COMUNICADO DA COMUNA AMARILDO DE SOUZA, EM SANTA CATARINA

Comunicado 17 – Unidade Popular x Podres Poderes

Comuna Amarildo de Souza, 30 de abril de 2014

Unidade na ação ou na solidariedade, mas unidade! Este é na América Latina o desafio fundamental dos trabalhadores e trabalhadoras em seus movimentos, sindicatos, partidos e outras formas de organização na luta por justiça social e pela Revolução.

Desde que invadiu nosso continente o Imperialismo através da violência do Estado e da Mentira midiática usa a milenar tática dos dominadores: dividir para reinar. E assim faz também ao tentar jogar Sem Terra contra Índio e vice-versa. Ao tentar isolar as lutas dos Afrodescendentes por terra ou contra o racismo, criminalizando a pobreza, entre tantas outras divisões que são sistematicamente implantadas à força ou pela mentira que gera ignorância, preconceito, corporativismo e sectarismo.

Para despejar a Ocupação Amarildo da área pública de 900 hectares na rodovia SC 401, em Florianópolis, SC, dia 15 de abril, o Estado cuspiu na Constituição Federal e continuou não garantindo nenhum direito fundamental aos cidadãos e cidadãs que ousam lutar por terra, trabalho e teto. Não considerou nossas 70 crianças matriculadas nas escolas mais próximas. Não considerou também nossas centenas de trabalhadores(as) espalhados pela região. Não cedeu sequer uma área provisória até que avance a Reforma Agrária, e o tempo todo tentou nos dividir com intimidações militares, mentiras midiáticas, criminalização da luta, pressões pessoais e etc.

Há inúmeras áreas públicas para onde poderíamos ter ido com o aval constitucional do Estado. Porém, só pudemos contar com a solidariedade de um particular que emprestou um terreno que fica em área indígena Guarani, em processo de homologação. Daí o Estado babou! Mais uma vez os serviçais do capital estariam trabalhando. Apoiou nossa ida para a reserva indígena do Morro dos Cavalos, cidade de Palhoça, afim de que nós atrapalhássemos a luta indígena ou vice-versa. O Estado errou, nós nos somamos!

No Dia do Índio, 19 de abril, ocupamos em Florianópolis outra área pública da União (Brasil), provando que nosso interesse nas terras indígenas é lutar ao lado dos Guarani pela homologação de suas terras e que as nossas terras podem ser muitas outras.

Imediatamente após levantarmos a bandeira vermelha na nova Ocupação chegaram policiais tentando intimidar para que saíssemos. Em vão tentaram, pois não sairíamos sem ter uma ordem judicial. A burguesia começou então a agir através da mídia com mentiras e pagando R$ 100,00 por pessoa a uma dúzia de provocadores que beiravam a loucura xingando e atirando pedras. Resistimos ao primeiro dia de Ocupação e no segundo já havia toda uma orquestração contra os lutadores e lutadoras. A PM nada fazia para impedir os provocadores e ainda os estimulava a atacar por trás, entrando por uma determinada chácara que foi colocada à disposição dos estúpidos.

Num ato de sadismo, o Estado permitiu que a situação chegasse ao limite de um confronto direto, esperando que os provocadores tivessem coragem de adentrar à Ocupação. Caso eles o fizessem, nós os derrubaríamos, se preciso, mas o Governo teria então argumentos para massacrar-nos com a força policial.

Para que não houvesse sangue derramado nem dos estúpidos e muito menos nosso, aceitamos pela força das armas nos retirar das terras. Mas deixamos claro que se os burgueses locais e seus políticos cupinchas da extrema direita não tivessem mobilizado os provocadores, também o Governador para que deixasse a PM em frente à Ocupação e a mídia insuflando a violência a todo instante, nós teríamos permanecido o tempo necessário nas terras públicas. Toda a confusão que a mídia passou ocorreu apenas do lado de fora.

Por diversas vezes assistimos brigas entre os que estavam do lado de fora, demonstração clara da divergência de opiniões. Estimada em 60 mil habitantes a população do Rio Vermelho, Ingleses e Santinho não estava de forma alguma ali representada. Inclusive a presidente da Associação de Moradores do bairro esteve na Ocupação e declarou apoio e solidariedade à nossa luta. Nitidamente, o mesmo dinheiro que compra eleições financiou também a violência contra o povo organizado.

Diante dos fatos esperamos que as Instituições que tanto nos cobram o respeito ao “Estado Democrático de Direito” cumpram suas obrigações constitucionais e não sejam coniventes com o que consideramos o exercício de podres poderes!

Comuna Amarildo de Souza

Até a vitória e sempre!

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