Polícia matou 1.316 pessoas em 2011
No ano passado, 1.316 pessoas morreram em confronto com a polícia em 15 estados, e 107 policiais acabaram mortos. O Rio registrou o maior número de mortes em confronto policial em 2011 (524), mas, nos últimos cinco anos, teve uma queda de 60%. Já São Paulo registrou 460 mortos em conflito no ano passado e 28 policiais mortos. Os números são do 5º Relatório Nacional Sobre os Direitos Humanos no Brasil, lançado ontem pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da USP.
O relatório não capta ainda os efeitos da onda de violência vivida em São Paulo neste ano. Foram 96 policiais mortos e, nos primeiros nove meses do ano, 372 pessoas que morreram em suposto confronto com a polícia, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública.
O relatório mostra apenas 15 estados porque grande parte das instituições de segurança do país não oferecem dados sistematizados. A falta de dados e a dificuldade em obter informações, apesar da Lei de Acesso, em vigor desde maio, foram criticadas ontem pelos pesquisadores do NEV.
Apesar das dificuldades de estabelecer com detalhes um perfil nacional dos abusos de direitos humanos por parte da polícia, os pesquisadores defendem que, nos estados monitorados, as mortes decorrentes de confrontos com a polícia se mantêm constante. Pelo estudo da pesquisadora Viviane Cubas, do NEV, entre 2001 e 2011, 5.205 pessoas foram mortas pela polícia em São Paulo. Outras 525 morreram em suposto confronto com policiais que estavam fora de serviço. Um determinante do poder de letalidade, segundo o estudo é o contraste entre o alto índice de mortes e o número de pessoas que saíram feridas desses confrontos: 532 em 11 anos. A outra comparação de Viviane é em relação ao número de homicídios totais: dos 5.187 casos no ano passado, 461 ocorreram em supostos confrontos policiais.
Para o coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, além de responsabilizar as próprias instituições policiais e as políticas de segurança, é preciso ficar atento para o papel do Ministério Público, que, segundo ele, não tem uma atuação de controle externo das atividades policiais. Lima criticou também a morosidade do Judiciário nos julgamentos dos crimes atribuídos à polícia.
– Eu não diria que o Ministério Público é omisso, mas diria que há uma grande incerteza sobre como agir. E isso se amplia para o Poder Judiciário. Há um enorme afastamento em relação à temática da segurança, que faz com que todos os problemas de crime e violência, de desrespeito aos direitos humanos, recaiam nas costas das polícias. Elas são responsáveis, mas não são as únicas – disse Lima.
De acordo com o relatório do NEV, entre 2000 e 2009, a taxa de homicídios no país cresceu 1,6%. As regiões Norte e Nordeste registraram os maiores crescimentos, com 82% e 72% respectivamente. O Sudeste registrou uma grande baixa, de 40%.
Procurador diz que Valério entregou documentos
O Estado de S. Paulo
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que “nada deixará de ser investigado” ao ser questionado sobre acusações do suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lu la da Silva com o esquema do mensalão. Gurgel confirmou ter recebido documentos do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, no depoi mento no qual disse que di nheiro do valerioduto pagou despesas pessoais de Lula e que o ex-presidente deu aval para empréstimos que irriga ram o esquema.
Gurgel afirmou que vai tomar providências para investigar o que for necessário em relação às declarações de Valério, cujo teor foi revelado na semana pas sada pelo Estado. O procura dor-geral disse que, se houver algo a ser investigado em rela ção a Lula, o assunto será enca minhado ao Ministério Público Federal que atua na primeira instância, no Distrito Federal ou em São Paulo. Ao deixar a Presidência da República, no fim de 2010, Lula deixou de ter direito a foro privilegiado no Su premo Tribunal Federal.
“Quanto especificamente ao presidente Lula, eventual investi gação já não compete ao procura dor-geral da República, já que o ex-presidente não detém prerro gativa de foro”, disse Gurgel.
Embora tenha dito que vai ana lisar o conteúdo do depoimento de Valério, o procurador levan tou algumas dúvidas sobre as de clarações. “Com muita frequên cia, Marcos Valério faz referên cia a declarações que ele conside ra bombásticas. E quando nós va mos examinar em profundida de, não é bem isso.”
Depósitos
O procurador disse que Valério prestou um único de poimento ao Ministério Público Federal, em setembro. “Ele en tregou alguns documentos, mui to poucos, e esses documentos agora serão avaliados para que se possa tomar as providências necessárias à apuração.” Segun do Gurgel, o empresário entre gou dois comprovantes de depó sito. “Isso tem que ser avaliado, quem são os beneficiários des ses depósitos, em que contexto isso foi feito.”
O depoimento de Valério foi prestado em 24 de setembro. Na ocasião, além de apontar o envol vimento de Lula no esquema de compra de apoio ao governo no Congresso, o operador do mensalão disse ter sido ameaçado de morte por Paulo Okamotto, dire tor do Instituto Lula e amigo pes soal do ex-presidente. “Tem gen te no PT que acha que a gente devia matar você”, teria dito Oka motto a Valério.
Gurgel disse que preferia espe rar a conclusão do julgamento do mensalão para começar a aná lise das declarações de Valério. Entre o depoimento, dado por iniciativa do empresário depois de ter sido condenado pelo Su premo, e o fim do processo, na segunda-feira, passaram-se qua se dois meses. “Concluído o jul gamento, agora eu vou sim anali sar o depoimento e serão toma das as providências, enfim, que são cabíveis para completa investigação de tudo que demande apuração”, declarou Gurgel.
No julgamento do mensalão, que durou quatro meses e meio, o procurador-geral teve grande êxito. Ele conseguiu convencer o STF a condenar 25 dos 37 réus do processo. Desses, 11 condena dos – entre os quais o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu – foram punidos com penas que devem começar a ser cumpri das em regime fechado. Os réus também foram condenados a pa gar multas que, em alguns casos, superam os R$ 2 milhões.
Indústria alerta para racionamento
O Globo
A Petrobras alertou Firjan e Fiesp para a possibilidade de desviar gás para usinas térmicas diante do risco de racionamento de energia. Isso porque o nível dos reservatórios das hidrelétricas está perto do limite de segurança. Assim, faltaria gás para as indústrias, que teriam que operar suas térmicas com óleo diesel.
Diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e da maior demanda por geração térmica, a Petrobras procurou as federações das indústrias do Rio e de São Paulo pedindo que orientassem as empresas a darem preferência ao uso de óleo combustível e óleo diesel, pois a empresa terá de elevar a oferta de gás natural para as térmicas, segundo fontes do setor. O pedido acendeu o sinal amarelo na Firjan, que distribuiu comunicado a seus associados com o alerta para a possibilidade de racionamento de energia neste fim de ano e no início de 2013. A entidade também cobrou do Ministério de Minas e Energia (MME) providências para garantir o abastecimento. Autoridades descartaram risco de racionamento. Nos governo de Lula e Dilma, o risco de racionamento sempre foi rebatido e considerado um problema do governo de Fernando Henrique Cardoso
Petrobras teria sugerido às federações de Rio e SP o uso de óleo diesel para liberar gás natural às térmicas
A Firjan se diz preocupada especialmente com as regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde as hidrelétricas estão com o nível dos reservatórios em 29,86%, abaixo do ano de racionamento (2001), quando estavam em 32,27% em 31 de dezembro, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS). O volume dos reservatórios também está próximo ao chamado “nível meta”, ou seja, o mínimo para garantir o abastecimento com segurança em 2013/2014. No Sudeste, esse índice é de 28% em dezembro, sempre considerando o último dia do mês. O período úmido deveria ter começado no fim de outubro ou início de novembro, mas as chuvas têm sido escassas por causa do fenômeno El Niño.
“Diante do quadro, a possibilidade de ocorrência de eventos de desabastecimento temporário de energia para o fim do ano e início de 2013 aumentou substancialmente, alcançando níveis preocupantes”, diz nota da Firjan. “A diretoria considera que qualquer medida que se reflita em custos ou escassez de insumos energéticos trará impactos significativos à competitividade industrial e ao desenvolvimento do país.”
Oficialmente, Firjan e Fiesp negam que tenham sido procuradas pela Petrobras. A estatal também nega. Em nota, garantiu que não existe qualquer risco de desabastecimento aos seus clientes e que “está cumprindo rigorosamente seus compromissos de suprimento”.
O diretor do Deparamento de Infraestrutura da Fiesp, Carlos Cavalcanti, adotou um discurso mais moderado que o da Firjan:
– Não existe debate sobre racionamento em 2013. Poderíamos falar de racionamento em 2014. Mas 2013, não. Isso já está garantido com a chamada energia de reserva. Ainda ontem (terça-feira) liguei para o Chipp (Hermes Chipp, diretor-geral do ONS). Ele voltou a me falar sobre a importância de ter as térmicas ligadas para garantir o abastecimento.
Com o baixo nível dos reservatórios, as térmicas, que costumam ficar desligadas durante o ano, estão operando a pleno vapor. Isso significa que estão demandando gás natural em volumes acima da média para o ano. O temor da Firjan é que o aumento dessa demanda leve as distribuidoras de gás a deslocar o gás da indústria para a geração térmica. De acordo com o gerente de competitividade da federação, Cristiano Prado, a geração térmica representava em novembro 23% do total gerado no país. Em novembro de 2011, era de apenas 7%.
“A elevada demanda de gás natural para suprimento das térmicas poderá levar as distribuidoras estaduais a exercer junto aos seus clientes industriais as cláusulas de flexibilidade e de interruptibilidade dos contratos. Qualquer um dos eventos terá impactos negativos inequívocos sobre a atividade industrial”, diz a Firjan.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que o risco de racionamento está descartado. Ele admitiu que o período úmido está “atrasado”, mas assegurou que há gás para atender a demanda industrial e de geração de energia. Diz que as térmicas estão gerando cerca de 13,5 mil megawatts (MW) médios e ainda podem gerar mil megawatts médios adicionais. A EPE é responsável pelo planejamento energético.
– A nota da Firjan é leviana. É uma irresponsabilidade lançar uma nota dessas sem nos procurar antes. Não se pode comparar com a época do racionamento justamente porque hoje temos as térmicas. Naquela época não tínhamos.
Ele explicou que há três contratos de fornecimento de gás entre a Petrobras e seus clientes: firme, flexível e interruptível. No primeiro caso, há a garantia do fornecimento de gás. No segundo, a Petrobras se compromete em oferecer outra fonte de combustível, como o óleo diesel. Na última modalidade, pode cortar o fornecimento de gás, e o cliente terá de buscar alternativas.
Para Tolmasquim, não haverá falta de gás, mas o preço tende a ser mais alto. Isso porque a demanda por gás nessa época do ano é grande no Hemisfério Norte, por causa do inverno. As importações de Gás Natural Liquefeito (GNL) pela Petrobras, portanto, tendem a custar mais. Num ano em que a estatal está cortando gastos e chegou a ter prejuízo bilionário, é natural que tente convencer os clientes a reduzir o consumo de gás, para que suas despesas com a compra do insumo não cresçam tanto, dizem fontes.
Os especialistas se dividem quanto ao racionamento. Para Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ, o abastecimento energético está assegurado porque as térmicas devem se manter operantes no período úmido (até março/abril), algo que nunca aconteceu. Já Roberto Araújo, diretor da ONG Ilumina, diz que o risco é real e critica “a fragmentação na gestão do setor elétrico”.
Espanhóis e chineses na energia de Belo Monte
A espanhola Abengoa e o consórcio liderado pela chinesa State Grid arremataram ontem, em leilão na Bovespa, as principais linhas de transmissão que entregarão a energia de Belo Monte. As duas ficaram com metade dos oito lotes leiloados. O deságio médio foi de 21,7%. No total, as linhas terão investimentos de R$ 5 bilhões e devem ficar prontas em até 36 meses. Analistas esperavam deságios menores, por causa da indefinição com a MP 579, que antecipa renovação das concessões para garantir redução do preço da luz. Para o governo, o resultado do leilão é prova de que o setor mantém a atratividade.
Avanço do crédito em 2013 pode ser o menor em dez anos
Valor Econômico
Ao estimar um crescimento nominal de 14% no estoque de operações de crédito para 2013, ontem, o Banco Central cravou uma projeção que, se confirmada, representará o menor avanço dos financiamentos desde 2003 – mais baixo inclusive que as taxas vistas durante a crise de 2009.
Além de inferior ao que esperava a média das instituições financeiras, a estimativa da autoridade monetária reflete um “novo normal” no comportamento do crédito no país, em que “moderação” é a palavra-chave e a contribuição dos financiamentos para o crescimento econômico fica mais discreta.
“É um crescimento moderado, em linha com o discurso do BC para inflação”, afirma Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e atual economista-chefe do Banco J.Safra. “Mostra um quadro mais desafiador para a retomada da atividade, já que não há mais uma contribuição tão contundente do crédito.”
Um quadro que, até a semana passada, não era o principal cenário das instituições financeiras brasileiras. Pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgada na quinta-feira passada, mostrava que os 31 analistas ouvidos projetavam um crescimento de 16,2% do estoque das operações de crédito em 2013, quase o mesmo avanço que deve ser registrado neste ano.
A Rosenberg Consultores Associados, por exemplo, afirmou em relatório que esperava um crescimento do estoque de operações de crédito “um pouco maior” no ano que vem do que em 2012. Já a LCA Consultores defendia um avanço de 17% do estoque de operações de crédito em 2013.
Mais do que um sinal de cautela do BC, há quem interprete o menor ritmo de crescimento dos estoques como produto da queda nos juros bancários ocorrida ao longo deste ano. Rodrigo Alves de Melo, economista da Mauá Sekular Investimentos, lembra que a taxa média de juros bancários, que começou 2012 perto de 38% ao ano, vai terminar o ano em 29%. Isso traria um “efeito matemático” no crescimento do estoque de operações de crédito, em que o juro da operação faz parte do cálculo.
“A dúvida é qual a magnitude desse efeito no crescimento do estoque”, afirma. “Podemos ter um ano em que as novas concessões de crédito crescem mais que em 2012, mas que a taxa de juros menor faz o estoque como um todo avançar menos”. Esse efeito é favorecido pelo curto prazo das operações de crédito no país. Em novembro, o prazo médio foi de 524 dias.
Os dados de novembro, porém, não trouxeram boas notícias no front das concessões. A velocidade de crescimento em doze meses da média diária de concessões desacelerou para 2,3% no penúltimo mês do ano, ante 5,1% em outubro. No crédito corporativo, o crescimento das originações caiu de 7,9% para 2,8%. A prévia de dezembro mostra recuperação nesse indicador, mas, como os dados de crédito foram divulgados mais cedo que o habitual, foram analisados poucos dias úteis
Para a equipe de analistas do Credit Suisse, o enfraquecimento dos desembolsos sugere que uma recuperação “significativa” do crédito não deve acontecer no curto prazo. O cenário da casa para um prazo mais longo é mais otimista. “Mantemos nossa avaliação que menores taxas de juros irão ajudar a reduzir a taxa de comprometimento de renda das famílias brasileiras, o que vai promover uma redução na taxa de inadimplência nos próximos trimestres”, escreve a equipe de analistas comandada por Nilson Teixeira.
“Nesse ambiente, transações de crédito provavelmente vão acelerar em 2013, em um cenário de crescimento mais forte do PIB”, afirma o Credit Suisse.
Se o crédito de fato avançar 14% no ano que vem, vai crescer em velocidade inferior ao que é considerado como taxa de equilíbrio pela equipe econômica do Banco Central. Em estudo recente publicado no site da autoridade, que tem entre seus autores o diretor de regulação do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, o nível ótimo de equilíbrio para o crescimento do crédito seria uma taxa de 16%.
“Mesmo que avance a 14%, o crédito continua crescendo – e não é pouco. Eu acho que, com esse percentual, o BC está tentando evitar surpresas negativas” afirma Rodrigo Del Claro, diretor da Crivo TransUnion, que desenvolve ferramentas de análise de crédito.
BC: Calote de pessoas físicas recua para 7,8%
O Globo
Depois de três meses inalterada, a inadimplência da pessoa física caiu em novembro. No caso das famílias, passou de 7,9% para 7,8%, e nos contratos de financiamento de automóveis, de 5,9% para 5,6%, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Esse tipo de crédito foi o centro das preocupações do governo nos últimos dois anos. O BC, preocupado com a inadimplência, chegou a alterar as regras e diminuir o prazo dos empréstimos para a compra de carros, que ultrapassavam, em alguns casos, 60 meses.
– Com esse último resultado, a gente pode falar que o momento crítico nessa modalidade foi superado – afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Outro exemplo de melhora pode ser visto na queda ainda maior dos financiamentos de outros bens, de 12,8% para 12,1%. Já a inadimplência das empresas ficou estável em 4,1%, tendo registrado apenas leves oscilações durante o ano.
O estoque do crédito aumentou 13,5% no ano até novembro, para R$ 2,3 bilhões. A projeção para 2012 é crescer 14%. Nos bancos públicos, a alta deve ficar em 26% (24% antes). Nos privados, a projeção caiu de 10% para 7%. Para 2013, a previsão também é de alta de 14%. Já os juros caíram pelo nono mês consecutivo, de 35,4% para 34,8% ao ano, novo piso histórico. Para empresas, foram de 22,1% para 21,7%.
Dilma: Em 2013, redução de impostos será prioridade
O Globo
Em solenidade de entrega de certificados aos formandos dos cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec) em Palmas, capital de Tocantins, a presidente Dilma Rousseff disse que, em 2013, uma de suas principais lutas será a redução de impostos. Ela evitou falar sobre a confusão no Congresso em torno dos vetos à lei dos royalties do petróleo, mas voltou a defender a utilização desses recursos para ampliar e melhorar o acesso à educação no país.
– Quando cheguei aqui, um jornalista me perguntou: “E a economia, presidente?” Pois eu quero dizer: a economia nós estamos resolvendo em muitos lugares, baixando juros; fazendo o câmbio ser um câmbio “mais real; assegurando redução nas tarifas de energia, diminuindo os impostos, o que é muito importante para o país. E eu quero dizer que, no próximo ano, essa vai ser uma das minhas maiores lutas: a redução dos impostos no nosso país. E construindo o futuro do país no presente, que é a formação profissional – disse a presidente.
Mais tarde, na cerimônia de entrega do Prêmio Finep 2012, no Palácio do Planalto, a presidente voltou a destacar medidas como redução de juros, impostos e tarifa de energia, além das parcerias com o setor privado, para reduzir os gargalos no país:
– Este país tem de crescer. Tem de crescer e precisa dos empresários, dos inovadores. Por isso que é tão importante desatar os nós, reduzir os gargalos.
Ensino precário atrapalha produção
Correio Braziliense
Sem condições de equacionar os problemas de ensino, o país vive uma crise na educação que tem se refletido fortemente na produtividade dos nossos trabalhadores e ajudou a jogar a indústria na recessão. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49,3% da população de 25 anos ou mais não concluíram o ensino fundamental ou não têm qualquer instrução. É uma multidão que mal sabe ler e escrever, mas que tem de operar computadores e máquinas. Contudo, mesmo tendo estudado pouco, ocupa cargos de chefia. Esses números explicam por que são necessários cinco brasileiros para produzir o que apenas um norte-americano faz no chão da fábrica.
Os dados apresentados pelo IBGE fazem parte do Censo 2010 e foram divulgados ontem. A pesquisa mostra ainda que o baixo nível de educação está enraizado em quase todos os ramos de atividade. Entre os diretores e gerentes que estão à frente de empresas, 15,03% não terminaram o ensino fundamental. Entre os trabalhadores do agronegócio classificados como qualificados, esse percentual é de 77,2%. Nos serviços domésticos, esse número ficou em 60,80%. O segmento que apresenta o melhor resultado é o das forças armadas, policiais e bombeiros militares: 5,21%.
Indústria
Na indústria de transformação, que tem sofrido com a concorrência imposta sobretudo pelos asiáticos, a fatia dos que não têm fundamental é de 34,07%. Mesmo no ramo da educação, existem profissionais com baixa escolaridade: 9,8% com pouca ou quase nenhuma instrução. Em cidades e povoados no interior do país, é comum pessoas da própria região, que nunca frequentaram uma faculdade, ensinem matemática, biologia e, até mesmo sem saber a língua, ensinando inglês. “Isso impacta na nossa produtividade. Educação é um ponto decisivo. Não se pode ser um país rico com nível educacional baixo”, alertou Simão Silber, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP).
Ainda segundo o professor, se for levado em conta o volume de recursos que o Brasil aplica na educação — algo ao redor de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) —, o país tem o pior desempenho do mundo em ciências e matemática. “Nós estamos aproximadamente na metade do caminho, do ponto de vista educacional, de um país como a Coreia”, avalia Silber. “A escolaridade média de um coreano é 15 anos, a nossa é metade disso. O brasileiro tem um nível de conhecimento apenas básico, que vai de leitura e passa por ciência, mas que eu chamaria, pelo padrão internacional, de elementar”, argumentou.
Inflação dispara e assusta governo
Correio Braziliense
O governo recebeu com preocupação o resultado do IPCA-15 de dezembro, de 0,69%, que confirmou reajustes disseminados de preços por toda a economia. A taxa, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou acima tanto do 0,54% de novembro, quanto do 0,56% do mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, a prévia do índice oficial de inflação ficou em 5,78%, abaixo dos 6,56% de 2011, mas muito longe dos 4,5% definidos como meta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Foi o terceiro ano seguido em que o indicador ficou distante do objetivo perseguido pelo Banco Central (BC).
Alimentos, com alta de 0,97% e serviços pessoais, que tiveram elevação de 1,10%, foram os dois grupos de produtos que mais contribuíram para o índice. No entanto, Luiz Otávio de Souza Leal, do Banco ABC Brasil chamou a atenção para o fato de que itens importantes como habitação (0,74% de alta) e transportes (0,71%) também deram forte contribuição para acelerar a carestia. Ou seja, a inflação está presente em todos os elementos que compõem o IPCA-15 e já não há mais a desculpa para o BC dizer que o país está tendo que acomodar choques de preços dos alimentos, movimento que começou com a forte seca deste ano nos Estados Unidos.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, procurou minimizar a importância da aceleração do indicador em dezembro. “Todo fim de ano a inflação sobe. Mas a de 2012 será menor que a de 2011”, afirmou. Já os consumidores se assustam com o preço dos alimentos expostos nas gôndolas dos supermercados. A aposentada Ivete Santana, 67 anos, disse que os gastos semanais com a alimentação da família dobraram, passando de R$ 80 para R$ 160 nos últimos meses. “Apesar das promoções, tudo continua muito caro”, afirmou.
Acostumada a pagar R$ 2,80 pelo quilo do maracujá, Ivete conta que hoje a mesma quantidade não sei por menos de R$ 6,70. “As frutas só tem preço. A qualidade passa longe”, lamentou. O preço das frutas foi um dos destaques de alta em dezembro, com reajuste médio de 1,27%, ao lado da carne de frango (4,16%) e do leite (2,03%). A aposentada se queixou também da alta do preço do arroz. “Antes eu pagava R$ 7, às vezes R$ 8, pelo saco de cinco quilos. Agora, custa R$ 12”, disse.
Tendência
No caso das despesas pessoais, as maiores elevações foram a dos cigarros (2,66%) e de empregados domésticos (0,82%). Do lado dos transportes, o item passagens aéreas foi o destaque, com variação de 17,08%. No entender de Leal, a trajetória da inflação parece ser de alta, seja qual for o ângulo utilizado para análise. “O resultado de dezembro está contaminado pelo impacto das passagens aéreas, mas, considerando que o IPCA-15 fechou o ano em 5,78%, não dá para ficar aliviado com o fato desse número ser menor do que os 6,56% de 2011”, disse.
Já o economista Rafael Leão, da Austin Rating, é mais otimista. “Teremos uma inflação mais baixa no ano que vem, mesmo com atividade econômica maior. A alta no setor de alimentos não deve se repetir, já que o salário mínimo não terá reajuste tão forte”, disse.
Grécia ‘vai ou racha’ em 2013, diz ministro
Valor Econômico
O ano que vem será “ou vai ou racha” para o futuro da Grécia enquanto país membro da zona do euro, disse ontem o ministro das Finanças Yannis Stournaras, alertando os líderes da Europa que Atenas ainda corre o “possível risco” de sair da união monetária.
“Poderemos conseguir no ano que vem se nos ativermos ao programa acertado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional”, disse ele ao “Financial Times”. Mas “haverá um rompimento se o sistema político achar a situação difícil demais para ser conduzida”, acrescentou ele, referindo-se ao perigo de instabilidade social que poderia acabar com a coalizão que apoia o governo.
“O que fizemos até agora foi necessário, mas não o suficiente para se chegar a uma solução permanente”, afirmou Stournaras. “O problema agora é a implementação.”
Seu alerta fere o otimismo predominante em relação à Grécia, cujo rendimento dos bônus de dez anos caiu ontem ao menor nível em 21 meses, depois que o Banco Central Europeu (BCE) disse que vai aceitar mais uma vez a dívida soberana do país como garantia.
A melhoria em seis pontos da classificação do país pela agência de avaliação de risco Standard & Poor”s (S&P), depois da bem sucedida recompra de dívida da semana passada, deu um ímpeto ao governo, embora os bônus gregos ainda estejam com a condição “junk”.
Stournaras disse que Atenas vai se concentrar no ano que vem na evasão fiscal, no cumprimento das metas de privatização e na remoção de obstáculos burocráticos à entrada de investimentos no país.
O desembolso nesta semana de uma parcela de ajuda de € 34,2 bilhões por credores internacionais, após cinco meses de duras negociações, representou um “voto de confiança” na capacidade do governo de realizar as reformas fiscais e estruturais, disse Stournaras, apesar da oposição dos sindicatos e dos partidos políticos ao socorro financeiro. “A decisão de nossos parceiros de nos conceder tanto dinheiro – mais que o esperado – remove uma grande parte do risco.”
No entanto, alertou ele, “ainda corremos o possível risco de quebrar”. Qualquer falha da Grécia em honrar suas dívidas junto aos credores internacionais resultará na saída inevitável do euro.
A Grécia enfrentará o sexto ano consecutivo de recessão em 2013, período em que a economia deverá encolher cerca de 4%, após uma contração projetada de 6% para este ano. Stournaras prevê uma reação para o quarto trimestre de 2013 e um crescimento modesto para 2014. Até março, Atenas receberá mais três parcelas da ajuda financeira – num total de € 18 bilhões de euros -, desde que conclua as reformas exigidas sob os termos de seu segundo socorro de € 172 bilhões.