Vanderley Caixe uma vida de luta em defesa dos direitos humanos

Vanderley Caixe tinha 68 anos, natural de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. Militante revolucionário, advogado, jornalista e poeta. Nos anos 60 foi militante da Juventude Comunista, após o Golpe militar de 64, decidiu, em 1966 junto com diversos companheiros participar da fundação da “ Frente Armada de Libertação Nacional”, sendo preso em 1969, onde ficou  até1974.   Foi no cárcere que ensaiou seus primeiros poemas, publicados somente trinta anos depois (“19 Poemas da Prisão e Um Canto da Terra”) Participou de várias Antologias: Foi, jornalista na Tribuna da Imprensa, do RJ; coordenador jurídico da pastoral penal do Rio de Janeiro; Assessor jurídico no Escritório do professor Sobral Pinto; Criador, junto com D. JoséMaria Pires – Arcebispo da Paraíba – do primeiro Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Brasil (ainda na época da ditadura militar); coordenou por vinte anos o Centro de Defesa dos Direitos Humanos/AEP; ex-secretário geral da Associação Nacional de Advogados de Trabalhadores Rurais; “expert” para a América Latina do Instituto Interamericano dos Direitos Humanos; publicou centenas de artigos na imprensa brasileira e internacional.

Atualmente trabalhava como advogado de presos políticos da América Latina, com atuação junto a Corte Interamericana e da Comissão de Direitos Humanos da ONU.

Assessorava o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, nas questões jurídicas. Nas últimas décadas dedicou boa parte de sua militância na defesa dos direitos humanos, especialmente dos camponeses e trabalhadores rurais.

Vanderley Caixe é desses homens especiais que colocaram sua vida a serviço da causa dos oprimidos e explorados de nosso mundo, que nessas lutas se alimentavam de esperança de que era possível construir um mundo melhor, num de seus poemas, publicado no livro “um canto da terra” dizia:

“Dionila camponesa despejada,

lavoura destruída e trecos no chão.

Sessenta e oito anos amainando a terra,

amainando os filhos, produzindo o nosso pão.

Dionila da terra semente,

da terra o ventre,

do filho do chão.

Oitocentos mil pequenos proprietários,

quatrocentos e cinqüenta mil posseiros e,

dois milhões de pequenos arrendatários,

/juntos na expulsão.

Acompanhados, os tratores chegaram com a

polícia e a ordem do juiz.

Não ficou casa,

/não ficou planta no chão.

Sua lavoura destruída

e seus trecos debaixo do pé de pau.

Mais uma favela vai ser construída de despejo,

de desemprego. De toda a injustiça do mundo…”

PCB de Pernambuco.