Exitoso Seminário de Reorganização da nossa Classe
Jornal O Poder Popular
Com a presença de cerca de 400 militantes e ativistas sociais e políticos, organizações sindicais e do movimento popular e da juventude de 16 estados, foi realizado, nos dias 14 e 15 de dezembro, em São Paulo, o Seminário de Reorganização da Classe Trabalhadora, no Centro de Formação do Sindicato dos Professores Municipais de São Paulo, evento promovido pelo Fórum Sindical, Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas. Estiveram presentes, entre outras organizações, o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), Sinasef (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), Federação Nacional dos Petroleiros, Intersindical, representantes de sindicatos ligados à CSP-Conlutas, além de sindicalistas metalúrgicos, da construção civil, rodoviários, metroviários, processamento de dados, correios de vários estados, professores de várias regiões do País, funcionários públicos municipais, estaduais e federais, além de diretores da União Nacional dos Estudantes, de várias Uniões Estaduais dos Estudantes e vários coletivos de juventude, entre os quais a expressiva presença da União da Juventude Comunista (UJC).
Os trabalhos foram abertos por Antônio Gonçalves Filho, presidente do Andes, que saudou os presentes, enfatizou a necessidade da unidade nesse processo de construção que estamos realizando e enfatizou a necessidade de estruturação do Fórum nos Estados. As mesas de trabalho – das quais participaram tanto representantes do mundo acadêmico quanto sindicalistas – discutiram a conjuntura nacional e as formas de enfrentar o governo de terra arrasada de Bolsonaro, bem como a situação da classe atual trabalhadora.
A última mesa foi composta pelos organizadores do Fórum e tinha como objetivo encaminhar as orientações fundamentais para o processo de reorganização de nossa classe, abordar a importância do trabalho unitário nesse processo de reconstrução e solicitar a todos o empenho de construção do Fórum em cada um dos Estados do Brasil, de forma a transformá-lo num instrumento enraizado entre os trabalhadores, a juventude e o movimento popular. Enfatizou-se também a importância da realização, no momento possível da conjuntura, do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, como passo fundamental para a reorganização dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiros(as).
Para o secretário-geral do PCB, Edmilson Costa, integrante da organização do Fórum, a realização desse evento representa um passo importante na construção de uma ferramenta de reorganização dos trabalhadores, especialmente nesse momento em que o velho ciclo está morrendo e o novo está nascendo. “Num ambiente em que as organizações que nasceram e cresceram no velho ciclo perderam a capacidade de liderar os trabalhadores em função da política de conciliação de classes, é necessária a construção de espaços de unidade classista para enfrentar a dura luta de classes em nosso País. O Fórum está acumulando forças para realizar, no melhor momento da luta de classes, o Encontro Nacional dos trabalhadores, passo importante para a reorganização de nossa classe”.
Ao final dos trabalhos, os militantes e ativistas sociais presentes aprovaram a Carta Final do Seminário, que segue abaixo na íntegra, bem como a intervenção do secretário-geral do PCB ao final do evento.
Assista o vídeo com a intervenção de Edmilson Costa em: https://www.facebook.com/edmilson.costa.5/videos/2614159798705571/
CARTA DO SEMINÁRIO DO FÓRUM SINDICAL, POPULAR E DE JUVENTUDES POR DIREITOS E LIBERDADES DEMOCRÁTICAS
As classes dominantes vêm realizando uma brutal ofensiva contra o(a)s trabalhadore(a)s, a juventude, em especial a classe trabalhadora das periferias, mediante um conjunto de políticas neoliberais, que vêm avançando com o objetivo de rebaixar os salários e cortar direitos e garantias de nossa classe, como representou a contrarreforma trabalhista e previdenciária. Essas políticas, resultantes da crise estrutural e internacional do capitalismo, se intensificam com o governo Bolsonaro, atingindo amplos segmentos da classe trabalhadora via fundamentalismo religioso e fakenews. Tudo isso agravado por uma política de invisibilidade e ofensiva conservadora contra amplos segmentos da população como negros e negras, mulheres, lgbtt, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e moradore(a)s das periferias brasileiras.
Vale constatar a intensificação de retrocessos e obscurantismo com a ascensão do governo de extrema direita e de elementos neofascistas, tanto no governo federal como em alguns estados e municípios, com retirada de direitos e ataques às liberdades democráticas, o que torna as tarefas para a classe trabalhadora ainda mais desafiantes. Ao mesmo tempo, o ano de 2019 segue marcado por importantes mobilizações da classe trabalhadora, com destaque para o 15M, 30M, 14J e para as greves e mobilizações de vários setores nos estados e municípios. Houve dificuldades da classe trabalhadora em reagir aos ataques. Mesmo as respostas, com explosões de luta, foram insuficientes para arrancar vitórias. No entanto, há condições para serem construídas. O governo Bolsonaro e outros seguem implantando medidas que irão aumentar as contradições e insatisfações. Por isso, a luta popular nas ruas, locais de trabalho e moradia segue sendo nosso horizonte a ser construído.
Essa conjuntura exige das entidades e organizações da classe a construção de estratégias para a ampliação da mobilização pela base. Bem como o avanço da consciência social de amplos segmentos do(a)s trabalhadore(a)s, visando ao destravamento das lutas sindicais, populares e da juventude. Vale ressaltar que essas lutas têm sido contidas nos últimos tempos, entre outras coisas, por parte das direções políticas e sindicais e pela grande imprensa, que buscam o apassivamento da população.
Assim, a tarefa de entidades, organizações e movimentos populares, sociais e estudantis deve ser a de se empenhar ao máximo no processo de intensificação do trabalho de base, visando conquistar corações e mentes para a construção de um projeto de sociedade que não se pauta pelos princípios do capitalismo, combatendo os retrocessos impostos pela EC/95, a privatização, a apropriação privada do fundo público, a destruição ambiental, a alienação cultural e a desestruturação do trabalho. Julgamos ainda fundamental combater a discriminação contra as pessoas com deficiência, a lgbtfobia, o machismo, o racismo e todas as outras opressões que estruturam a sociedade e impedem a construção do poder da classe trabalhadora.
As entidades que estão construindo o Fórum Sindical Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas conclamam a todo(a)s o(a)s lutadore(a)s sociais e políticos em todos os estados do país para que possamos impulsionar, em ampla unidade de ação, com chamamento público às entidades, partidos, organizações políticas, movimentos e frentes da classe para a construção do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, etapa fundamental para o processo de reorganização de nossa classe.
Por isso, nossa tarefa imediata, além de RESISTIR, é avançar na luta e construir alternativas que não alimentem ilusões aos projetos de conciliação de classe. É preciso ampliar as mobilizações e construir um amplo calendário de atividades, que seja capaz de impulsionar atos, paralisações, greves e manifestações para um 2020 de intensas lutas. Para tanto é fundamental a construção do Fórum Sindical, Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas em TODOS os estados do país, como forma de contribuir para a construção da frente única dos trabalhadores e seu processo de reorganização nesse novo ciclo.
Derrotar o Governo Bolsonaro e Mourão nas ruas, reverter as contrarreformas e lutar por emprego, reforma agrária, saúde, educação, cultura, segurança e moradia para a classe trabalhadora.
Inspirados nas lutas da classe trabalhadora internacional é necessário ousar lutar e ousar vencer!
São Paulo, 15 de dezembro de 2019.
FÓRUM SINDICAL, POPULAR E DE JUVENTUDES POR DIREITOS E LIBERDADES DEMOCRÁTICAS