Água e Energia sob a ótica dos Atingidos e Atingidas por Barragens

imagemDe cada 10 atingidos por barragens no Brasil, apenas 3 tiveram acesso a direitos, afirma a Coordenação do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB). Segundo a organização, inúmeras são as consequências desse fato. Muitas famílias já mudaram completamente seu modo de vida, mudando de cidade até. Já no campo judicial alguns processos estão há mais de 15 anos sem algum encaminhamento mais claro. As ameaças em perder os direitos após o golpe jurídico midiático se acentuam à medida que grandes acordos entre o Estado e Empresas são realizados por meio de leilões, colocando mais em risco a soberania brasileira. As chamadas privatizações.

Com o tema “Água e energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular”, o encontro teve como objetivo acumular experiências de lutas e resistências no campo energético, estreitar e dar seguimento na relação de solidariedade com organizações populares do campo e da cidade e apontar as estratégias do movimento popular a curto e longo prazo neste contexto de golpe e forte retirada de direitos sociais.

As barragens, o lado perverso e a luta por direitos

Do Ceará, na Bacia do Vale do Rio Jaguaribe, Reuber Tadeu Lopes Chaves, historiador, relatou a sua visão e as reações das comunidades a partir do momento que receberam as informações sobre a barragem do Castanhão e suas construções. O discurso proveniente dos governos ressaltando, por exemplo, acesso à água para a população logo foi revertido em facilidades apenas para o agronegócio. A mudança de postura logo foi percebida, causando medo e migrações forçadas das famílias da região.

Pacélio Rolim, agricultor da cidade de Nova Jaguaribara, contou as experiências de diálogos entre a sociedade civil, principalmente sobre a questão da perda das terras e suas moradias e a construção de novas habitações. As perdas imateriais segundo Pacélio são incalculáveis.

No Rio Grande do Sul, na Bacia do Rio Uruguai, fronteira com a Argentina, as agricultoras Cleusa Escher e Clarice Jahns, comentam a maneira em que na época a informação a respeito da construção da barragem chegou: com um discurso de progresso proveniente do governo municipal e da empresa, com pouco detalhamento da obra e nenhuma participação da sociedade. Clarice afirma que a partir da mobilização, foram suspensas as construções, além de ser realizados estudos de impacto ambiental, demonstrando a gravidade das futuras consequências. Já Cleusa reforça o choque que causaria a modificação das rotinas das comunidades e demonstra, assim como Clarice, a importância do papel da mulher na organização popular.

Além de traçar uma análise sobre o papel das privatizações no setor elétrico como elemento para se entender o golpe, Jeová Pereira faz o anúncio de uma alternativa ao modelo energético. Pereira, do Sindicato dos trabalhadores Urbanitários do Distrito Federal, integrante da Plataforma Operária e Camponesa pela Água e pela Energia, aponta como a construção da plataforma cria diálogos entre os trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo, aproximando estratégias de defesas à privatizações e também a unificação de lutas com causas comuns a soberania brasileira.

O 8º Encontro Nacional, teve  aproximadamente 4 mil pessoas de delegações de 19 estados brasileiros, além de delegações internacionais da América Latina e Europa.

Foto de Assessoar

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