espécie de micareta política tardia ou prematura… Vá saber!
E 2015 chega, felizmente, em seu outono com as demandas da nova direita brasileira, esta meretriz high-tech e de tacape na mão, portadora de iPhones, tablets e smartphones de última geração e defensora da escravidão e da morte de minorias, não resolvidas. Sem mais, estou falando de uma direita integralmente decaída e fracassada.
O balanço político da direitona? Simples… Nada… Não conseguiu nada!
A não ser atravancar alguns processos de legislação política e econômica, nada mais conseguiram! Não cassaram Dilma e nem irão cassar; o terrorismo ético e moral contra Lula da Silva se mostrou um grande “tiro pela culatra”; mais ou menos como picadas dadas por cobras ao seu tratador e que de tanto ser picado este mesmo tratador se tornou imune e mais forte aos seus venenos.
O mesmo se passa com Lula… O tempo da direita está se esgotando, a unidade político-ideológico-empresarial da burguesia brasileira se fragiliza a olhos nus; personagens grotescos e importantes como Eduardo Cunha morrem por autofagia moral e política e, sobretudo, por milhões de dinheiros saídos do Brasil, não declarados, não informados e, portanto, não contabilizados. Crime de evasão fiscal pura e simples!
O clima de fracasso econômico vai se dissipando, embora sigamos o eterno “bananão tropical” dependente, marginal e sem coluna vertebral para fazer a própria história. A atividade econômica, de outro modo, vai reagindo, o Brasil vai se re-acomodando no plano dos intercâmbios internacionais, as eternas commodities do país vão ganhando preço nas trocas, sobretudo, com a China e o Brasil fracassado, de fato, já não se mostra tão fracassado como nos informara de maneira intermitente neste 2015, a “República Autônoma da Rede Globo”.
Pois bem… Não é que a direita brasileira voltou de novo, seus olhos “vermelho cocaína” para o bom e velho “Partidão”?; não é que essa velha cobra, integralmente perdida no labirinto da política contemporânea onde a esquerda de ontem é a direita de hoje, onde o PT de Lula se distancia cada vez mais da luta socialista e; o “terrateniente” Ronaldo Caiado se ergue como “novo” defensor das causas populares se declarando, inclusive, por curioso exemplo, contrário a privatização da empresa de energia de Goiás, a CELG.
É… Tempos difíceis esses!
E no desespero de um pensar miúdo, atávico e como de resto, carregado de cólera e mágoa, surge o desespero no agir e nosso bom e velho PCB de guerras, lutas e enfrentamentos é a saída militante e encontrada para a trágica direita brasileira. Evidentemente é preciso personalizar seu ódio, sua treva incontida e irracionalidade que galopa cega pela história nacional ou, de repente, operando criminosamente nos interstícios do acidentado mundo brasileiro.
E daí encontram Mauro Iasi. Vejam bem… Mauro Iasi! Ele que fora candidato à Presidente da República no pleito de 2014 e que reconhecidamente, conferiu qualidade e bom nível para os debates que se propôs a fazer.
Discutiu com coerência e clareza a perversa subordinação brasileira ao continente invisível e criminoso do sistema bancário internacional que chantageia e sufoca governos eleitos democraticamente; que solapa e exige a retirada de direitos trabalhistas historicamente conquistados; que impõe negócios nocivos e predatórios aos bilhões de pobres e miseráveis deste mundo, aumentando ainda mais, os já muito bizarros níveis de pauperismo de mais da metade da população do planeta; que amplia e agrava o drama ambiental mundo afora pela via da concorrência, evidentemente, sempre injusta e desleal; pelo financiamento criminoso para praticas ilegais e de sacrífico coletivo e; pela quebra de estruturas produtivas e outrora existentes nos países pobres, sobretudo, por intermédio de um protecionismo que, tal qual verificamos, impede abertamente o ingresso de negros, latinos, árabes e muçulmanos na “iluminada” Europa e no “moderno” Estados Unidos.
Iasi nos contou… Foi de clareza luminar e como bom professor que é, traduziu por “a mais b” as encalacradas em que nossas elites nos enfiaram e com o aval, diga-se de passagem, de certos governos “populares”.
Sua clareza só foi possível porque se utilizou de categorias analíticas essenciais para a boa política, para a sua compreensão e aperfeiçoamento e em tempo de moral seletiva, de indignação superficial apetecida somente sob os holofotes e onde as raízes dos dramas estruturais que condena a todos nós são necessariamente escondidas pelos eficazes mecanismos de alienação, de torpeza de consciência e de embrutecimento das sensibilidades humanas, Iasi, seguiu caminho contrário e foi na história, no curso e na ciência dessa mesma história, dialogando com suas contradições, identificando o que de fato, é uma contradição e ponde enfim, sobre a mesa do tempo o que marca esse mesmo tempo de morte, sofrimento e formas novas de escravidão.
Não é algo tranquilo! Afinal… Por que saber o que se passa com o país? Por que contar dos nossos desgraçados padrões de pobreza e que, mesmo com os últimos avanços sociais, ainda nos faz um grande moedor de carne negra, pobre, assalariada e nordestina?
Por que contar?
Por que contar da terra concentrada em meia mão de abonados e corporações? Das tragédias ambientais feitas e atualizadas para alimentar a sanha de lucros de alguns gatos pingados e de bancos e grandes empresas? Mas, qual o sentido de falar do genocídio, posto que é do que se trata, de amplo e vigoroso etno-genocídio de garotos e garotas negras das favelas e das bordas das médias e grandes cidades do país?
Mas por que falar da gripe que mata índios, além do latifúndio e do Estado, este leviatã capenga e sócio dos piores crimes que este país já assistiu? Por que contar das cidades devastadas pela especulação imobiliária que toma o chão público, que agrava os preços dos alugueis e da prestação e que espraia moradias ilegais, insalubres e periclitantes nos desvãos da cidade?
Melhor não…
…Mas, Iasi…Contou!
Se atreveu e, como tem de ser, pôs o dedo na ferida ou nas feridas de nossa história de horrores, chacinas e misérias. Pois bem… A todo ato de coragem, parafraseando a máxima newtoniana, corresponde uma covardia em igual e imediata força e proporção e o “rosto invisível” da direita (não tão invisível assim!) vai aparecendo devagarzinho por exemplo, por essas redes sociais, vai soltando dos seus venenos em pílulas e resoluto em sua missão de gerar barbárie e horror não poupou sequer a família de Mauro Iasi.
Aliás, as famílias são sempre alvos preferenciais da direita fascista brasileira. Não conto nenhuma novidade!
A novidade mesmo é o grito moderno e uníssono de que os comunistas são fundamentais para uma efetiva democracia brasileira; a história do comunismo é a história da luta por trabalho decente, digno e liberado; é a história, portanto, pela superação do atual ordenamento de classes alimentado pela submissão do trabalho ao nível da sua fragmentação ao ponto do simbolismo.
Não, não é da bondade dos ricos e patrões que surgem os direitos do trabalho, mesmo estes, profundamente ameaçados pela atual crise de reprodução do capital; não vem do “bom humor” da classe rica e que, tão somente, despertou certa manha, transbordando de “amor e compaixão” pelos milhões de miseráveis criados por elas mesmas.
Veio da luta, da empresa teórico-pratica, sobretudo, de comunistas bravos e que trouxeram ao juízo da gente do trabalho o horizonte factível de que esses homens e mulheres explorados possuem a quantidade numérica e a verdade histórica ao seu próprio lado restando-lhe, portanto, tomar os rumos da própria história nas mãos e dar-lhe a forma que melhor lhe aprouver.
Bom… Mauro é desses que conta, que libera o pensamento em favor do mundo do trabalho e que portanto, fecunda o solo da história com a palavra dita, em líricas ou não, em favor e serviço dos que sofrem.
O ataque a Mauro Iasi além, de crime aberto e escancarado, indica também uma novidade no emaranhando político deste tempo, demonstra que, conforme conta o Comandante Fidel Castro, ideias jamais morrem, tampouco ideais.
Nós voltamos de vez!
Todo apoio e solidariedade ao camarada Mauro Iasi!
(Ângelo Cavalcante, economista, cientista político, doutorando em Geografia Humana (USP) e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Itumbiara)
http://www.dm.com.br/opiniao/2015/10/mauro-iasi-uma-doce-novidade.html