Todo apoio à greve dos Trabalhadores dos Correios!

imagemA UNIDADE CLASSISTA e o FÓRUM SINDICAL, POPULAR E DE JUVENTUDES POR DIREITOS E LIBERDADES DEMOCRÁTICAS apoiam a GREVE DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DOS CORREIOS deflagrada nacionalmente nesta segunda, dia 17/08/2020.

Os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios estão enfrentando um duro golpe promovido pelo Governo Bolsonaro e Floriano Peixoto (presidente dos Correios), que avançam contra os direitos da categoria, retirando 70 pontos do Acordo Coletivo de Trabalho.

No dia 31 de julho, mesmo diante da pandemia, Floriano Peixoto aproveitou o fim da vigência do Acordo Coletivo de Trabalho anterior para retirar as conquistas históricas da categoria, cortando tickets refeições, responsabilizando os trabalhadores civilmente por qualquer acidente de trânsito com os veículos da empresa e reduzindo os valores de horas em dias de descanso.

Em meio a tantos ataques e nenhuma possibilidade de negociar, os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios só tem uma saída – É GREVE!

CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS!
FORA BOLSONARO E MOURÃO!
PELO PODER POPULAR!

Entenda toda a situação vivenciada hoje pelos/as Trabalhadores/as dos Correios através dos artigos publicados anteriormente na página nacional do PCB:

Correios: luta de classes e crise sanitária
26 de março de 2020
Antonio Alves

Jornalista – membro do Comitê Regional do PCB – PIAUÍ

Os trabalhadores dos Correios vêm enfrentando nos últimos meses uma grande batalha contra o governo Bolsonaro e seus asseclas no comando da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A luta de classes no cenário dos Correios fica evidente com o desenrolar da queda de braço entre os trabalhadores e a direção da ECT. Os Correios parecem ter virado uma entidade de natureza militar, sendo comandada pela segunda vez por um general em menos de 4 anos.

O General Juarez de Paula assumiu no período do golpe parlamentar contra o PT a presidência dos Correios. Bateu de frente com os trabalhadores organizados nas duas Federações (FENTECT – FINDECT) e dos diversos sindicatos do país. Porém, houve uma guinada radical após a vitória de Bolsonaro nas eleições 2018, quando então Juarez de Paula permaneceu como presidente dos Correios até participar de uma conferência institucional que defendia os Correios como uma empresa pública e necessária para a logística do Brasil. O Presidente, em sua máxima ignorância e se sentindo afrontado devido a suas promessas de privatização dos Correios, utilizou a desculpa de uma foto com os representantes dos trabalhadores e demitiu o General Juarez de Paula para dar espaço para o também General Floriano Peixoto, neto e homônimo da ilustre figura histórica.

A chegada do General Floriano Peixoto visava a garantia da recuperação econômica da ECT, mas com o objetivo de ganhar novamente o peso no mercado para facilitar a privatização da empresa. Aplicou uma política de devastação, precarizando os serviços, reduzindo o número de funcionários, sucateando os equipamentos, dificultando a manutenção de veículos e gerando um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que jogou para fora 20 mil funcionários.

O embate entre trabalhadores e a direção dos Correios em 2019 vem se arrastando até a atualidade. A inflexibilidade e incapacidade de negociar, por ordem do Presidente da República, colocou em rota de colisão os interesses dos ecetistas e do presidente da ECT, Floriano Peixoto. O debate em torno do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2019/2020 passou por um processo de falta de respeito e desconsideração por parte do governo, que enviou o seu terceiro escalão para debater com os trabalhadores sem poder de decisão (das 6 reuniões propostas, a direção dos Correios só compareceu a duas). Nas duas participações dos representantes dos Correios com os trabalhadores, as propostas foram de retirada de direitos, mantendo uma postura inflexível, o que fez o debate sobre o ACT se arrastar de julho a setembro, quando os ecetistas decretaram greve. Esta paralisação dos serviços e a mobilização dos trabalhadores duraram uma semana e forçaram a necessidade de um Dissídio Coletivo, julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) no dia 02 de outubro de 2019. O julgamento do Dissídio garantiu a manutenção dos direitos para os trabalhadores com base no ACT anterior (2018/2019). Porém, permaneceram alguns problemas centrais para a categoria, como a retirada dos pais e a cobrança de mensalidade no plano de saúde. Mas na decisão do TST foi garantida a extensão desse Dissídio pelo período de 2 anos (prorrogando o efeito até 2021).

O governo não se conformou com a derrota e passou a articular manobras para quebrar a vitória dos trabalhadores, buscando desgastar as entidades e tentando minar a credibilidade de suas lideranças. Na decisão do TST foi decidido que os descontos dos dias de greve seriam feitos parcelados em 3 vezes. A ECT descontou de uma só vez os dias de greve, o que gerou uma mobilização judicial das federações e o TST obrigou os Correios a cumprir a decisão. No final do ano de 2019, o General ordenou o corte de uma só vez dos tíquetes/vale refeição dos dias de greve, sendo um corte de quase R$ 450,00 no bolso dos trabalhadores. Outra vez foi retomado via ação jurídica.

Em novembro, o Governo articulou os poderes e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, alterou o Dissídio Coletivo em 3 pontos: 1 – Aumento do compartilhamento e da coparticipação no Plano de Saúde (que antes estava sendo pago em 70% pela empresa e 30% pelos trabalhadores, passou a ser 50% cada); 2 – Retirada total dos pais do Plano de Saúde (os pais que estavam em tratamento de doenças crônicas ou críticas foram retirados com essa medida); 3 – Anulação da prorrogação do Dissídio Coletivo (que seria até 2021, retornou para o 2020).

Essas medidas feitas em novembro de forma unilateral pelo ministro Dias Toffoli surpreenderam até mesmo o TST, que teve seu julgamento na prática obliterado por essa decisão. Como essa liminar foi feita no período que antecedeu o período de recesso jurídico, obrigou os trabalhadores a buscar uma saída. Em dezembro de 2019 os Correios colocaram em prática a liminar de Dias Toffoli, anunciando que, a partir de janeiro de 2020, o aumento do compartilhamento seria realizado. Os trabalhadores que não se posicionassem seriam descontados de forma compulsória ou deveriam pedir o desligamento do plano de saúde.

Quando foi anunciado o aumento do compartilhamento para 50% para empresa e trabalhadores, o TST emitiu uma liminar proibindo essa cobrança abusiva, porém, no dia 20 de dezembro, o presidente em exercício do STF, ministro Luiz Fux, cassou a liminar do TST. Esse ataque da ECT, articulado pelo governo Bolsonaro junto com o STF, resultou em um aumento de praticamente 100% da despesa do Plano de Saúde, tornando inviável a permanência dos trabalhadores no Postal Saúde (plano de saúde dos Correios).

O COVID-19 E A POSTURA DOS CORREIOS

Com a descoberta do surto do COVID-19 (Coronavírus), no final de novembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China, a comunidade internacional entrou em alerta. A FENTECT enviou um ofício para a ECT pedindo orientações e Equipamentos de Proteção Individual (EPI). O General Floriano Peixoto e os demais dirigentes da ECT ignoraram os pedidos de orientação e o fornecimento de EPIs para os trabalhadores. A crise sanitária passou a entrar na pauta imediata do mundo com a percepção do número de mortes e a forma como o vírus consegue se proliferar. As federações e os sindicatos em suas bases territoriais insistiram em pedir providências e EPIs às Superintendências Regionais nos Estados. Nenhuma posição oficial foi tomada pelos Correios, seguindo na prática a postura irresponsável e criminosa do presidente Jair Bolsonaro.

Agora, após a contaminação chegar ao território brasileiro, o reflexo cruel dos números das mortes na Espanha e Itália, a contradição entre o que deve ser feito com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde e o que faz e fala o presidente brasileiro geram o caos e uma total falta de segurança. Na terceira semana de março de 2020, a ECT, depois de perceber o perigo iminente, decidiu tomar atitudes discursivas, porém, sem ações práticas, expondo os trabalhadores ecetistas à contaminação, já que o serviço de Correios é considerado essencial. Foram afastados os trabalhadores que fazem parte do grupo de risco e que seriam providenciados os EPIs, porém, o COVID-19 já está em nosso território e já causou mais de 70 óbitos até o último levantamento apresentado em 26/03.

No último informativo interno dos Correios (Primeira Hora), foi anunciado que, por motivos de conteção de despesas e o problema do Coronavírus, a ECT decidiu pela suspensão do pagamento dos adicionais e gratificações, causando um impacto financeiro ainda maior no orçamento dos trabalhadores dos Correios, que vêm sendo golpeados constantemente. Os sindicatos estão mobilizados e tomando medidas jurídicas para se resguardarem de mais outra armadilha do Governo, que tem uma verdadeira obsessão em atacar essa categoria.

Os carteiros (pedestres, de bicicleta, motorizados e de carros e caminhões), os atendentes comerciais das agências e os Operadores de Transbordo e Triagem (OTTs) estão preocupados e temerosos com a sua saúde. As federações e seus sindicatos apontam a necessidade de uma greve branca, orientando os trabalhadores que não façam suas atividades até que a ECT garanta os EPIs que estão sendo exigidos, mas não foram fornecidos, como luvas, máscaras e todo o protocolo de segurança para evitar a contaminação dos trabalhadores, assim como a proliferação do Coronavírus.

O caráter de classe desse governo, principalmente com relação aos trabalhadores dos Correios, demonstra ser uma articulação que quer aumentar a exploração, garantir os lucros para a burguesia e que pouco importa o risco de vida a que os trabalhadores estão expostos. Trabalhadores ecetistas lutam por dignidade, segurança e pelos seus direitos básicos. A grave crise sanitária apaga as ilusões de alguns que acreditaram que esse governo atenderia a nossa classe e estão percebendo que o presidente dos Correios e o Governo Bolsonaro desejam apenas manter os interesses econômicos dos capitalistas em detrimento da vida do povo trabalhador. Afinal de contas, uma “gripezinha” não pode parar a economia do Brasil.

Trabalhadores dos Correios: organizar a greve!
12 de fevereiro de 2020
PELA REVOGAÇÃO DO AUMENTO DO CUSTEIO DO PLANO DE SAÚDE E PELA MANUTENÇÃO DOS CORREIOS COMO EMPRESA 100% PÚBLICA

Os trabalhadores dos Correios estão passando por uma onda de ataques promovidos pelos governos de plantão já há algum tempo, porém, nos últimos meses o governo Bolsonaro aumentou a agressividade e reduziu o tempo de intervalo entre um golpe e outro. O que fica evidente é que a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) está na mira dos grandes monopólios. Porém, os trabalhadores são a última barreira para impedir a destruição da empresa e sua entrega à iniciativa privada.

A HISTÓRIA RECENTE DO MOVIMENTO SINDICAL DE CORREIOS

O movimento sindical dos trabalhadores dos Correios passou por momentos de refluxo e contradições nos últimos 20 anos. A ascensão do PT ao poder e a cooptação de diversas lideranças sindicais levou a uma ação de conciliação de classes que foi muito prejudicial aos trabalhadores ecetistas. Pois, mesmo com os pequenos avanços e concessões que beneficiaram os trabalhadores, tivemos poucos espaços de interlocução, fomos boicotados e, no último período do governo Dilma, antes do impeachment, a categoria nunca foi recebida.

Com o golpe parlamentar e a chegada de Michel Temer ao governo, o discurso de privatização começou a ganhar força e novos ataques contra a classe trabalhadora foram se amoldando e tornando-se reais. O caso mais concreto foi a Reforma Trabalhista que acabou com o imposto sindical (fragilizando o poder econômico das entidades e prejudicando as principais centrais sindicais), retirou muitos direitos e criou novos parâmetros na legislação, como a terceirização irrestrita e a criação da modalidade do trabalho intermitente.

A Reforma Trabalhista abriu espaço para o debate de privatização, mas para isso o governo começou a pressionar os trabalhadores, abrindo um Programa de Demissão Voluntária (PDV), com o objetivo de incentivar os trabalhadores a saírem dos Correios.

Ainda sob a tutela do governo de Michel Temer, começaram os ataques com relação ao Plano de Saúde dos Trabalhadores Ecetistas. Em março de 2018, tivemos o primeiro golpe contra os trabalhadores, quando o Tribunal Superior do Trabalho (TST) impôs a mensalidade no Plano de Saúde, o pagamento da coparticipação e a retirada dos pais como dependentes, um duro golpe contra a categoria.

A direção da ECT havia, desde 2016, proibido a adesão à Postal Saúde dos trabalhadores e seus dependentes. No caso do Piauí, se não fosse a intervenção do SINTECT-PI, que ganhou em novembro de 2018 uma ação obrigando a ECT a receber a adesão dos funcionários e seus dependentes como prevê o Acordo Coletivo de 2016/2018, talvez esses trabalhadores já estivessem sido excluídos do Plano de Saúde.

GOVERNO BOLSONARO E UM NOVO MOMENTO POLÍTICO

Com o fim do governo golpista de Michel Temer, ficou evidente que a conciliação que as Federações fizeram ao aceitarem ACTs rebaixados por conta de alguns benefícios, principalmente por conta do Plano de Saúde (que garantia o atendimento dos pais antes da exclusão em 2018), se revelou como sendo cara demais.

Durante a campanha eleitoral em 2018, o clima de polarização política já havia acirrado os ânimos. Projetos políticos distintos marcaram a campanha e projetos e discursos já apontavam o que poderia acontecer com o futuro do país, assim como com o destino que aguardava os trabalhadores dos Correios, já que havia um sentimento de mágoa com relação ao PT e certa apreensão com a possibilidade de vitória de Bolsonaro, que em diversas entrevistas, declarações e discursos, falava abertamente em privatizar a ECT.

Com a vitória de Bolsonaro e a chegada ao Palácio do Planalto de toda sua equipe, acompanhamos uma mudança na administração do Estado, caracterizada por uma política de austeridade fiscal (redução dos investimentos no setor público), redução de direitos (Reforma da Previdência) e desmonte dos serviços públicos através da proposta de privatização das grandes estatais (principalmente a Petrobras e os Correios).

ATAQUES E APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS PARA DESESTABILIZAR A CATEGORIA

Bolsonaro, como político e homem de origem militar, utiliza táticas comuns às forças armadas, dentro da filosofia dos grandes pensadores da guerra como Sun Tsu, Maquiavel ou Clausewhitz. O objetivo estratégico é a privatização dos Correios, mas, para alcançar essa meta, o governo está utilizando uma espécie de guerra híbrida de baixa intensidade, realizando ataques constantes como o fechamento dos bancos postais, redução dos caixas de atendimento, fechamentos de agências sombreadas (que têm um raio de alcance de até 3 quilômetros), unificação de unidades de trabalho, sucateamento da frota e falta de manutenção. Todos esses ataques têm como objetivo diminuir o ânimo dos trabalhadores, para entregar os Correios à iniciativa privada.

Os ataques, de forma geral, são contra toda a classe trabalhadora. Basta lembrar a MP 873/19, que impedia o desconto em folha da mensalidade sindical, a batalha sobre a Reforma da Previdência, a MP 881/19 da Liberdade Econômica. Todas elas foram medidas para enfraquecer os trabalhadores e suas organizações. Porém, no caso dos Correios, a tática de guerra de baixa intensidade prossegue praticamente sem pausa.

Em março de 2019, a MP 873/19 atingiu o movimento sindical dos Correios em cheio, gerando uma imensa dificuldade para a arrecadação da mensalidade. O recolhimento das mensalidades aconteceu graças ao reconhecimento do trabalho militante do sindicato pelos seus filiados. Porém, ainda tivemos uma queda real de 15% do valor arrecadado enquanto a MP continuou vigorando até julho de 2019.

Depois desta situação especifica com relação ao movimento sindical em geral, as atenções foram voltadas para os Correios e seus trabalhadores. Como foi uma promessa de campanha, Bolsonaro e sua equipe começaram uma verdadeira campanha para facilitar o processo de privatização da ECT. Mas, para isso, precisava atacar os trabalhadores, tentando fragilizá-los e cooptar alguns mais desligados da realidade que passaram a defender a privatização, sem perceber a armadilha em que estão caindo.

Em junho o General Juarez de Paula foi demitido do cargo de presidente da ECT por ter feito uma palestra sobre a valorização dos Correios e ter tirado fotos ao lado de trabalhadores que faziam parte da Frente de Luta em Defesa dos Correios. Bolsonaro, prevendo que seria necessário alguém de confiança com características de maior subordinação e obediência, colocou no lugar de Juarez de Paula o também General Floriano Peixoto (neto do General de mesmo nome).

Com Floriano Peixoto à frente dos Correios desde julho de 2019, no início do debate sobre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), já se percebeu que o novo comandante da ECT era um sujeito truculento e sem traquejo político, muito diferente do seu antecessor na forma, porém, igual no conteúdo.

Nas reuniões entre o Comando Nacional de Mobilização e Negociação dos Trabalhadores dos Correios (CNMN) e os representantes da ECT, ficou evidente que não haveria nenhuma vontade de debater o ACT, já que enviaram cinco pessoas do terceiro escalão representando a ECT. As propostas circulavam no sentido de retirar direitos e reduzir o poder aquisitivo dos ecetistas.

Mesmo com a intervenção do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a direção da ECT e seus representantes permaneciam irredutíveis, arrastando as negociações até setembro. Cansados dessa falta de respeito, os trabalhadores decretaram Greve, o que durou uma semana. A ECT deu entrada ao processo do Dissídio Coletivo de Greve, que foi julgado pelo TST no dia 02 de outubro de 2019.

A LUTA GARANTIU TODOS OS DIREITOS DA ACT

No julgamento do Dissídio Coletivo de Greve (DCG) realizado pelo TST, devido à postura dura e sem propostas razoáveis para a negociação com os trabalhadores, o Tribunal decidiu pela manutenção do ACT, porém, manteve intacta a questão do Plano de Saúde que estava na Cláusula 28 do Acordo Coletivo (que ainda mantinha os pais que estavam em tratamento graves no plano de saúde), além da Cláusula 79, que aumentava a vigência dessa decisão, estendendo por dois anos (validando até 2021 o ACT). O TST ainda determinou que o desconto dos dias de greve deveriam ser parcelados em 3 vezes e apenas sobre os dias úteis (os 7 dias de greve na prática foram apenas 5 dias, já que sábado e domingo não contam como dias trabalhados).

A flagrante derrota imposta contra a direção da ECT gerou uma retaliação automática, já que o General Floriano Peixoto mandou descontar da folha de outubro o valor integral e de uma só vez os 7 dias de greve dos trabalhadores. Situação que foi contornada por uma liminar que obrigou os Correios a reporem o desconto indevido.

Em novembro, devido à pressão de Bolsonaro e de Floriano Peixoto, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Tofolli, concedeu uma liminar modificando a Cláusula 28, retirando os pais definitivamente (mesmo os que estavam em tratamento), aumentando o custeio do Plano de Saúde e o compartilhamento, modificando de 30% para os trabalhadores e 70% para a ECT. Na liminar do ministro Tofolli, ficou 50% para trabalhadores e 50% para empresa.

Já com relação à Cláusula 79, Tofolli derrubou a vigência, demonstrando que em 2020 vai haver novamente tentativa de retirar os direitos trabalhistas da categoria. Fica a ressalva sobre as decisões do ministro com relação aos Correios, pois sem consultar o Pleno, Tofolli concedeu essa liminar que escancara a aliança com o STF.

Em dezembro de 2019, buscando uma saída conciliatória e amigável, as entidades representativas dos trabalhadores dos Correios (suas Federações e Associações), juntamente com senadores e deputados federais que formam a Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, participaram de uma reunião com o ministro Dias Tofolli para pedir uma melhor apreciação sobre a sua liminar que acabava prejudicando milhares de trabalhadores.

No dia 03 de janeiro de 2020, a ECT dispara em seu informativo interno (Primeira Hora) que iria aplicar as medidas previstas pela liminar do ministro Dias Tofolli, aumentando o custeio do Plano de Saúde para 50%. No aviso ainda havia uma sugestão de que o desconto iria acontecer de forma compulsória e que os trabalhadores que não concordassem com tal desconto que fizessem o pedido de exclusão do Plano de Saúde até o dia 13 de janeiro, data próxima ao fechamento da folha.

Com a mobilização política e ações jurídicas das federações e dos sindicatos, o TST concedeu uma liminar anulando a medida administrativa que previa tal desconto de 50% no custeio do Plano de Saúde no dia 16 de janeiro. Uma ação que poderia encerrar a disputa entre o General e os Trabalhadores.

Porém, praticamente uma semana depois, no dia 23 de janeiro de 2020, o presidente em exercício do STF, ministro Luiz Fux, cassou a liminar do TST, colocando novamente na estaca zero a luta pela questão do Plano de Saúde.

CHEGOU A HORA DE LUTAR EM DEFESA DO PLANO DE SAÚDE

Como já ficou evidente na história da classe trabalhadora, só a luta pode trazer conquistas concretas para a categoria. Precisamos cerrar fileiras e marcharmos juntos para evitar que conquistas importantes como o Plano de Saúde sejam retiradas de um só golpe! Assim como não podemos relaxar com relação à campanha de valorização dos Correios como empresa 100% pública.

O momento histórico está cobrando de toda categoria, de cada delegado sindical, de cada conselheiro, de cada dirigente uma postura firme na conscientização, mobilização e na organização da categoria para manter nossos empregos e direitos. O que toca diretamente na vida de mais de 100 mil trabalhadores dos Correios e seus familiares.

O movimento nacional dos trabalhadores dos Correios está construindo a unidade necessária para barrar esses ataques, apontando uma greve por tempo indeterminado para pressionar o STF a colocar em pauta a revogação do aumento do custeio do Plano de Saúde e a luta contra a privatização.

A FENTECT e FINDECT e os sindicatos filiados fecharam um calendário unificado de luta, mas para que a vitória seja alcançada é preciso coragem, determinação e uma vontade única, construída com a força dos trabalhadores. Porque sem a nossa força de trabalho e esforço coletivo a ECT não teria a credibilidade que tem graças ao papel que os ecetistas exercem.

Precisamos de um esforço coletivo, de uma determinação moral que faça que todos os trabalhadores participem da greve unificada que está sendo construída para ser deliberada nas assembleias nacionais unificadas no dia 03 de março de 2020.

A unidade da categoria e sua principal arma contra esses ataques, precisaremos da coragem e determinação de todos, independentemente da função ou cargo, de estarem na ativa ou aposentados, sem nos esquecer das 100 mil famílias desses trabalhadores que estão sendo atingidos. Devemos exigir o compromisso de participação até daqueles trabalhadores que sempre tiveram uma postura recuada diante dos problemas enfrentados por todos os ecetistas.

Chegou a hora de todos os trabalhadores atenderem ao chamado de seus representantes. Que os Conselhos Deliberativos, Dirigentes do Sindicato, Delegados Sindicais mobilizem a categoria para uma Greve que possa garantir nosso direito ao Plano de Saúde.

Categorias como petroleiros, funcionários da Casa da Moeda, do Dataprev, professores, entre outras, já estão em luta e contam com os ecetistas para reforçar esse campo de resistência a fim de derrotar esse governo que pretende destruir o serviço público entregando tudo para a iniciativa privada.

PELA REVOGAÇÃO DO AUMENTO DO CUSTEIO DO PLANO DE SAÚDE!

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DAS EMPRESAS ESTATAIS!

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS!

UNIDADE CLASSISTA, FUTURO SOCIALISTA!

O papel social dos Correios e a defesa da Soberania Nacional
14 de agosto de 2019
Coordenação Nacional da Unidade Classista

Em meio a uma ofensiva política neoliberal, de caráter autoritário e subserviente aos interesses estrangeiros, as primeiras entidades a serem atacadas são aquelas que têm um papel estratégico para o país e que fazem parte da força que impulsiona a soberania nacional.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Brasil, conhecida popularmente como Correios, exerce um papel importante político, econômico e social para milhões de brasileiros e que está correndo o risco de ver uma das empresas de maior credibilidade nacional ser entregue ao mercado financeiro internacional, destruindo uma estatal com uma trajetória de 355 anos de serviços prestados.

A maioria da população desconhece o papel fundamental dos Correios. Não sabe, por exemplo, que ela é responsável pela distribuição dos livros pelo MEC e que é responsável pela operação logística para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), sem falar da distribuição das urnas durante todos os níveis de eleições municipais e gerais em todo o Brasil.

Não é percebido pela população que o “Banco Postal” (parceria entre os Correios e o Banco do Brasil) é importante para o acesso a maioria dos municípios brasileiros onde não existem agências bancárias e que acabam movimentando a economia local. Principalmente nas cidades mais afastadas dos grandes centros, já que os Correios estão presentes em todos os 5.570 municípios do país.

Sem esquecer que os Correios também fortalecem as campanhas do Ministério da Saúde e realizam a entrega de remédios em vários postos de saúde e vacinação. Desempenhando um papel singular para a prevenção contra doenças, nas campanhas do leite materno e no tratamento e combate a doenças através da distribuição de folhetos, cartazes e o importante apoio logístico.

Do ponto de vista dos serviços, muito se fala e pouco se conhece sobre o atendimento e os valores dos serviços oferecidos pelos Correios. Alguns detratores tentam colocar na cabeça da população que a empresa atende mal, por deter o monopólio de mercado do serviço. Nada mais falso do que essa afirmação, demonstrando o total desconhecimento acerca da empresa.

Primeiro, os Correios apenas detêm o monopólio sobre o serviço de cartas, isso é, apenas sobre a distribuição dos impressos e telegramas. Já com relação aos serviços de transporte de encomendas, ela oferece o serviço mais barato do mercado nacional. As demais empresas, além de cobrarem um valor muito mais alto, só atendem aos grandes centros. Essas empresas em geral atendem apenas dentro do seu limite territorial.

Outra mentira utilizada para tentar desmoralizar e justificar a venda da estatal é que a empresa custa caro para o contribuinte, uma mentira maldosa, já que os Correios são totalmente autossustentáveis. A empresa estatal utiliza o seus subsídios cruzados (324 postos dos Correios conseguem garantir o lucro para o funcionamento dos serviços em todo país) e ainda realiza uma grande operação logística sem precisar recorrer aos cofres públicos, sendo na verdade uma grande fonte de recursos para o Governo Federal.

Atualmente está ocorrendo uma campanha de difamação contra os Correios, organizada por um lobby de parlamentares articuladas com empresários do setor do transporte/logística que estão fazendo o possível para *destruir a ECT. O movimento sindical dos Correios propôs a fidelidade logística para que o governo federal e os governos estaduais façam seus serviços logísticos com os Correios para ajudar na retomada da credibilidade da empresa.

Por isso, é preciso que a população tenha conhecimento e participe da campanha da FRENTE AMPLA EM DEFESA DOS CORREIOS COMO EMPRESA 100% PÚBLICA, pois só assim vamos evitar a destruição desse importante patrimônio nacional, parte estratégica da comunicação e da economia, pois só com a unidade entre trabalhadores e o povo poderemos barrar qualquer tentativa de privatização da empresa com mais tempo em atividade no Brasil, os Correios.