Nota de Repúdio
É com perplexidade e com surpresa que presenciamos a tentativa de cercear o debate na conferência ocorrida 15/10/2014 na UERJ, intitulada: “Marxismo, Panafricanismo e Racismo nos movimentos sociais do mundo”. Este importante seminário, organizado por articulação interna da universidade, contou com a presença dos debatedores Carlos Moore, Maurício Campos e Mauro Iasi. Mesmo com todas as críticas que são feitas ao marxismo, acreditamos que a participação dos marxistas nas lutas de independência nos países da África é decisiva e o apoio dos países do bloco socialista inquestionável.
É claro que existem divergências no debate do entrecruzamento ou da independência entre os conceitos de classe e raça, mas isso não pode se mostrar, como se revelou desde o início da conferência, em posturas de ódio anticomunista. Mauro Iasi o tempo todo expor seu ponto de vista e respeitou a discordância no debate e apesar disso foi alvo de violência verbal. Sendo quase agredido fisicamente por parte de alguns integrantes da plateia. Sabemos, obviamente, que grande parte das organizações do movimento negro não são representados por estas atitudes. Defendemos e apoiamos o resgate cultural de nosso povo, na perspectiva de raça e classe. Não acreditamos que a ascensão social de parte de nosso povo ou empoderamento de alguns negros em cargos políticos dentro do capitalismo vai acabar com o racismo.
O Partido Comunista Brasileiro está ombro a ombro com os movimentos negros cuja pauta mais fundamental é o fim da exploração do ser humano pelo ser humano em todas as suas formas. Isto, indiscutivelmente, está diretamente relacionado com a chaga do racismo. Não aceitamos e não compactuamos com nenhuma forma de violência contra o povo negro. Estaremos sempre na luta, tanto nas favelas quanto nas periferias, contra: o genocídio de negras e negros jovens trabalhadores, os ataques realizados às religiões de matriz africana, defendemos o fim da Polícia Militar, da UPP e demais formas de militarização da vida, além da cooptação de setores do movimento negro em cargos de governos que promovem o extermínio do nosso povo.
Mauro Iasi é reconhecidamente um militante na luta contra todas as formas de opressão. O coletivo Minervino de Oliveira sente-se à vontade para respaldar não só a sua presença, mas sua formulação nesse campo da luta! O Minervino de Oliveira aceita com orgulho em suas trincheiras não-negros que queiram combater o racismo, analisando que este não é um problema somente do povo negro e sim, da sociedade capitalista.
Nosso inimigo é e continuará sendo o racismo, parte intrínseca do regime do capital. Não quem conosco caminha na luta pela libertação de nosso povo. Não acreditamos no mito da democracia racial, mas não vemos o não-negro como nosso inimigo. Convocamos trabalhadores negros e brancos para construirmos o Poder Popular.
Saudamos e continuamos na trilha de Solano Trindade, Angela Davis, Edson Carneiro, Clóvis Moura, Amílcar Cabral, Malcom X e outros marxistas e/ou anticapitalistas que deram sua contribuição à luta de nosso povo.
Coletivo Minervino de Oliveira