Rosa e Karl, sempre presentes!

imagemFundação Dinarco Reis

Assassinados em 15 de janeiro de 1919, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht foram dois dirigentes comunistas alemães.

Rosa Luxemburg (1871-1919) foi uma eminente representante do pensamento marxista e da ação socialista revolucionária na Europa.

Com todas as suas forças ela tentou impedir a 1ª Guerra Mundial, que explodiu em 1914 e terminou em 1918. Ao lado de Karl Liebknecht, foi a representante mais importante das posições antimilitaristas e internacionalistas dentro do Partido Social-Democrata Alemão (SPD). Ela era uma crítica apaixonada e convincente do capitalismo e deste ponto de vista crítico retirava forças para a ação revolucionária. Cheia de esperança, deu as boas vindas à Revolução Socialista de 1917 na Rússia, mesmo que apresentasse algumas contradições em relação à ação dos bolcheviques.

Durante toda a vida Rosa Luxemburgo pertenceu às camadas sociais subalternas e discriminadas, frequentemente perseguidas. Por um lado isto se devia ao seu nascimento e destino. Sendo judia – embora não tivesse nenhuma ligação com a religião – não escapou ao antissemitismo. Por outro lado, esta situação também foi gerada por seu desejo de viver a vida de forma autodeterminada, contra os preconceitos estreitos do seu tempo.

Rosa Luxemburgo doutorou-se numa época em que raríssimas mulheres iam para a universidade. Ela foi uma das poucas mulheres politicamente ativas – o preconceito contra as mulheres que desempenhavam algum papel em público era largamente disseminado nos partidos políticos e na sociedade como um todo. Rosa Luxemburgo era uma exilada. Apesar de sua cidadania alemã, permaneceu estrangeira aos olhos de seus inimigos políticos por ser polonesa e judia.

Rosa Luxemburgo foi uma revolucionária comunista. Em sua pátria de origem, a Polônia ocupada pelos russos, isso era um crime punível com a morte, e no país que adotou como seu, a Alemanha, uma razão para perseguição permanente.

Rosa foi mártir da Revolução de Novembro na Alemanha. Ela foi assassinada em 15 de novembro de 1919 por carrascos de uniforme – agentes policiais que pertenciam aos círculos que posteriormente apoiaram abertamente a entrega do poder a Hitler.

O destino de Rosa Luxemburgo está ligado de forma inseparável ao desenvolvimento do movimento dos trabalhadores alemães, às lutas entre suas várias tendências e, finalmente, à sua cisão. Ela foi co-fundadora do grupo Spartacus e, a seguir, do Partido Comunista Alemão (KPD).

Ninguém fica indiferente a Rosa Luxemburgo. Sem fazer concessões e com voz poderosa, ela defendia suas convicções. De temperamento caloroso e apaixonado, era capaz de conquistar todos aqueles que se aproximassem dela sem preconceitos, intimidando, entretanto, aqueles que não se sentiam à sua altura.

A luta implacável de Rosa Luxemburgo contra a guerra, e o radicalismo com que insistia no vínculo entre liberdade política e igualdade social não perderam sua força até hoje.

A VIDA DE ROSA LUXEMBURGO (texto publicado na Agenda 2016 – “Mulheres Revolucionárias”)

Nascida na Polônia em 5 de março de 1871, Rosa Luxemburgo se tornaria uma da principais teóricas e militantes da história do marxismo. Suas contribuições ao marxismo viriam em múltiplas esferas: polemizando no interior da Social Democracia Alemã contra o revisionismo, contribuindo com a renovação do pensamento teórico, analisando o movimento de desenvolvimento do imperialismo e cumprindo destacado papel na reorganização do movimento comunista europeu e mundial após a traição dos principais dirigentes e organizações vinculados à Internacional Socialista.

Rosa Luxemburgo foi assassinada em janeiro de 1919, junto com Karl Liebknecht, pelas forças do governo alemão, que contava com a colaboração da Social Democracia Alemã, cuja traição já havia sido denunciada por ela. Sua precoce morte não impediu que vida e obra servissem de exemplo e guia para comunistas e socialistas de todo o mundo. Nas palavras de Lenin, ela era a “a águia polonesa”.

Num ambiente fortemente marcado por tradicionalismos e machismo, Rosa defendeu sua tese de doutorado ainda em 1898 e logo em seguida participou de intensa polêmica com o maior expoente do socialismo evolucionista, Eduard Bernstein. Opondo-se ao reformismo e defendendo a perspectiva revolucionária, Rosa afirmou: “Entre a reforma social e a revolução, a socialdemocracia vê um elo indissolúvel: a luta pela reforma é o meio, a revolução social é o fim”[1].

Rosa foi presa em 1914 sob acusação de incitar a desobediência civil nas suas duras críticas à guerra e ao imperialismo, mas, mesmo presa, cumpriu importante papel junto à vanguarda da classe proletária alemã. Ironizando a postura das lideranças da Social Democracia europeia em relação à guerra afirmou: “Proletários de todos os países, uni-vos em tempo de paz e degolai-vos uns aos outros em tempo de guerra”. Em apoio ao processo revolucionário, escreveu A Revolução Russa, tecendo críticas aos bolcheviques, mas reconhecendo que:

“Lenin, Trotsky e seus amigos foram os primeiros a dar o exemplo ao proletariado mundial.  Eles são ainda os únicos que podem exclamar com Huten: Eu ousei! Eis o que é essencial e duradouro na política dos bolcheviques. Conquistando o poder e colocando praticamente o problema da realização do socialismo, fica-lhes o mérito imorredouro de terem dado o exemplo ao proletariado internacional e um enorme passo no caminho do ajuste de contas final entre o capital e o trabalho no mundo inteiro.  Na Rússia, o problema não poderia ter sido senão colocado. E é nesse sentido que o futuro pertence em toda a parte ao bolchevismo”.

Libertada apenas em 1918, esteve à frente da Liga Espartaquista e participou da fundação do Partido Comunista da Alemanha (KPD) em 31 de dezembro. Após a derrocada da revolução alemã, em 15 de janeiro de 1919, Rosa e os principais líderes do Partido foram presos e levados para interrogatório, jamais sendo vistos novamente. Rosa e Liebknecht foram executados e seus corpos jogados nas águas geladas de um canal em Berlim. Permanecem atuais e necessárias as frases de Rosa: “Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos.”


1. LUXEMBURGO, Rosa. Reforma ou Revolução, prefácio.

Karl Liebknecht (Leipzig, 13 de agosto de 1871 — 15 de janeiro de 1919) foi dirigente comunista alemão.

Filho de Wilhelm Liebknecht e colaborador de Karl Marx e Friedrich Engels, Karl Liebknecht ficou conhecido por ter, junto com Rosa Luxemburgo, fundado a Liga Spartacus, em 1916. Este movimento de esquerda surgiu na Alemanha em oposição ao regime social-democrata vigente na República de Weimar, acusado pelos espartaquistas de ser cooptado pela burguesia.

Karl Liebknecht estudou direito nas Universidades de Leipzig e Berlim, concluindo seu doutorado na Universidade de Würzburg, em 1897. Abriu um escritório de advocacia e passou a defender causas trabalhistas e da juventude. Em 1900 aderiu ao Partido Social-Democrata da Alemanha. Passa a intensa militância política e funda em 1915, juntamente com Rosa Luxemburgo e outros, a Liga Spartacus, sendo expulso do SPD em 1916, aglutinando-se no Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD), com o qual também romperam. Karl e Rosa, juntamente com a Liga Spartacus, fundaram o Partido Comunista da Alemanha, aliando-se a outros grupos comunistas da época, os Delegados Revolucionários e os Comunistas Internacionalistas.

Em 15 de janeiro de 1919, após o governo moderado alemão ter colocado as cabeças dos líderes da esquerda a prêmio, Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo foram assassinados em Berlim. Entretanto, o movimento a que eles deram origem não morreu juntamente com seus idealizadores, já que sua concepção acabou, principalmente através de sua principal teórica, Rosa Luxemburgo, influenciando diversos grupos e indivíduos.

Com a morte de Liebknecht e Luxemburgo, o KPD acabou caindo sob a direção de Paul Levi, espartaquista que se aproximou da social-democracia anteriormente combatida e, posteriormente, passou ao comando de líderes pró-bolcheviques, sendo que a ala mais radical (principalmente os Comunistas Internacionalistas) juntou-se com a Esquerda de Breme e fundou o Partido Comunista Operário da Alemanha.

“(…)Ah! Estúpidos e insensatos carrascos! Não reparastes em que a vossa “ordem” está a alçar-se sobre a areia. A revolução alçar-se-á amanhã com a sua vitória e o terror pintará-se nos vossos rostos ao ouvir-lhe anunciar com todas as suas trombetas: ERA, SOU E SEREI!”

(Rosa Luxemburgo – A Ordem Reina em Berlim. Janeiro de 1919.)
Em 15 de janeiro de 1919 Rosa Luxemburgo era assassinada

“[…] As perseguições que as organizações da juventude proletária sofrem sem parar e sem que haja uma razão são particularmente dolorosas e lamentáveis, porque elas têm um caráter unilateral e partidário. Em contraposição, as organizações da burguesia, da Igreja, que têm um caráter inteiramente político, são toleradas, e ninguém sonha em importuná-las.
(…) Senhores, do subterrâneo de nossa ordem social atual se levanta, luminoso, o movimento da juventude proletária Contra ela vocês podem lançar todos os seus cães, os da polícia e os outros, vocês não se livrarão!”
Rezem e Atirem – Karl Liebknecht – 26 de março de 1912
Em 15 de janeiro de 1919 Karl Liebknecht era assassinado.

” A Rosa vermelha agora também desapareceu.
Onde se encontra é desconhecido.
Porque ela aos pobres a verdade há dito
Os ricos do mundo a extinguiram.”

Poema do Jovem Bertold Brecht em homenagem a Rosa.

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