Com apoio da população, greve dos trabalhadores do serviço municipal de Florianópolis segue firme

imagemMal iniciamos o ano de 2017 e os trabalhadores já se deparam com a retirada de direitos duramente conquistados, em todo território brasileiro. Em Florianópolis não seria diferente. No dia 11 de janeiro, o prefeito recém empossado, Gean Loureiro, enviou para a Câmara de Vereadores um pacote com 40 projetos de lei que afetam não apenas a carreira dos servidores municipais, mas todo o conjunto da cidade de Florianópolis, sucateando ainda mais o serviço público e facilitando as burocracias para o avanço dos grandes empreendimentos na capital catarinense.

Em assembleia realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Municipal (Sintrasem) no dia 16 de janeiro, com ampla participação da categoria, deliberou-se pela adesão à greve, principalmente do quadro civil, devido ao período de férias em que se encontrava o magistério. Os trabalhadores e trabalhadoras reivindicavam a retirada do pacote de projetos da pauta de votação para possibilitar uma ampla discussão com a categoria e a sociedade civil.

O pacote de maldades, como foi intitulado pela população, foi votado dia 22 de janeiro em regime de urgência durante o recesso parlamentar, deixando poucos dias para que os vereadores avaliassem o conteúdo de cada projeto. A intenção ficou clara: atropelar qualquer possibilidade de discussão ampla com a categoria.

Os servidores, reunidos em assembleia em frente à Câmara de Vereadores, acompanharam a sessão transmitida para o público do lado de fora. No momento da votação das medidas que atacavam o serviço público, o áudio foi cortado e muitos trabalhadores se aglomeraram em frente à entrada do prédio cobrando explicações a respeito do boicote ao áudio.

Como de costume, o aparato repressor do estado foi acionado e a Polícia Militar, junto à Guarda Municipal, utilizou spray de pimenta, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersar os trabalhadores. Não funcionou. A revolta tomou conta da repressão completamente desnecessária e uma chuva de cadeiras caiu sobre a Polícia e a Guarda. Uma das servidoras presente desabafou: “Isso é um absurdo. Eles retiram nossos direitos, sucateiam o serviço público, colocam a cidade literalmente à venda para o capital privado e ainda utilizam o aparato militar para reprimir qualquer um que ouse não concordar com este retrocesso”. O conflito durou poucos minutos, deixando um policial e muitos manifestantes feridos.

No dia 07 de fevereiro a categoria se reuniu novamente em assembleia, desta vez com participação massiva do magistério devido ao retorno das férias, deliberando pela continuidade da greve, somando-se aos camaradas já com atividades paradas há 22 dias.

A mobilização tem ganhado destaque nos noticiários da cidade, e o apoio à greve legítima destes trabalhadores que estão lutando, não apenas por seus salários, mas pela necessidade de um serviço público de qualidade para a população, tem se ampliado por toda a cidade.

O prefeito e seus aliados do empresariado perceberam este apoio da população e resolveram mudar a estratégia,  que antes era de nos cansar ao máximo para ver a mobilização perder força. A criminalização das lideranças sindicais por meio de pedido de prisão emitido também é estratégia de desmobilização da categoria por parte do gabinete do prefeito. Hoje, com o apoio dos meios de comunicação comprometidos com os interesses da burguesia, Gean tem promovido uma grande campanha de difamação em relação aos grevistas na tentativa de reduzir o apoio da população.

A população segue apoiando a mobilização dos trabalhadores ao passo que a greve, com mais de 30 dias, se consolida mais forte e organizada. Tomemos como exemplo a última passeata, que reuniu mais de 10 mil servidores aos gritos de “Fora Gean” e “Nenhum direito a menos”. Até o momento só há uma certeza na conjuntura que circunda a ilha da magia: o movimento segue firme e decidido na manutenção da greve por período indeterminado,  com amplo apoio da população, até que o pacote aprovado às pressas seja revogado para futura discussão com o conjunto da população e das categorias envolvidas.

Lutar, Criar … Poder Popular!