Trabalho escravo em Bento Gonçalves-RS

PCB Rio Grande do Sul

Foi noticiado nesta Quinta (23/2) a prisão de um empresário baiano responsável por deixar mais de 180 trabalhadores em situações análogas a escravidão na Serra Gaúcha.
Os trabalhadores foram contratados em seus estados de origem, sendo a maioria da Bahia, para trabalhar nas colheitas de uva e no abate de aves das granjas, prestando serviços terceirizados a empresas locais, como a Vinícola Salton. Segundo a reportagem, três trabalhadores denunciaram as condições de trabalho, com condições totalmente diversas das prometidas pela contratante, com uma carga de trabalho bem maior, atraso no pagamento, oferta de alimentos estragados e alojamentos precários, além de serem mantidos à força no local.

O flagrante da atuação da Policia Federal na “pousada” que servia de alojamento, no bairro Borgo em Bento Gonçalves, por si só demonstra as situações precárias do alojamento, cuja distancia geográfica de seus respectivos estados de origem coage os trabalhadores a permanecer na região. Um dos denunciantes, foi atacado com cadeiradas e spray de Pimenta por denunciar as condições de trabalho. Todas as denúncias e reportagens acerca do fato descrevem bem O modo de ação do trabalho escravo por dividas, onde as despesas – que deveriam ser bancadas pelo empregador – são descontadas do salário de forma superfaturada e sem comprovação real se tais gastos são de fato correspondentes ao consumo, gerando uma “dívida” que nunca se paga pelo salário E força os trabalhadores a se submeterem àquelas situações sob ameaças diretas de morte.

A terceirização é um perfeito mecanismo para que empresas de grande porte lavem as mãos na exploração de mão de obra barata e precária a serviço de suas instalações. A Vinícola Salton, famosa pela produção de vinhos e espumantes de qualidade notável e a Vinícola Garibaldi, foram citadas como contratantes deste serviço terceirizado.

Quando os comunistas denunciam as terceirizações como um mecanismo jurídico de precarização das condições e relações de trabalho, é por conta de situações como essa onde a mão de obra da classe trabalhadora, precarizada, é explorada até para alêm dos limites estabelecidos pelo sistema juridico burguês. Seja nas lavouras, na construção civil ou na indústria têxtil (para nos determos em exemplos mais recorrentres de exploração de trabalho escravo no Brasil), empresas de fachada fazem o serviço sujo de explorar a miséria alheia e o desespero das massas desempregadas para ofertar serviços que não coincidem com as promessas feitas durante o contrato, quando os levam para trabalhar em outros estados, distantes de qualquer retaguarda de solidariedade ao ficar isolados da população local em alojamentos que são verdadeiras prisões.

Independente da origem dos trabalhadores, os comunistas gaúchos extendem sua solidariedade aos trabalhadores explorados em condições parecidas que todos os anos vem trabalhar nas safras da região e acabam presos nestas situações. É tarefa ir para alêm das denúncias formais para o Ministério do Trabalho. Precisamos fortalecer os laços de camaradagem entre o movimento de trabalhadores organizados locais e estes trabalhadores migrantes, preparar sua organização e combater os contratos vigaristas e as empresas tercerizadas que se valem destes contratos para explorar de forma canalha a mão de obra precarizado. Denunciar para toda a população local, com que suor e sangue e sobre quais condições as empresas locais extraem seus lucros: às custas da dignidade humana!

https://gauchazh.clicrbs.com.br/pioneiro/geral/noticia/2023/02/tomei-cadeirada-e-spray-de-pimenta-diz-homem-agredido-apos-denunciar-situacao-analoga-a-escravidao-em-bento-goncalves-clegjg8z30037017lxo6crvuc.htmlhttps://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2023/02/23/empresario-e-preso-por-manter-150-trabalhadores-em-condicoes-analogas-a-escravidao-em-bento-goncalves-diz-policia.ghtmlhttps://leouve.com.br/ultimas/nordestinos-sao-resgatados-em-acao-contra-trabalho-escravo-e-trafico-de-pessoas-em-bento-goncalves