Mulheres-meninas e professoras na pandemia

imagemAS MULHERES – MENINAS NA PANDEMIA e as PROFESSORAS NO TRABALHO REMOTO

A luta contra opressão às mulheres está inserida na luta contra à exploração de classe, uma vez que ambas se contrapõem a elementos da mesma totalidade; modo de produção e reprodução social capitalista. O Brasil continua a ser um dos países mais violentos para as mulheres, com uma taxa de 4 assassinatos por 100 mil habitantes.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública,(FBSP), desde de março/20, com a pandemia de Covid19 e o isolamento social adotado com o objetivo de minimizar a contaminação na população pelo novo vírus, o isolamento domiciliar tem provocado um efeito colateral, consequências perversas para as milhares de mulheres brasileiras em situação de violência doméstica, na medida em que elas não apenas são obrigadas a permanecer em casa com seus agressores, mas sobretudo encontram barreiras no acesso às redes de proteção e aos canais de denúncia.

O FBSP observou mês a mês uma redução nas denúncias de violência contra a mulher, em comparação a anos anteriores, porém há um aumento de feminicídios e/ou homicídios. Em São Paulo registrou-se uma diminuição de registros de violência contra a mulher em quase 27%, num sinal de que as mulheres estão sofrendo mais no domicílio com seus agressores e tendo com maior dificuldade em denunciá-los. Sabemos que o Brasil é um dos países com maiores número de índices de feminicídios e violência doméstica e essa situação tem se agravado com a onda conservadora que oprime mais as mulheres, particularmente as negras, as GLBTs – lésbicas, trans, travestis.

Na educação somos maioria, aproximadamente 80% da categoria. Num trabalho em EAD extremamente estressante, com uma enorme demanda, onde temos que dar conta na Central de Mídias (CMSP), nos WhatsApp, nos e-mails e nas atividades em papel. Somado a isso, ficamos angustiadas com as dificuldades encontradas pelos alunos, são quase 60% deles acessando precariamente ou não acessando as plataformas digitais. Professoras estão também em exaustão, pois temos dificuldades em acesso digital, falta de bons equipamentos, como a internet, que deixa muito a desejar. Sofremos, em algumas escolas da região, assédio moral por parte da direção, levando inclusive professoras a procurar ajuda médica. O quadro pior é que sabemos que o ensino remoto é precário, promove uma “uberização” do conhecimento na medida que aplica atividade, corrige atividade, devolve atividade, e as professoras alfabetizadoras sofrem mais ainda porque sabem das dificuldades imensas com a alfabetização à distância.

Embora o governo Doria/Rossieli não nos considere humanas, somos mulheres sim: mães, temos filhos, esposos, ou somos arrimo de família, ou moramos com pais idosos, temos todos os trabalhos domésticos ainda sob nossas responsabilidades. A última estatística 2018 – Ipea), constatou que 45% dos lares são chefiados por mulheres, acredita-se que hoje em 2020 esse dado pode ter aumentado. Não temos um estudo em nossa categoria sobre violência doméstica contra as professoras, mas com certeza temos: violência de acúmulo de trabalho ou intensificação da exploração na carga de trabalho, ou seja, duplas, triplas jornadas de trabalho, os cuidados domésticos, a saúde, o bem estar dos filhos e da família e até mesmo o cuidado com o idosos, enfermos e deficientes.

Segundo quadro da Seduc/CGRH/Deplan/Cepea de 30/07/19 – No estado de São Paulo: Do total de professoras, temos:

Professoras por idade: de 20 a 49 anos de idade………………61,5%

Mais de 50 anos de idade …………… 38,5%

Quase 40% das professoras estariam em idade para aposentadoria, porém, com a reforma da previdência de BolsoDória, trabalharão aproximadamente mais 10 anos. Como sempre, toda reforma, as que recebem mais ataques são as mulheres. Tivemos uma participação importante de resistência de luta contra as reformas da previdência, tanto contra Bolsonaro como de Dória.

Nossa luta continuará contra projetos educacionais conservadores, privatistas, com redução massiva do quadro de servidores, com contratação precária de professoras, com fechamentos de salas de aula, principalmente contra “pacotes” de planejamento pedagógicos advindo de agentes externos à educação, contra a redução das disciplinas de modo a precarizar uma educação emancipadora, neste sentido pela revogação da reforma do ensino médio.

E defendemos também:

► O NÃO retorno às aulas presenciais durante a pandemia.
► Que os serviços de atendimento às mulheres em situação de violência sejam considerados essenciais.
► Que canais de denúncia online com maior facilidade de acesso às vítimas sejam criados em todas as localidades.
► Que as medidas protetivas às mulheres sejam ampliadas e que haja um crescimento no potencial de atendimento em abrigos e lares destinados às mulheres trabalhadoras nesta situação.
► Pela garantia de fornecimento de água, luz, energia, internet e gás de forma gratuita a toda a população.
► todos os materiais usados pelas professoras/professores como computador, celular, internet, energia elétrica seja subsidiado pelo estado.
► Que seja amplamente divulgado uma planilha dos gastos com o CMSP, TV Gazeta, etc.
► Que se garanta sigilo a todos os dados pessoais, de imagem e do trabalho intelectual das professoras/res no trabalho a distância.
► NÃO à educação em EAD na educação Básica.

Maísa – UC-Unidade Classista – CER – Subsede Tatuapé Apeoesp

Comitê UC dos Professores/Apeoesp

Agosto/2020