Não há guerra entre cartéis, é o Exército que está matando no México

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Exercer o jornalismo implica assumir uma postura política.

Conversa com Federico Mastrogiovanni, jornalista italiano radicado no México. Leiam com atenção, pois o México de hoje nos mostra o que poderá ser o Brasil amanhã, a continuar a militarização, a entrega das riquezas naturais, destruição do sistema público de educação, a violência resultante de tudo isso. É a militarização que causa a violência, não o contrário como diz a mídia, diagnostica o sociólogo e jornalista ítalo-mexicano e arremata: o jornalismo tem que ser crítico!

Boa leitura:


O jornalismo tem que ser crítico

Jornalista italiano, antropólogo cultural e sociólogo formado pela Universidade La Sapienza, Roma

Um dia ele decidiu provar a sorte longe dessa cidade italiana a qual chama de “casa”, pressionado mais pelas circunstâncias do que por esse caráter aventureiro que se descobre nele depois de trocar algumas palavras. Afastou-se desse lugar que lhe deu, quase por instinto, as ferramentas e as técnicas que um dia marcariam sua existência. Seus desejos de conhecer o mundo se fundiram com essa jovialidade que acompanha a sua vida.

Por Fernando León Jacomino*

Fernando León Jacomino: Como e por que Federico Mastrogiovanni cruzou o Atlântico e chegou a um lugar que lhe deu uma razão, um motivo para lutar?

Federico Mastrogiovanni: Sou um jornalista italiano, embora minha formação seja de antropologia cultural, sociologia na Universidade de La Sapienza, em Roma. Comecei a trabalhar com um jornalista que se chama Gianni Miná, muito conhecido em Cuba, quando ainda estava na universidade. Trabalhei três anos com ele, como tradutor, como editor, como motorista, como redator, tudo.

Aprendi muito com ele, conheci muita gente e, sobretudo, me ensinou o ofício. Depois de alguns anos trabalhando em outros meios, na Itália ficou difícil porque ser jornalista se tornou um luxo. Tinha que fazer outros trabalhos para me manter, para permitir-me esse luxo. Quando se desatou a crise de 2008 perdi um trabalho que tinha e decidi sair da Itália. México era um lugar que eu já conhecia, conhecia algumas pessoas, conhecia o idioma, pensei que podia ser uma boa opção. Comecei a trabalhar desde que cheguei. O golpe de estado em Honduras foi um dos primeiros trabalhos que fiz ao chegar ao México.

Sempre trabalhei como freelancer. Comecei a buscar novos meios com os quais trabalhar, porque na Itália não havia condições e pagavam pouco. Comecei a trabalhar com o site Opera Mundi e fiz outras colaborações no México. Pouco a pouco, comecei a desenvolver minha agenda que basicamente era cobrir temas de violações de Direitos Humanos, principalmente causadas por elementos de instituições mexicanas. Nesse tema, estive trabalhando mais de três anos sobre a migração, mas no aspecto econômico, sobre o negócio da migração de centro-americanos que estão em trânsito no México.

Existe a percepção de que no México há uma guerra entre os cartéis do narcotráfico. Com um olhar mais profundo e crítico, pode-se ver que existe o fenômeno de grupos criminosos que traficam droga, mas algo aconteceu a partir de 2006.

Por que percebemos desse modo?

Federico Mastrogiovanni: Tínhamos uma percepção alterada, porque há muitos autores, sobretudo historiadores como Luis Astorga, analistas políticos, que nos descrevem o auge da produção de drogas no México; sabemos que sempre é um negócio que tem sido controlado pelo governo mexicano e pelo PRI [Partido Revolucionário Institucional], prevalentemente ao longo do tempo. Nunca tinha representado uma ameaça para as instituições, sempre esteve sob controle. Em certo ponto acontece algo: entre 2006 e 2007 se desata uma violência tremenda, como nunca tinha sido vivida no México. Contam-nos que se trata do narcotráfico e se começa a militarizar as ruas, a se fazer operativos conjuntos entre a Polícia Federal e o Exército.

Durante anos essa história é contada, mas na verdade, o que podemos ver agora com olho crítico é que o narcotráfico tampouco ameaça o Estado mexicano; o que acontece é que foram criadas grandes divisões dentro do próprio PRI, dentro de outros partidos, como o Partido de Ação Nacional, até no PRD[Partido da Revolução Democrática] e sobretudo se polarizaram grupos que se referem a interlocutores políticos.

Existem grupos que fazem referência ao governador do estado de Veracruz e dentro do próprio partido geram-se estas diferenças e cada um quase que tem seu grupo armado, que não é diretamente, formalmente ligado, mas há constantes negócios, constantes contatos.

Contam-nos que existe uma série de grupos que detêm o poder do estado, mas não é verdade. O Estado no México é forte, não é um estado falido como se diz, é forte e além disso, reprime com muita força. Mas é mais articulado, em vários estados há muitas forças, mas a base de tudo isso está em uma política de terror.

Eu documento isso com meu trabalho sobre o desaparecimento forçado, que tende ao controle do território com o uso da violência para poder entregar às empresas transnacionais que se dedicam à extração dos recursos naturais. Principalmente o petróleo, mas também o gás natural, os minérios, qualquer tipo de mineral, de metal valioso, ouro, prata, ferro e outros minerais.

Como em muitos casos há uma resistência por parte da população, porque chega uma mineradora e destrói um território em que não se pode fazer nada. O que se necessita para expropriar essas terras é que se gere um contexto de violência, um clima de medo. As pessoas vão embora, há muito deslocamento forçado interno, ou se calam, ou chega o Exército e toma o território. A violência justifica a resposta de segurança,

O discurso que estou tratando de manejar, quando falo de desaparecimento forçado é com outra explicação. É muito evidente, quando vê os mapas, a gente se dá conta de que onde não há jazidas não acontece isso; além do mais, há o trânsito da droga, a gente não pensa nisso, mas em Guerrero, que é um estado montanhoso, com selva, difícil de atravessar… mas por que todos têm que passar por Guerrero? Dizem que é a linha mais reta, não é assim, seria a linha mais reta se não houvesse montanhas, se não houvesse um território áspero como é o de Guerrero. Por que não passam por Iucatã? É todo um plano, é uma pista gigante. Em Guerrero estão as minas de ouro mais importantes.

O que sustento é que há uma relação importante, e que não se leva em consideração, entre a produção de violência e a exploração de recursos naturais. O tema do narcotráfico é em parte uma cortina de fumaça porque quando se observa as datas se percebe que por exemplo, no México, o ex-presidente Lázaro Cárdenas [1934 e 1940]havia nacionalizado os hidrocarbonetos. Enrique Peña Nieto [2012 – atual] fez uma reforma energética que demorou anos para ser implementada. Minha leitura é que todo o mandato anterior, de [Luiz Felipe] Calderón (2006 – 2012), preparou a reforma energética que Peña Nieto pôs em prática quando chegou. Dando acesso a todas as empresas estrangeiras.

Eram necessárias duas coisas: uma reforma energética e um tempo prévio de geração de violência para permitir a resposta de segurança do forte estado mexicano que agora tira território da população para entregar às empresas.

Em uma recente palestra, explicavam que a este fenômeno nem sequer o chamam de desaparecimento forçado, têm um termo popular, está naturalizado entre as pessoas…

Teve êxito e se contou com uma terminologia que excluía o Estado da equação, são “levantones”, são sequestros. Mas, o que aconteceu? O inesperado. Depois de anos de desaparecimentos, os familiares, alguns poucos familiares em diferentes lugares do país começaram a se organizar, a se encontrar, a se reconhecerem, a dizer isto não é…

O sequestro faz pensar que se trata de um acontecimento individual, é um “levantón”, estão levando, estão levantando, mas não é um fenômeno social, não é algo que eu e você estejamos partilhando. O que é um fenômeno social? É um acontecimento individual, desconectado, cada um tem sua razão de ser, mas se são tantos é preciso ler como um processo.

Alguns familiares começam a se juntar. Em alguns lugares, por exemplo em torno do bispo Raúl Vera, no estado de Coahuila. O bispo dominicano muito combativo e muito lúcido com relação ao que estava acontecendo assumiu alguns casos. Em torno de uma organização é mais fácil porque ela funciona como um abrigo. No caso de Coahuila, onde aumentou muito o número de desaparecidos e onde casualmente está a bacia de Burgos, entre Coahuila e Nuevo León, e Tamaulipas que es a quarta reserva de gás do mundo (Shell), não pode ser casualidade.

Um dos fatores de mudança é que começam a ser constituídos grupinhos e pouco a pouco se reconhecem, compartilham a dor, a busca, a procura com vida. Esse é outro tema que eu tinha esquecido, sobre os 43. Politicamente o desaparecido é procurado com vida, não se procura o corpo, a não ser como segunda opção. Os desaparecidos são procurados com vida porque foram levados vivos e vivos os queremos. Esse é um elemento, o outro é Ayotzinapa, que é o inesperado porque tinha havido antes vários desaparecimentos de grupo, vários desaparecimentos de jovens, casos similares, mas Ayotzinapa marca um antes e um depois. Toma-se consciência, começa a se anunciar pouco a pouco um fenômeno; essas são as datas, 26 e 27 de setembro que mudam tudo. Eram normalistas, os familiares não se deixaram comprar, reclamaram ajudados por organizações sociais, de direitos humanos, mas fundamentalmente foram eles, foi sua valentia.

Tratou-se de dizer, como sempre, que eram narcotraficantes e não foi possível, eram sim lutadores sociais, mas eram camponeses, camponeses que estudam na escola normal, que têm 19 anos e que se esforçam para serem professores e regressarem à sua comunidade para ensinar a ler e a escrever.

Gerou-se um movimento em torno disso e finalmente se começa a nomear de outra forma. Eu estava há anos trabalhando com o tema e estava conectado com gente que já conhecia, que me explicou o que é um desaparecimento forçado. No entanto, no nível de massa, o que chega é outro tipo de informação. Com limites ainda, porque ainda é confuso, se diz “ah, foram mortos”, “ah, os narcos”; isto vai ser corrigido depois, mas o importante é que entre na agenda pública o tema do desaparecimento forçado de pessoas.

A militarização é a causa da violência

Federico Mastrogiovanni: Temos documentação oficial e de todos os lados se diz que o aumento da violência não acontece a partir de 2007, não é consequência da guerra entre cartéis, e que  por isso o Exército teve que intervir. O aumento da violência é consequência da presença do Exército, da Polícia Federal, ou seja, a militarização não é uma resposta à violência, é a causa da violência

Existem dados que são chatos de ler, mas até certo ponto os jornalistas têm que ler e fazer uma investigação bem-feita. Esses dados explicam, por exemplo, por que Juárez foi uma das cidades que viveu um surto de violência brutal nestes anos. Ali os índices de violência antes de 2006 estavam na média e às vezes até abaixo; chega o Exército para militarizar e a violência dispara. Os meus amigos jornalistas me dizem que havia bloqueios militares a cada quilômetro, uma cidade sitiada durante anos por parte do Exército, mas estranhamente, hiper violenta, com uma alta taxa de homicídios, de decapitações e de desaparecimentos. Nós engolimos o discurso de que se deve à guerra entre cartéis; não é nenhuma guerra entre cartéis, é o Exército que está matando gente.

Por que um italiano graduado em La Sapienza se introduz nesse tipo de temas e o faz contra a corrente, quando existem tantas ONGs que trabalham o tema dos direitos humanos em uma busca de respostas pré-concebidas? Por que essa luta? Terá a ver com sua origem, com sua convicção juvenil ou com sua formação como antropólogo?

Federico Mastrogiovanni: Creio que é porque sou obsessivo-compulsivo e para mim é necessária a precisão; e no âmbito jornalístico é muito necessária a precisão. Estou fazendo um doutorado, estudo e trabalho na Universidade Ibero-americana. O doutorado é justamente sobre a análise crítica do discurso, é uma postura incômoda porque vai questionar posturas que são aparentemente próximas politicamente.Quando falo da precisão é porque há consequências reais. No México, assumir o conceito de guerra ao narcotráfico, que é difundido pelo presidente da República significou que a quase totalidade dos jornalistas interiorizaram a leitura da realidade que o governo passou, acriticamente, sem criticar sequer esse relato da realidade. Sim, tem consequências reais. Não quero ser parte da consequência de um significado que gera mortos, porque tem consequências. A única forma é tratar de criticar e entender onde estamos nos equivocando.

Isso tem a ver com enfoques que vêm da semiótica, que vêm da sociologia é claro, mas também é uma postura política porque se eu me assumo como pessoa de esquerda, como pessoa crítica, não posso depois reproduzir um discurso que na realidade está favorecendo a resposta de segurança de um estado violento e repressor como o Estado mexicano; é uma contradição.

Toda pessoa, em algum momento vai viver alguma contradição, mas existem algumas contradições que posso suportar e outras que não posso suportar. Posso suportar o fato de que escrevo para um meio que me permite pagar o aluguel, mas é um meio que tem publicidade da Rolex. Isso eu posso suportar. Não posso suportar é que meu discurso contribua a permitir que o governo mexicano reprima, isso não. Aí está a decisão”.

Ler é na realidade subversivo

Como você consegue se unir à Brigada Ler em liberdade? Que lugar ocupa esse projeto em sua vida profissional?

Federico Mastrogiovanni: Conheci a Marina há alguns anos, ficamos amigos. O projeto que eles desenvolvem é fundamental, não há ninguém que faça um trabalho político-popular desse tipo, de popularização da leitura, de devolvê-la aos lugares, àqueles de quem a tiraram. Ler é na realidade subversivo, é fundamental o trabalho desse grupo.

É uma maneira de gerar pensamento. Em muitas ocasiões realizam-se debates, tertúlias nas quais se apresentam posturas diferentes, nas quais as pessoas discutem. Não é apresentar o pensamento da Brigada, mas sim propiciar que fluam todas as posições em sua diversidade e se gera pensamento, o que me parece imprescindível. Gerar pensamento através do debate, da discussão e através do confronto de pontos de vista diferentes dentro da própria esquerda.

Quando posso participo nas apresentações que são muito enriquecedores, é uma forma interessante de fazer política ativa.

O que encontrará o ávido leitor no livro “El asesino que no seremos”?

Federico Mastrogiovanni: É a história de um encontro de duas pessoas, o protagonista, um homem que passou parte importante de sua vida, quase 15 anos, em uma prisão de segurança máxima nos Estados Unidos, a prisão The Pelican Bay. Este homem anteriormente havia sido bandido em Los Angeles, nasceu no México, em Tijuana, nunca teve nacionalidade estadunidense e ao sair da prisão foi deportado para o México, um país que não conhecia, que não era seu país.

Nessa história há muitos temas que tem a ver com todas as histórias que fiz até agora. O assunto que desenvolvo não foi casual porque aí está a migração que sempre foi um eixo para mim como emigrante, mas também como pessoa que vê no trânsito das pessoas uma das características da humanidade. Por outra parte, está o tema da discriminação de mexicanos nos Estados Unidos.

O personagem diz todo o tempo: assumo todas as minhas decisões, assumo a responsabilidade de minhas boas e más decisões. Ele diz, mas não assume como desculpa, mas o que se vê é que existe uma discriminação. Ser mexicano em um bairro pobre de Los Angeles não é o mesmo que ser branco, de classe média, em Los Angeles, não é a mesma coisa.

Existem contextos sociais que facilitam que você tome certas decisões e não outras. Para um menino de 12 anos que cresce no Vale de Los Angeles rodeado de bandidos, de certo tipo de estímulo, certo tipo de visão, a forma em que se pode adquirir um mínimo de poder e um mínimo de respeito em certos contextos, não é na Universidade, é tornando-se bandido.  Pessoas que não têm nem respeito nem poder aspiram a algo assim. Não é uma justificativa, ele nunca conta isso como uma justificativa, mas sim como o que aconteceu e aí tomei minhas decisões.

A história é sobre a tomada de decisões positivas; vou melhorar na prisão mesmo que continue sendo um bandido. Foi condenado a dez anos de prisão, mas ficou 15 porque também na prisão criou problemas. O fato de pertencer a uma quadrilha o obrigava a ser fiel ao seu grupo, ser leal e sobreviver.

É a tomada de decisões positivas: vou ler, vou me formar, não vou deixar que o sistema me aniquile e é um sistema que está pensado para aniquilar as pessoas.

Quando fui ver a prisão onde ele esteve, as celas de isolamento foram os lugares mais aberrantes que eu vi na vida. A única coisa que a gente pensa é que metem aí para acabar com a vida das pessoas e é justamente essa resistência, outra vez, resistir a um sistema que está feito para destruir você. Não apenas resistir, você sai e cria uma vida que ninguém pensava que você podia criar. Ele agora é professor num Jardim da Infância no México. Ensina inglês, é um grande professor a as pessoas lhe confiam seus filhos.

Todas estas possibilidades falam também de uma história quase mágica, na qual nada está escrito. Não é verdade que se você nasce em Tijuana e vive toda a sua vida no vale de Los Angeles, rodeado de bandidos, tem que acabar morto em uma briga de rua ou terminar sua vida em uma prisão. Há muitas opções. É como uma alegoria das possibilidades da resistência, é uma visão política, é a própria visão política, não tem que ser pela força como é.

Sempre no nível individual e coletivo é possível encontrar formas de resistência que em realidade humanizam as pessoas, é uma resistência humanizadora. Uma das chaves é a leitura. Se você vem de um contexto onde a única forma de relação é a violência e sai desse contexto através da leitura, é fenomenal.

Edwin está cursando agora no México a licenciatura em idiomas. Eu sempre lhe dizia, se você pudesse falar com o Edwin de 20 anos atrás, na prisão, em isolamento, você teria falado sobre isso que hoje é seu presente, o que você teria pensado? Impossível, ciência-ficção, ele me diz.

Em que se parecem as pessoas que assistiram seu curso em Cuba e as desses outros muitos lugares onde você tem estado?

Federico Mastrogiovanni: Parece-me que em geral é maior o nível de leitura dos participantes daqui, é muito mais elevado do que no México. Em uma comparação entre jornalistas mexicanos e cubanos é notória a melhor preparação dos da Ilha. Nesse sentido foi uma surpresa positiva. Estava acostumado a me relacionar com jornalistas que quase não lêem, não lêem muito. Os participante aqui tinham uma bagagem bastante sólida.

O jornalismo tem que ser crítico

Penso que este tipo de proposta crítica pode ser aplicado a qualquer contexto. Não é uma receita, mas uma metodologia de trabalho. Nem sempre se entende que é uma metodologia crítica para si mesmo, para o trabalho de cada dia que a gente aplica aos diferentes contextos. Espero que possa servir como uma ferramenta para melhorar uma ideia de trabalho jornalístico.

Claro que é a ideia que subscrevo porque penso que o jornalismo tem que ser crítico. Seu exercício implica assumir uma postura política. É assumir qual é a própria postura política. A proposta que apresento é que cada um de nós assuma de que lado e em que ponto está parado, e que faça um jornalismo crítico. Fazer isso às vezes põe em discussão o poder, mas põe em discussão suas convicções. Pessoalmente, a mim serve para pré-elaborar meu discurso, para cometer menos erros, me ajuda a ser mais preciso e, como consequência, implica criticar os que nos rodeiam, os que nos governam. Isso também é parte da profissão.

Evidente que a linha não tem que ser criticar por criticar, a linha tem que ser a precisão dentro do cumprimento da função pública que é o jornalismo. Espero que no curso se tenha entendido este propósito.

Cada contexto tem suas peculiaridades, suas especificidades. Para mim é interessante confrontar-me com isso.

*O autor da entrevista é diretor de La Jiribilla, revista de cultura cubana – direitos reservados

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