William, Walmir, Barroso: presentes!

imagemNove de Novembro de 1988: o massacre dos Operários de Volta Redonda

UNIDADE CLASSISTA

A Unidade Classista, corrente sindical e operária coerente com seus princípios, soma-se ao conjunto de entidades na preservação da memória dessa importante jornada de luta operária em Volta Redonda/RJ.

O Nove de Novembro de 1988 constituiu-se, ao longo dos últimos 33 anos, uma importante referência para todos os trabalhadores do Brasil e adquire um significado maior, principalmente em um momento no qual, a pretexto de uma crise econômica mundial pela qual não somos responsáveis, novos ataques e chantagens são organizados contra a classe trabalhadora.

No dia 4 de Novembro de 1988, em uma Assembleia, os metalúrgicos da CSN decidiram por uma greve pacífica em que reivindicavam reajuste salarial com base no DIEESE, readmissão de demitidos no ano de 1987, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) eleita pelos trabalhadores, jornada semanal de 40 horas e a implementação do turno de 6 horas. No dia 07 de Novembro começou a paralisação.

No dia 09 de Novembro, o Exército iniciou a repressão dentro e fora da CSN, tendo como trágico resultado a morte de três metalúrgicos no interior da empresa: Carlos Augusto Barroso, de 19 anos, Walmir Freitas Monteiro, 27 anos, e William Fernandes Leite, 22 anos, além de deixar muitos feridos.

Após a repressão do Exército, a greve foi mantida, porém, como resposta, o Ministro da Indústria e Comércio ameaçou fechar a CSN. No dia 22 de novembro a população deu um abraço simbólico à CSN e, no dia 24 de Novembro, em assembleia, os metalúrgicos decidiram pelo fim da greve.

Em relação às mortes ocorridas em 9 de Novembro de 1988, ninguém foi considerado culpado e as denuncias feitas pelo Ministério Público foram rejeitadas. O General José Luís Lópes da Silva, comandante da invasão, tornou-se Juiz, pois foi indicado Ministro do Superior Tribunal Militar em 1990 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

As Agressões Continuaram

A repressão não parou por aí: o Memorial 9 de Novembro, construído em homenagem aos operários mortos, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1° de Maio de 1989, foi dinamitado na madrugada do dia seguinte. Essa atitude demonstrou até onde estava disposta a ir a repressão e se constituiu como uma afronta direta ao recém instaurado processo de “redemocratização” que o país atravessava.

Os moradores de Volta Redonda acordaram perplexos e indignados com mais essa arbitrariedade. Os fantasmas da ditadura rondavam a cidade, demonstrando que estavam determinados a continuar as agressões contra as lutas operárias. O Memorial 9 de Novembro foi reerguido pelos próprios metalúrgicos de Volta Redonda e reinaugurado em 12/08/1989. As pressões contra os trabalhadores da CSN e contra o povo da cidade não pararam por aí. Com a eleição de Fernando Collor para Presidente, novas demissões ocorreram e foram preparadas as condições para a privatização da empresa.

A Privatização da CSN

A privatização da CSN foi aprovada em 11 de junho de 1992 pelo PND, Plano Nacional de Desestatização. O seu Edital de venda foi publicado em 9 de outubro de 1992 e, após o Decreto Federal 724, de 19 de janeiro de 1993, sua venda foi realizada em 02 de abril de 1993 pela metade do valor que havia sido avaliado na época, ou seja, pelo preço mínimo de R$ 1,2 bilhão.

Outra grave situação marcou esse processo, pois todo território da União em nome da CSN foi incluído no pacote de sua venda, resultando que parte expressiva do território de Volta Redonda, patrimônios nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, passaram a ser propriedades do consórcio de empresas que arrematou a CSN. Em Volta Redonda, a Fazenda Santa Cecília, os terrenos do Aero Clube, as terras ao longo da Rodovia dos Metalúrgicos, imóveis como o Escritório Central, o Posto de Puericultura e diversas áreas residenciais e comerciais também constam dessa lista. As constantes demissões, chantagens, condições inseguras de trabalho e aumento de acidentes fazem parte de uma realidade que se agravou com a privatização. Toda cidade sentiu esses reflexos, constatados em problemas como o aumento da violência, suicídios, conflitos por moradias e desempregos.

A luta continua, em memória dos operários mortos pela repressão e pelos direitos da classe trabalhadora!

Pelo Poder Popular e pelo Socialismo!

Unidade Classista, futuro socialista!

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