110 anos de Frida Kahlo
A Frida Kahlo que não querem que você conheça foi uma mulher revolucionária. Nasceu em 1907, mas dizia ter nascido mesmo em 1910, ano em que eclodiu a Revolução Mexicana. Ainda bem novinha, entrou para a Liga Jovem Comunista. “La emoción clara y precisa que guardo de la Revolución Mexicana fue la base para que a los 13 años de edad ingresara a la Juventud Comunista”. Aos 20, filiou-se ao Partido Comunista Mexicano.
Por conta de uma série de complicações na sua saúde, ela não pode militar tão ativamente. Mas ela, que sempre viveu à beira da morte, manifestou diversas vezes (e de dversas maneiras) que a esperança na Revolução era o que a mantinha viva. “La angustia y el dolor, el placer y la muerte, no son más que un proceso para existir la lucha revolucionaria”.
As suas obras têm um caráter político bastante explícito. Procura aí, por exemplo, o quadro “El marxismo dará salud a los enfermos”. O seu diário, então! Coisa linda de ler. Nele, ela escreveu poemas e rascunhou desenhos que são puras declarações de amor… à Revolução. Marx, Engels, Lenin, Stalin, Mao. Esses aí também foram homens importantes na vida dela! Não só Diego.
Trotsky também teve importância na vida de Frida. Os dois tiveram um envolvimento, e isso até que nos contam. Mas sem mencionar o contexto histórico e político em que isso aconteceu, além de todas as implicações que isso teve na vida dela e do Diego Rivera. É um episódio bastante longo e interessante de estudar! E não é somente um episódio de romance. Nem sei se rolou romance mesmo, pode ter sido só algo físico. Pra você ter ideia, anos depois, Frida avaliou que seu envolvimento com o Trotsky foi um erro político. Tudo pra Frida era política.
Dias antes da sua morte, com a saúde muito fragilizada e com a perna direita amputada, ela fez questão de participar de uma manifestação contra o golpe de Estado na Guatemala que derrubou Jocobo Arbens depois que ele tentou realizar a reforma agrária no país. Por fim, quando Frida morreu, a bandeira comunista cobriu seu caixão e ela finalmente descansou em paz.
Aqueles que lucram com as camisetas estampadas com o rosto da Frida em pop art vão continuar tentando apagar ou minimizar a sua militância comunista. Mas a Frida deixou um diário pra nós. Quem puder ler, vai se surpreender com as histórias que ela registrou de si mesma.
UJC NACIONAL