8 de Março: às ruas!

imagemOCUPAR AS RUAS POR UM 8 DE MARÇO EM DEFESA DAS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS E CONTRA O GOVERNO GOLPISTA DE BOLSONARO E MOURÃO! IMPERIALISTAS E FASCISTAS, NÃO PASSARÃO!

Neste 8 de março, vamos mais uma vez reafirmar nossa histórica luta em defesa das liberdades democráticas, bandeira a qual erguemos desde a primeira articulação de um Dia Internacional das Mulheres no Brasil, ainda nos anos 1940. Vamos às ruas por memória, verdade e justiça, pois é inaceitável que depois de anos de perseguição, tortura, e inclusive proibição da comemoração do Dia Internacional das Mulheres em nosso país, tenhamos hoje um governo golpista e saudosista dos anos de chumbo.

Para quem tinha dúvidas a que veio Jair Bolsonaro, suas recentes manifestações a favor das manifestações que propuseram o fechamento do Congresso Nacional deixam explícito que seus interesses são verdadeiramente antidemocráticos. Não é à toa, pois desde que Bolsonaro e Mourão assumiram o governo, depois de um explícito golpe institucional e um processo eleitoral marcado por tramoias, as condições de vida da nossa classe pioraram. Ao acabar com as liberdades democráticas, o que pretendem é que o povo trabalhador aceite calado todas as suas reformas, arrochos salariais, fechamento de escolas, privatização da saúde e entrega do patrimônio brasileiro. Estamos convictas de que as medidas de Jair Bolsonaro e Mourão têm lado, e o lado não é o da classe trabalhadora, que está cada dia mais indignada com a situação do Brasil.

Ao mesmo tempo em que impõe a agenda das elites, o governo de Bolsonaro e Mourão também representa o fortalecimento do fundamentalismo e do fascismo em nosso país. Um exemplo deste processo é o que está acontecendo nas escolas públicas. Na última década, as mulheres, junto aos movimentos de diversidade sexual e de gênero, foram protagonistas em inserir a educação sexual nas escolas, fato que se aprofundado seria primordial para reduzirem-se os índices de feminicídio, transfeminicídio e LGBTfobia no geral. Hoje, através de projetos como “Escola sem Partido” e educação cívico-militar, o que o governo impõe é o oposto: fortalecer a família patriarcal, a LGBTfobia e a naturalização do papel de submissão da mulher na sociedade. Tudo isso em um contexto onde fecham-se escolas e reduzem-se os investimentos gerais em educação pública. Através dos movimentos por uma Escola Popular e por uma Universidade Popular, rechaçamos os cortes na educação pública e defendemos a implementação da educação sexual integral e antirracista nas escolas e Universidades, como medidas preventivas à violência sexual, de gênero e ao racismo.

Não podemos deixar de lado, também, que hoje há uma série de bandeiras históricas do nosso movimento que não têm sido levadas às ruas por medo das respostas das bases mais reacionárias, uma postura política oriunda da cultura de conciliação para garantir a governabilidade na década do progressismo. Em plena ascensão em outros países, no Brasil a luta pela legalização do aborto segue engavetada e pouco discutida. Nós do CFCAM entendemos que é preciso ter coragem para enfrentá-los, e por isso reafirmamos que queremos EDUCAÇÃO SEXUAL INTEGRAL PARA DECIDIR E ABORTO LEGAL PARA NÃO MORRER, ainda que as últimas modificações legais no tema tenham afastado-nos ainda mais desta possibilidade.

As medidas deste governo estão em plena consonância com o avanço imperialista na América Latina e Caribe. Por isso, este 8 de março deve ser também pintado com as cores da Wiphala, contra o golpe de Estado na Bolívia; com as cores da Venezuela, que resiste à intervenção norte-americana; assim como devemos entoar as canções que mobilizaram multidões no Chile, no Equador; que derrotaram nas urnas o projeto neoliberal de Macri na Argentina… E que seguem impulsionando movimentos populares em cada canto do nosso continente. É preciso defender a solidariedade entre os povos e a construção de uma frente anti-imperialista, ancorada em instrumentos como a Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM) e outros espaços de unidade internacionalista.

Por fim, entendemos que uma das principais tarefas deste Dia Internacional das Mulheres é unificar não só o movimento feminista, como temos feito desde a histórica Greve Internacional de Mulheres em 2017, como também nos integrar às demais lutas em curso contra a agenda ultraliberal deste governo. Ou seja, devemos convocar as petroleiras e os petroleiros que bravamente resistiram na greve; as professoras e professores com seus salários parcelados; as e os policiais antifascismo, que pleiteiam melhores condições de trabalho; os movimentos de bairros, duramente afetados pela falta de segurança, de saneamento básico e serviços públicos; e todas as trabalhadoras e trabalhadores que sofrem com o desemprego, a rotatividade e os baixíssimos salários. Devemos estar nas ruas pela memória de Marielle Franco e Anderson Gomes, no dia 14 de março; e pela greve da educação, no dia 18 de março.

Há centenas de lutas em curso e nossa tarefa é fazê-las confluir para um projeto comum de país e sociedade, livre de exploração e opressões. Não temos dúvidas de que só a construção do poder popular rumo ao socialismo nos fará caminhar para este horizonte.

Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Fevereiro de 2020