Quilombo Urbano Resiste – Denúncia da Farsa do 13 de maio
No dia 17 de maio aconteceu o evento Quilombo Urbano Resiste. Com a proposta de denunciar a farsa do 13 de maio, foram organizadas atividades como Rap, Grafite e Poesia, além de debate e exposição sobre o tema.
A atividade realizada em Guaianazes – SP contou com as articulações políticas entre o Coletivo Minervino de Oliveira e os jovens dos bairros da região. O início da construção ocorreu a um mês atrás, quando houve uma pequena reunião com os frequentadores da pista de skate, próxima a estação de trem. Produzimos lambes e panfletos. Houve ações de rua para a divulgação e estivemos no Dub Guaiacity e no Sarau dos Loucos com a finalidade de fortalecer as relações e divulgar a atividade. Os jovens sugeriram o nome: “Quilombo Urbano Resiste!” a partir da proposta que fizemos.
Musicas, poesias e rimas: Contamos a presença de Noggat Geovane, rapper da zona oeste. Ele colaborou com “Estado Genocida”, letra denuncia as mortes causadas pela violência policial e racial. Houve a participação da Família Rap Nacional, com os grupos Liberdade e Revolução e Fundação RGR, dos rappers 8/80 da região de Itaquá, do compositor e cantor de Ragga – Joe Winner, os parceiros organizadores do Coletivo Sarau dos Loucos, que mandaram poesias e rimas e Vinnie como apresentador do MIC em aberto.
Grafites e pixos: Estiveram presentes os grafiteiros Janaína Santos, Ítalo Raphael, Otavel, Vinnie, LSKI e os pixos OS+IMUNDOS COWBOYS e MUSEU. Como não foi possível conseguir o dercoflex, estiveram presentes os meninos do break Gang’Style Tradicional, mas não puderam dançar, ainda assim, marcaram presença. Não conseguimos o samba e a capoeira. Apenas o pessoal da capoeira era organizado por um pessoal militante do PT e por isso, não quiseram contribuir.
Os motivos para tal protesto cultural são os mais óbvios possíveis, os trabalhadores negros que até então eram aptos ao trabalho passaram a não ser mais e foram substituídos pela força de trabalho imigrante. Assim, inicia-se em nosso país os guetos e toda uma cultura capitalista com bases na exploração escravocrata e racista.
A miséria, o desemprego, os piores empregos, cargos, salários e formas de contratação são as bases de uma realidade cruel que é o crime, as drogas lícitas e ilícitas, a vulnerabilidade social, a falta de moradia ou a moradia precária, a precariedade dos serviços públicos ou a falta de acesso a eles, e quando pensamos que bastaria tudo isso, precisamos gritar que há a criminalização da pobreza, discriminação racial e crimes raciais praticados por todas as esferas institucionais do estado burguês.
Outro elemento de suma importância é a invisibilidade das lutas, resistências e organizações dos trabalhadores negros desde que eram escravizados até os dias atuais. Por isso resgatamos com orgulho a expressão Quilombo e a imagem das lideranças Dandara, Zumbi e Os Panteras Negras. É preciso dizer que além dos senhores explorarem o nosso trabalho sofremos constantemente com o aculturamento das nossas origens, por isso o cabelo black, o rap, o beatbox, o freestyle, o break, o grafite, o pixo, o samba, a capoeira e as religiões de matriz africanas são as formas mais comuns de registrar a luta e a resistência da cultura negra nas periferias dos grandes centros urbanos.
O evento sofreu os contra-tempo típico daqueles que pretentem de forma autonoma construir novas formas de sociabilidade e constestação da ordem vigente dentro do capital. Apesar disso mais de 300 pessoas vieram prestigiar o espaço que apesar da previsão de encerramento para o fim da tarde, seguiu noite a adentro com a palavra de ordem: “Quem nos oprime está organizado. Então é a hora da periferia se organizar também!”
Viva Zumbi e Dandara!
Viva a construção do Socialismo na Periferia!
Viva o Partido Comunista Brasileiro!
COLETIVO MINERVINO DE OLIVEIRA
São Paulo, 17 de Maio de 2014.