Situação alarmante da saúde em Porto Alegre

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Comitê Regional do PCB RS

Na última segunda-feira, dia 03/01, amanhecemos na cidade de Porto Alegre com os serviços de “porta” do sistema de saúde lotados. A variante Ômicron do vírus Covid-19, de alta transmissibilidade, se disseminou rapidamente pelo mundo e, já no primeiro dia deste ano de 2022, obtivemos o maior índice de transmissão da doença em 24 horas. Na manhã de terça-feira, 04/01, as equipes das unidades de saúde do município foram surpreendidas quando informadas pela prefeitura que não haveria mais testes RT-PCR – o teste padrão-ouro para o diagnóstico da covid – disponíveis, deixando as equipes de saúde, com filas quilométricas de pacientes sintomáticos esperando atendimento nas portas das unidades de saúde, sem maiores suportes ou informações sobre os novos fluxos para suspeita de covid-19. No dia 05/01, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou uma mudança na estratégia de testagem da Covid, ampliando os testes de antígeno e diminuindo a oferta de RT-PCR, resguardado para casos sintomáticos com teste de antígeno negativo em apenas 8 pontos de testagem – ICBS, US Álvaro Difini, US Paulo Ávila, US Navegantes, US Murialdo, US Morro Santana, US Ramos e US Moab Caldas, algumas das quais no dia anterior mesmo já haviam anunciado o esgotamento de testes.

A argumentação para tal troca é a de que o teste de antígeno é mais barato e que seu resultado pode ser fornecido em até 30 minutos. No entanto, é um teste menos sensível que o teste RT-PCR (e já existem novos estudos que afirmam que para a variante Ômicron seriam menos sensíveis ainda), o que quer dizer que mesmo com um teste antígeno negativo, para podermos excluir o diagnóstico em sintomáticos com mais precisão, seria necessária a realização do RT-PCR. Com a diminuição da disponibilidade dos testes RT-PCR, teremos vários casos de falsos negativos, e contaminados seguirão transmitindo para mais e mais pessoas no período entre o resultado negativo do antígeno e a confirmação (ou não) mais precisa com o RT-PCR. Além disso, dos pontos de testagem rápida que foram anunciados em número de 33 no dia 03/01, muitos já informaram que não têm mais testes disponíveis, e os 8 pontos que restaram para testagem com RT-PCR ficam abertos apenas no período de funcionamento dessas unidades de saúde, diminuindo expressivamente o acesso da população a esse teste, piorando as proporções da pandemia.

Cabe ainda lembrar que, apesar da menor letalidade da nova variante, sua transmissibilidade é muito maior, ou seja, não necessariamente o número total de mortes será menor. Outros fatores que agregam gravidade ao panorama atual são a disseminação de outras infecções virais, tais como a influenza e seu subtipo H3N2 (inclusive com a possibilidade de coinfecção) – que também podem acometer de forma grave as populações de risco -, e a sobrecarga do sistema de saúde com a contaminação em massa da população por tais doenças, o que ocasionará um déficit ainda maior de recursos e profissionais para o atendimento de outras condições – também potencialmente letais -, como doenças cardiovasculares, diabetes, etc.

Mesmo com números alarmantes de contaminação, o governo do RS optou por apenas emitir “alertas” para todas as regiões do Estado, sem maiores medidas de restrição de circulação e de aglomeração de pessoas, que seguem ocorrendo tal como antes – ou pior, devido ao período de veraneio, em que ocorre a maior circulação de pessoas. Da mesma forma, a mudança de estratégia e fluxos para Covid-19 no município de Porto Alegre é imposta sem diálogo prévio com os profissionais da saúde, que há 2 anos trabalham incansavelmente no combate à pandemia, em meio a um dos momentos com maior aumento de número de casos suspeitos, gerando uma desorganização ainda maior nos serviços de ponta de enfrentamento à doença.

Não estamos em um momento para abrir mão das evidências que já temos em relação ao vírus. É a vida da população que está exposta frente às escolhas do governo de Melo, que, aliado ao governo Bolsonaro, submete o povo que o elegeu ao risco de “matar e morrer” com a disseminação da pandemia, reduzindo a oferta de testes ao invés de comprar mais testes e ampliar os pontos de testagem, demitindo os funcionários do IMESF e aprofundando a terceirização da APS, no lugar de focar na contratação de mais trabalhadores da saúde em regimes que permitam a estabilidade e as condições necessárias para enfrentar o trabalho árduo que temos pela frente, atrasando a vacinação das crianças enquanto deveria estar ampliando ao máximo a campanha de imunização.

Enquanto seguimos sob ataques de todos os lados, nos resta seguir o que fazemos há quase 2 anos (e tantos outros antes mesmo da pandemia): sobreviver. E faremos isso com as armas que nos restam: reforçando os cuidados em relação ao vírus (uso de máscaras e álcool em gel, evitar aglomerações, isolamento social se estivermos sintomáticos, atendimento nos serviços de saúde se sintomas graves como febre alta persistente e falta de ar) e organizando nossa luta contra esse sistema e os governos que representam seus interesses e priorizam o lucro ao invés da vida.

FORA BOLSONARO! VACINA PARA TODOS!

PELA LIBERAÇÃO DA VACINAÇÃO DAS CRIANÇAS DE 5 A 11 ANOS!

PELO MAIOR INVESTIMENTO NA SAÚDE PÚBLICA!

AMPLIAÇÃO DE TESTES ADEQUADOS PARA COVID-19 JÁ!

CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO DA SAÚDE!