O PCB, o marxismo e a revolução proletária
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) tem como fundamentação teórica a rica tradição do marxismo, a partir dos seus fundadores, como Marx, Engels e Lênin, e incorpora ao arsenal político todo o legado teórico dos intelectuais orgânicos de nossa classe que contribuíram para o enriquecimento do marxismo, cujas formulações têm orientado os comunistas na longa batalha das ideias e nas lutas de classes, dentro da perspectiva da revolução proletária. Portanto, confirmamos, a partir de resoluções congressuais e da última conferência política, que esse gigante legado orienta nossa ação e reflexão.
Não participamos de nenhuma revisão histórica que tenha como centralidade política e teórica recuperar o que se convencionou chamar de stalinismo. Estamos em desacordo com os métodos, desvios e comportamento autocrático na gestão do Estado, na liderança do Partido e da sociedade, do qual Stálin era a expressão pública desse processo. Contudo, não aceitamos que a crítica a este período guarde qualquer relação e identidade com a narrativa anticomunista que hoje busca colocar o comunismo no mesmo patamar do nazismo, em termos de crimes de lesa humanidade, para justificar a proibição da existência de Partidos Comunistas, conforme já foi decretado em alguns países.
De igual modo, não podemos explicar a questão do desvirtuamento dos princípios da democracia coletiva e seus parcos limites na construção do socialismo na URSS através de uma visão moralista e psicológica, segundo a qual todos os problemas dessa perspectiva histórica estão condensados na prática autocrática de um único personagem da história. Essa postura não ajuda a compreender o fenômeno do stalinismo e comprovadamente não tem bases no método marxista. Trata-se, por assim dizer, de uma visão limitada superficial e moralista desse problema. Serve apenas à pequena política e para disputas rasteiras que não alteram em nada a luta de classes.
O PCB, partido político mais antigo da longa tradição de lutas da nossa classe no Brasil, não concorda com a prática nefasta de resolver problemas políticos dentro da esquerda revolucionária através da ameaça física, do cerceamento ao debate e muito menos através da eliminação de quem pensa diferente. Por pensarmos e agirmos de modo diferente, fomos perseguidos e assassinados em muitos momentos da nossa história. No Brasil, o PCB é o partido que teve mais militantes agredidos, torturados, exilados e assassinados no século XX. Portanto, o ódio de classe da burguesia não nos permite que tenhamos essa mesma prática entre nós.
Entendemos que a luta pela revolução brasileira, na reafirmação dos postulados do socialismo, será um amplo processo que exigirá da esquerda revolucionária uma forte unidade política e ideológica dentro do vasto espectro desse campo, sabendo discernir criticamente as experiências positivas e as negativas do movimento revolucionário para acertar e não cometer os mesmos erros do passado.
Nós do PCB, com nossos erros e acertos, já fizemos autocríticas em muitos momentos da nossa história. Uma delas foi, sem dúvida, sobre a questão do stalinismo. Compreendemos a autocrítica como a superação do erro e a firme convicção de não mais incorrer nele, sem abrir mão da rica história de heroísmo e sacrifício do movimento comunista internacional que ao longo de quase todo o século XX se contrapôs ao imperialismo e esteve na linha de frente de todas as batalhas progressistas da humanidade.
Continuaremos lutando ombro a ombro na mesma trincheira das batalhas de classes com todos aqueles que estejam dispostos a construir a revolução brasileira. O inimigo, neste momento, informa-nos que está um passo à frente: não vamos nos dispersar.
“Paz entre nós e guerra aos senhores”!
Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2019
Comitê Central do PCB