Mobilização feminista em Montevidéu

Ante um novo femicídio, o quinto do ano, Feministas em alerta e nas ruas convocaram um ato com mobilização no centro de Montevidéu para repudiar a violência machista e os reiterados assassinatos de mulheres. Por rebelArte

MACHISMO MATA

Na segunda-feira, às 19 horas, centenas de mulheres e homens concentraram na Plaza Independencia para repudiar o novo femicídio e exigir justiça.

Com panelas, cartazes, buzinas e gritos ao céu, marcharam para a Plaza Libertad, onde terminaram mais uma manifestação. As feministas em alerta e nas ruas tomaram o centro da cidade como em cada vez que um femicídio ocorre no Uruguai. Para romper com a indiferença, mas também para dizer e exigir justiça.

Compartilhamos o comunicado:

SE TOCAM EM UMA, TOCAM EM TODAS!

Horror, dor, raiva, impotência… Na sexta-feira, 30 de janeiro, a violência machista acabou com a vida de outra das nossas, desta vez em Tacuarembó, e nos voltamos às ruas para gritar:

SE TOCAM EM UMA, TOCAM EM TODAS!

Cinco femicídios no primeiro mês do ano. Cinco mulheres assassinadas por homens com o quais mantinham ou mantiveram algum tipo de relação.

Nesta ocasião, a vítima foi uma adolescente de 15 anos. Pouco sabemos dela, no entanto não importa se ia ao colégio ou aonde fosse, se vestia saia curta ou longa, se saía de noite ou de dia, se o decote era mais ou menos pronunciado.

Todos esses comentários desviam a atenção sobre as verdadeiras causas do problema. Julga-se a vítima e, assim, a mesma é convertida em principal suspeita de sua própria morte. BASTA DE VIOLÊNCIAS!

Isto não é um “drama passional”. É o femicídio de uma adolescente por parte de um homem adulto, único responsável de manter uma relação desigual e violenta com uma jovem.

Neste sistema em que inserem as mulheres no lugar de objetos sexuais, as meninas e adolescentes são especialmente vulneráveis.

São consideradas “naturais” as relações desiguais entre homens e mulheres. É compreendida e justificada ao homem adulto que mantém uma relação com uma adolescente. Assim, se julga, acusa, difama e suspeita da vítima.

As adolescentes estão em uma etapa vital de transição da infância para a vida adulta que merece uma proteção especial de todas as dimensões de sua vida, incluídas as relações afetivas e sexuais.

Queremos uma sociedade onde as adolescentes possam viver livres de relações nas quais a desigualdade, o machismo e o poder do adulto, as colocam em um lugar de extrema vulnerabilidade.

Queremos uma sociedade onde as adolescentes sejam protegidas e possam viver as experiências da vida adulta seguras, livres e sem abusos de poder por motivos de gênero e gerações.

Não existem desculpas, os adultos são os únicos responsáveis. Não são enfermos, não são desviados, nem enganados. SÃO FILHOS SÃOS DO PATRIARCADO.

Chamamos a sociedade em seu conjunto para somar-se dia a dia, em sua vida cotidiana, ao repúdio a todo tipo de violência contra meninas, adolescentes e mulheres.

Necessitamos mudanças na educação, no trabalho, nas casas, para que nenhuma mulher, NUNCA MAIS, sofra assédio nas ruas, abuso sexual, espancamentos ou insultos em casa, discriminação, exploração sexual, “manipulação”, assédio cibernético… todas elas fruto do cultivo da expressão mais grave da violência de gênero: o femicídio.

Exigimos do Estado medidas concretas, recursos, alternativas reais para sair da espiral violenta, legislação que aborde e responda de forma integral e específica ao conjunto de violências machistas, das quais são vítimas as meninas, adolescentes e mulheres.

NEM UMA MULHER MENOS! NEM UMA MORTA MAIS!

QUEREMOS UMA VIDA LIVRE DE MEDOS.

QUEREMOS UMA VIDA LIVRE DE VIOLÊNCIAS MACHISTAS.

SE TOCAM EM UMA, TOCAM EM TODAS.

Feministas em Alerta e nas Ruas

Fotografias por Chinita, Luciérnaga

Licença: Creative Commons Atribución – NoComercial 2.5

Cobertura completa em fotos: Machismo mata Mobilização feminista em Montevidéu

Fonte: http://www.anred.org/spip.php?article9257

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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